Covid: O que ciência já descobriu sobre maior agressividadeestrela bet gusttavo limavariante P.1estrela bet gusttavo limajovens?:estrela bet gusttavo lima

Coronavírus

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Legenda da foto, Nas últimas semanas, saíram as primeiras evidênciasestrela bet gusttavo limaque a linhagem P.1 seria mais mortalestrela bet gusttavo limajovens. Mas diversos fatores confundem e jogam incertezas sobre essas observações

Enquanto esse drama começava a se desenrolar nas ruas da capital do Amazonas, os cientistas faziam uma importante descoberta na bancada dos laboratórios: Manaus parece ter sido palco do desenvolvimentoestrela bet gusttavo limauma nova variante do coronavírus, que passaria a ser conhecida como P.1.

Pelas informações disponíveis naquele momento, tudo levava a crer que essa nova versão do agente infeccioso era mais transmissível e teria capacidadeestrela bet gusttavo limadriblar a imunidade obtida anteriormente, o que ajudaria a explicar o quadro crítico na capital do Amazonas.

Mas será que essa linhagem atualizada do vírus também é mais mortal, especialmente entre indivíduos mais jovens e sem doenças prévias?

Por ora, esse campo ainda está cheioestrela bet gusttavo limaperguntas sem respostas. Mas algumas pesquisas publicadas nas últimas semanas ajudaram a entender um pouco melhor essa história.

O ovo ou a galinha?

Para começoestrela bet gusttavo limaconversa, é preciso observar que o surgimentoestrela bet gusttavo limanovas variantes está diretamente relacionado ao comportamento das pessoas e à faltaestrela bet gusttavo limapolíticas públicas claras e bem definidas.

Em outras palavras, não é o surgimento dessas cepas "atualizadas" que gera a piora da pandemia: o problema começa muito antes, quando as medidasestrela bet gusttavo limacontrole são relaxadas e as pessoas começam a transitar livremente pelas ruas, sem tomar os cuidados básicos, como o usoestrela bet gusttavo limamáscaras e o respeito ao distanciamento físico.

Quanto maior for a circulação, maior a transmissão do coronavírus — e quanto mais o vírus "pula"estrela bet gusttavo limauma pessoa para outra, maior o riscoestrela bet gusttavo limaele sofrer mutações vantajosas paraestrela bet gusttavo limareplicação e potencialmente danosas e preocupantes para nós, seres humanos.

E esse fenômeno, porestrela bet gusttavo limavez, agrava ainda mais o problemaestrela bet gusttavo limasaúde pública e contribui para o colapso que vivemosestrela bet gusttavo limavárias cidades brasileiras.

"Não há como culpar só a P.1 por esse grande aumentoestrela bet gusttavo limacasos e mortes que vimos nos últimos meses. A variante só surgiu por causa do descontrole nas medidas restritivas capazesestrela bet gusttavo limainibir a transmissão", concorda o virologista e pesquisadorestrela bet gusttavo limasaúde pública Tiago Gräf, do Instituto Gonçalo Moniz, da FioCruz Bahia.

Esse raciocínio se aplica perfeitamente ao que ocorreuestrela bet gusttavo limaManaus: com a noçãoestrela bet gusttavo limaque a cidade já estava livre da pandemia, as atividades foram retomadas com força total a partirestrela bet gusttavo limasetembro e outubroestrela bet gusttavo lima2020.

As aglomerações fizeram o vírus circular com grande intensidade novamente e ganhar uma nova versão: tudo indica que a P.1 se desenvolveu a partirestrela bet gusttavo limanovembro do ano passado e,estrela bet gusttavo limadezembro, dominou geral.

Manaus voltou a ter dezenasestrela bet gusttavo limaenterros por causa da covid

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Em 2021, Manaus voltou a ter dezenasestrela bet gusttavo limaenterros por causa da covid

Suspeita confirmada

Esse temorestrela bet gusttavo limaque a P.1 seria mais transmissível era praticamente um consenso entre os cientistas da área logo após a descoberta da nova variante.

Isso porque ela trazia algumas mutações muito parecidas ao que já havia sido encontrado com outras cepas novas, especialmente aquelas detectadas no Reino Unido e na África do Sul.

