Coronavírus: por que pandemia está acelerando saídabarcelona sportidosos do mercadobarcelona sporttrabalho:barcelona sport

Crédito, Getty

É esperado que as pessoas mais velhas, inclusive devido a aposentadorias, sejam proporcionalmente as que mais saiam da forçabarcelona sporttrabalho, mas Ottoni diz que ficou impressionado com o volume, ao levantar os dados do perfilbarcelona sportquem deixou o mercadobarcelona sporttrabalho no começo da pandemia.

Ele lista hipóteses para a aceleração da saída dos mais velhos do mercadobarcelona sporttrabalho, como a decisãobarcelona sportpessoas já aposentadasbarcelona sportdeixar um trabalho informal para ficarbarcelona sportcasa ou a opção dos empregadores por funcionários mais jovens (e menos vulneráveis à doença).

"Em geral, são os idosos que saem mais da forçabarcelona sporttrabalho, mas o volume agora estábarcelona sportoutra magnitude", diz Ottoni.

O dado anterior, que compara o último trimestrebarcelona sport2019 com o mesmo período do ano anterior, mostra que a quantidadebarcelona sportidosos que deixaram a forçabarcelona sporttrabalho foibarcelona sport696,4 mil. Isso é pouco mais da metade dos 1,3 milhão registrados no início deste ano.

Efeitos da pandemia

Crédito, Tânia Rêgo/Agência Brasil

Legenda da foto, Desemprego aumentoubarcelona sport12 estados no primeiro trimestrebarcelona sport2020, segundo IBGE.

A pesquisabarcelona sportmarço é a mais recente disponível com essa divisão por faixa etária. Embora capte só o início do coronavírus no Brasil, Ottoni aponta que ele já reflete os efeitos da pandemia e que dá o tom do que devem ser os próximos meses.

E o que justifica essa aceleração da saídabarcelona sportidosos? O economista diz que há explicações tanto do lado da demanda por trabalho quanto da oferta. Segundo Ottoni, o empregador pode ficar mais receoso ao contratar pessoas mais velhas (especialmente sem uma vacina contra coronavírus), seja pelo custobarcelona sportminimizar os riscos para uma pessoa que está no grupobarcelona sportrisco ou por discriminação.

Do lado dos trabalhadores mais velhos, ele diz que muitos idosos podem ter optado por ficarbarcelona sportcasa — seja aquele que já tinha condições para se aposentar, seja o que já recebia uma aposentadoria e trabalhava informalmente para complementar renda.

Em famílias com melhores condições financeiras, filhos ou parentes mais jovens podem ajudar os pais. Em famílias com renda menor, Ottoni lembra que é difícil que não haja renda alguma para quem tem a partirbarcelona sport65 anos: a partir dessa idade, todo idoso com renda familiar per capita inferior a 25% do salário mínimo tem direito a receber o Benefíciobarcelona sportPrestação Continuada (BPC), no valorbarcelona sportum salário mínimo mensal.

Aprovadabarcelona sport2019, a reforma da Previdência exige que os brasileiros trabalhem até mais tarde para conquistar a aposentadoria. Mas esse efeito vai se intensificar daqui alguns anos, segundo Ottoni. Isso porque a reforma promulgadabarcelona sportnovembrobarcelona sport2019 prevê regrasbarcelona sporttransição para os trabalhadoresbarcelona sportatividade — ou seja, por enquanto, ainda haverá brasileiros se aposentando antes da idade mínima fixada pela reforma,barcelona sport65 anos para homens e 62 anos para mulheres.

A reforma acaba,barcelona sportforma gradual, com a aposentadoria por tempobarcelona sportcontribuição, que permitia que brasileiros se aposentassembarcelona sportqualquer idade, desde que completassem 35 anosbarcelona sportcontribuição (homem) e 30 (mulher). Em geral, os aposentados nessa categoria sãobarcelona sportfamílias com níveis maioresbarcelona sporteducação e renda.

Crédito, Helio Montferre/Ipea​

Legenda da foto, 'Quanto mais velho, mais preconceito', diz Ana Amélia Camarano, do Ipea, sobre discriminação contra trabalhadores idosos.

Uma das principais referências quando o assunto é envelhecimento populacional, a pesquisadora do Institutobarcelona sportPesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Ana Amélia Camarano chama atenção para a importância da renda do idoso nas famílias brasileiras.

