Covid: 'Quem cometeu erros graves na pandemia precisa ser punido', diz Drauzio Varella:casa de aposta betway

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Legenda da foto, Em entrevista exclusiva à BBC News Brasil, Drauzio Varella fala sobre a atual situação da pandemia no Brasil e o que pode ser feito para controlar o númerocasa de aposta betwaycasos e mortes por covid-19

"Se tivéssemos começado a vacinarcasa de aposta betwaydezembro ou janeiro, não estaríamos com maiscasa de aposta betwaytrês mil mortes diárias como acontece atualmente", observa.

O médico também destaca o papel do Sistema Únicocasa de aposta betwaySaúde (SUS) e entende que os erros cometidos precisam ser apurados e julgados.

"O Brasil tem menoscasa de aposta betway3% da população mundial. No momento atual,casa de aposta betwaycada quatro pessoas que morremcasa de aposta betwaycovid-19 no mundo, uma é brasileira. É uma mortalidade absurda", critica.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

casa de aposta betway BBC News Brasil - Na entrevista que o senhor nos concedeucasa de aposta betwayabrilcasa de aposta betway2020, uma das frases que chamaram a atenção foi: "Eu acho que vai acontecer uma tragédia nacional, eu não tenho dúvida disso". Passado um ano, o senhor avalia que esse prognóstico se cumpriu ou foi ainda pior que o esperado?

casa de aposta betway Drauzio Varella - Infelizmente, esse prognóstico se cumpriu e foi pior do que eu esperava naquela época. Eu passei três fases nesta epidemia. A primeira foicasa de aposta betwayjaneiro do ano passado, quando a doença estava só na China, não tinha nem chegado direito na Europa. Quer dizer, já tinha chegado, mas não havia ainda um número grandecasa de aposta betwaycasos. E as informações que a gente tinha é que não haveria mais mortos por esse coronavírus do que pelas epidemiascasa de aposta betwaygripe. E que a maioria das pessoas, por voltacasa de aposta betway80%, teria sintomas leves.

Isso foi antes da epidemia chegar à Itália. Quando chegou lá, nós já tivemos noção do que estava acontecendo. Em abril do ano passado, nós já sabíamos o que estava se passandocasa de aposta betwayNova York e que estávamos diantecasa de aposta betwayuma epidemia grave. E os primeiros casos começaram a acontecercasa de aposta betwaySão Paulo. A primeira morte por covid-19 no Brasil foicasa de aposta betwaymarço do ano passado.

Legenda da foto, O médico aponta que o Ministério da Saúde se tornou irrelevantecasa de aposta betwaymeio à maior pandemia das últimas décadas

E eu achei que ia ser uma tragédia porque você tem uma epidemiacasa de aposta betwayum vírus que se transmite por meiocasa de aposta betwaygotículas que a gente elimina quando fala, tosse e espirra. E esse vírus, quanto mais próxima uma pessoa fica da outra, mais fácilcasa de aposta betwaypegar. Quando se tem uma epidemia dessas, o ideal então era fechar e ter isolamento, que é o que começava a ser feito na Itália e na China. Isso é clássico na saúde pública, ninguém inventou nada agora. Isso é feito assim há milênios: afastar as pessoas, trancar, deixarcasa de aposta betwaycasa para proteger.

Mas eu sabia que fazer isso no Brasil seria muito difícil. Eu já rodei muito pelas periferias das cidades brasileiras por causa dos programascasa de aposta betwaytelevisão, e nós temos um cinturãocasa de aposta betwaypobreza e misériacasa de aposta betwayvoltacasa de aposta betwaycada metrópole e até ao redor cidades menores... São pessoas que não têm condiçãocasa de aposta betwayficarem isoladas. Elas não têm condições porque dependem do trabalho diário para poder comer e levar alimento à família. Como é que essas pessoas iam fazer isolamento? Eu já imaginava naquele momento que teríamos um problema sério e que o Brasil ia ser fortemente assolado pela epidemia.

Mas eu não tinha previsto que haveria uma desorganização do Ministério da Saúde, a pontocasa de aposta betwayo ministério perder completamente a relevância no país. E ter um presidente da República que dá exemplo pessoal do que fazer para disseminar a epidemia. Porque se você acordar amanhã e disser: o que vou fazer para disseminar a epidemia no Brasil, o que você faria? Você sairia sem máscara e faria aglomerações. É a única coisa que você poderia fazer para disseminar a epidemia. E foi o que ele fez, e é o que ele tem feito. Eu não previ que isso pudesse ter um impacto tão grande. E a epidemia foi ficando cada vez pior.

