Como o crime organizado brasileiro se apoderou das principais rotas do tráfico na América do Sul:casino spin247

O poder do PCC dentro das prisões era conhecido, mas foi a primeira vez que a facção demonstroucasino spin247força e espalhou a violência nas ruas com aquela dimensão.

Hoje, quase 15 anos após esses eventos e quase 30 desdecasino spin247criação nos anos 1990, o PCC não é apenas hegemônico no Brasil mas também na América do Sul.

Essa avaliação está presente tantocasino spin247relatórios quanto na opiniãocasino spin247acadêmicos consultados pela BBC Mundo, o serviçocasino spin247espanhol da BBC.

O PCC e outras organizações criminosas poderosas, como Comando Vermelho (CV) e a Família do Norte (FDN), primeiro controlam as prisões e depois o comérciocasino spin247drogascasino spin247vários Estados brasileiros. Então, eles expandem seu poder para fora do Brasil e dominam várias rotas do narcotráfico, seu negócio mais lucrativo.

Tudo graças à fragmentação do comérciocasino spin247drogas e ao desaparecimento dos grandes cartéis dos anos 1980, à dificuldade dos Estadoscasino spin247controlar o narcotráfico e ao aumento da população carcerária, que alimentou as fileiras do PCC ecasino spin247outras organizações criminosas no Brasil.

Recrutamento na prisão

O PCC nasceu no início dos anos 1990casino spin247uma prisãocasino spin247segurança máximacasino spin247São Paulo. Surgiu com o objetivocasino spin247melhorar as más condições que os prisioneiros alegavam sofrer.

"A criação do PCC melhorou a qualidadecasino spin247vidacasino spin247muitos prisioneiros, que encontraram proteção pagando uma taxa mensal", disse Carolina Sampó, coordenadora do Centrocasino spin247Estudos Transnacionais do Crime Organizado, à BBC.

Da mesma forma, o CV, a segunda organização mais poderosa do Brasil, foi criado na décadacasino spin2471970.

"Progressivamente, esses grupos aumentaram suas fileiras. Isso contribuiu com o aumento da população prisional e a deterioração das condições na prisão. O PCC e o CV se tornaram uma garantiacasino spin247segurança e bem-estar", disse à BBC Mundo Marcos Alan Ferreira, professorcasino spin247Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba.

Sampó acrescenta que uma política "errada" do governo federal também incentivou o crescimento desses grupos.

"Os presos foram transferidos para outras prisões para conter o crime, e tudo o que conseguiram foi multiplicar o problema", disse a pesquisadora.

Com maiscasino spin247750 mil prisioneiros, o Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, logo atrás dos Estados Unidos e da China, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional.

Depoiscasino spin247deixarem as prisões, os membros desses grupos se estabeleceram na periferia das cidades mais populosas. O Comando Vermelho se estruturou principalmente no Riocasino spin247Janeiro, e o PCCcasino spin247São Paulo, embora hoje tenha membroscasino spin247quase todos os Estados.

Segundo um relatório escrito por Sampó para o Elcano Royal Institute,casino spin2472019, o PCC tem maiscasino spin24729 mil membros, dos quais cercacasino spin2477 mil estão presos.

Gradualmente, eles dominaram territórios, e isso levou à proliferação do narcotráfico. Outros negócios desses grupos incluem o contrabandocasino spin247cigarros e produtos eletrônicos. Mas a maioriacasino spin247seus fundos vem da vendacasino spin247drogas.

"O graucasino spin247pobreza e desigualdade da sociedade brasileira também incentivou a penetração desses grupos. Em muitas áreas carentes, eles não são vistos com maus olhos. De certa forma, eles inclusive organizaram os bairros e contribuem para a diminuição da violência", diz Ferreira.

No entanto, embora tenham estabelecido pactoscasino spin247não violência, tanto o CV quanto o PCC e outras facções criminosas menores enfrentaram guerras violentas para adquirir maior controle territorial e favorecer suas redescasino spin247tráficocasino spin247drogas.

