O que representam as fugaspresos ligados ao PCC no Paraguai e no Acre:
Por outro lado, ele diz que será um "grave erro" se o governo aceitar ou der publicidade a casos como esses.
"Seria um erro negociar. Não se faz tratativas com o crime organizado. Quando houve tratativas entre o Estado e a máfia na Itália não deu certo. O crime se sentiu mais forte e declarou guerra", afirmou.
Já Bruno Paes Manso, pesquisador do NúcleoEstudos da Violência da USP e um dos autores do livro A Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil (Ed. Todavia), vê as fugas como algo natural e que ainda não é possível dizer se foram coordenadas.
"Nesses 25 anosPCC e quase 40 anos da facção Comando Vermelho o objetivoquem está preso é fugir. As fugas são muito valorizadas e algumas vezes custam caro, por conta da engenharia e até pagamentopropina para funcionários", afirmou.
O pesquisador da USP conta que a novidade nesta fuga do Paraguai é haver pela primeira vez um resultado claro da presença do PCC no sistema penitenciário do país. Ele explica que a facção paulista tem uma leiturasegurança públicaguerra contra o sistema ecrescer nas brechas do sistema, com uma atuação considerada violenta.
"Já o Paraguai", aponta Manso, "tem relação mais orgânica com o crime, como a vendacigarros para contrabando ou até mesmomaconha". Isso ocorre, explica ele, porque essa economia informalvenda, incluindo armas e outros produtos, gera muitos empregos e faz com que os chefes dessas estruturas sejam bem reconhecidos.
"Agora, o PCC chega com uma posturaguerra ao sistema. E eles tentando aprender lidar com isso. É um grupo forjado na segurança, na guerra antissistema tentando dominar o crimeum país onde o sistema eraconjunto com política e mercado", afirmou o pesquisador da USP.
Facçãoexpansão
De acordo com o jurista Maierovitch, o PCC atua hoje 22 Estados brasileiros e possui cerca30 mil membros. SóSão Paulo, são 8 mil. Para ele, isso demonstra uma "expansão impressionante" e um indicativoque o grupo pode se tornar uma organização tão poderosa a pontoser considerada uma máfia.
Na avaliação dele, após a ondaataques que promoveu2006, o PCC ganhou mais força e "se tornou uma organização pré-mafiosa". "Hoje, tem controleterritório, social e difunde o medo, alémpoder ter influência eleitoral, assim como teve a Marcha da Sicíliafavor do partido da Democracia Cristã na Itália", afirmou.
Para ele, apesaruma transnacionalidade das atividades do PCC, como Paraguai, Bolívia e alianças com colombianos, ainda falta uma atuação maioroutros países para que o grupo seja considerado,fato, uma máfia. Mas, acrescenta, o PCC "caminha a passos largos" para se tornar uma organização mafiosa e talvez não tenha atingido esse nível porque não tem o "intelecto necessário".
"Hoje, a máfia mais forte é a 'Ndrangheta calabresa, que foi descoberta operando na bolsaFrankfurt. O que o PCC tem hoje nessa dimensão? O que deve ser feito para evitar chegar nesse ponto é atacar a economia do crime organizado. Precisamais policiais infiltrados para saber onde o PCC lava dinheiro para sufocá-lo", afirmou.
Já Bruno Paes Manso não acredita que isso deva acontecer com o PCC. Um dos entraves, no pontovista dele, é a dificuldade do grupo fazer alianças nos cargos políticos e instituiçõesmaior representatividade pública.
"Uma máfia demanda uma conivência das instituições. E eu tenho um certo ceticismoaté que ponto eles têm isso, apesarter poder financeiro para corromper agentes do Estado. O PCC é visto hoje como o grande inimigo brasileiro. No Brasil, querem que os bandidos morram, sejam exterminados e quando um parlamentar é visto facilitando a vida da facção costuma ser escorraçado", afirmou.
O pesquisador da USP afirma que a situação é diferente, no entanto,relação às milícias. Isso porque esses grupos, segundo ele, têm capacidadeinfluenciar moradores e fazerem o discursopropiciar mais segurança, alémuma maior capacidadeinfluenciar na política.
"A máfia iria mais para o lado das milícias. Acho que esse seria o caminho mais brasileiro porque o PCC é mais uma federação que regulamenta a compra e vendadrogas. Já as milícias têm o discursocombate ao crime, mas também ganham dinheiro com ele. Elas possuem uma propostaEstadopermanente combate ao crime, mas que lucra muito com ele", afirmou.
Os dois especialistas concordam, no entanto, que a saída é sufocar as finanças e diminuir as margenslucro para que as facções tenham menos poder.
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"O PCC tem investidovendas para fora do país. Ele tem acesso a exportação via portoSantos e consolidou receitas no Paraguai, alémter expandido para outros lugares", disse Bruno Paes Manso.
Para Maierovitch, é necessário entender a dimensão financeira do PCC, não negociarforma alguma e evitar confrontos políticos ou divulgações. Ele cita especialmente a fala do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que,uma publicação no Twitter disse que se os fugitivos do PCC "voltarem ao Brasil, ganham passagem sóida para presídio federal."
"Não se responde ao crime. O que se viumusculatura do PCC hoje é algoum gigante. Esse tipobravatafacção não se responde, mas se age. Podem ser pessoas inexpressivas fugindo. Essa atitude é um populismo equivocado apenas para mostrar para a população e jogar para torcida", afirmou o desembargador aposentado.
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