Bolsonaro no G20: Brasil tem pior perspectivawolves cbetcrescimentowolves cbet2022 entre países do grupo:wolves cbet

O país deve registrar o menor crescimentowolves cbet2022 entre os membros do G20, segundo estimativas do FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgadas neste mês.

Pelas projeções do órgão multilateral, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro deve crescer 5,2% este ano, mas apenas 1,5% no ano que vem. O crescimento projetado para 2022 é menor do que o esperado para outros emergentes, como Rússia (2,9%), Argentina (2,5%) e África do Sul (2,2%).

Nas estimativas da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), divulgadas ao fimwolves cbetsetembro, o quadro não é muito diferente.

O "clube dos países ricos" espera que o PIB do G20 deve desacelerarwolves cbetum crescimentowolves cbet6,1%wolves cbet2021, para 4,8%wolves cbet2022. Para o Brasil, a previsão éwolves cbetuma perdawolves cbetritmo bem mais acentuada:wolves cbetaltawolves cbet5,2% este ano, para 2,3% no ano que vem. Segundo a OCDE, o país só ficaria à frente do Japão (2,1%) e da Argentina (1,9%)wolves cbettermos do crescimento esperado para 2022.

Se o cenário já não parece muito bom na comparação internacional olhando esses dados, a tendência é a coisa piorar.

Isso porque as projeções das entidades multilaterais como FMI e OCDE são atualizadas com menos frequência do que aquelas feitas pelos economistaswolves cbetmercado, que trabalhamwolves cbetbancos, gestoraswolves cbetrecursos e consultorias, acompanhando a economia brasileira no seu dia a dia.

Alguns desses economistas passaram a prever nesta semana que o PIB brasileiro pode entrarwolves cbetrecessão ou ficar estagnadowolves cbet2022, diante do desarranjo das contas públicas provocado pela quebra do tetowolves cbetgastos — regra que limita o crescimento da despesa do governo à inflação.

É o caso do Itaú, que revisou na segunda-feira (25/10)wolves cbetprojeção para o PIB do paíswolves cbet2022 para quedawolves cbet0,5%. O banco J.P. Morgan e a consultoria MB Associados cortaram suas estimativaswolves cbet0,9% e 0,4%, respectivamente, para 0%.

E mesmo quem ainda espera algum crescimento para o Brasilwolves cbet2022, está baixando a bolawolves cbetsuas expectativas, caso da XP Investimentos, que cortouwolves cbetestimativa para o PIB do próximo anowolves cbet1,3% para 0,8%. O Credit Suisse reduziuwolves cbet1,1% para 0,6%. E a ASA Investments,wolves cbet1,5% para 0,4%.

Assim, mesmo o microcosmo do G20 parece desmentir a fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, na última sexta-feira (22/10): "O Brasil é um país bem visto lá fora. As pessoas veem o que a gente está fazendo aqui. O Brasil vai crescer bem mais no ano que vem", disse Guedes, durante coletiva ao ladowolves cbetBolsonaro,wolves cbetque ambos confirmaram o furo do tetowolves cbetgastos.

Entenda por que a economia do mundo todo deve desacelerarwolves cbet2022 e como o Brasil deve ter desempenho ainda pior do que os outros países.

Por que a economia mundial vai crescer menoswolves cbet2022

"O crescimento global deve ser menor e a inflação maior devido à desaceleração na China e ao aumento dos preçoswolves cbetenergiawolves cbettodo o mundo", resumiu o Itaú,wolves cbetrelatório recente.

A economista Margarida Gutierrez, professora do Coppead/UFRJ (Institutowolves cbetPós-Graduação e Pesquisawolves cbetAdministração da Universidade Federal do Riowolves cbetJaneiro), explica que o aumento da inflaçãowolves cbettodo o mundo deve levar os bancos centraiswolves cbetdiversos países a encerrar o ciclowolves cbetestímuloswolves cbetresposta à pandemia e normalizar suas políticas monetárias.