Nessas guerras, o PCC está vencendo. "Sua ambição permitiucasino spin247expansão tanto dentro como fora do Brasil", diz Sampó.

Negócios transnacionais

Vários relatórios indicam que o PCC tem hoje o domínio absoluto da "rota caipira", que sai do Peru e da Bolívia, passa pelo Paraguai e termina no Brasil.

Peru e Bolívia são produtores proeminentescasino spin247folhacasino spin247coca, e o Paraguai,casino spin247maconha.

O mercado brasileirocasino spin247drogas é muito lucrativo para essas organizações,casino spin247acordo com acadêmicos consultados pela BBC Mundo. Relatórios da Organização dos Estados Americanos e das Nações Unidas indicam que é um dos países líderescasino spin247usocasino spin247cocaína e maconha no mundo.

Além disso,casino spin247extensão é responsável por quase metade da América do Sul, cujo longo litoral serve como portocasino spin247partida para a droga ser enviada para outros continentes, alémcasino spin247suas vastas florestas e fronteiras que dificultam o trabalho das autoridades.

"Esses grupos criminosos são autênticas empresas. Sua expansão tem motivos econômicos, reduzindo custos. Eles estão estabelecidos no Paraguai e na Bolívia e,casino spin247menor grau, no Peru, porque é lá onde é produzida (a droga)", explica Sampó.

A pesquisadora acrescenta que a fragmentação do negóciocasino spin247drogas no continente favoreceu o papel do CV e do PCC.

"O desaparecimento dos cartéiscasino spin247Medellín e Cali deixou espaço para outros atores, menos piramidais, cuja organização é horizontal e complexa e, portanto, mais difícilcasino spin247rastrear", continua Sampó.

"O PCC leva a droga ao longo dessa rota caipira e a deixacasino spin247portos brasileiros, onde as máfias europeias a levam ao continente, à África e até à Ásia", explica Ferreira.

A penetraçãocasino spin247outros países vizinhos não só serviu na busca por recursos logísticos, mas também humanos.

Na Bolívia e no Peru, foi estabelecido um contato direto com os plantadorescasino spin247coca, segundo Sampó.

O PCC, uma vez dentrocasino spin247outros países, recrutou criminosos locais, especialmente no Paraguai, "um país com uma grande população carcerária brasileira", disse a pesquisadora.

Infiltrados

Em janeirocasino spin2472020, uma fugacasino spin24775 presos ligados ao PCC por meiocasino spin247um túnelcasino spin247uma prisãocasino spin247Pedro Juan Caballero, na fronteira do Paraguai com o Brasil, ganhou várias manchetes na imprensa internacional.

Desses 75, 40 eram brasileiros.

A fuga, juntamente com o chamado "roubo do século"casino spin2472017, quando 50 assaltantes atracaram a sede da Prosegur e levaram US$ 40 milhões (R$ 180 milhões), são um termômetro da penetração do PCC no Paraguai.

No dia seguinte à fuga, a ministra da Justiça do Paraguai, Cecilia Pérez, disse que havia "uma forte suspeitacasino spin247que autoridades estivessem envolvidas no esquemacasino spin247corrupção".

Com o que concorda Arnaldo Giuzzio, ministro da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad).

"Não há como essa fuga ser realizada sem a colaboraçãocasino spin247agentes penitenciários. É uma situação preocupante", afirmou elecasino spin247entrevista à BBC Mundo.

Giuzzio chamou a atenção para a luta pelo poder do PCC e também do CV no Paraguai e disse que as áreas mais críticas são nas fronteirascasino spin247Pedro Juan Caballero e Capitán Bado.

Em 2017, o Paraguai produziu até 1.289 toneladascasino spin247maconha, o que o tornou líder na produção sul-americana, segundo dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes.