Você se lembra que nós tivemos uma fasecasa de aposta betwayque todo mundo ficava esperando o pico? Lembra disso no ano passado? O pico vai sercasa de aposta betwaymaio,casa de aposta betwayjunho... O que aconteceu no Brasil? Nós atingimos esse pico e ele não foi seguido por uma queda, como aconteceucasa de aposta betwayvários países. Ele foi seguido por um platô. E ficamos com um número grandecasa de aposta betwaymortos até setembro e outubro, só começou a cair um pouco depois disso. Aí veio a segunda onda. A gente sabia que existia essa possibilidade, mas não dava para prever nem quando e nem como ela aconteceria.

casa de aposta betway BBC News Brasil - Em outro trecho dessa entrevista do ano passado, o senhor comentou: "Nos últimos dez anos, nós tivemos 13 ministros da Saúde. A médiacasa de aposta betwaypermanência no cargo foicasa de aposta betwaydez meses, porque o Ministério da Saúde foi usado como troca política". Naquele período,casa de aposta betwayabrilcasa de aposta betway2020, o Brasil estava à beiracasa de aposta betwaytrocar o então ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta. Depois dele, vieram Nelson Teich, Eduardo Pazuello e agora Marcelo Queiroga. Ou seja: a médiacasa de aposta betwaytroca, que eracasa de aposta betwaydez meses, caiu nesse período para quatro meses. Como essa troca constantecasa de aposta betwaymeio à pandemia prejudicou a resposta do Brasil à crise sanitária?

casa de aposta betway Varella - Quando você tem uma epidemia, você tem que ter um governo central que decida combater a epidemia. A decisãocasa de aposta betwaycombater a epidemia é política. É o presidente da República que tem que tomar essa decisão. E aí o que ele faz? Bom, ele é o presidente, ele não tem obrigaçãocasa de aposta betwayser formado na área da saúde. Ele então escolhe um ministro da Saúde que tenha. O ministro da Saúde não precisa ser um médico, um especialista naquela área. Mas precisa ser uma pessoa com formação para se cercar dos profissionais competentes que possam definir a orientação. E aí o ministro da Saúde impõe essas medidas e o presidente da República apoia. Nós não tivemos nada parecido com isso.

Na verdade, quem conduziu o combate à pandemia foi o presidente da República. Um ex-ministro disse claramente: um manda, outro obedece. O que está acontecendo agora? A mesma coisa. O que você pode cobrar do atual ministro da Saúde, se ele não pode falar a favor do isolamento social e tem que manter essa enganação que é o tratamento precoce? Ele não pode dizer para parar com essa históriacasa de aposta betwayhidroxicloroquina, ivermectina... Ele simplesmente não pode fazer isso. Ele tem que dizer que os médicos possuem o direitocasa de aposta betwayprescrever. Quer dizer, ele está numa situaçãocasa de aposta betwayque foi escolhido para obedecer o presidente da República e esse é o problema todo.

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Legenda da foto, O médico Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes é o quarto ministro da Saúde no governo Bolsonaro

casa de aposta betway BBC News Brasil - Ao longo dos últimos meses, o nome do senhor e trechoscasa de aposta betwayvídeos antigos foram utilizados foracasa de aposta betwaycontexto para relativizar a covid-19 ou espalhar desinformação sobre a pandemia. Como foi lidar com isso do pontocasa de aposta betwayvista individual?

casa de aposta betway Varella - É muito desagradável. Eu tenho uma carreira e comecei a divulgar temascasa de aposta betwaysaúde numa épocacasa de aposta betwayque médicos sérios não apareciam na televisão ou nas rádios. E eu me expus ainda nos anos 1980, por causa da epidemiacasa de aposta betwayaids. Eu achei que a informação tinha que chegar à população, porque naquela época a aids era tratada como peste gay. E mantenho esse trabalho até hoje. Uma parte importantecasa de aposta betwayminha atividade é essa,casa de aposta betwaydivulgar informação sobre saúde.

Aí tem gente que vai buscar um vídeo que você fezcasa de aposta betwayjaneirocasa de aposta betway2020, quando não havia nenhum casocasa de aposta betwaycovid-19 no Brasil ou qualquer descrição da doença no país. E essas pessoas pegam esse material e jogam nos meioscasa de aposta betwaycomunicação como se eu tivesse acabadocasa de aposta betwaydizer aquilo. Acontece que eu tenho um desprezo tão profundo por essas pessoas que sinceramente eu nem me sinto ofendido.

Eles pretendem o que com isso? Se pretendem me atingir, com que finalidade? Eu não sou candidato a nada. Não sou político, nunca fui e nunca serei. O que pode acontecer com isso? Nada. Não vão me atingircasa de aposta betwaymaneira nenhuma. Não vão prejudicar a minha carreira por causa disso. E também não vão prejudicar as minhas pretensões, simplesmente porque não as tenho.

A finalidade disso é confundir a população. Esse é o aspecto mais doloroso. É dizer: olha, o nosso presidente disse que é uma gripezinha, mas o Dr. Drauzio Varella também fala o mesmo. Mas eles não avisam que esse vídeo foi feito antescasa de aposta betwaya epidemia chegarcasa de aposta betwayverdade. O Dr. Anthony Fauci, que é a maior autoridadecasa de aposta betwaydoenças infecciosas nos Estados Unidos, falou a mesma coisa. Assim como várias outras autoridades mundiaiscasa de aposta betwaysaúde do mundo inteiro. À época, havia uma sériecasa de aposta betwayrazões científicas para essa interpretação.

casa de aposta betway BBC News Brasil - Por um lado, a internet tem esse lado perverso, da descontextualização e do uso políticocasa de aposta betwaycertas falas e personalidades. Mas ela também possui um lado leve, como os memes, os stickerscasa de aposta betwayWhatsApp, os vídeos virais. Como o senhor encara esses materiais feitos comcasa de aposta betwayimagem?

casa de aposta betway Varella - Olha, eu me divirto com eles. Eu acho engraçado, ainda mais quando jovens e crianças repassam esses stickers e memes com minhas caricaturas. Eu acho que isso faz parte da comunicação. Você é jornalista e é interessadíssimocasa de aposta betwaycomunicar as coisas para as pessoas. No decorrercasa de aposta betwayseu trabalho, você está sempre pensando: como que eu consigo atingir mais gente? Como é que essa informação que eu tenho pode ir mais longe, não é verdade?

