Brasileiros no exterior enviam recordebaixar pixbet modernodinheiro ao país:baixar pixbet moderno
"Durante 2020, quase o ano todo, eu ajudei 22 famílias. Até hoje, sigo ajudando três delas", conta Cristina. "Uma cesta básica estava custando cercabaixar pixbet modernoR$ 77, com o dólar a R$ 5,50, você manda US$ 100, são R$ 550, dá para ajudar várias famílias com isso."
Cristina não está sozinha ao aproveitar o real desvalorizado para enviar dinheiro ao Brasil.
Segundo o Banco Central,baixar pixbet modernojaneiro a setembro deste ano, as transferências pessoais com origembaixar pixbet modernooutros países e destino ao Brasil já somam US$ 2,84 bilhões (R$ 15,9 bilhões), maior valor da série histórica com iníciobaixar pixbet moderno1995 e altabaixar pixbet moderno18% sobre igual períodobaixar pixbet moderno2020.
No ano passado inteiro, o Brasil recebeu US$ 3,31 bilhõesbaixar pixbet modernotransferências pessoais vindas do exterior, recorde para o indicador até então, que deverá ser superadobaixar pixbet moderno2021.
Conforme especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, uma combinaçãobaixar pixbet modernofatores explica as transferências recordesbaixar pixbet modernomeio à pandemia.
A forte desvalorização do realbaixar pixbet modernorelação a moedas como dólar, euro e libra; a recuperação mais rápida das economiasbaixar pixbet modernopaíses desenvolvidos do que a brasileira; o desemprego elevado no Brasil; e a nova ondabaixar pixbet modernoemigraçãobaixar pixbet modernobrasileiros, particularmente aos EUA, estão entre as causas citadas.
Os EUA foram responsáveis pelo maior crescimento no volumebaixar pixbet modernoremessas, somando US$ 1,47 bilhão entre janeiro e setembro, altabaixar pixbet moderno33% na comparação anual.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a comunidade brasileira no exterior ultrapassou os 4,2 milhõesbaixar pixbet moderno2020, crescimentobaixar pixbet moderno17% sobre 2018, quando o último levantamento havia sido feito. Desse total, 42% ou 1,78 milhão viviam nos EUA, seguidos por Portugal (276 mil), Paraguai (240 mil), Reino Unido (220 mil) e Japão (211 mil).
Segundo dados da Receita Federal,baixar pixbet modernojaneiro a novembro deste ano, 15,5 mil brasileiros entregaram declaraçõesbaixar pixbet modernosaída definitiva do país ao Fisco. No ano todobaixar pixbet moderno2020, foram 20,9 mil, mesmobaixar pixbet modernomeio à pandemia. Entre 2017 e 2019, as declarações superaram 23 mil a cada ano, quase o dobro da média anualbaixar pixbet moderno12,8 mil declarações entregues nos seis anos anteriores.
Dólarbaixar pixbet modernoaltabaixar pixbet moderno40%
Para Leonardo Cavalcanti, professor da Universidadebaixar pixbet modernoBrasília (UnB) e coordenador do Observatório das Migrações Internacionais (OBmigra), a desvalorização da moeda brasileira é o principal motivo para o recordebaixar pixbet modernoremessas vindas do exteriorbaixar pixbet moderno2020 e 2021.
Desde o fimbaixar pixbet moderno2019, o dólar passoubaixar pixbet modernoR$ 4,019 a R$ 5,609 (cotaçãobaixar pixbet modernosexta-feira, 26/11), uma altabaixar pixbet moderno40%baixar pixbet modernorelação ao real.
No período mais recente, a desvalorização da moeda brasileira tem sido reforçada pelo aumento da incerteza nas contas públicos, devido ao avanço da PEC dos Precatórios, proposta que muda o cálculo do tetobaixar pixbet modernogastos e permite ao governo dar um calotebaixar pixbet modernoalgumas obrigações financeiras.
O dólar também ganha força diante dos temores do mercado com relação à nova variante ômicron do coronavírus.
"Se você está ganhandobaixar pixbet modernodólar, para converter issobaixar pixbet modernoreal, o ganho que você obtém é quase o dobrobaixar pixbet modernoanos atrás, quando a moeda americana não superava os R$ 3", diz Cavalcanti.
"Muitos imigrantes que planejam voltar aproveitam, por exemplo, para investirbaixar pixbet modernoimóveis aqui no Brasil, porque isso é um símbolobaixar pixbet modernosucesso para o imigrante", observa o pesquisador.
Desemprego elevado no Brasil
Para Pedro Barreiro, líderbaixar pixbet modernoBanking e Expansão para o Brasil da Wise (antiga TransferWise, um dos principais serviços utilizados pelos brasileiros para transferênciabaixar pixbet modernorecursos entre países), a ajuda a familiares é outro motivo importante por trás do aumentobaixar pixbet modernoremessas.
"Desde o início da pandemia, notamos que cada vez mais brasileiros e pessoas no exterior têm enviado dinheiro ao Brasil, não só dos EUA, mas tambémbaixar pixbet modernooutras regiões desenvolvidas, como Europa e Reino Unido", observa Barreiro.
