Com 'G-10 das favelas', moradores querem atrair investimentos e transformar exclusão0-0 bet365startups:0-0 bet365

Paraisópolis

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Oferta0-0 bet365serviços como aplicativos0-0 bet365entrega é limitada para moradores0-0 bet365favelas0-0 bet365diversas cidades do país

A empresa funciona no contêiner da ONG Educap, que oferece oportunidades0-0 bet365educação para os moradores e foi onde os empreendedores estudaram programação no Alemão.

A ideia do Brotaki é resolver dois problemas importantes: aumentar as vendas dos comerciantes locais e possibilitar um serviço, até então, inacessível aos moradores da favela.

"A gente viu que muito comerciante trabalhava com esses aplicativos e depois acabava saindo do aplicativo, porque não dava certo. Pensamos: qual o problema?", diz o sócio da startup, que também cria e gerencia perfis nas redes sociais para as empresas da região, além0-0 bet365prestar outros serviços0-0 bet365tecnologia, como a criação0-0 bet365sites corporativos.

"No prazo0-0 bet365um ano estaremos rodando 100% do nosso produto, mostrando que nasce muita coisa boa dentro da favela. Soluções que resolvem não só o problema da favela, mas que podem ser levadas para outras regiões", diz o empreendedor, que acaba0-0 bet365ganhar um apoio para o crescimento da Agência Cptech.

Agência Cptech, que funciona na ONG Educap, no complexo do Alemão

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Herbert Veloso, (segundo da esq. para direita) e colegas na Agência Cptech, que funciona na ONG Educap, no Complexo do Alemão

A startup foi um dos 16 projetos selecionados pelo Investe Favela, fundo criado a partir do investimento0-0 bet365empresários e gerenciado por líderes comunitários do Complexo do Alemão e0-0 bet365Paraisópolis, voltado a financiar startups das favelas0-0 bet365todo o país.

E a ideia, daqui0-0 bet365diante, é começar a buscar mais projetos como estes: no dia 230-0 bet365novembro, um evento0-0 bet365Paraisópolis batizado0-0 bet365Slum Summit lançará oficialmente o G-10 das favelas, bloco que, assim como os países ricos (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) do G-7, unirá forças0-0 bet365prol do desenvolvimento econômico e protagonismo0-0 bet365seus membros.

No mesmo evento, mais empreendedores das comunidades do G-10 poderão candidatar seus projetos0-0 bet365startups a financiamentos.

"O G-7 e o G-20 não juntam os países0-0 bet365blocos para decidirem os rumos deles? Queremos decidir os nossos próprios rumos", compara Gilson Rodrigues, 35, presidente da União dos Moradores0-0 bet365Paraisópolis desde 2009.

Foi ele quem liderou na última década,0-0 bet365parceria com a Prefeitura0-0 bet365São Paulo, o movimento0-0 bet365urbanização0-0 bet365Paraisópolis, favela na Zona Sul da capital paulista onde vivem cerca0-0 bet365100 mil pessoas e funcionam 12 mil estabelecimentos comerciais.

As obras pararam0-0 bet3652015, sob a justificativa0-0 bet365restrição fiscal, e não foram retomadas até hoje. Durante a crise econômica, encolheram também os lucros das empresas e, por consequência, o tamanho das doações das companhias parceiras direcionadas às favelas.

Fintech para ambulantes e camelôs

O caxiense Hugo Miranda,0-0 bet36534 anos, não tinha ideia0-0 bet365quanto dinheiro circulava entre os comerciantes da periferia até prestar atenção ao mercado para criar a Silicon Pay, máquina0-0 bet365cartões0-0 bet365débito e crédito voltada para camelôs e mercado informal.

Estudo do Instituto Locomotiva divulgado0-0 bet365agosto, por exemplo, aponta que o Brasil ainda tem 45 milhões0-0 bet365pessoas vivendo totalmente excluídas do sistema bancário, movimentando fora dos bancos um total anual estimado0-0 bet365R$ 820 bilhões, especialmente no mercado informal, historicamente ignorado pelos grandes bancos no país.

"É um volume muito alto, eu não tinha ideia do quanto se transacionava dentro do setor informal e dentro das comunidades", afima Miranda, nascido e criado0-0 bet365Duque0-0 bet365Caxias, município da Baixada Fluminense que fica a cerca0-0 bet36515 km do Complexo do Alemão.

