Como Bolsonaro quer usar discurso na ONU para reposicionar Brasil no mundo:bwin sports
"É o primeiro governo eleito democraticamentebwin sportsum século que diz abertamente que veio romper com as tradições diplomáticas brasileiras", afirma Guilherme Casarões, professorbwin sportsRelações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas.
O cenário preparado para o discurso na ONU não é favorável ao brasileiro.
"Tá na cara que vou ser cobrado", admitiu o próprio presidentebwin sportsuma livebwin sportsrede social na última quinta-feira.
Queimadas na Floresta Amazônica somadas à promessa (não cumprida)bwin sportsBolsonarobwin sportsque sairia do Acordo do Climabwin sportsParis,bwin sportssua intenção (não concretizada)bwin sportsfechar o Ministério do Meio Ambiente, do desestímulo às açõesbwin sportsfiscalização e aplicaçãobwin sportsmultas por crime ambiental pelo IBAMA e aos reiterados questionamentos da cúpula do governo sobre a importância da ação humanabwin sportsrelação ao aumentobwin sportstemperatura do planeta, levaram a França a censurar publicamente o Brasil, há cercabwin sportsum mês.
"A Amazônia absorve 14% do CO2 mundial. A perda do primeiro pulmão do planeta é um problema mundial", tuitou o presidente francês Emmanuel Macron. O governo brasileiro viu na mensagem um questionamento abwin sportssoberania. O tom subiu a pontobwin sportsMacron dizer que o Brasil não tinha um líder "à altura do posto"ebwin sportsBolsonaro fazer comentários considerados ofensivos sobre a primeira dama francesabwin sportsredes sociais.
O temorbwin sportsuma hostilidade durante a falabwin sportsBolsonaro - casobwin sportslíderesbwin sportsalguns países se levantassem e deixassem o plenário nesse momento - levou à incerteza sobre a ida do presidente à Nova York até quase a véspera da viagem. Recém-operadobwin sportsuma hérnia abdominal decorrente da facada que sofreu durante a campanha presidencial, Bolsonaro poderia optar por alongar seu descanso para a recuperação e evitar o risco do desgaste.
"Nosso presidente está pronto para o combate e a viagem para Nova York, no dia 23, está assegurada", disse o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, na última sexta-feira, pondo fim ao suspense sobre a presença do brasileiro na ONU.
A Amazônia é nossa, o aquecimento global não é nosso
Bolsonaro passou os últimos dias reunido com o filho, Eduardo, o assessor internacional da presidência para assuntos internacionais, Filipe Martins, e o chanceler Ernesto Araújo para elaborar o que dizer.
No discurso, ele defenderá a soberania brasileira e a posição do Brasil como líderbwin sportsmeio ambiente. O presidente dirá que o Brasil preserva 80% da mata amazônica original, possui matriz energética limpa e não alteroubwin sportsnada a legislação ambiental, considerada rígida pelo governo. Tudo isso o credenciaria como maior liderança globalbwin sportspreservação, defenderá Bolsonaro,bwin sportsoposição aos europeus.
O presidente também dirá que as queimadas estão dentro dos níveis históricos anuais para o período e que há oportunismo comercial nas acusaçõesbwin sportsdevastação. Diante da perspectivabwin sportsum acordobwin sportslivre comércio entre Mercosul e União Europeia, a questão da Amazônia poderia servir como pretexto para boicotes e medidas protecionistasbwin sportsrelação à produção brasileira, pondobwin sportsrisco o futuro do acordo comercial recentemente assinado entre o Mercosul e a União Europeia, cuja efetivação depende da confirmaçãobwin sportscada país membro.
Ele apontará que apostabwin sportsdesenvolvimento sustentável da região, com atividades econômicas mais complexas, questionando a noçãobwin sportssustentabilidade meramente extrativista, que se resume,bwin sportsacordo com quadros do governo, à ideiabwin sportsmanter a população local à base da retiradabwin sportsborracha e castanha da mata,bwin sportscondiçãobwin sportsmiséria.
