Queimadas na Amazônia estão ligadas a mais888poker freerolls2 mil hospitalizações888poker freerolls2019, diz relatório:888poker freerolls

"A fumaça é repleta888poker freerollsmaterial particulado, um poluente ligado a doenças respiratórias e cardiovasculares, assim como a mortes prematuras. Crianças e idosos, além888poker freerollsgrávidas e pessoas com condições crônicas no pulmão e coração, são especialmente vulneráveis", explica o documento.

Foi calculado ainda que,888poker freerollsagosto888poker freerolls2019, aproximadamente 3 milhões888poker freerollspessoas888poker freerolls90 municípios da Amazônia foram expostas a níveis888poker freerollspoluição do ar acima do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS);888poker freerollssetembro, o número cresceu para 4,5 milhões888poker freerollspessoas888poker freerolls168 municípios.

De acordo com os autores, incêndios não acontecem naturalmente na floresta amazônica — são instrumentos888poker freerollsdesmatamento, muitas vezes ilegal, com a finalidade888poker freerollsliberar áreas para a agropecuária ou para a especulação fundiária.

E, segundo os autores, não é necessário estar muito perto da fumaça para que ela tenha efeitos negativos. "Os impactos na saúde888poker freerollsqueimadas relacionadas ao desmatamento na Amazônia podem ser observados distantes dos focos888poker freerollsincêndio", diz o trabalho.

Os números do relatório foram resultado888poker freerollscálculos combinando informações do DataSUS, portanto incluindo apenas internações no Sistema Único888poker freerollsSaúde (SUS); a concentração888poker freerollspoluentes nos municípios, sobretudo o chamado PM2.5 (material particulado com diâmetro menor que 2,5 micrômetros, fortemente correlacionado a queimadas na Amazônia e com consequências para a saúde bem conhecidas na literatura), mas também CO, NO2 e SO2; e também o controle888poker freerollsdados sobre chuva, temperatura e umidade, para afastar a influência destas variáveis climáticas no resultado final.

'Problema que pode ser controlado com medicação é piorado pelo meio ambiente'

Na distribuição mensal888poker freerollscasos, o número888poker freerollshospitalizações ligadas às queimadas foi menor entre janeiro e julho, quando normalmente há mesmo menos focos888poker freerollsincêndio e também condições climáticas menos propícias à ocorrência888poker freerollsdoenças respiratórias — na região, é888poker freerollsmaio, por conta da seca, que elas pioram.

As hospitalizações mapeadas começaram a crescer entre julho e agosto, ficando altas mesmo depois888poker freerollsoutubro até o final do ano, "provavelmente por conta da contínua presença888poker freerollspoluentes no ar, assim como (a presença destes) nos pulmões e correntes sanguíneas888poker freerollspessoas que inalaram a fumaça", diz o relatório.

Os números são considerados conservadores, porque incluem apenas o sistema público888poker freerollssaúde e também porque possivelmente uma parcela relevante888poker freerollspessoas afetadas pela fumaça não chega a buscar hospitais.

O relatório reconhece também que só é possível falar888poker freerollsuma correlação entre fumaça e doenças respiratórias, mas não uma causalidade — uma relação888poker freerollscausa e efeito, normalmente mais difícil888poker freerollsser provada.

Mas, no trabalho, os dados foram reforçados por depoimentos888poker freerolls67 profissionais888poker freerollssaúde, membros888poker freerollsgoverno e pesquisadores da Amazônia, escutados pela Human Rights Watch — que ficou responsável por estas entrevistas, enquanto o IEPS pelos cálculos sobre saúde e poluição e o IPAM, pela análise888poker freerollsdados sobre desmatamento e focos888poker freerollsincêndio.

"As condições são mais graves conforme a idade das crianças diminui", disse aos pesquisadores o diretor associado888poker freerollsum hospital infantil, falando sobre pequenos com doenças pré-existentes. "Recém-nascidos prematuros e bebês usando suporte respiratório são muito vulneráveis."

Uma médica888poker freerollsfamília atuando888poker freerollsRondônia citou outros grupos vulneráveis que precisaram888poker freerollsatendimento: "Na emergência pediátrica e888poker freerollsunidades básicas888poker freerollssaúde, há um aumento na demanda888poker freerollsindígenas, crianças e idosos (com as queimadas). Para pacientes que já têm condições respiratórias, se torna exacerbado. Um problema que pode ser controlado com medicação é piorado pelo meio ambiente."

Fabio Tozzi, que coordena um projeto888poker freerollsassistência888poker freerollssaúde para 15 mil indígenas e povos tradicionais no Pará, relatou casos888poker freerollsfalta888poker freerollsar, alergias, bronquite e asma. Indígenas são considerados particularmente vulneráveis à fumaça pela grande prevalência888poker freerollsdoenças respiratórias nestas populações, e estas doenças são uma das principais causas888poker freerollsmortalidade infantil entre elas.