Eu penso assim também. Como eu posso levar essa informação mais longe do que ela poderia chegar? Se eu quero que as pessoas entendam e aprendam coisascasa de aposta betwaysaúde que são importantes para o dia a dia delas, quanto mais gente eu atingir, melhor. E eu acho que a internet, ao lado dos mil problemas que causa, tem essa vantagem. De as pessoas poderem interferir e tornar a informação mais leve e interessante.

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Legenda da foto, Varella diz que memes fazem a informação sobre saúde chegar até novos públicos

casa de aposta betway BBC News Brasil - O Brasil também gastou (e ainda gasta) muito tempo com discussões sobre tratamento precoce e remédios como hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina. Como esse assunto desviou o foco e nos atrasou no combate à pandemia?

casa de aposta betway Varella - Essa discussão foi armada justamente para isso. Ela foi armada para desviar a atenção, não aconteceu por acaso. Nós temos um presidente que adotou medidas para as pessoas saírem na rua e pegar o vírus. E ele deu exemplocasa de aposta betwaymedidas assim. O que ele podia dizer? "Pode ir à rua, não seja maricas, forme aglomerações. Mas se você ficar doente, pode ser que você não ache vaga na UTI". Ele não poderia dizer isso, não é mesmo? Então qual foi a estratégia? Se você ficar doente e pegar o vírus, faça o tratamento precoce com cloroquina ou ivermectina.

Quando o presidente teve covid-19, ele deu exemplo disso. Ele pegou um copo d'água e disse: "Já tomei um comprimidocasa de aposta betwaycloroquina, estou me sentindo melhor. Vou tomar o segundo agora". O que ele estava querendo? Enganar as pessoas. Enganar. Em outras palavras, a mensagem era: se você pegar o vírus, é só tomar isso aí que você vai ficar bom e está acabado. Não precisa se preocupar...

O Donald Trump fez a mesma coisa nos Estados Unidos. Só que a legislação americana pune os médicos que prescrevem medicações que não são indicadas para o tratamento daquela enfermidade. O médico americano que receitar cloroquina no tratamento da covid-19 pode ser punido legalmente. Não pelo conselhocasa de aposta betwaymedicina ou seu equivalente, mas pela justiça comum.

E aí o Trump fez o quê? Desovou no Brasil toda a cloroquina que estava encalhada nos Estados Unidos. Porque os médicos americanos não vão prescrever um medicamento que não tem indicação e eficácia numa doença, porque podem ser processados criminalmente e pagar indenizações milionárias. Com isso, a cloroquina sobrou por lá. Ela foi encaminhada pra cá, para ser distribuída e enganar as pessoas, como se aquilo tivesse alguma capacidadecasa de aposta betwayproteger da doença.

casa de aposta betway BBC News Brasil - O senhor citou o Conselho Federalcasa de aposta betwayMedicina (CFM) e, nas últimas semanas, eles têm batido muito na tecla da autonomia, que o médico é quem sabe o melhor tratamento para seu paciente. Eles não chegam a falarcasa de aposta betwaytratamento precoce ou da hidroxicloroquina diretamente, mas esse debate acontece dentro dessa discussão. Como o senhor vê a atuação do CFM e das outras entidades representativas da medicina brasileira durante essa pandemia?

casa de aposta betway Varella - Elas são entidades políticas, que não representam os médicos brasileiros. Essa coisacasa de aposta betwaydizer que o médico tem autonomia para fazer o que ele acha melhor, não é bem assim. Como autonomia? Eu tenho autonomiacasa de aposta betwayreceitar um medicamento ou um procedimento inútil para tratar a doençacasa de aposta betwayum paciente? E o paciente? Ele não tem o direitocasa de aposta betwayreceber apenas tratamentos que sejam ativos contra a doença dele? Quer dizer, o médico diz e escolhe o que fazer? E digo para o paciente que determinado remédio tem eficácia quando isso é mentira? É isso, eu proponho uma mentira para meu paciente? Isso é antiético.

Aí você pode me dizer que muitos médicos prescrevem o tratamento precoce. Olha, os médicos que prescrevem fazem-no por duas razões. Primeiro, por ignorância. Por não estudarem, por não acompanharem a literatura. Faltam para eles os fundamentoscasa de aposta betwayformação científica. São até pessoas bem intencionadas, mas despreparadas. E o segundo grupo são médicos políticos. São pessoas que defendem as posições do presidente da República e acham que eles têm que fazer isso por razões políticas. As duas situações não falam a favor dessas pessoas...