Bolsonaro deverá ainda repetir que cabe ao Brasil definir como pretende proteger e desenvolver a região, e que nenhum consórciobwin sportsajuda à Amazônia pode existir sem passar pela ingerência brasileira.
Por fim, o presidente deverá tentar desvincular as queimadas na Amazônia do fenômeno do aquecimento global. O chanceler Ernesto Araújo, um dos que levantam controvérsias sobre a importância da ação humana na mudança climática, tem tentado minimizar o impacto global da Amazônia ao dizer que a devastação da floresta seria responsável por 2%bwin sportstodas as emissõesbwin sportsCO2 no mundo.
Isolamento
O discurso sugerirá que o Brasil se tornou vítima do que o governo considera ser um alarmismo climático, ou climatismo, uma face do chamado globalismo que a gestão Bolsonaro busca combater: a capturabwin sportsorganismos internacionais por determinados interesses - o chamado marxismo cultural, a destruição do modelo tradicionalbwin sportsfamília, dos valores religiosos e do conceitobwin sportsnação e fronteiras - e a tentativabwin sportsimpor tais interesses ao Brasil.
Extremamente minoritária no Itamaraty, essa linhabwin sportsexplicação sobre os arranjos internacionais tem sido enunciada pelo ideólogo do governo, o escritor Olavobwin sportsCarvalho, e frequentemente adota tons conspiratórios para se referir ao mundo globalizado, chamado por Araújobwin sports"o sistema".
'É um momento importante porque o Brasil vai dizer ao mundo o que pensa. O Brasil chegabwin sportsuma posição defensiva, e o presidente deveria deixar claro qual é abwin sportspolítica para o meio ambiente. Apenas reafirmar a soberania do Brasil não é suficiente. Esse governo foi eleito com uma agenda diferente das posiçõesbwin sportsdireitos humanos,bwin sportsliderançabwin sportsmeio ambiente, e tem legitimidade para tomar as medidas que achar que deve tomar. Mas deve lembrar que as posições que adotabwin sportspolítica externa têm consequências" afirmou à BBC News Brasil o embaixador Rubens Barbosa, que liderou a embaixadabwin sportsWashington por quase 5 anos durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
Dentre as consequências estaria o isolamento. De acordo com um embaixador que falou à BBCbwin sportscondiçãobwin sportsanonimato por temorbwin sportsrepresálias, esse risco já está no horizonte.
"Mudanças climáticas são um tema sensível para todo mundo: árabes e israelenses, russos, americanos e chineses. Acho perigoso não percebermos que estamos nos isolando, que as palavras têm um peso importante e que estamos enfrentado o resultado do que esse governo optou por dizer - considerando o meio ambiente um assunto menor. Falta sensibilidade para entender que seguir nesse caminho ideológico não é bom para o Brasil. Estamos destruindo um capital precioso e, quando o governo se der conta disso, vai ser difícil limpar o picadeiro", afirmou.
Especialistas e integrantes do Itamaraty ouvidos pela reportagem consideram pequena a possibilidadebwin sportsque as delegações se retirem durante o discursobwin sportsBolsonaro - o que seria uma humilhação sem precedentes para o país. Algumas embaixadas na Europa chegaram a fazer sondagens com os representantes desses países para apurar a possibilidadebwin sportsum ato hostil.
"Os interesses financeiros devem pesar para evitar que algo assim aconteça. Mas,bwin sportsqualquer forma, os países não precisam desse instrumento para punir o Brasil. O parlamento austríaco já rejeitou o acordo Mercosul-União Europeia, o castelobwin sportscartas começa a ruir", diz o embaixador,bwin sportsreferência ao acordo comercial fechado durante a reunião do G20,bwin sportsjunho, e que depende da aprovação unânime dos parlamentos dos países da União Europeia pra ser ratificado.