"Atendemos o cliente que não sabe usar a máquina e tem vergonha0-0 bet365falar, está com nome sujo ou o comerciante que dá o cartão para os funcionários que pedem para receber0-0 bet365dinheiro porque a conta (bancária) está com uma pendência e precisam levar dinheiro para casa. A gente ensina a mexer0-0 bet365tudo e dá um cartão preto pra ele, um cartão black pré-pago0-0 bet365crédito, para elevar a autoestima dele", diz o CEO da fintech.

Hugo Miranda, CEO da Silicon Pay
Legenda da foto, Hugo Miranda: 'Eu não tinha ideia do quanto se transacionava dentro do setor informal e dentro das comunidades'

Miranda afirma ser esse o diferencial0-0 bet365sua empresa0-0 bet365relação aos concorrentes. "É o valor que damos ao cliente. No cartão pré-pago você bancariza ele0-0 bet365novo", diz Miranda, que tomou dinheiro emprestado para comprar a primeira leva0-0 bet365máquinas e contou com o investimento0-0 bet365um empresário para comprar o segundo lote.

Criada há um ano, a Silicon Pay tem 400 clientes cadastrados0-0 bet365Caxias e no Complexo do Alemão, com transações mensais que giram0-0 bet365torno0-0 bet365R$ 2 milhões, segundo Miranda. A estimativa do empresário é0-0 bet365que, só no Alemão, existam 2 mil pontos comerciais com potencial para virarem clientes.

A meta da Silicon Pay — nome inspirado no Silicon Valley berço das startups e empresas globais0-0 bet365tecnologia nos Estudos Unidos — é chegar a R$ 10 milhões0-0 bet365transações só no Alemão0-0 bet365até um ano.

Miranda mora sozinho e paga as próprias contas desde os 14 anos, mas demorou a se sentir empreendedor0-0 bet365verdade.

Formou-se0-0 bet365Marketing estudando à noite e vendendo sacolas plásticas no Ceasa durante o dia, mas diz que aprendeu mesmo sobre o mundo dos negócios convivendo com empresários que o inspiram e que ele considera mentores, como Luciano Vital e Daniel Orlean, com quem diz ter conhecido a "a rotina dos empreendedores0-0 bet365alto padrão" para entrar no mundo das fintechs.

"O cara que cria uma startup na favela quer ser tratado como empreendedor, porque ele é. É muito mais difícil para ele empreender do que para o cara que nasceu do lado do Shopping Leblon com o investimento inicial do pai dele. O cara começa do zero e tem que vender para pagar salário. Fica endividado, sem credibilidade nenhuma", diz Miranda, que não vê como exclusão a ausência das grandes empresas nas favelas, mas reconhece que elas estão perdendo uma enorme oportunidade0-0 bet365negócios, o que abre espaço para empreendedores locais.

"Naturalmente acho que eles preferem atuar0-0 bet365áreas melhores, com mais segurança, mais pavimentação. Destesto vitimismo", diz. "Os empresários têm que começar a prestar atenção nessas startups que estão crescendo nas comunidades. Verdadeiros heróis, sem estrutura", acrescenta.

Ele cita o exemplo da Cptech,0-0 bet365Herbert,0-0 bet365quem Miranda se diz grande admirador. Como muitos fundadores0-0 bet365startups do Vale do Silício, Miranda faliu0-0 bet365primeira empresa aos 24 anos, mas,0-0 bet365seu novo empreendimento, acaba0-0 bet365receber um sonhado "capital anjo" no valor0-0 bet365R$ 100 mil do Investe Favela, o que ajudará a crescer0-0 bet365larga escala, como se exige das startups.

Desenvolvedores trabalham na Agência Cptech, empresa0-0 bet365tecnologia no complexo do Alemão

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Desenvolvedores trabalham na Agência Cptech, que funciona0-0 bet365um contêiner no complexo do Alemão

Mercado bilionário

O "G-10 das favelas" tem na lista as comunidades da Rocinha (RJ), Rio das Pedras (RJ), Heliópolis (SP), Paraisópolis (SP), Cidade0-0 bet365Deus (AM), Baixadas da Condor (PA), Baixadas da Estrada Nova Jurunas (PA), Casa Amarela (PE), Coroadinho (MA) e Sol Nascente (DF).

A ideia0-0 bet365criar o grupo surgiu a partir0-0 bet365uma pesquisa divulgada no ano passado pela Outdoor Social, empresa0-0 bet365impacto social voltada para classes populares que prevê que0-0 bet3652019 o potencial0-0 bet365consumo das 10 maiores comunidades e periferias é0-0 bet365mais0-0 bet365R$ 7 bilhões.