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Legenda da foto, Bolsonaro defende uso da cloroquina, mesmo sem evidências científicas dos seus efeitos contra a covid-19

casa de aposta betway BBC News Brasil - Como o senhor avalia o atual ritmo da vacinação contra a covid-19 no Brasil?

casa de aposta betway Varella - É um ritmo ridículocasa de aposta betwayrelação ao que poderia ter sido. Nós temos um dos melhores programascasa de aposta betwayimunização do mundo. Não sou eu que estou dizendo isso, é a Organização Mundial da Saúde e muitas outras instituições. O Brasil tem 38 mil salascasa de aposta betwayvacinação pelo país inteiro. No Brasil, ninguém precisa viajar para ser vacinado. As pessoas vão para as unidades básicascasa de aposta betwaysaúde e recebem a vacina lá. O que nós fizemos foi desorganizar o Programa Nacionalcasa de aposta betwayImunizações (PNI). Foi colocar nos quadroscasa de aposta betwaychefia pessoas que não tinham noção, que nunca participaramcasa de aposta betwaycampanha nacional.

Você pega o ministro anterior: ele mesmo dizia que não tinha nenhuma experiência. Não tinha vacinado uma pessoa na vida dele e,casa de aposta betwayrepente, tem esse desafio pela frente. E ainda tem que lidar com um presidente que não se interessou pelas vacinas logocasa de aposta betwaycara. Ele falava mal da vacina do Butantan, que hoje é o que está salvando a pele dele e do PNI. As vacinas do Butantan são responsáveis por 80% das vacinas administradas no Brasil.

Nós não compramos vacinas, não nos preparamos para esse momento. O mundo inteiro estava comprando: os Estados Unidos, a Comunidade Europeia, o Japão, os países asiáticos… As vacinas estavam disponíveis. Mas nós não compramos. E caímos na situação que a gente se encontra hoje.

Bom, é claro que vamos ter vacinas. Mas quantas pessoas terão morrido até lá sem necessidade? Pessoas essas que poderiam já ter sido protegidas. Se tivéssemos começado a vacinarcasa de aposta betwaydezembro ou janeiro, não estaríamos com maiscasa de aposta betwaytrês mil mortes diárias como acontece atualmente

casa de aposta betway BBC News Brasil - E como foi a sensaçãocasa de aposta betwaypoder tomar a vacina? Como o senhor se sentiu?

casa de aposta betway Varella - É engraçado, você tem um sentimento contraditório nessa hora. De um lado, é um alívio grande. Bom, tomei a vacina, posso até pegar a doença, mas parece que a chancecasa de aposta betwaymorrer agora é muito pequena. O que eu não quero é morrer. Ficar doente e me curar, está bom. Não quero também, mas é menos grave.

Do outro lado, é uma sensaçãocasa de aposta betwayfrustração,casa de aposta betwaysaber que a gente podia estar vacinando milhares e milharescasa de aposta betwaypessoas por dia. Eu vejo pessoas da minha própria família e amigos meus que ainda vão demorar para tomar a vacina. Então você tem alívio e frustração pelos outros que não tiveram a mesma sorte que tive.

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Legenda da foto, Varella compartilhou nas redes sociais imagenscasa de aposta betwayquando foi vacinado contra a covid-19, no dia 15/02

casa de aposta betway BBC News Brasil - Os últimos meses foram marcados por recordes nos númeroscasa de aposta betwaycasos e óbitos por covid-19 e um colapso do sistemacasa de aposta betwaysaúdecasa de aposta betwayvários locais do país. Como o Sistema Únicocasa de aposta betwaySaúde (SUS) se portou diante deste desafio? E como seria a situação se não tivéssemos ele?

casa de aposta betway Varella - Bom, vou começar pela segunda pergunta. Se não tivéssemos o SUS, seria a barbárie. As pessoas estariam morrendo nas ruas. Para dizer a verdade, eu acho que o SUS me surpreendeu. Ele reagiu muito melhor do que as possibilidades que tinha. Com a criaçãocasa de aposta betwayleitoscasa de aposta betwayUTI,casa de aposta betwayleitos hospitalares,casa de aposta betwayprogramascasa de aposta betwayatendimento... Eu sinceramente acho que o SUS teve uma atuação impecável. Eu não consigo dizer que vi algum desleixo. Teve essas coisascasa de aposta betwaydesvioscasa de aposta betwaydinheiro, claro. Mas não são coisas que o SUS fez, mas bandidos que se aproximam do serviço público.

Me parece que pela primeira vez os brasileiros entenderam o que é o SUS. Porque até agora a impressão dos brasileiros era que o SUS era aquela bagunça, que você vai ao pronto-socorro, não é atendido, ficacasa de aposta betwaymaca no corredor... Agora nós vimos o que aconteceu. Agora os brasileiros têm uma dimensão do que é o SUS. Eu acho que isso pode ser uma das boas consequências da epidemia, se é que a gente pode dizer assim. Ela chamou a atenção para a importância do Sistema Únicocasa de aposta betwaySaúde no Brasil.

Você vê, no Reino Unido existe NHS [National Health System, ou Sistema Nacionalcasa de aposta betwaySaúde numa tradução literal] e os ingleses têm um orgulho dele. Nas Olimpíadascasa de aposta betwayLondres,casa de aposta betway2012, eles colocaram o NHS no centro do gramado. Nós fizemos as Olimpíadascasa de aposta betway2016 no Riocasa de aposta betwayJaneiro e não colocamos o SUS. E olha que o SUS é muito mais importante do que o NHS.

