Os brasileiros que sobrevivem com comidabaixar app blazeporco e água suja: 'Um balde para seis tomarem banho':baixar app blaze

Crédito, Josue Seixas

Legenda da foto, Comunidade da Muvuca,baixar app blazeMaceió, convive ao mesmo tempo com a escassezbaixar app blazealimentos e com a quase total falta d'água

Só as mulheres estavam presentes. Os homens saembaixar app blazecasa antes das 7h da manhã para trabalhar. Eles são, embaixar app blazemaioria, carroceiros e marisqueiros. A maioria volta no fim da tarde.

Não há saneamento básico, e apenas duas torneiras abastecem todas as famílias. Uma das moradoras contou que faz as necessidades fisiológicasbaixar app blazeuma sacola, que é descartada na lagoa ou num descampado, hábito comum na região.

Com os alimentos mais escassos e a fome crescendo, os trabalhadores precisam pegar restosbaixar app blazecomidabaixar app blazehotéis na parte nobre da cidade e levá-los para casa. É a chamada "lavagem".

"Essa comida antes era destinada aos porcos, mas agora as pessoas selecionam e trazem para dentrobaixar app blazecasa", conta Páscoa.

Apesar da pobreza extrema e da faltabaixar app blazeinfraestrutura, o preço dos barracos foi inflacionado pela pandemia. Há 12 anos, Alexsandra* pagou R$ 5 mil no dela. Agora, alguns já valem maisbaixar app blazeR$ 30 mil.

"As coisas apertaram quando essa pandemia chegou. Meu marido é carroceiro, eu sou donabaixar app blazecasa. Ele vive trabalhando, eu fico aqui ajeitando uma coisa, ajeitando outra", conta ela.

Crédito, Josue Seixas

Legenda da foto, Sem saneamento ou serviços públicos, lixo da comunidade fica jogado e servebaixar app blazealimento aos porcos

Água suja

Na casabaixar app blazeAlexsandra, a água chega bem fraquinha. Seu marido, Marivaldo, foi um dos moradores que ajudaram a cavar um buraco a 200 metros da Muvuca, onde fica o "cano-mestre"baixar app blazeágua da região.

Graças a doações, os moradores conseguiram interligá-lo a cinco barracos, que daí distribuem a água para os vizinhos.

"Passamos semanas, até um mês, sem água, que não é limpa. É suja. Nós ficamos com dorbaixar app blazebarriga, e muita gente fica doente. (Mas) serve para a gente beber, cozinhar e tomar banho. Usamos baldes. Tem dia que um balde serve para cinco, seis pessoas tomarem banho."

Na Muvuca, a distribuiçãobaixar app blazeágua é responsabilidade da BRK Ambiental, empresa privada que assumiu os serviçosbaixar app blazesaneamento na região metropolitanabaixar app blazeMaceióbaixar app blazejulho deste ano.

A companhia reconhece a faltabaixar app blazeuma rede local e explica que "os ramais existentes na localidade e utilizados pela população não fazem parte da rede pública, foram construídos no passado como uma solução informal, não regularizada no município".

A concessionária diz que ainda avalia, junto aos órgãos competentes, como atuarábaixar app blazeáreas não regularizadas pelo poder público, mas estima que, até 2027, deve universalizar o acesso à águabaixar app blazetoda a Região Metropolitanabaixar app blazeMaceió, com investimentobaixar app blazeR$ 2,6 bilhões.

Outra moradora, Marleide,baixar app blaze44 anos, conta que uma formabaixar app blazecontornar a faltabaixar app blazeágua é pagar a alguém para buscar no Rio do Remédio, que se encontra com a lagoa ali perto. "E nem sempre está boa para beber, viu?"

Marleide ajuda a cuidar da sogra, a ex-marisqueira Maria,baixar app blaze56 anos, conhecida como Vaninha, que ficou cega por conta da diabetes e passa a maior parte do tempo deitada na cama.

Ela depende da família para ter água para o banho e se sustentar, porque o dinheiro da aposentadoria não tem sido suficiente para comprar comida e remédios.

Crédito, Josue Seixas

Legenda da foto, Há 3,6 mil barracos na comunidade Muvuca, diz ele

'Somos esquecidos'

Páscoa vivebaixar app blazeum barraco com a avó e a irmã mais nova. Por não serem marisqueiros ou carroceiros e trabalharem com outras coisas, estãobaixar app blazecondições um pouco melhores que a maioria dos moradores da Muvuca.

