Cientistas usam drones para medir efeitos da lama da Samarcobetano pixbaleias e botos da foz do Rio Doce:betano pix
Martins explica que "uso do habitat" é como os golfinhos e baleias utilizam a região para sobrevivência, ou seja, se é para descansar, se alimentar, se levam os filhotes, se eles nascem no local ou se é só para passagem (deslocamento), por exemplo. "Com isso, saberemos o potencial impacto que a lamabetano pixrejeito da Samarco pode ter sobre essas espécies", diz. "Quanto mais usarem [a região], mais delicada será a situação."
O estudo está sendo feito com decolagens mensais do dronebetano pixtrês localidades, uma próxima à foz do rio Doce, uma a 10 km e outra 30 km ao sul desse local, junto à desembocadurabetano pixoutro rio, o Piraquê Açú. "De cada um deles, o aparelho sai e voa uma distânciabetano pix3 km a partir da praia, rastreando gruposbetano pixgolfinhos, tartarugas, tubarões ou qualquer organismo grande o suficiente para ser vistobetano pixcima, a 50 mbetano pixaltura", explica Martins.
O modelobetano pixdrone empregado pelos pesquisadores ébetano pixuso pessoal (não profissional), pequeno, que pesa apenas 700 g e é muito fácilbetano pixtransportar e montar para decolar. "Optamos por este aparelho devido ao baixo custo e aos altos riscosbetano pixperda pelo fatobetano pixvoar sobre o mar", conta Martins. "Se ocorre qualquer evento que obrigue o pouso, o perdemos, pois ele não é à prova d'água e, se isso ocorre, ele afunda. Já perdemos um dessa forma, que sofreu pane ao ser atingido por uma chuva rápida."
Segundo Martins, drones profissionais podem custar entre R$ 100 mil e R$ 500 mil ou mais. Os pesquisadores têm que usar vários deles (eles possuem três, sendo dois para uso simultâneo e umbetano pixreserva, alémbetano pixcercabetano pix15 baterias). De acordo com eles, um kit composto pelo drone, mais três baterias e outros acessórios, é vendido por cercabetano pixR$ 10 mil.
Martins afirma que são necessárias pelo menos quatro pessoas na operação.
"O piloto do drone, que é um profissional especializado, um biólogo com olhos treinados para reconhecer a fauna, que fica com uma máscarabetano pixrealidade virtual, um observadorbetano pixdrone com um binóculo superpotente (para termos a licençabetano pixvoo, a premissa é que o aparelho não pode ser perdidobetano pixvista, pois se uma aeronave tripulada se aproxima, temos que afastá-lo imediatamente da área). Temos também um quarto componente que anota todos os resultadosbetano pixplanilhas."
A máscara virtual recebe um sinalbetano pixrádio enviado pelo drone, que é transformadobetano piximagembetano pixvídeo. Ao mesmo tempo, ela é gravadabetano pixresolução maior num cartãobetano pixmemória do aparelho voador. Quando o cientista com a máscara avista, por meio da imagembetano pixvídeo, algum alvobetano pixinteresse, ele avisa e orienta do piloto do drone, que então opera o aparelho para obter as melhores imagens.
Com elas, é possível saber o que aqueles animais estão fazendo no local (se alimentando, interagindo ou se deslocando, por exemplo). "Isso dura alguns minutos", conta Martins. "Uma vez identificada a atividade, o drone continua a viagembetano pixrastreamento até achar outro grupo. Isso é repetido várias vezesbetano pixum dia, pois a bateria do aparelho dura apenas 20 minutos."
A busca é por qualquer organismo marinho grande, que os pesquisadores chamambetano pix'megafauna marinha'. "Geralmente são botos cinza e toninhas na região onde voamos", diz Martins. "Mas já observamos outra espéciebetano pixgolfinho, tartarugas e aves marinhas, cardumesbetano pixpeixes e um tubarão baleia."
Por enquanto, os cientistas não têm uma ideia definitiva sobre o efeito da lama da barragem da Samarco sobre a fauna local. De acordo Martins, os efeitos agudos já passaram e agora a região vive a fase crônica, na qual as alterações serão pequenas ao longo dos anos.
Por isso, os órgãos ambientais federais e do Espírito Santo exigiram um monitoramento da biodiversidade marinhabetano pixlongo prazo,betano pixcinco a dez anos, justamente para saber se os efeitos crônicos estão aumentando ou não, e causando mais problemas para a fauna.
O trabalho será feito durante vários anos, para saber se o uso do habitat da foz do Rio Doce pela megafauna marinha aumenta ou diminui. "Se aumentar, isso pode significar que os efeitos da lama estão diminuindo e eles estão voltando a usar mais", diz Martins. "Se diminuir, quer dizer que os crônicos estão atuando e vamos ter que pensarbetano pixsoluções para reparar esse dano."
Os resultados dos estudos vão dar subsídios para que se apliquem medidas mitigatórias (reduçãobetano piximpacto) e compensatórias (quando não é mais possível reduzir e se opta por melhorar a situaçãobetano pixoutra região onde isso ainda é possível). Uma das medidas, por exemplo, seria a criaçãobetano pixáreas protegidasbetano pixlocais mais preservados, para evitar que os animais sejam mortos por outras causas que os atingem, como as redesbetano pixpesca, por exemplo.
Paralelamente ao trabalho com os golfinhos, os pesquisadores estão fazendo testes também para aplicação do método para avaliar o uso do ambiente pela baleia jubarte.
"Mas, como esses animais não se aproximam muito da costa, estamos fazendo a mesma coisa, só que decolando o drone a partirbetano pixum barco, o que é muito mais desafiador", conta Martins. "Nesse caso, o monitoramento ainda não começou pra valer. Só fizemos os testesbetano pix2019 e devemos iniciar o monitoramento agorabetano pix2020, quando as baleias voltarem para a região."
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