De animais carbonizados a fogo 'subterrâneo': a rotinabet7k não pagabrigadistas no maior incêndiobet7k não pagadécadas no Pantanal:bet7k não paga

Brigadistas do Prevfogo atuando no Pantanal

Crédito, Prevfogo

Legenda da foto, Entre aqueles que estão na linhabet7k não pagafrente contra as chamas, dezenas vivembet7k não pagacontratos temporários com o Ibama

A remuneração para a grande maioria ébet7k não pagaum salário mínimo, R$ 1.045. Chefesbet7k não pagaesquadrão como Washington, que tem 24 anos, recebem um pouco mais.

A rotina, que viabet7k não pagaregra ébet7k não pagagrande desgaste físico e mental, tem sido extenuante.

O bioma vive a maior temporadabet7k não pagaqueimadasbet7k não pagadécadas. Mesmo com o reforço das Forças Armadas, que têm cedido seus barcos e aviões e dado apoio logístico, o fogo já consumiu 1,5 milhãobet7k não pagahectares. Desse total, 910 mil estãobet7k não pagaMato Grosso do Sul e o restante,bet7k não pagaMato Grosso.

Brigadistas do Prevfogo atuando no Pantanal

Crédito, Prevfogo

Legenda da foto, Trabalho na basebet7k não pagaCorumbá costuma começar às 8h - sem hora para acabar

A chuva que caiu na regiãobet7k não pagaCorumbá nos últimos dias ajudou a aliviar um pouco a situação, diz o supervisorbet7k não pagabrigadas do Prevfogo Bruno Águeda, mas não foi suficiente para encharcar o solo. A onda históricabet7k não pagafrio que deve tomar conta do país nos próximos dias também não anima a equipe, já que o frio na região geralmente é seco.

No ano passado, ele conta, a última operação ocorreubet7k não pagameadosbet7k não paganovembro.

'Horáriobet7k não pagapico' do fogo

O trabalho começabet7k não pagageral às 8h e não tem hora para acabar.

"Quando a gente vê que dá pra vencer o fogo, a gente continua", diz Rojas. "Já cheguei a virar noite."

O combate noturno acaba sendo mais frequente do que os brigadistas gostariam. Isso porque o fogo tem "horáriobet7k não pagapico". Se o intervalo entre 10h e 14h é o período mais crítico, depois que o sol se põe, quando a temperatura geralmente cai e a umidade aumenta um pouco, às vezes é mais fácil apagar as chamas.

É também o período mais perigoso para se trabalhar, emenda Heuler Hernany,bet7k não paga25 anos, que também é chefebet7k não pagaesquadrão.

Brigadistas do Prevfogo atuando no Pantanal

Crédito, Prevfogo

Legenda da foto, O acesso difícil a alguns focosbet7k não pagaincêndio é muitas vezes o primeiro desafio dos brigadistas

Há três anos ele atua como brigadista entre julho e dezembro. Descobriu o concurso do Ibama quando fazia um bicobet7k não pagaentregador e viu um cartaz com o edital no escritóriobet7k não pagaCorumbá.

No início, a mãe estranhava quando o filho não voltava para casa. "Ela ia bater na porta do Prevfogo", conta.

Como muitas regiões sãobet7k não pagamata fechada — o que, aliás, torna o acesso às áreasbet7k não pagaincêndio muitas vezes um desafio tão duro quanto o fogobet7k não pagasi —, o riscobet7k não pagaser picado por um animal peçonhento aumenta quando está tudo escuro.

As imagens que mais impressionam do fogo, para ele, são dos animais fugindo — ou carbonizados. Rojas já viu 5 jacarés queimadosbet7k não pagauma vez só. Hernany já viu filhotebet7k não pagamacaco, tatu. "Você vê o animal todo encolhido, dá muita dó. Parece cenabet7k não pagafilme."

Em geral, os bichos mais lentos são os mais vulneráveis, mas há situaçõesbet7k não pagaque o fogo brotabet7k não pagarepente e qualquer um pode se ver cercado.

Brigadistas do Prevfogobet7k não pagaCorumbá

Crédito, Prevfogo

Legenda da foto, No MS, Prevfogo conta com uma brigadabet7k não pagaCorumbá e outras quatro formadas por indígenas, que atuambet7k não pagasuas terras

O fogo que 'aparece do nada'

O combate ao fogo na região do Pantanal tem uma sériebet7k não pagaparticularidades, entre elas uma espéciebet7k não paga"fogo subterrâneo" que queima despercebido até que emerge para a superfície.

É o chamado "fogobet7k não pagaturfa", explica Águeda.

As secas e cheias que marcam as estações na região vão criando camadasbet7k não pagamatéria orgânica no solo. É como se fosse um sanduíche, diz ele: uma camadabet7k não pagaterra, outrabet7k não pagavegetação, outrabet7k não pagaterra, e por aí vai.

Às vezes, o fogo consegue atingir uma dessas camadas mais profundas, ricasbet7k não pagamatéria orgânica e altamente inflamáveis, e vai se espalhando por baixo da camada mais superficial da terra até encontrar alguma fissura e uma vegetação mais seca para emergir.