Em 20% das famílias brasileiras, segundo ela, a renda do idoso representa mais da metade da receita familiar. Em 5 milhõesbarcelona sportfamílias brasileiras, a renda do idoso é a única fontebarcelona sportrenda.

Sobre a situação desse grupo durante a pandemia, ela resume: "o idoso está sendo afetado dos dois lados: o da saúde e o da renda".

"Se é aposentado, estábarcelona sportposição privilegiada, porque pode ficarbarcelona sportcasa e ter alguma renda. Para quem não está aposentado, enfrenta o pior dos mundos: não tem como trabalhar e, se vai trabalhar, fica mais exposto."

'Quanto mais velho, mais preconceito'

A discriminação contra a população mais velha no mercadobarcelona sporttrabalho não é uma novidade, e especialistas ouvidas pela BBC News Brasil acreditam que ela aumentará com a pandemia.

"Acredito que teremos um aumento da discriminação, que vai dificultar a entrada ou manutenção dessa pessoa no mercadobarcelona sporttrabalho", diz Camarano. "Esse grupo está maisbarcelona sportrisco, especialmente até a gente ter uma vacina, e já sofre mais preconceito no mercadobarcelona sporttrabalho. Com desemprego muito grande, o empregador pode escolher."

Questionada se existe uma médiabarcelona sportidadebarcelona sportque as pessoas começam a sentir discriminação, Camarano diz: "Quanto mais velho, mais preconceito."

A subprocuradora-geral do Trabalho Sandra Lia Simon aponta que hoje o Ministério Público do Trabalho (MPT) registra 1288 procedimentosbarcelona sportcurso cuja denúncia ébarcelona sportdiscriminação por idade. No ano passado, eram 1253.

"Sempre houve preconceito contra pessoas mais velhas, e não apenas com 60 anos ou mais. A partirbarcelona sport54, 55 anos, a depender da atividade, já há esse preconceito", disse ela.

Simon, que foi a primeira mulher a comandar o MPT,barcelona sport2003 a 2007, aponta três principais motivosbarcelona sportdiscriminação. Um deles é exatamente a questãobarcelona sportsaúde. "Antes da pandemia, já se considerava que a pessoa mais velha é mais propensa a ter problemabarcelona sportsaúde. Imagina agora."

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Primeira mulher a comandar o MPT, Sandra Lia Simon diz que tendência é aumentar a discriminação contra trabalhadores mais velhos.

Além disso, ela diz quebarcelona sporttrabalhos que exigem menos qualificação há uma preferência por mais jovens, com mais preparo físico, e que,barcelona sportoutras situações, há uma substituição por mãobarcelona sportobra mais barata. "Como os mais velhos têm mais experiência e já têm patamarbarcelona sportsalário mais alto, esse salário acaba sendo o motivobarcelona sportdiscriminação."

Um fator adicional intensificado pela pandemia é a demanda por conhecimentosbarcelona sporttecnologia, que ela aponta que muitas pessoas mais velhas não têm. Para os que têm empregos que permitem o home office, ela diz que a faltabarcelona sportconhecimento e afinidade com tecnologia entre pessoas mais velhas deve pesar.

Ottoni diz que a discriminação contra pessoas mais velhas é mais difícilbarcelona sportmedir do que contra mulheres ou contra negros, por exemplo. Um dos motivos é o "pontobarcelona sportcorte", quer dizer,barcelona sportqual idade começaria esse preconceito.

No Brasil, o Estatuto do idoso define como tal a pessoa que tem 60 anos ou mais. No entanto, outras políticas, como o BPC, são aplicadas para quem tem a partirbarcelona sport65 anos. E, com a população vivendo cada vez mais e a medicina avançando, os especialistas também apontam que há uma grande diferença entre alguém que tem 60 anos hoje e uma pessoabarcelona sport60 anos há décadas atrás.

Em relatório divulgadobarcelona sport2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já apontava que o combate à discriminação etária deve ser uma respostabarcelona sportsaúde pública ao envelhecimento da população. A entidade defende campanhas para aumentar conhecimento sobre envelhecimento, aprovaçãobarcelona sportleis contra discriminação baseada na idade e uma visão equilibrada do envelhecimento nos meiosbarcelona sportcomunicação.

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