Primeiro, o NHS surgiu depois da Segunda Guerra Mundial. Então ele está aí na faixa dos 70 anoscasa de aposta betwayexistência. Houve tempo para aprimorá-lo. Isso num país rico, com populaçãocasa de aposta betwayalto nível educacional, muito organizado e com cercacasa de aposta betway66 milhõescasa de aposta betwayhabitantes. Até eu organizo um sistemacasa de aposta betwaysaúde assim. Quero ver fazer essa organização num paíscasa de aposta betway210 milhõescasa de aposta betwayhabitantes, com essa tremenda desigualdade social e regional que nós temos e com esse baixo nívelcasa de aposta betwayescolaridade. Não é fácil. Nenhum país com maiscasa de aposta betway100 milhõescasa de aposta betwayhabitantes tem um sistemacasa de aposta betwaysaúde com as características do brasileiro. É um caso único, citado no mundo inteiro.

Aqui no Brasil nós não temos a visão dessa importância que o SUS tem. Eu acho que agora, passada a epidemia, quando as coisas acalmarem um pouco, nós vamos ter a ideiacasa de aposta betwaycomo nós podemos contribuir para o aprimoramento do SUS. Isso é possível. Como? Você não precisa trabalhar no SUS para ajudar a aprimorá-lo.

O SUS tem a organização do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduaiscasa de aposta betwaySaúde. Mas o SUS acontece no município. É lá que você vai procurar a unidade básicacasa de aposta betwaysaúde. Então é no município que a nossa participação pode ser muito mais eficiente e eficaz. Porque você fala com o vereador, você cobra do prefeito, você participa dos conselhoscasa de aposta betwaysaúde... A população brasileira tem que participar da organização do Sistema Únicocasa de aposta betwaySaúde.

casa de aposta betway BBC News Brasil - Os últimos meses também foram marcados por muitos pedidoscasa de aposta betwaycientistas por um lockdown nacionalcasa de aposta betwayalgumas semanas. Como o senhor vê essa questão? E como lidar com um lockdown num país tão desigual como o nosso?

casa de aposta betway Varella - Vamos dizer que agora, por um passecasa de aposta betwaymágica, você conseguisse deixar todos os brasileiros dentrocasa de aposta betwaycasa, sem receber visita nenhuma, por duas ou três semanas. Você acabaria com a epidemia. Acabaria. O vírus vai passar pra quem? Só que isso é inviável: as pessoas acham que basta decretar lockdown. Não é verdade. Você tem pessoas que precisam saircasa de aposta betwaycasa para manter os serviços essenciais. E você tem pessoas no Brasil que saemcasa de aposta betwaycasa para ganhar o suficiente, comprar o alimento e levar para a família. Se elas não fizerem isso, a família passa fome.

O nívelcasa de aposta betwaypobreza é muito grande. Nós estamos vendo isso agora. Temos 120 milhõescasa de aposta betwaypessoas com a segurança alimentar sob risco. Olha a desigualdade social no Brasil! A gente encarava a desigualdade como? Ah, o Brasil é desigual, é assim mesmo... Não é possível aceitar esse nívelcasa de aposta betwaydesigualdade, não podemos permanecer dessa maneira.

Então como você faz lockdown? Nós temos um exemplo importante, que foi Araraquara, cidade do interiorcasa de aposta betwaySão Paulo. O prefeito chamou os industriais da cidade, os comerciantes, os sindicatos, conversou com todos, explicou o que estava acontecendo, e o que temos que fazer. Ele disse que as pessoas estavam morrendo e iam morrer muito mais se nada fosse feito. E aí eles fizeram um lockdown rápido.

Mas as pessoas que estavamcasa de aposta betwaycasa recebiam cestas básicas, que foram doadas pela Prefeitura e pela iniciativa privada. Não foi fácil, o prefeito foi até ameaçadocasa de aposta betwaymorte. E eles conseguiram dessa maneira fazer cair rapidamente o númerocasa de aposta betwayocupaçãocasa de aposta betwayleitos,casa de aposta betwaypessoas internadas na UTI e as mortes. O resultado só não foi melhor porque as cidadescasa de aposta betwayvolta não fizeram lockdown.

Por isso, você tem que ter uma coordenação central. Eu acho que um lockdowncasa de aposta betwayterritório nacional nunca vai ser realizado no Brasil. O que vai acontecer é que,casa de aposta betwayacordo com a evolução dos casos, com a lotação das UTIs e o colapso dos sistemascasa de aposta betwaysaúde, vai ter que fazer pequenos fechamentos regionais. Eu não vejo outra alternativa.

casa de aposta betway BBC News Brasil - Outra discussão muito forte no Brasil ao longo dos últimos meses foi a dicotomia entre saúde e economia. Muitoscasa de aposta betwaynossos representantes, a começar pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), disseram que medidas restritivas quebrariam nossa economia e isso seria até pior que a própria covid-19. No entanto, estamos no pior momento da pandemia até agora e sem perspectiva algumacasa de aposta betwayretomada econômica. O senhor vê algum caminho para lidar com essa questão?

casa de aposta betway Varella - Houve um mal entendido desde o início. Se dizia que as pessoas precisavam trabalhar para preservar a economia. Mas o que provoca a crise econômica e financeira é a existência da epidemia. Não é o fatocasa de aposta betwayas pessoas ficaremcasa de aposta betwaycasa, não é o combate à epidemia. É justamente o contrário. Quanto mais rápido a epidemia desaparecer, mais depressa a gente retoma a economia. Isso é um clássico da história das epidemias.