"Pelos destinatários no Brasil, percebemos que muito dos envios sãobaixar pixbet modernopessoas dando suporte financeiro a familiares que foram afetados pela pandemia", diz o executivo, destacando o elevado desemprego no Brasil e a retomada mais rápida da economia particularmente nos EUA.
No Brasil, a taxabaixar pixbet modernodesocupação estavabaixar pixbet moderno13,2% no trimestre encerradobaixar pixbet modernoagosto, com 13,7 milhõesbaixar pixbet modernodesempregados, segundo o dado mais recente disponível pelo IBGE (Instituto Brasileirobaixar pixbet modernoGeografia e Estatística).
Já nos EUA, a taxabaixar pixbet modernodesemprego caiu a 4,6%baixar pixbet modernooutubro, e o númerobaixar pixbet modernopedidosbaixar pixbet modernoauxílio-desemprego no país recuoubaixar pixbet modernonovembro ao menor patamarbaixar pixbet moderno52 anos.
Segundo Barreiro,baixar pixbet modernomarçobaixar pixbet moderno2020, os enviosbaixar pixbet modernorecursos ao Brasil através da Wise cresceram 250% na comparação anual e,baixar pixbet modernomarço deste ano, houve nova altabaixar pixbet moderno30%.
"Não houve um pico e depois uma queda, o que nos mostra que não é um comportamentobaixar pixbet modernotomar a vantagem do câmbio num momento específico. No começo da pandemia, o envio triplicou e estabilizou nesse patamar três vezes maior", diz o porta-voz da empresa.
Na perspectiva da Wise, o elevado volumebaixar pixbet modernoremessas ao Brasil deve se manterbaixar pixbet moderno2022.
"Nossa previsão é que isso se mantenha, especialmente considerando que o ano que vem é um ano eleitoral, que costuma ser marcado por muitas instabilidades no Brasil", afirma Barreiro.
"Então o real deve sofrer muita volatilidade, a atividade econômica deve seguir afetada e muitas famílias no Brasil ainda devem dependerbaixar pixbet modernoseus familiares no exterior. Por isso não esperamos que o influxobaixar pixbet modernovalores vá se reduzir no curto prazo."
Nova onda imigratória para os EUA
Eduardo Siqueira, professor da Universidadebaixar pixbet modernoMassachusettsbaixar pixbet modernoBoston e pesquisador há 20 anos da imigração brasileira aos EUA, destaca ainda um último fator que pode explicar o aumento recente das remessas: a nova ondabaixar pixbet modernobrasileiros deixando o país.
"Normalmente o enviobaixar pixbet modernoremessas tem a ver com a necessidade das famílias no Brasil, quanto maior a crise, maiores as remessas", diz Siqueira.
"Mas é preciso também considerar o tamanho da população brasileira saída do país nos últimos anos. Não é surpresa que haja um aumento das remessas, se o tamanho da população brasileira no exterior aumentou", considera o pesquisador.
Ele destaca que, nos EUA, parte considerável da comunidade brasileira vive sem os devidos documentos e por isso sequer aparece nas estatísticas oficiais.
Segundo dados da agência americanabaixar pixbet modernoAlfândega e Proteçãobaixar pixbet modernoFronteiras, o númerobaixar pixbet modernobrasileiros cruzando ilegalmente a fronteira sul do país bateu recorde histórico no ano fiscalbaixar pixbet moderno2021 (que vaibaixar pixbet moderno1ºbaixar pixbet modernooutubrobaixar pixbet moderno2020 a 30baixar pixbet modernosetembrobaixar pixbet moderno2021). Foram 56.881 brasileiros detidos, um aumentobaixar pixbet moderno700%baixar pixbet modernorelação ao mesmo períodobaixar pixbet moderno2020.
Até então, o auge da migração ilegalbaixar pixbet modernobrasileiros havia sidobaixar pixbet moderno2019, quando cercabaixar pixbet moderno18 mil tentaram entrar nos EUA ilegalmente pela fronteira terrestre com o México.
Por conta desse aumento na imigração ilegalbaixar pixbet modernobrasileiros aos EUA via México, o governo mexicano informou na sexta-feira (26/11) que voltará a exigir vistobaixar pixbet modernoviajantes brasileiros.
Os EUA são historicamente o principal destino da imigração brasileira, com destaque para os Estados americanosbaixar pixbet modernoMassachusetts, Flórida, Nova York e Nova Jersey. A existênciabaixar pixbet modernouma comunidade brasileira estabelecida nesses locais estimula a continuidade da imigração, devido aos vínculos entre imigrantes.
"É o que chamamosbaixar pixbet modernoimigraçãobaixar pixbet modernocadeia: quem veio primeiro foi voltando para o Brasil e anunciando a possibilidadebaixar pixbet modernoter melhoriabaixar pixbet modernovida nos Estados Unidos. Isso começou fundamentalmente no vale do Rio Doce, ao redor do municípiobaixar pixbet modernoGovernador Valadares, mas depois se expandiu para muitas outras regiões do Brasil", observa Siqueira.