Para chegar a esses números, a pesquisa cruzou informações sobre hábitos0-0 bet365consumo da Pesquisa0-0 bet365Orçamento Familiar, realizada pelo Instituto Brasileiro0-0 bet365Geografia e Estatística (IBGE), com dados0-0 bet365endividamento das famílias da Serasa Experian e do Banco Central.

Hugo Miranda, CEO da Silicon Pay

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Na Silicon Pay, do empreendedor Hugo Miranda (sentado,0-0 bet365camisa azul), o foco é bancarizar as transações do mercado informal

"A maioria dos executivos das grandes multinacionais tende a focar suas ações0-0 bet365marketing nas classes0-0 bet365maior poder aquisitivo. Os hábitos0-0 bet365consumo dos moradores das periferias são pouco conhecidos e sobre eles se criaram muitos mitos e paradigmas", diz Emília Rabello, fundadora do Outdoor Social.

A exemplo dos grandes blocos econômicos, o G-10 terá encontros regulares e termos0-0 bet365cooperação voltados a ampliar o impacto social0-0 bet365suas parcerias.

"Vamos reunir dados e bolar estratégias para que as comunidades realmente se tornem polos0-0 bet365negócios sustentáveis", diz o advogado Daniel Cavaretti, 35 anos, membro da comissão organizadora do G-10.

"Podem sair grandes empreendimentos e 'unicórnios' da favela", diz,0-0 bet365referência ao nome dado na linguagem das startups a empresas avaliadas0-0 bet365US$ 1 bilhão ou mais.

A ideia do G-10, diz Gilson Rodrigues,0-0 bet365Paraisópolis, é inspirar o Brasil inteiro a olhar para a favela. "As pessoas acham que a favela é 'coitadinho'. A gente quer mostrar que é uma potência, dá para ganhar dinheiro, dá para crescer. Não estamos0-0 bet365situação0-0 bet365ficar refém0-0 bet365ninguém; nem da polícia, nem0-0 bet365bandido, nem0-0 bet365político", afirma.

"Queremos ser agentes da nossa própria transformação e com o tempo vamos nos libertar0-0 bet365todos esses problemas", diz Rodrigues, que lidera a iniciativa junto com Reginaldo Lima, do Alemão, e afirma que já estão confirmados para o encontro0-0 bet365novembro representantes0-0 bet365Ceará, Rio e São Paulo, mas a ideia é estender o convite a todas as comunidades do país. "Queremos aumentar para G-20, G-30", diz.

Um ponto importante para os organizadores da iniciativa é deixar claro que o objetivo não é arrecadar doações ou patrocínio, mas investimentos que gerem tanto retorno ao investidor quanto o desenvolvimento econômico das comunidades.

O capital será devolvido pelo empreendedor0-0 bet365um prazo0-0 bet365três a cinco anos, e o investidor tem direito a compra0-0 bet365participação minoritária no empreendimento.

"Tem uma relação saudável do capitalista que investe para a gente, colocou o dinheiro0-0 bet365uma área que tem preconceito, mas ele continua sendo o capitalista0-0 bet365sempre", define Lima.

Analfabeto até os 25 anos, ele aprendeu a ler0-0 bet365materiais que coletava no lixo0-0 bet365um prédio nos arredores do Alemão e sabe o valor da oportunidade.

"Catava o lixo0-0 bet365um prédio e tinha um lixo0-0 bet365textos que me deixavam confusos. Um dia eu vi que eram0-0 bet365um professor0-0 bet365filosofia e (aquilo) começou a me provocar. Professor Paulo estava passando por um câncer super agressivo. Nos meses0-0 bet365vida dele, por quatro ou cinco meses, eu tive uma imersão no mundo da filosofia', conta Reginaldo que, aos 53 anos, se tornou autodidata.

Investe Favela

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Liza Simões (de branco, no meio), do Investe Favela,0-0 bet365encontro com os fundadores da Cptech (à esquerda) e da Silicon Pay (à direita)

Formato financeiro

No evento do dia 23, empreendedores das comunidades poderão fazer um "pitch" — como é chamado na linguagem dos negócios o discurso0-0 bet365"venda" para convencer os investidores — a dois fundos: o Investe Favela e o Fundo Alicerce.

Enquanto o primeiro é liderado por Gilson e Reginaldo e criado a partir do dinheiro0-0 bet365empresários que preferem não terem seus nomes divulgados, o segundo é liderado pelo empresário Paulo Nogueira Batista, do grupo Alicerce Educação, e por Gilson,0-0 bet365Paraisópolis, que são sócios no fundo.