Aqui foi o contrário. Você vê agora, o ministro da Economia dizia há uns dois meses que a solução é a vacina. A única coisa que vai recuperar a economia é a vacina. Veja as montadoras aqui no Estadocasa de aposta betwaySão Paulo, que fecharam as fábricas. Elas não fecharam porque queriam fazer um lockdown. Fecharam porque são incapazescasa de aposta betwaygarantir a segurança dos funcionários numa situaçãocasa de aposta betwayque a epidemia está correndo solta, sem nenhum controle. Ou você vacina e recupera a economia, ou a economia vai ficar patinando nessa situação grave. E quanto mais tempo levar, pior. Mais tempo durará a crise.

Crédito, REUTERS/Adriano Machado

Legenda da foto, O ministro da Economia, Paulo Guedes, já disse várias vezes que a saída da crise econômica passa pela vacinação contra a covid-19

casa de aposta betway BBC News Brasil - Nos últimos dias, aumentou a discussão sobre uma CPI para apurar as ações do Governo Federal e até dos governos estaduais e municipais durante a pandemia. O senhor pessoalmente acha que é necessário rever o que foi feito até agora e responsabilizar agentes públicos por ações que foram tomadas ou ignoradas?

casa de aposta betway Varella - Veja, o Brasil tem menoscasa de aposta betway3% da população mundial. No momento atual,casa de aposta betwaycada quatro pessoas que morremcasa de aposta betwaycovid-19 no mundo, uma é brasileira. É uma mortalidade absurda. Nossa participação écasa de aposta betway27% das mortes. O país não precisava se encontrar nessa situação. E isso é muito grave, porque são pessoas que perderam a vida. E se cria esse climacasa de aposta betwayque estamos numa guerra... Não estamos numa guerra. As pessoas que pegam o vírus só morrem porque pegaram o vírus. Se elas não tivessem pegado o vírus, estariam vivas. Portanto, são mortes evitáveis.

Quem cometeu erros graves na pandemia precisa ser punido. Que tipocasa de aposta betwaypunição? Não tenho ideia, não sou jurista. Isso vai ficar para os advogados, para o Supremo Tribunal Federal, para o sistema jurídico brasileiro. Eles que vão estabelecer quais são as responsabilidades.

Se receito para o meu paciente um remédio que não tem ação para tratar a doença dele e tem efeitos colaterais, eu posso ser punido eticamente pelo Conselho Regionalcasa de aposta betwayMedicina do Estadocasa de aposta betwaySão Paulo. E também posso ser punido pela justiça comum. E isso quando prejudico uma única pessoa. Agora, imagina se eu prejudiquei centenascasa de aposta betwaymilharescasa de aposta betwaypessoas. Eu acho que isso tem que ser apurado e não pode ficar sem um processo jurídico.

casa de aposta betway BBC News Brasil - O senhor sempre viajou muito pelo país e tinha uma rotinacasa de aposta betwayatendimentos e consultas constantes. Como foi a adaptação ao trabalho neste último ano?

casa de aposta betway Varella - Olha, não tive tempocasa de aposta betwayme adaptar. Eu passeicasa de aposta betwayuma vida para outra imediatamente. Eu tinha muita atividade mesmo. Eu lembro que,casa de aposta betwaynovembrocasa de aposta betway2019, teve uma semana que eu peguei avião todos os dias. Entre idas e vindas, às vezes eu pegava dois aviões num dia, um pra ir e outro pra voltar. Eu saíacasa de aposta betwaySão Paulo, fazia uma palestra numa cidade do Nordeste ou do Norte, e voltava, tudo no mesmo dia. Fazia partecasa de aposta betwayminha rotina. De repente, fiquei fechadocasa de aposta betwaycasa.

Por outro lado também, comecei a ter uma demanda para manter atividade educacional, o que foi muito bom. E é um trabalho completamente diferente daquele anterior. Eu gostocasa de aposta betwayfazer, mas às vezes fico um pouco tumultuado quando tem muita coisa na agenda. E essa comunicação pela internet é esquisita. A gente não estava habituado com ela. Se você vai numa reunião com dez pessoascasa de aposta betwaytornocasa de aposta betwayuma mesa, uma está anotando, a outra está tirando um dadocasa de aposta betwayum celular, uma terceira está olhando pra cima e ouvindo a conversa... Nós não estamos acostumados a nos encarar tanto tempo como a gente se encara hoje.

E mais: nós não estamos habituados a ver nossa própria imagem na tela o tempo inteiro. Nós não estamos acostumados a ver a nossa imagem enquanto falamos. Esse estímulo é invasivo. Eu estou olhando pra você, as suas reações, olhando nos seus olhos. Você está olhando nos meus. E, ao mesmo tempo, você está olhando para você mesmo numa tela. É uma comunicação que gera estresse. Tanto que você participacasa de aposta betwayuma live e se sente cansado. Cansado até fisicamente, porque ficar sentado o tempo todo cria problemas. A nossa espécie não tem adaptação ainda para esse tipocasa de aposta betwaycomunicação. E isso causa um estresse geral.

casa de aposta betway BBC News Brasil - O senhor é oncologista e sabemos que essa é uma área da medicinacasa de aposta betwayque as novidades não param. Durante este ano, o senhor conseguiu se atualizar nas últimas descobertas sobre o câncer, ou o foco total foicasa de aposta betwayentender a pandemia?

casa de aposta betway Varella - Eu continuo lendo e estudando, até porque eu gosto e não sou capazcasa de aposta betwayme afastar desse conhecimento. Mas você fica muito mais desfocado. Muito mais. Eu tenho que participarcasa de aposta betwayuma mesa redonda sobre um tipocasa de aposta betwaycâncer do aparelho digestivo. Eu me preparo para essa aula, estudo, leio...