Alinhamento aos Estados Unidos
Na primeira fileira do auditório da Assembleia Geral da ONU, enquanto Bolsonaro falar, estará sentado aquele que é hoje seu aliado prioritário no mundo: o presidente americano Donald Trump. Na embaixada brasileirabwin sportsWashington, a avaliação ébwin sportsque a relação entre os dois países nunca foi tão estreita e que o compartilhamentobwin sportsagendas - ebwin sportsestilos - entre os dois presidentes facilitou muito essa aproximação.
Essa proximidade não é fortuita: desde a eleição, Bolsonaro se aproximou, por meio do filho Eduardo,bwin sportsSteve Bannon, ex-estrategistabwin sportscomunicaçãobwin sportsTrump e um dos ideólogos do atual movimentobwin sportsdireita. De acordo com o jornal O Estadobwin sportsSão Paulo, Bannon teria se encontrado com Ernesto Araújo,bwin sportsWashington, há dez dias para se debruçar sobre o discurso que o presidente fará na ONU. Na mesma visita, Araújo afirmou quebwin sportsprioridadebwin sportstrabalho é estabelecer uma data para que Trump visite o Brasil.
A diplomacia brasileira considera já colher frutos dessa aproximação. Uma das mais comemoradas foi a ausênciabwin sportsmenção à Amazônia no relatório final do G7,bwin sportsmeio à sériebwin sportsdiscussões públicas com Macron. A conquista foi atribuída ao apoio americano. Outros acenos importantes ao Brasil são o apoio explícito dos americanos à entrada do país na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e o reconhecimento do país como um aliado militar estratégico fora da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Para assegurar tais posições junto aos americanos, no entanto, o Brasil tem adotado uma política internacional vacilante, já quebwin sportsalguns aspectos o estilo Trump contraria o históricobwin sportsatuações do Brasil. Embwin sportsvisita ao presidente americano,bwin sportsmarço, Bolsonaro compartilhou com ele o microfonebwin sportsuma entrevista e não retrucou quando o par afirmou que todas as opções estavam sobre a mesabwin sportsrelação à Venezuela, sugerindo que o Brasil poderia concordar ou mesmo participarbwin sportsuma investida militar contra o país vizinho.
Isso foi rechaçado pela ala militar do governo brasileiro e o próprio chanceler Ernesto Araújo afirmou que essa era uma opção fora do jogo brasileiro. No entanto, há duas semanas, a Organização dos Estados Americanos (OEA) decidiu convocar o mecanismo do Tratado Interamericanobwin sportsAssistência Recíproca (TIAR) para tratar da situação venezuelana. Em manifestação, a Costa Rica propôs que o TIAR excluísse a possibilidadebwin sportsqualquer ação bélica. O Brasil votou contra a proposta.
Em relação ao Irã,bwin sportsescalada crescentebwin sportstensão contra os EUA desde que Trump retomou as sanções econômicas ao país, o Brasil chegou a reter naviosbwin sportsbandeira iraniana carregadosbwin sportsmilho brasileirobwin sportsportos nacionais porque a Petrobras se recusou a abastecer as embarcações, justificando temer retaliações americanas.
"Vocês já sabem que estamos alinhados com a política deles (dos EUA). Então fazemos o que temos que fazer", disse o presidente, defendendo a posição da empresa. O imbróglio foi resolvido com uma decisão do STF que ordenou o abastecimento dos navios iranianos. O Irã é o principal consumidorbwin sportsmilho brasileiro.
A decisãobwin sportsseguir os passosbwin sportsTrumpbwin sportsIsrael e transferir a Embaixada brasileirabwin sportsTel Aviv para Jerusalém, cidadebwin sportsdisputa entre palestinos e israelenses, também foi recebida com descontentamento pelos países árabes - grandes importadoresbwin sportscarne brasileira - que acabaram por forçar um recuo do Brasil no assunto sob penabwin sportsum boicote. O país ficou a meio caminho, tendo optado por abrir um escritóriobwin sportsnegóciosbwin sportsJerusalém.