Muitas dessas mudanças genéticas mais preocupantes se concentram justamente na espícula, estrutura que fica na superfície do vírus e faz com que ele "se grude" nas células humanas para dar início a uma infecção.

Essas alterações no genoma tornaram essa talestrela bet gusttavo limaespícula ainda mais sofisticada, o que facilita a invasão viral no nosso organismo.

"A variante P.1 necessitaestrela bet gusttavo limauma quantidade menorestrela bet gusttavo limavírus para causar uma infecção", explica Gräf.

Ou seja: se antes a pessoa precisava ter contato com uma boa quantidadeestrela bet gusttavo limacoronavírus para desenvolver um quadroestrela bet gusttavo limacovid-19, a nova linhagem passa a exigir uma carga bem menor, o que facilita as coisas (pelo menos do pontoestrela bet gusttavo limavista do vírus).

Essas observações iniciais ganharam mais exatidão no dia 14estrela bet gusttavo limaabril, após a publicaçãoestrela bet gusttavo limaum estudo na revista Science que envolveu maisestrela bet gusttavo lima30 instituições e dezenasestrela bet gusttavo limapesquisadores, muitos deles brasileiros.

Após uma vasta análise dos dados, os autores concluíram que a P.1 éestrela bet gusttavo lima1,7 a 2,4 vezes mais transmissível e um quadroestrela bet gusttavo limacovid-19 prévio, causado por outra linhagem, dá uma proteçãoestrela bet gusttavo lima54 a 79%estrela bet gusttavo limarelação a uma probabilidadeestrela bet gusttavo limareinfecção por essa nova variante.

Diante dos achados, os autores reforçam a necessidadeestrela bet gusttavo limauma "vigilância genômica global aprimorada sobre as novas variantesestrela bet gusttavo limapreocupação", como é o caso da P.1, e entendem que essa ação é "crítica para acelerar a capacidadeestrela bet gusttavo limaresposta à pandemia".

Profissionaisestrela bet gusttavo limasaúde transferem pacienteestrela bet gusttavo limaleito

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Legenda da foto, O surgimentoestrela bet gusttavo limanovas variantes do coronavírus ajuda a explicar o colapso, mas essas novas versões não são as principais culpadas pela crise

Essa maior "ganância" do vírus é fácilestrela bet gusttavo limaser observada num acompanhamento que é feito pelo time da Rede Genômica da Fiocruz, do qual Gräf faz parte: segundo as análises do grupo, a P.1 rapidamente se tornou a linhagem dominanteestrela bet gusttavo limatodas as regiões do país.

No mêsestrela bet gusttavo limaabrilestrela bet gusttavo lima2021, ela estava presenteestrela bet gusttavo lima92%estrela bet gusttavo limatodas as amostras colhidasestrela bet gusttavo limapacientes com covid-19 confirmada.

Três meses antes, ela representava apenas 29% do total das análises.

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Subida nos óbitos

Mas será que essa maior virulência e a capacidadeestrela bet gusttavo limadriblar a resposta imune prévia contribuiriam para o aumento da mortalidade por covid-19?

Por aqui, as respostas são um pouco mais nebulosas.

"Já temos dados robustos na Inglaterra demonstrando que a letalidade da variante B.1.1.7 é maior. A gente pode imaginar que a P.1 também seja mais letal, mas ainda precisamosestrela bet gusttavo limaestudos", analisa o virologista Fernando Spilki, professor da Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul.

Um trabalho, aindaestrela bet gusttavo limapré-print (que ainda não foi revisado por outros especialistas e publicado num período científico), aponta que a P.1 está relacionada a uma maior taxaestrela bet gusttavo limaóbitos, especialmenteestrela bet gusttavo limaindivíduos mais jovens e sem doenças prévias.

Para chegar a essas conclusões, os cientistas compararam os dados das notificaçõesestrela bet gusttavo limacasosestrela bet gusttavo limacovid-19 no Rio Grande do Sulestrela bet gusttavo limadois momentos: entre novembro e dezembroestrela bet gusttavo lima2020 eestrela bet gusttavo limafevereiroestrela bet gusttavo lima2021.