Mas tenho também que acompanhar o que está acontecendo com a covid-19, porque eu sou solicitado a dar opinião. Eu não posso estar desinformado e isso me desfoca um pouco. E é algo que está acontecendo com os médicoscasa de aposta betwayforma geral.

casa de aposta betway BBC News Brasil - E a rotina? O senhor conseguiu criar novos hábitoscasa de aposta betwayexercício, alimentação e bem-estar diante das necessidadescasa de aposta betwayrestrição?

casa de aposta betway Varella - Antes da pandemia, eu levava uma vida muito complicada. Não parava nem para almoçar. Às vezes, comia um pãocasa de aposta betwayqueijo na hora do almoço para aguentar até o jantar. Era uma vida muito irregular. Saíacasa de aposta betwaymanhã pra trabalhar e ia atécasa de aposta betwaynoite. Às vezes, chegava tarde. Em casa, você estabelece um regime mais disciplinado. Isso foi bom, eu consegui me manter. Não ganhei peso, ao contrário, até emagreci um pouco. Mas fiquei com medo. Pensei: agora, com atividade reduzida ecasa de aposta betwaycasa, com a geladeira à disposição, se eu bobear vou ganhar peso. Na minha idade, ganhar peso é muito ruim. Aliás,casa de aposta betwayqualquer idade é ruim, mas na minha é pior.

Eu continuo fazendo exercício. Eu não tenho corrido na rua agora por uma sériecasa de aposta betwayrazões. Mas eu subo a escadaria do meu prédio. Era um exercício que eu já fazia antes e agora faço com muito mais regularidade. Subo as escadas até o último andar e desçocasa de aposta betwayelevador, até porque na descidacasa de aposta betwayescada a gente pode machucar o joelho. Esse é o exercício que eu faço.

Eu me convenci do seguinte nesses 50 anoscasa de aposta betwaymedicina: todo mundo quer viver muito, claro. Você também quer, imagino. Mas não a qualquer preço. Se eu disser que, aos 80 anos,casa de aposta betwaymemória vai começar a ir para o espaço, você vai ficar restrito, não vai ter coordenação motora para levar o garfo à boca, não vai conseguir ir até o banheiro, precisará usar fralda... Aposto que assim você não vai querer.

casa de aposta betway BBC News Brasil - E para evitar isso, é preciso tomar aquela sériecasa de aposta betwaycuidados e medidascasa de aposta betwaysaúde...

casa de aposta betway Varella - Aí é que está. Isso não vemcasa de aposta betwaygraça. Para alguns, até vemcasa de aposta betwaygraça, por causa da genética. São pessoas muito privilegiadas. Mas são raras também. É pouco provável que isso aconteça com você ou comigo. Nós vamos ter que batalhar mesmo. É fazer exercício, não deixar o corpo parado… Corpo parado estraga depressa.

casa de aposta betway BBC News Brasil - Em outro trecho da entrevistacasa de aposta betwayabrilcasa de aposta betway2020, o senhor disse: "Esse vírus vai ficar um bom tempo entre nós. Não com essas características que está tendo agora, promovendo essa mortalidade absurda, mas ele vai levar muito tempo para desaparecer do contato com a humanidade." O senhor já enxerga alguma luz no fim do túnel?

casa de aposta betway Varella - Eu acho que daria agora exatamente a mesma resposta que eu dei há um ano atrás. Só espero que, daqui a um ano, eu não tenha que dar essa mesma resposta também. O que eu acho é que esse vírus vai ficar por aí mesmo. E isso por várias razões. Primeiro, as vacinas que nós temos protegem contra a doença. Todos os estudos foram feitos assim. Vamos dar a vacina para um grupo e para outro não. Depois, nós vamos ver quantos morreram, foram parar na UTI e comparar com o outro grupo. Mas, até agora, nós não fizemos nenhuma comparaçãocasa de aposta betwayquantos vacinados vão adquirir o vírus e ficaram assintomáticos. Se eu pego o vírus e fico assintomático, está ótimo. Só que aí eu vou para uma festa, vou visitar meus filhos, minha netas... Eu vou transmitir o vírus, apesarcasa de aposta betwayter sido vacinado. Nenhuma vacina provou até agora que é capazcasa de aposta betwayinibir a transmissão do vírus.

Segundo ponto, será que nós vamos conseguir vacinar a população brasileira inteira? Nós vamos conseguir vacinar grande parte da população. Mas inteirinha, não vai dar. Porque tem gente que se nega a tomar vacina, que toma a primeira dose e não vai tomar a segunda... Enfim, é muito difícil você vacinar 100% das pessoas.

Terceiro, podem aparecer variantes que não respondam às vacinas que nós desenvolvemos. E isso obriga a gente a criar novas vacinas e ficar vacinando periodicamente. Então é muito pouco provável que a gente elimine o vírus definitivamente. Agora, quanto mais gente vacinada, mais cairá o númerocasa de aposta betwaycasos e o númerocasa de aposta betwaymortes. Mas vamos ter o vírus presente por aí por bastante tempo ainda.