Batista, 35, advogado com carreira no mercado financeiro, fundou há cerca0-0 bet365um ano a startup0-0 bet365impacto social voltada a reforço educacional justamente para as periferias.

"Oferecemos educação0-0 bet365alta qualidade, com os melhores modelos0-0 bet365fora do país, por R$ 150 por mês, no contraturno da escola para famílias0-0 bet365classe média e mais pobres", explica o empresário, que já tem 12 unidades0-0 bet365bairros como Brasilândia, Grajaú e Vila Prudente, e deve abrir mais 40 até 2020, inclusive0-0 bet365Paraisópolis.

O Fundo Alicerce destinará R$ 2 milhões na primeira etapa a 17 empreendimentos da periferia, que ainda serão selecionados. O critério0-0 bet365seleção priorizará iniciativas que vendam produtos ou serviços nos bairros do centro expandido, ou substituam produtos que a favela compra desses bairros, para melhorar a "balança comercial" das comunidades.

"Acho que a parte do empresariado que não conhece a periferia e não sabe as oportunidades que existem lá certamente tem medo0-0 bet365investir", diz Batista. "Mas quem já abriu os olhos vê que é plenamente seguro. Tem muita oportunidade0-0 bet365ganhar dinheiro nas favelas."

Os projetos selecionados para receber aporte dos fundos precisam, além do impacto social, darem lucro, e serem sustentáveis sem depender0-0 bet365doações. "Tem que vender, não adianta ser um projeto cool, um projeto bonito, que não dê dinheiro. Não adianta ser um PPT sem o XLS", brinca o empresário.

A mineira Liza Vasconcelos Simões, 27 anos, diretora executiva do Investe Favela, diz que a diferença0-0 bet365investir0-0 bet365empresas da favela é que muitas vezes os empreendedores tiveram menos oportunidade0-0 bet365acesso à educação0-0 bet365qualidade.

"O acesso à educação nas favelas é muitas vezes interrompido, é recorrente abandonarem a escola com 13, 14 anos para começarem a trabalhar e trazer dinheiro para casa. Aí depois ficam desempregados e não têm como voltar para a escola, ficam nesse limbo", diz, explicando que tal situação cria um abismo que afasta os jovens da periferia das aceleradoras0-0 bet365startups.

"É um processo pedagógico, são quase dois mundos diferentes. Uma realidade injusta, e aí você vai lá e encontra tantos empreendedores maravilhosos", diz. "O relacionamento (entre) favela e asfalto é absolutamente difuso, o que cria um mercado paralelo, completamente potente."

Protesto no Alemão após a morte0-0 bet365Agatha Félix

Crédito, Reuters

Legenda da foto, 'Às vezes nós não podemos ir até o nosso local0-0 bet365trabalho por violência', diz empreendedor do Alemão; acima, protesto0-0 bet365moradores do complexo após a morte da menina Agatha Félix

E a violência?

Na sexta-feira (04/10), enquanto a reportagem conversava com alguns moradores por telefone sobre os empreendimentos, o Alemão vivia mais um dia0-0 bet365tiroteios entre facções.

Vídeos espalhados pela internet mostravam tiros cruzando o céu e corpos0-0 bet365pessoas mortas durante os tiroteios na guerra daquela semana. No dia 10-0 bet365outubro, a favela também ficou cheia0-0 bet365policiais ao ser palco da reconstituição da morte0-0 bet365Ágatha Félix,0-0 bet3658 anos, que morreu baleada no dia 200-0 bet365setembro quando voltava para casa com a mãe0-0 bet365uma Kombi no Alemão.

"Fundei a empresa à base0-0 bet365muito tiroteio0-0 bet365madrugada, muita briga0-0 bet365tráfico entre facções. Criando o nome da empresa, o branding, a gente dentro. E não falo só do complexo, falo0-0 bet365periferia0-0 bet365geral', diz Hugo Miranda, da Silicon Pay.

Herbert, da Cptech, também passou por experiências semelhantes. "Nossa sede é na ONG Educap, no Complexo do Alemão, e às vezes nós não podemos ir até o nosso local0-0 bet365trabalho por violência", diz.

No dia0-0 bet365que a reportagem conversou com Herbert, eles preferiram não ir até o escritório porque ocorria a reconstituição0-0 bet365um crime. "A nossa vantagem é que trabalhamos com tecnologia, e podemos trabalhar0-0 bet365qualquer lugar", diz.

Gilson,0-0 bet365Paraisópolis, diz que muitos investidores que deixam0-0 bet365aplicar dinheiro0-0 bet365startups nas favelas têm ideias equivocadas sobre o impacto da violência nos negócios, e a ideia é que um modelo com lideranças claras aproxime mais o capital das comunidades.