Os especialistas selecionaram justamente esses dois períodos (dezembroestrela bet gusttavo lima2020 e fevereiroestrela bet gusttavo lima2021) para entender como a evolução da criseestrela bet gusttavo limasaúde pública pode ter impactado nos númerosestrela bet gusttavo limaacometidosestrela bet gusttavo limadiferentes faixas etárias.

"Nós pegamos os dados da primeira onda e comparamos com fevereiroestrela bet gusttavo lima2021, num momentoestrela bet gusttavo limaque ainda não tinha acontecido o colapso do sistemaestrela bet gusttavo limasaúde no estado gaúcho", diz o médico André Ribas Freitas, professorestrela bet gusttavo limaepidemiologia e bioestatística da Faculdade São Leopoldo Mandic,estrela bet gusttavo limaCampinas.

"Ao compararmos o totalestrela bet gusttavo limacasos com aqueles que evoluíram para óbito, é possível notar um aumento na proporçãoestrela bet gusttavo limamortalidadeestrela bet gusttavo limafaixas etárias mais jovens", resume o especialista, que também é consultor científico do HubCovid.

No trabalho, a proporçãoestrela bet gusttavo limaindivíduos com menosestrela bet gusttavo lima60 anos internados com covid-19 que morreram saltouestrela bet gusttavo lima18%estrela bet gusttavo limanovembro e dezembro para 28%estrela bet gusttavo limafevereiroestrela bet gusttavo lima2021.

O aumento também ocorreuestrela bet gusttavo limaindivíduos sem doenças pré-existentes: nos números do ano passado, 13% deles morreram. Neste ano, a taxa ficouestrela bet gusttavo lima22%.

Trabalhadores carregam um caixão num cemitério

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Legenda da foto, Maior taxaestrela bet gusttavo limamortalidade por covid-19 entre indivíduos abaixo dos 60 anos e sem doenças prévias chamou a atençãoestrela bet gusttavo limapesquisadores brasileiros

Na conclusão, os autores da pesquisa entendem que a culpa por essa mudança está diretamente relacionada à P.1.

"Até onde sabemos, essas são as primeiras evidênciasestrela bet gusttavo limaque essa variante pode aumentar desproporcionalmente a gravidade e a taxaestrela bet gusttavo limamortalidade entre a população sem doenças prévias e os mais jovens, sugerindo um aumento no perfilestrela bet gusttavo limavirulência", escrevem.

"Novos estudos ainda precisam confirmar e aprofundar esses achados", concluem.

Mais transmissível ou mais transmitido?

Essas observaçõesestrela bet gusttavo limamaior mortalidade relacionadas à P.1, porém, são vistas com reservas por outros especialistas.

Eles entendem que são necessários novos estudos para ratificar esses achados iniciais e determinar realmente se essa linhagem é mais mortal mesmo.

"Precisaríamos replicar essas investigaçõesestrela bet gusttavo limalaboratórios, com materialestrela bet gusttavo limanecrópsia e comparar como as diferentes variantes se comportam no organismo das pessoas", aponta o virologista Paulo Eduardo Brandão, da Faculdadeestrela bet gusttavo limaMedicina Veterinária e Zootecnia da Universidadeestrela bet gusttavo limaSão Paulo.

O especialista acredita que existem outros fatores que contribuem para o cenário que vivemos.

"Todas as pesquisas sobre a P.1 ou qualquer outra variante sempre esbarram na mesma dúvida: será que elas são mais transmissíveis ou foram mais transmitidas?", questiona.

"Por ora, tudo nos indica que o nosso comportamento é preponderante para isso. Quanto mais pessoas vulneráveis, sem os cuidados preventivos básicos e sem vacinação, maiores as chancesestrela bet gusttavo limaas novas linhagens se espalharem pela comunidade", conclui Brandão.

Legenda do vídeo, Por que vacinação sem lockdown pode tornar Brasil 'fábrica'estrela bet gusttavo limavariantes perigosas

E esse maior espalhamento, porestrela bet gusttavo limavez, gera uma verdadeira bolaestrela bet gusttavo limaneve: mais transmissão significa mais gente infectada, novas cadeiasestrela bet gusttavo limacontágio, maior procura por atendimento, faltaestrela bet gusttavo limaleitosestrela bet gusttavo limaambulatórios e UTIs, cuidados inadequados, aumentoestrela bet gusttavo limamortes...