A mudançawolves cbetdireção na ação dos bancos centrais deve funcionar como um freio para a atividade econômicawolves cbettodo o mundo.

"Com a inflação batendo na porta dos Estados Unidos e da Zona do Euro — economias que estavam com taxaswolves cbetjuros zero ou próximaswolves cbetzero —, vai começar a ter uma normalização das políticas monetárias, então os juros vão começar a subir", diz Gutierrez.

"O caso da economia americana é emblemático: pelo quinto mês consecutivo, os Estados Unidos têm apresentado uma inflaçãowolves cbet5,4%wolves cbet12 meses, o que sinaliza que não é uma inflação transitória, como inicialmente se supunha", acrescenta a economista.

"Nesse cenário, o FED [Federal Reserve System, o sistemawolves cbetbancos centrais dos Estados Unidos] e o Banco Central Europeu já sinalizaram que vão reduzir seus programaswolves cbetcompraswolves cbetativos e, depois disso, vão começar a subir as taxaswolves cbetjuros, praticando o que chamamoswolves cbetnormalização monetária. Essa subidawolves cbetjuros já é um freio à atividade econômica por si só."

A inflação global tem sido puxada pela altawolves cbetpreços das commodities,wolves cbetmeio ao aumento da demanda global com a reabertura das economias após o isolamento social provocado pelo coronavírus; e pela desorganização das cadeias produtivas, que tem provocado faltawolves cbetinsumos para a indústria — como o setorwolves cbetautomóveis, que tem sofrido com a escassezwolves cbetsemicondutores.

Já na China, são dois os problemas principais: uma crise no setor imobiliário, puxada pelo alto endividamento da incorporadora Evergrande; e uma crise energética, provocada pela disparadawolves cbetpreços e escassezwolves cbetcarvão, num momentowolves cbetque o país asiático também tenta reduzir suas emissõeswolves cbetcarbono, visando atingir metas ambientais estabelecidas para 2030 e 2060.

"Na China, desde a crisewolves cbet2008, eles promoveram um padrãowolves cbetcrescimento muito baseado no endividamento", explica Gutierrez. "Essas construtoras que agora estãowolves cbetcrise são um exemplo disso, estão inadimplentes, após serem estimuladas pelos empréstimoswolves cbetbancos públicos e por uma políticawolves cbetgovernowolves cbetincentivo ao endividamento."

"Soma-se a isso a escassezwolves cbetcarvão que está paralisando parte do setor produtivo. Então a China tem um problema grave aí que é o seu modelowolves cbetcrescimento", diz a professora.

O FMI prevê que a China desacelerewolves cbetum crescimentowolves cbet8% este ano, para 5,6%wolves cbet2022. Já a OCDE, projeta um avançowolves cbet8,5% do PIB da Chinawolves cbet2021 ewolves cbet5,8% no próximo ano.

Com a China representa sozinha cercawolves cbet18% do PIB mundial e é uma grande compradora internacionalwolves cbetcommodities produzidas por outros países, uma desaceleração dessa magnitude tende a afetar a economia do mundo todo.

Como o Brasil vai ter desempenho ainda pior que o resto do mundo

"Não tem nenhum motorwolves cbetcrescimento no Brasil", diz Claudio Considera, coordenador do Núcleowolves cbetContas Nacionais do Ibre-FGV (Instituto Brasileirowolves cbetEconomia da Fundação Getulio Vargas).

"O desemprego está enorme, a inflação está fazendo com que as famílias percam renda, isso diminui o consumo", enumera. "O investimento também não tem nenhum estímulo, porque ninguém acredita que o Brasil vai crescer. Então a economia não tem qualquer impulsowolves cbetcrescimento."

Esse cenário tende a ser agravado pela altawolves cbetjuros que está sendo feita pelo Banco Central, na tentativawolves cbetconter a inflação.

Nesta quarta-feira (27/10), o Copom (Comitêwolves cbetPolítica Monetária) elevou a Selicwolves cbet6,25% para 7,75% ao ano, altawolves cbet1,5 ponto percentual.