Por ser um fenômeno principalmente econômico,baixar pixbet modernopessoasbaixar pixbet modernobuscabaixar pixbet modernomelhoria nas condiçõesbaixar pixbet modernovida, a imigração aos Estados Unidos tem caráter cíclico, crescendo quando a situação econômica no Brasil fica pior.
"Aconteceu isso no período do [governo do ex-presidente Fernando] Collor e está acontecendobaixar pixbet modernonovo nesse período mais recente. Até antes do governo Bolsonaro, no fim do governo Dilma já começou a haverbaixar pixbet modernonovo um picobaixar pixbet modernoimigração para cá", diz o professor.
"O que explica isso é a profunda crise brasileira, que não é só econômica, mas política e social e da insegurançabaixar pixbet modernoque as pessoas vivem", afirma o pesquisador.
"Com as pessoas perdendo seus empregos, fechando negócios e não vendo alternativas para ficar no Brasil, elas resolvem explorar a possiblidadebaixar pixbet modernovir para os Estados Unidos. Mas a situação aqui também não é fácil e as pessoas muitas vezes sofrem bastante."
Dinheiro do Brasil para fora
Enquanto as remessas do exterior ao Brasil cresceram fortementebaixar pixbet moderno2020 e 2021, as transferênciasbaixar pixbet modernosentido contrário, do Brasil para outros países, registraram forte queda no ano passado, mas mostram recuperaçãobaixar pixbet moderno2021, porémbaixar pixbet modernoníveis ainda abaixo do pré-pandemia.
Em 2020, as transferências pessoais do Brasil ao exterior somaram US$ 1,47 bilhão (R$ 8,18 bilhões), quedabaixar pixbet moderno30%baixar pixbet modernorelação aos US$ 2,09 bilhões enviados para forabaixar pixbet moderno2019.
De janeiro a setembrobaixar pixbet moderno2021, as remessas para outros países já somam US$ 1,17 bilhão, aumentobaixar pixbet moderno10%baixar pixbet modernorelação a igual períodobaixar pixbet moderno2020, mas ainda abaixo do US$ 1,54 bilhão transferido para forabaixar pixbet modernojaneiro a setembrobaixar pixbet moderno2019.
Em volumebaixar pixbet modernodinheiro enviado, os principais destinos são EUA, Portugal e Reino Unido,baixar pixbet modernolinha com as maiores comunidades brasileiras no exterior.
Mas os maiores crescimentos no enviobaixar pixbet modernodinheirobaixar pixbet moderno2021 foram para Bolívia (29%) e Haiti (19%), refletindo a retomada da economia brasileira, que permitiu aos imigrantes desses países que vivem no Brasil voltar a enviar recursos para suas famílias.
Segundo o Ministério da Justiça, o Brasil recebeu pouco maisbaixar pixbet moderno1 milhãobaixar pixbet modernoimigrantes entre 2011 e 2019, dos quais 660 milbaixar pixbet modernolongo termo, que são aqueles que permanecem no país por período longo. Neste segundo grupo, as maiores comunidades são asbaixar pixbet modernovenezuelanos (142 mil), paraguaios (97 mil), bolivianos (58 mil) e haitianos (54 mil).
Apesar do número significativobaixar pixbet modernoimigrantes no Brasil, a Venezuela não se destaca nas remessas registradas pelo Banco Central, devido à baixa confiança no sistema financeira do país — os imigrantes venezuelanos tendem a mandar dinheiro para suas famílias fisicamente, cruzando a fronteira, ou por meios alternativos ao sistema financeiro oficial.
Rosana Camacho, presidente da Associaçãobaixar pixbet modernoResidentes Bolivianos, avalia que a quedabaixar pixbet moderno45% nas remessas à Bolívia no ano passado e a altabaixar pixbet moderno29% este ano são um retrato das dificuldades e da recuperação vividas pelos trabalhadores bolivianos no Brasil.
"Boa parte da comunidade boliviana trabalha no comércio e na área têxtil. Quando fechou tudo, paralisou a produção e as vendas, muitos ficaram desempregados e muitos também retornaram para a Bolívia devido à faltabaixar pixbet modernotrabalho", conta Camacho.
Com a reabertura da economia, a situações dos imigrantes melhorou, mas ainda assim, eles estão sofrendo com os mesmo problemas que os brasileiros: escassezbaixar pixbet modernomatérias primas vindas da China, altabaixar pixbet modernocustosbaixar pixbet modernoprodução e aumento do custobaixar pixbet modernovida devido à inflação.
"Todos os problemas que afligem os brasileiros, afligem os imigrantes, mas um pouquinho pior, porque o imigrantebaixar pixbet modernogeral está na informalidade e no subemprego", observa a presidente da associação dos bolivianos. "Subiu gás, subiu luz, subiu a alimentação, o que o imigrante consegue poupar para mandar fica menor."
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