"O segundo Estado mais ativo do PCC é o Mato Grosso do Sul. E não é por acaso. É o mais próximo do Paraguai, onde eles controlam grande parte da produçãocasino spin247maconha", diz Ferreira.

O acadêmico também aponta que a parceria com membros das forçascasino spin247segurança paraguaias facilitou a grande penetração do PCC no país.

Na Bolívia

A presença do PCC na Bolívia também é notória, e isso foi reconhecido pelas autoridades oficiais do país.

No início deste mês, José Dulfredo García, diretor geral do Regime Penitenciário da Bolívia, disse que "é um país muito desejável para o narcotráfico e que o PCC estava operando na área do Chapare".

No mesmo comunicado, Dulfredo solicitou a colaboraçãocasino spin247autoridadescasino spin247inteligência e outras agências para analisar a presença do PCC nas prisões e conhecer seus planos.

A declaração foi publicada após uma explosãocasino spin247uma cela na prisãocasino spin247Mocoví,casino spin247Trinidad, norte da Bolívia, onde três presos morreram.

As autoridades apontaram como culpado Lucas Rosendi Zabala, um membro do PCC, que, segundo o governo, explodiu uma granadacasino spin247uma luta pelo poder.

A disputa pela rota amazônica

O domínio incontestável do PCC na rota caipira do sul é mais difuso no noroeste, nas fronteiras da Amazônia com Colômbia, Peru e Bolívia.

No iníciocasino spin2472017, a rBBC News Brasil passou três dias nessa fronteira para mostrar a região por onde drogas e armas entram livremente no País. Na época, se todos os barcos do Exército estivessem na água ao mesmo tempo, cada um teriacasino spin247proteger uma áreacasino spin24745 km.

Lá, o tráfico é mais distribuído. Tanto o Comando Vermelho quanto a Família do Norte e outros grupos criminosos locais impedem o domínio do PCC.

Esta é a disputa pela rota do rio Solimões, o principal corredorcasino spin247drogas na tríplice fronteira da Amazônia.

É uma área estratégica devido à proximidade com o Peru e a Colômbia, dois grande produtorescasino spin247cocaína.

"Além disso, é um lugar que, devido àcasino spin247vegetação densa e grandes rios, se destaca pela logística especial. Não há muita polícia aqui que os controle", explica Ferreira.

"Nessa região, o tráfico é disputado entre as facções brasileiras, mas dividido entre os cartéis colombianos. Há mais concorrência. Não é como no sul, onde o PCC conquistou a rota relativamente fácil", acrescenta o acadêmico.

Sampó e Ferreira acreditam que a violenta luta entre as facções brasileiras não ocorrerá contra os cartéis colombianos, pelo menos no futuro próximo.

"Eles escolheram ter um bom relacionamento com eles para vender as drogas o mais barato possível. É difícil rivalizar com os cartéis colombianos", diz Ferreira.

"Eles se preocupam primeiro com a hegemonia local e o controle das rotas na América do Sul. Ao norte, América Central e Estados Unidos, permanece o domínio dos cartéis colombianos e mexicano. Eles administram mercados diferentes", diz Sampó.

A pesquisadora não hesita, no entanto,casino spin247afirmar que o PCC é atualmente a organização criminosa mais poderosa da América do Sul, emboracasino spin247penetraçãocasino spin247países que não são produtorescasino spin247drogas ainda seja limitada.

Algumas reportagens da imprensa atribuem crimes ao PCCcasino spin247países como Uruguai e Argentina, mas Sampó descarta uma presença notável nessas regiões.

"São países que são mais um mercado comprador do que um centrocasino spin247operações. Portanto,casino spin247presençacasino spin247outros países da América do Sul é menor", explica Ferreira.

"Não sabemos até onde eles podem chegar no futuro. No momento, mesmo que tenham contatos nesses países e operem com máfias européias, não acho que sejacasino spin247prioridade", conclui Sampó.

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