Eduardo Bolsonaro fala 'bobagem' ao acusar monopólioarmas no país, diz presidente da Taurus:
"Se eu tivesse lobby, eu teria resolvido", rebate Nuhs sobre os entraves burocráticos do setor e a alta tributação. Segundo ele, há mais200 armas da empresa à espera da homologação do Exército brasileiro para poderem ser vendidas no país.
O executivo também negou ter influência sobre o governo Bolsonaro e afirmou que as doações eleitorais que fez a parlamentareseleições passadas, antes do veto a repasses empresariaiseleições2015, foram todas dentro da lei. A Taurus doou, por exemplo, R$ 460 milquatro pleitos para Onyx Lorenzoni, hoje ministro da Casa Civil. Ele recebeu ainda R$ 100 mil da Associação Nacional da IndústriaArmas e Munições, também comandada pela Taurus.
O presidente Bolsonaro já prometeu tanto derrubar decretos e portarias do Poder Executivo, que criam obstáculos à importaçãoarmas e munições quanto reduzir a carga tributária que incide sobre os produtos do setor.
Joint venture
Confirmando o que a BBC News Brasil tinha antecipadomatéria publicada no sábado, 25, Salesio Nuhs assinou nesta segundaNova Déli documentocriaçãojoint venture com o Jindal Group para fabricaçãoarmasterritório indiano.
"'Um passo muito importante para o futuro da Taurus. Temos 80 anos no Brasil , uma fábrica nos Estados Unidos há 40 anos, porém pela primeira vez estamos num programatransferênciatecnologia na áreaDefesagoverno,uma grande economia mundial, segundo maior compradorarmas do mundo, a Índia, unindo duas potências econômicas mundiais", disse ele.
O Jindal Group é um dos maiores fabricantesaço da Índia e terá 51% do capital da joint venture. O projeto prevê a implantaçãouma fábricaarmas no país indiano, onde serão produzidos fuzis, pistolas e revólveres. A expectativa da Taurus éque o governo indiano venha comprarcinco anos meio milhãofuzis.
Controlada pela Companhia BrasileiraCartuchos (CBC, única fabricantemunições do país), a empresa fabrica mais1,3 milhãoarmas por ano, e apenas 15% da produção é voltada ao mercado brasileiro. Hoje, é a quarta marca mais vendida nos Estados Unidos, onde abriu uma fábrica no ano passado, o maior mercado consumidor mundialarmas.
BBC News Brasil - O deputado federal Eduardo Bolsonaro fez críticas a um 'monopólio da Taurus' no Brasil. Como o senhor reage a essa declaração?
Salesio Nuhs - Hoje, a legislação brasileira acaba privilegiando quem exporta para o Brasil, não quem investe no Brasil. Eu tenho fábrica e pago 70%impostos no segmentoarmas.
Tenho fábrica nos Estados Unidos, inauguramos no ano passado, e vamos inaugurar agora uma na Índia.
Isso é uma coisa que o governo tem que resolver.
Esse discurso do Eduardo Bolsonaro é descabido. Não existe monopólio, isso é uma bobagem. Ninguém fabrica no Brasil porque ninguém é malucopagar 70%taxas.
Além da questão tributária, há também a regulatória. Para você lançar uma arma no Brasil, você precisa passar por um órgão regulador. Isso hoje demora mais ou menos dois anos, se não tiver nada na fila. Nós, da Taurus, temos mais200 armas na fila para serem homologadas. É uma questão complexa que o governo tem que resolver.
BBC News Brasil - Figuras importantes do governo também sugerem que há um lobby da Taurus que dificulta a entradaoutras empresas no país.
Nuhs - Se eu tivesse lobby, eu teria resolvido isso (da homologação das armas). Isso é uma bobagem.
BBC News Brasil - Vários l eitores da BBC News Brasil dizem que a Taurus tem uma relação muito próxima com o governo Bolsonaro. Foi uma importante doadora e por isso teria privilégios. Vocês, por exemplo, já doaram muito para o então deputado federal Onix Lorenzoni, hoje ministro da Casa Civil.
Nuhs - Não, até porque na eleição do Bolsonaro (empresa) não podia mais fazer doação. E sempre que fizemos doação fizemos dentro da lei. Para o Bolsonaro, nunca fizemos nenhuma doação. Nós somos uma empresa, e o que as pessoas não conseguem compreender é que a Taurus é uma empresa estratégicadefesa.
Não porque eu me considero. Isso é um decreto do Ministério da Defesa. Algumas empresas do Brasil sãodefesa, como é o caso da CBC e da Taurus. Não existe relacionamento ou lobby nem nada parecido. Somos uma empresa com a qual o governo tem interesses estratégicos.
Essa questão do monopólio é uma bobagem também porque a gente exporta para maiscem países. Todo dia eu ganho uma licitaçãoalgum lugar no Brasil. Qual é o problema?
Nós somos a quarta marca mais vendida nos Estados Unidos, o maior mercado consumidor mundialarmas. Nós tivemos a coragemir para os Estados Unidos produzir lá1981 e disputamos o mercado americano. Não temos nenhuma dificuldadeconcorrer no mundo competitivo do setor. Pelo contrário.
BBC News Brasil - Hoje vocês vão assinar um acordo junto a Jindal Group, uma empres indiana, uma negociação que está acontecendo há 11 meses.
Nuhs - Estamos finalmente para assinar essa joint venture, uma indústria aqui na Índia parte do projeto indiano Make in India. Todo mundo quer ter uma indústriadefesa. E a nossa parceria aqui envolve transferênciatecnologia para o governo indiano.
BBC News Brasil - Vocês terão 49% e os indianos 51%.
Nuhs - Sim. Por conta do projeto Make in India. Industriadefesa é estratégicatodo lugar do mundo. A ideia, partindo daqui, só o mundo sabe. Para os interesses que vieram pela frente aí, nós estamos abertos.
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