"Tem muita gente que acha que para investir na favela tem0-0 bet365pagar pedágio para o tráfico", diz, acrescentando que tal problema não faz parte da rotina0-0 bet365Paraisópolis e0-0 bet365muitas outras favelas.

Capital anjo e banco na favela

Além da Cptech e da Silicon Pay, do Alemão, outro projeto que receberá investimentos na incubadora é o Banco0-0 bet365Paraisópolis, que terá não só conta digital, mas unidade física para também servir0-0 bet365efeito "pedagógico" para uma população que nunca teve conta0-0 bet365banco, e trabalha na maioria no setor0-0 bet365serviços, como faxina e portaria.

"O perfil da comunidade é um cara que guarda o dinheiro no colchão. Ele quer ver o boleto pago e guardar cinco anos para não dar problema. Então esse processo0-0 bet365mudança para o digital vai demorar um pouquinho", diz Gilson Rodrigues.

O banco será criado0-0 bet365modelo0-0 bet365Empresa Simples0-0 bet365Crédito (ESC), por meio0-0 bet365uma holding que deve estar operante dentro0-0 bet36520 dias. E terá também plataforma digital e um cartão pré-pago0-0 bet365três categorias: um sem valor mínimo, um para quantias a partir0-0 bet365R$ 500 e um cartão black,0-0 bet365R$ 1.000.

Complexo do Alemão

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Empreendedores afirmam que potencial0-0 bet365consumo nas favelas nunca esteve adormecido, como pensam muitos investidores 'do asfalto'

Os ricos pioneiros da favela

Mas se engana quem pensa que é nova a ideia0-0 bet365que se pode ganhar dinheiro na periferia. Empresários mais antigos, que vieram do Nordeste nos anos 90 sem família e sem ter onde morar, lidam hoje com a fama0-0 bet365"milionários" da região e servem0-0 bet365inspiração para os jovens empreendedores.

Manuel Cícero, por exemplo, e José Flavio0-0 bet365Souza Soares, ambos com 47 anos, têm histórias parecidas; sem concluir o ensino básico e sem apoio financeiro ou orientação, ambos alcançaram uma vida muito mais confortável do que imaginariam.

As decisões, para eles, eram0-0 bet365curtíssimo prazo: embora não tivessem recursos para a sobrevivência, usavam o dinheiro0-0 bet365uma venda para comprar o próximo estoque, e iam crescendo a partir daí.

"Já nasci com o dom para ganhar dinheiro desde que era criança0-0 bet365Triunfo, Pernambuco. Deixei minha família, meu pai, depois fui buscando um a um. Vim com o intuito0-0 bet365ganhar dinheiro", diz Cícero, que hoje tem três unidades da loja0-0 bet365material0-0 bet365construção Três Irmãos0-0 bet365Paraisópolis.

Soares, que hoje é conhecido na favela como referência0-0 bet365empresário bem-sucedido na comunidade, diz que já quebrou muitas barreiras que hoje são hoje mais suaves para os novos empreendedores.

"Quando eu comecei a comprar dos grandes distribuidores, quando chegavam na favela não queriam entregar. Muitos motoristas chegavam, não entravam e falavam que foram ameaçados. Já tive que pegar mercadoria na avenida Francisco Morato, na avenida Giovanni Gronchi (vizinhas a Paraisópolis, no bairro do Morumbi) e os caminhões paravam lá. Fui quebrando esses paradigmas", diz o dono da ESPan, loja0-0 bet365produtos para embalagens com 20 funcionários registrados0-0 bet365carteira assinada.

Na época, não havia também um plano0-0 bet365negócio. Soares vendia o que conseguia comprar, sacolas plásticas aqui e ali, e ia tendo ideias criativas pelo caminho.

"Quando eu juntava dinheiro para fazer um pedido mínimo eu fazia, inventava outra mercadoria", lembra o empresário, que muitas vezes se viu endividado, sem capital0-0 bet365giro ou apoio0-0 bet365mentores ou investidores. "Hoje o preconceito é bem menor, e a favela é essa potência."

Para Gilson Rodrigues, casos como esses mostram que o potencial0-0 bet365consumo nas favelas nunca esteve adormecido, como pensam muitos investidores "do asfalto". "Nos eventos que participo sobre empreendedorismo, muitas vezes, o tema consumo nas periferias é tratado como 'potencial adormecido' e eu sempre digo que quem está dormindo é quem não está investindo nas favelas."

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