O comitê indicou ainda que deve fazer outro aumentowolves cbetigual magnitude nawolves cbetpróxima reunião, marcada para dezembro, o que deve levar a taxa para 9,25%. Parte dos economistas aposta que o ciclowolves cbetaperto monetário não deve parar por aí, com a taxa básicawolves cbetjuros indo a dois dígitos no começo do próximo ano.

"Com isso, as famílias que gostariamwolves cbettomar crédito para consumo não vão mais fazer isso. E essa altawolves cbetjuros vai espantar os investimentos também, porque ninguém vai investir tendo que pagar juros elevados, é melhor colocar o dinheiro na comprawolves cbettítulos da dívida e ganhar 10% a 12%wolves cbetretorno sem os riscos do investimento produtivo", diz Considera.

Mas se o mundo inteiro está sofrendo com inflação, por que a altawolves cbetpreços no Brasil é tão mais significativa do que nos demais países, exigindo essa dose cavalarwolves cbetjuroswolves cbetresposta?

"No Brasil, alémwolves cbetsofrer tudo que o mundo está sofrendo, nós temos uma taxawolves cbetcâmbio super pressionada por causa das nossas incertezas, da nossa percepçãowolves cbetrisco, que está subindo muito", explica Margarida Gutierrez, da Coppead/UFRJ.

"A nossa taxawolves cbetcâmbio está absolutamente descolada do resto do mundo, e o câmbio mais desvalorizado gera pressões inflacionárias, isso contamina as expectativaswolves cbetinflação e, por isso, nossa inflação é tão maior do que awolves cbetoutros países".

O dólar fechou 2020 cotado a R$ 5,19 e nesta semana já supera os R$ 5,60, tendo encostado nos R$ 5,70 na semana passada, quando foi confirmada a quebra do tetowolves cbetgastos. Acompanhando esse movimento, as expectativas para a inflaçãowolves cbet2021 começaram o anowolves cbet3,3% e estão atualmente próximas dos 9%, segundo o boletim Focus do Banco Central.

Na prévia da inflaçãowolves cbetoutubro, medida pelo IPCA-15, a taxa acumuladawolves cbet12 meses chegou a 10,34%.

O câmbio desvalorizado afeta, por exemplo, os custos industrias, já que boa parte dos insumos da nossa indústria são importados. Impacta também os preços dos combustíveis, já que o petróleo é cotado internacionalmentewolves cbetdólares. E estimula as exportações, reduzindo a ofertawolves cbetalimentos no mercado interno, o que também contribui para a altawolves cbetpreços.

E por que a quebra do tetowolves cbetgastos piorou ainda mais esse cenário já desfavorável?

Porque, sem o teto como referência para os gastos do governo, os investidores deixamwolves cbetter clareza sobre a trajetória da dívida pública. Com isso, a percepçãowolves cbetriscowolves cbetinsolvência do Brasil aumenta e investidores estrangeiros tiram divisas do país, desvalorizando o câmbio e alimentando as expectativaswolves cbetinflação, o que leva o Banco Central a ter que subir mais os juros para controlá-la.

Por fim, a cereja nesse bolo desandado do Brasil é que 2022 é anowolves cbeteleições no país.

"Serão eleições altamente incertas e polarizadas, com dois presidenciáveis a favor do aumento do gasto público, o que pode agravar a situação fiscal. Isso está minando a confiança dos agente para o ano que vem", diz Gutierrez.

Assim, podemos esperar novas revisões para baixo nas projeçõeswolves cbetcrescimento para o Brasil feitas pelo FMI e pela OCDE, mesmo com o Brasil já estando atualmente na rabeira das expectativas do G20.

"Certamente serão revisadas. Eles devem esperar os resultados da economia no terceiro trimestre, mas devem trazer esses números para baixo, com certeza", acredita Considera, da FGV. "Estamos entrando numa situação que eu não imaginava jamais que nós voltaríamos", lamenta o economista.

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