E isso quer dizer que as medidas que nós temos que tomar hoje, especialmente o usocasa de aposta betwaymáscaras, precisarão ser mantidas. No ano que vem, nós vamos usar máscaras ainda. Porque, veja, você tem a covid-19. Passam seis, sete meses, e tem outra vez a mesma doença. Quer dizer, provavelmente não há imunidade permanente.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Máscaras precisam virar partecasa de aposta betwaynosso vestuário e devemos usá-las toda vez que saímoscasa de aposta betwaycasa, reforça Varella

Com isso, é possível, ou pelo menos existe uma grande probabilidade,casa de aposta betwayque as vacinas também não o façam, o que vai obrigar a novos cicloscasa de aposta betwayvacinação. Não tem drama, é o que a gente faz com a gripe hoje. Mas não conseguimos ficar livres do vírus da gripe. E não vamos conseguir ficar livres desse coronavírus.

casa de aposta betway BBC News Brasil - Que recomendação o senhor deixaria para as pessoas diante desse momento que estamos na pandemia para proteger a si e a todos aos redor?

casa de aposta betway Varella - A primeira medida a tomar é identificarcasa de aposta betwayque fase da epidemia nós estamos. No momento atual, estamos numa fase muito dura. Os hospitais seguem lotadoscasa de aposta betwaygente. O sistemacasa de aposta betwaysaúde estácasa de aposta betwaycolapso. E as pessoas muitas vezes não entendem o que é colapso. Colapso quer dizer: não tem jeitocasa de aposta betwayatender. É como se não tivesse hospital para as pessoas que precisam dele. Você é atropelado na rua, tem um afundamentocasa de aposta betwaytórax, precisa ser levado para UTI e não tem lugar. Você morre no pronto-socorro por essa faltacasa de aposta betwayatendimento.

Nessas fases,casa de aposta betwayque a doença está dessa maneira, a gente tem que tomar cuidado o máximo possível. E qual é o cuidado? Usar máscara. E não é só evitar aglomeração. Porque aglomeração é um bandocasa de aposta betwaygente. A gente não acha que três ou quatro pessoas façam uma aglomeração. Você pode até não ir numa balada ou no pancadão. Mas imagina que você resolve reunir dois casaiscasa de aposta betwayamigos para uma pizza num domingo. Se uma dessas pessoas estiver infectada, o riscocasa de aposta betwayvocê se infectar vai ser grande. Ah, mas eu conheço e sei que essas pessoas estão se cuidando... Não dá pra assumir quarentena alheia. Não dá. Porque cada pessoa tem o seu jeitocasa de aposta betwayfazer. Portanto, numa fase como essa, todo cuidado é pouco.

Legenda do vídeo, Imunidade contra a covid-19: como funciona e por que diminui com o tempo

Quando as coisas começarem a melhorar, você estiver vacinado, as pessoas ao seu redor também, aí você vai ter mais liberdade. Até para eventualmente convidar os dois casaiscasa de aposta betwayamigos para a pizzacasa de aposta betwaydomingo. Daí você vai abrir as janelas, deixar ventilar o máximo possível o ambiente. E vai evitar ficarcasa de aposta betwaylugares apertados, com gente sem máscara.

E você vai continuar a usar máscara. A máscara é hoje uma peça do vestuário. Você não sai à rua sem camisa, mesmo que esteja calor. Você põe a camisa. A máscara é a mesma coisa.

As pessoas vão ter que entender a necessidade dessas medidas. Se nós fizermos isso direito, vamos proteger a nós mesmos e os nossos familiares. Se a gente continuar nessa coisacasa de aposta betwaysair e negar o problema, nós vamos correr riscos e vamos correr risco pelos nossos familiares. E esse é um problema muito sério.

Uma lição que a gente tem que aprender nessa epidemia para não repetir na próxima é o conceitocasa de aposta betwaygrupocasa de aposta betwayrisco. Espero que nunca mais se fale numa coisa dessas nas epidemias. Olha o que aconteceu na aids. Quem eram os gruposcasa de aposta betwayrisco naquela ocasião? Os homossexuais e os usuárioscasa de aposta betwaydroga injetável. Isso saíacasa de aposta betwaytudo quanto é jornal. Na prática, uma mulher que não é homossexual e que não usava droga na veia, achava que não corria risco nenhum e não usava preservativo. Ela não era do grupocasa de aposta betwayrisco... Quantas mulheres não se infectaram assim?

Agora, na covid-19, quem é grupocasa de aposta betwayrisco? Pessoas acimacasa de aposta betway60 anos e quem tem pressão alta, diabetes ou obesidade. Aí eu estou com 32 anos, não tenho essas condições, e penso que está tudo bem, se eu pegar vai ser uma doençacasa de aposta betwaynada. Olha o que está acontecendo agora: mais da metade das pessoas nas UTIs brasileiras tem menoscasa de aposta betway40 anoscasa de aposta betwayidade.

Grupocasa de aposta betwayrisco não existe. O que existe é o comportamentocasa de aposta betwayrisco. Porque eu posso estar numa aglomeração com 100 pessoas e, se nenhuma delas estiver infectada, eu não vou pegar o vírus. E eu posso estar num jantarzinho íntimocasa de aposta betwayquatro, cinco pessoas e uma pessoa infectada pode infectar todos os outros.

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