Antes, quando a família dividia o mesmo espaço entre sete pessoas, ele pedia dinheiro nos sinaisbaixar app blazetrânsito. Atrasou os estudos por conta disso — hoje, está no segundo ano do ensino médio, e quer cursar Direito.

"Eu fiz um cursobaixar app blazealmoxarife, tento fazer bicos, faço um curso técnicobaixar app blazeassistente administrativo e quero passar numa faculdade. Dá pra contar numa mão quem tem carteira fichada [emprego CLT] aqui na Muvuca", diz.

"Aqui é a gente pela gente. A Muvuca fica mais afastadabaixar app blazetudo. Não tem médico, remédio, exame, nada. Eu mesmo já fui para uma UPA [Unidadebaixar app blazePronto-Atendimento]baixar app blazecimabaixar app blazeuma carroça", conta.

Alexsandra, que estava por perto, completa: "Nós somos esquecidos''.

Crédito, Josue Seixas

Legenda da foto, Páscoa faz a interlocução com os demais moradores da Muvuca e ajuda a coletar água

Cícero Péricles Carvalho, professor da Universidade Federalbaixar app blazeAlagoas (Ufal) e doutorbaixar app blazeeconomia regional, diz que,baixar app blazecomunidades como a Muvuca, a pobreza estrutural se soma à dependênciabaixar app blazepolíticas públicas.

"O fenômeno da pobreza não é recente. Podemos dizer que houve uma queda até 2015, mas o processo [de empobrecimento] vem se acentuando desde então."

De acordo com o Ministério da Cidadania, Alagoas tem 689 mil famílias inscritas no CadÚnicobaixar app blazeprogramas sociais federais, das quais 425 mil recebiam o Bolsa Família.

No ano passado, o auxílio emergencial cobriu 1,2 milhãobaixar app blazepessoas no Estado, com um valor que variava entre R$ 600 e R$ 1,2 mil. No segundo semestre, caiu pela metade e, na parcela mais recente, foi fornecido a 717 mil pessoas no Estado, com valores entre R$ 150 e R$ 370.

Durante a pandemia,baixar app blazeacordo com dados do Ministério da Cidadania, Alagoas teve mais 38,6 mil pessoas empurradas à pobreza extrema, sobrevivendo com até R$ 89 por mês. O número total chega a quase 1,2 milhãobaixar app blazepessoas, o que corresponde a 35% da população do Estado.

A crise que o país atravessa se revela ainda piorbaixar app blazeAlagoas, que tem a quarta maior taxabaixar app blazedesemprego do Brasil (18,8%), acima da média nacional (13,7%), conforme a Pesquisa Nacional por Amostrabaixar app blazeDomicílios (Pnad)baixar app blazeagosto.

"Qualquer aumentobaixar app blazedesemprego e inflação dificulta muita coisa para essas pessoas. Quando a renda média cai, as pessoas passam necessidade", explica Carvalho.

Amanda,baixar app blaze25 anos, está grávida e, enquanto segura uma filha, observa outro filho ao seu lado. Na geladeira, tinha só um refrigerante, um sacobaixar app blazebanana, um poucobaixar app blazeágua e mais dois pacotesbaixar app blazeleitebaixar app blazepó.

Eram 15h, e ela ainda esperaria mais três no mínimo até que o marido chegar do trabalho com o pão e uma mistura — ou nada. Ela conta que se pegou chorando ao encarar a geladeira que anos atrás já esteve cheia.

A pandemia foi uma época diferente para Amanda,baixar app blaze25 anos, ebaixar app blazefamília. No começo, por ter dois filhos, recebia o auxílio emergencial no valorbaixar app blazeR$ 1,2 mil e conseguia assim pagar as contas. Beneficiada pelo Bolsa Família por conta dos filhos, Amanda também disse não saber o que seria dela com o fim do benefício.

"Todo dia é assim a luta da gente. Tem dia que Deus manda [comida], tem dia que não manda. Aumentou o preçobaixar app blazetudo, e já estão falando que o gás vai aumentarbaixar app blazenovo. Meu Deus do céu, onde a gente vai parar?", diz.

*Os sobrenomes da maioria dos entrevistados foram omitidos para evitarbaixar app blazeexposição.

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