A médica Suzane Lobo, diretora-presidente da Associaçãoestrela bet gusttavo limaMedicina Intensiva Brasileira concorda e detalha os ingredientes extras desta equação: o colapso do sistemaestrela bet gusttavo limasaúde e a faltaestrela bet gusttavo limavagas para atender a enorme demandaestrela bet gusttavo limanovos infectados.

"Como é que eu posso dizer que a variante é mais letal se há outros fatores envolvidos? Demora no atendimento, faltaestrela bet gusttavo limaleitos…", pensa.

"Se tivéssemos leitos para os pacientes e todos eles fossem atendidos rapidamente, seria possível dizer que existe uma grande chanceestrela bet gusttavo limaa linhagem ser mais letal do pontoestrela bet gusttavo limavista epidemiológico", completa a especialista.

Não é exagero afirmar que, nos últimos meses, muita gente morreu no Brasil à esperaestrela bet gusttavo limaum atendimento adequado: com os serviçosestrela bet gusttavo limasaúde absolutamente abarrotados, não existiam as condições mínimas para prestar socorro adequado a todo mundo que chegava nos hospitais.

E esse colapso, claro, influencia nos númerosestrela bet gusttavo limahospitalização eestrela bet gusttavo limamortalidade por covid-19.

Será que pacientes mais jovens e com mais chanceestrela bet gusttavo limasobreviver não foram privilegiados quando abriam novas vagas na UTI? Será que os mais velhos não foram mandados para casa, onde se recuperaram ou morreram sem entrar para as estatísticas oficiais?

Outro ponto fundamental: será que a faixa etáriaestrela bet gusttavo lima20 a 59 anos não é mais afetada atualmente por se expor mais ao risco?

"Os mais jovens estão se encontrando mais e muitas vezes sem respeitar as medidas não-farmacológicas, como o usoestrela bet gusttavo limamáscaras. Isso aumenta o riscoestrela bet gusttavo limater contato com o vírus", raciocina Brandão.

Homem sendo vacinado por profissional

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Legenda da foto, Avanço da vacinação ajudou a proteger os mais velhos. É necesssário que a campanha avance mais rápido para evitar o espalhamento ou o surgimentoestrela bet gusttavo limanovas variantes

Por fim, é preciso considerar que a vacinação contra a covid-19 no Brasil já cobriu uma boa parcela da população idosa que, portanto, está protegida das formas mais graves da doença.

"E a mensagemestrela bet gusttavo limaque a infecção costuma ser grave neles, que eles constituem um grupoestrela bet gusttavo limarisco, fez com que indivíduos mais velhos se cuidassem mais quando chegou a segunda onda", diz Gräf.

Essas e outras dúvidas permanecem sem respostas e podem "poluir" as conclusões que foram acumuladas sobre o impacto que a variante P.1 teve no Brasil durante os últimos meses.

Então, o que fazer?

Enquanto a ciência evolui e conhece mais a fundo os detalhes da P.1 eestrela bet gusttavo limaoutras linhagens que se desenvolvemestrela bet gusttavo limatodo mundo, uma coisa continua igual: os cuidados necessários para prevenir a covid-19.

"O vírus não liga para frio, calor, umidade… Ele gosta mesmo éestrela bet gusttavo limaproximidade entre as pessoas", ensina Brandão.

"E, para qualquer variante, o usoestrela bet gusttavo limamáscaras, o distanciamento físico e a limpeza das mãos seguem válidos e efetivos", orienta.

Para evitar que as variantes se espalhem mais (ou surjam outras linhagens que tragam um perigo ainda maior), é essencial acelerar também a vacinação.

"Quanto mais gente vulnerável, maior o riscoestrela bet gusttavo limaproliferação do vírus, o surgimentoestrela bet gusttavo limanovas linhagens e todos os problemas relacionados a isso", completa o virologista.

Colaborou Matheus Magenta, da BBC News Brasilestrela bet gusttavo limaLondres

Línea

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