Críticas ao governo federal

O relatório faz recorrentes críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro, cujo primeiro ano888poker freerollsmandato, justamente 2019, coincide com um aumento888poker freerolls85% do desmatamento na Amazônia, segundo análise a partir do sistema888poker freerollsmonitoramento por satélites Deter, do Instituto Nacional888poker freerollsPesquisas Espaciais (INPE).

Há ainda a apresentação888poker freerollsdados preliminares888poker freerolls2020 que antecipariam uma piora nos incêndios florestais, na comparação com 2019: por exemplo, julho888poker freerolls2020 teve 28% mais focos registrados do que o mesmo mês do ano passado.

Ane Alencar, diretora888poker freerollsciência do IPAM, destaca também que, na comparação com o ano passado (agosto888poker freerolls2018 a julho888poker freerolls2019), houve alta888poker freerolls34%888poker freerollsárea desmatada na Amazônia (agosto888poker freerolls2019 a julho888poker freerolls2020).

"Para mim, o que explica a alta dos focos888poker freerollsincêndio no ano passado foi… uma afronta. A impunidade acabou sendo estimulada por várias falas do presidente, e os proprietários rurais realmente se sentiram livres para cometer ilícitos ambientais sem medo888poker freerollsserem punidos", avalia.

Ela explica que há três tipos888poker freerolls"fogo": aquele usado para abrir novos terrenos; aquele que limpa a pastagem888poker freerollsuma área já aberta; e aquele que surge como consequência destes dois primeiros, os incêndios florestais.

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, está à frente das ações do governo no meio ambiente, como do recém-criado Conselho da Amazônia. Em entrevista à BBC News Brasil na semana passada, respondendo a uma pergunta sobre o aumento888poker freerolls34% na área desmatada, Mourão afirmou que "a floresta não está queimando": "O que está pegando fogo é aquela área que já foi desmatada, e aí cresce mato888poker freerollsnovo, o pessoal corta, taca fogo."

Mas, segundo Ane Alencar, ainda que a limpeza com fogo888poker freerollsáreas já desmatadas seja conhecida, a prática está "longe888poker freerollsser majoritária" na causa888poker freerollsdesmatamentos e queimadas.

"A maioria dos focos tem sido888poker freerollsáreas recém-desmatadas ou nas bordas das florestas", explica, acrescentando que isso pode ser visto com o cruzamento888poker freerollsdados888poker freerollsáreas888poker freerollsfloresta ao longo do tempo e888poker freerollsdesmatamento recente, além888poker freerollsinúmeros relatos do que é observado888poker freerollscampo.

"Hoje, estamos888poker freerollsum momento crítico888poker freerollsqueimadas na Amazônia, e isso tem impacto para a saúde das pessoas. Nesse mês, temos uma média888poker freerolls1.000 focos por dia, então podemos chegar a 30 mil no fim888poker freerollsagosto", diz, lembrando também que outro bioma, o Pantanal, "extrapolou" neste ano todos os recordes888poker freerollsincêndios.

Já frágil, estrutura888poker freerollssaúde no Norte ficou mais vulnerável com queimadas e pandemia

O impacto do fogo para saúde é ainda mais preocupante888poker freerollsuma região já enormemente desfavorecida neste tipo888poker freerollsassistência, diz Miguel Lago, diretor-executivo do Instituto888poker freerollsEstudos para Políticas888poker freerollsSaúde (IEPS).

"Celebramos o valor do SUS, o fato888poker freerollsser inédito para um país888poker freerollsdesenvolvimento (como o Brasil) ter um sistema público como esse. Mas existe uma profunda desigualdade na oferta888poker freerollsserviços por regiões, além888poker freerollsuma concentração nos grandes centros", aponta, lembrando que na região amazônica os deslocamentos frequentemente são longos e não rodoviários.

Lago cita uma pesquisa recente888poker freerollsseu instituto, no contexto da pandemia888poker freerollscoronavírus, mostrando que a oferta888poker freerollsmédicos intensivistas, anestesistas e cardiologistas seria atingida logo com taxas muito baixas888poker freerollsinfectados na região.

Nos cenários hipotéticos testados na pesquisa,888poker freerollsmaio, taxas888poker freerollsinfecção populacional igual ou abaixo888poker freerolls2% levariam todos os Estados do Norte a atingirem o seu limite no número888poker freerollsmédicos necessários para tratar casos graves; no Nordeste, taxas888poker freerollsinfecção inferiores a 4% poderiam levar a esse esgotamento. O Sudeste e Sul apresentam uma taxa média mínima888poker freerolls6,3% e 5,3%888poker freerollsinfectados.

"Estamos vivendo uma pandemia que afetou principalmente a região Norte, e isso inclusive pela composição das ofertas888poker freerollsserviço (de saúde). Então, se a pandemia é somada às queimadas, acreditamos que isso vai contribuir para o colapso hospitalar da região", diz, lembrando que, além das dificuldades888poker freerollsacesso no sistema público, o mercado privado não demonstra muito interesse888poker freerollsinvestir na região.

"O desmatamento, que é evitável, só contribui para o colapso888poker freerollsum sistema já bastante frágil."

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