"Ele aparece do nada", diz ele.

Brigadistas do Prevfogo fazem aceiro

Crédito, Prevfogo

Legenda da foto, Os aceiros são uma das estratégias usadas pelas brigadas para tentar barrar o avanço do fogo

Outro inimigo dos brigadistas é o vento, que às vezes muda subitamentebet7k não pagadireção e leva o fogo junto.

E às vezes isso acontece depoisbet7k não pagaum longo diabet7k não pagatrabalho, quando eles levaram horas fazendo os chamados aceiros: a retiradabet7k não pagauma faixa da vegetação para tentar brecar o avanço do fogo.

"Às vezes o brigadista passa o dia inteiro batendo enxada e o vento leva o fogo para outro lado", diz o supervisorbet7k não pagabrigadas.

'Sensaçãobet7k não pagaimpotência'

"A gente pode ter feito tudo, mas às vezes o vento muda e joga uma fagulha a 100 metros", diz o tenente Rodrigo Bueno, do Corpobet7k não pagaBombeiros do Mato Grosso do Sul.

"A coisa que mais choca é a sensaçãobet7k não pagaimpotência", diz ele, que há 10 anos está na corporação.

Os bombeiros militares são os outros protagonistas da força-tarefa que tenta controlar os incêndios florestais no Pantanal. De acordo com o último relatório sobre a operação, 81 bombeiros do Mato Grosso do Sul e 42 do Mato Grosso lutavam contra as chamas.

Dada a dimensão dos incêndios neste ano, foram montadas três bases para o combate: na regiãobet7k não pagaPoconé/Sesc Pantanal (MT),bet7k não pagaCorumbá (MS) e na terra indígena dos Kadwéus (MS).

Mapa mostra localização do Pantanal e das basesbet7k não pagacombate aos incêndios

Crédito, Cecilia Tombesi/BBC

O trabalho pode ser feito pelas equipes locais a partir das bases, com saídas diárias, como tem sido o caso dos chefesbet7k não pagabrigada do Prevfogo Rojas e Hernany, ou por meiobet7k não pagamissões, quando as áreas são mais afastadas ou o pessoal vembet7k não pagaoutra região.

Esse é o caso do tenente Bueno, que ficabet7k não pagaMaracaju (MS) e se voluntariou para passar 10 dias na base do Sesc Pantanal.

Em geral, a equipe se reúne às 6h da manhã para delinear a estratégia do dia e costuma voltarbet7k não pagatornobet7k não paga19h. Mas não são raros aqueles que já passaram maisbet7k não paga24 horas trabalhando sem interrupção.

'Operação Dito Verde'

No diabet7k não pagaque conversou com a reportagem, o bombeiro havia retornado quase 8 da noite, depoisbet7k não pagaum dia intenso.

De helicóptero, ele fora enviado à área da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Sesc Pantanal para proteger a casa da única pessoa que há décadas vive na áreabet7k não pagaconservação: seu Dito Verde, "uma lenda do Pantanal".

"Era uma casinhabet7k não pagabarro, com telhadobet7k não pagasapê, toda feita por ele."

A missão da equipe era evitar que o fogo que consumia o mato no entorno chegasse lá. Para isso, os bombeiros puxaram água do rio mais próximo, armazenaram-nabet7k não pagaum reservatório improvisado e, com uma motobomba, usaram-na contra as chamas.

Queimadas no Pantanalbet7k não pagaMato Grosso

Crédito, Mayke Toscano/Secom-MT

Legenda da foto, Pantanal vive pior temporadabet7k não pagaqueimadasbet7k não pagadécadas

A seca que atinge a região impôs um desafio adicional: como o nível dos rios está muito abaixo da média, a equipe tevebet7k não pagacaminhar uma longa distância até a margem.

"Na cheia, o rio chega bem perto da casa dele", diz o tenente.

A primeira folgabet7k não pagaum mês

Em uma década como bombeiro, ele diz que nunca viu uma operaçãobet7k não pagacombate a incêndios florestais na região nessas proporções.

Hernany, do Prevfogo, teve o primeiro diabet7k não pagadescanso depoisbet7k não pagaum mês intensobet7k não pagatrabalho no Dia dos Pais, 9bet7k não pagaagosto.

Assim como muitos dos profissionais que estão direta ou indiretamente envolvidos no trabalho contra os incêndios, o presidente do Instituto Homem Pantaneiro, coronel Ângelo Rabelo, diz que as queimadas na região vêm piorando um ano após o outro.

Ele lembra quando chegou ali, na décadabet7k não paga80, "um dos momentos mais violentos da história do Pantanal", com muita caça ilegalbet7k não pagajacaré e tráficobet7k não pagaanimais silvestres.

Com o tempo, a caça e pesca predatórias foram sendo controladas. Agora, o avanço do fogo preocupa: quanto mais longas e mais intensas as "temporadas"bet7k não pagaqueimadas, menor o intervalo que a natureza tem para se recuperar, colocandobet7k não pagarisco um ecossistema único, que abriga quase 4,7 mil espéciesbet7k não pagaplantas e animais.

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