"O Brasil está apostandobwin sportsum inédito alinhamento incondicional com os Estados Unidos, o que nos coloca junto a países como a Polônia, a Hungria, Itália e Israel", afirma Casarões,bwin sportsreferência ao grupobwin sportspaíses com governos nacionais-populistasbwin sportsdireita. Nesse contexto, se insere o convite feito pelos americanos ao Brasil, e já aceito, para sediar uma edição da conferênciabwin sportspaz e segurança no Oriente Médio, que esse ano aconteceubwin sportsVarsóvia.
"É um evento dos Estados Unidos ebwin sportsIsrael para dizer porque eles não gostam do Irã", afirma Casarões. No discursobwin sportsBolsonaro na próxima terça-feira, são esperadas críticas tanto à Venezuela quanto ao Irã.
A aposta do Itamaraty sob Ernesto Araújo é que esses movimentos tragam ao país investimentos e tecnologia que não teriam chegado enquanto o Brasil privilegiava cooperações com o terceiro mundo e parcerias Sul-Sul.
"A mensagem é que o Brasil vai fazer concessões unilaterais na esperançabwin sportsreceber investimentos diretos, com a vindabwin sportsempresas estrangeiras interessadasbwin sportsse beneficiar da mãobwin sportsobra barata do Brasil e da reduçãobwin sportsgarantias aos trabalhadores pelo Estado", afirma Elaini da Silva, professorabwin sportsrelações internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC)bwin sportsSão Paulo
A manobra, porém, é considerada arriscada mesmo por quem teria a ganhar com tais vantagens econômicas. Fontes do Fundo Monetário Internacional ouvidas reservadamente pela BBC News Brasil afirmam que Bolsonaro despreza o riscobwin sportsTrump não ser reeleito no ano que vem. O presidente já disse que torce pela reeleição do Republicano.
"Os investidores se movimentam olhando a taxabwin sportsinflação ebwin sportsjuros, a expectativabwin sportscrescimento e a condiçãobwin sportsprevisibilidade do país. Para um país robusto como os Estados Unidos, a políticabwin sportsTrump acaba causando pouco dano, mas isso não é verdade para o Brasil. Essas discussõesbwin sportspolítica externa aumentam o nívelbwin sportsincerteza. Nunca vi algum país se beneficiar economicamente quando o seu mandatário ofende a mulherbwin sportsum dos presidentes do G7", diz um analista.
No mercado financeiro chama a atenção o modo como as autoridades brasileiras têm privilegiado o discurso ideológicobwin sportsvezbwin sportstentar aproveitar a agenda positiva da reforma da previdência, esperada há anos por investidores estrangeiros e às vésperasbwin sportsser aprovada no Senado Federal. Em discursobwin sportsmaisbwin sportsmeia hora na Heritage Foundation, um dos principais think tank conservadores dos Estados Unidos, o chanceler Araújo sequer mencionou a reforma das aposentadorias e pensões, pauta cara aos liberais que lotavam a plateia do evento.
"O Brasil tem coisas boas a dizer, mas simplesmente não diz", afirma o embaixador ouvido sob anonimato pela BBC News Brasil.
Ruim dentro, pior fora da ONU
"Se eu for presidente, eu saio da ONU. Não serve para nada essa instituição. Sim, saio fora. Não serve para nada a ONU. (O Conselhobwin sportsDireitos Humanos) É um localbwin sportsreuniãobwin sportscomunistas e gente que não tem qualquer compromisso com a América do Sul pelo menos", afirmou Bolsonaro há um ano, ainda durante a campanha presidencial.
No início do mêsbwin sportssetembro, ele voltou à carga contra a ONU, atacando a alta comissária da instituição para os direitos humanos, a ex-presidente chilena Michele Bachelet: "Parece que quando tem gente que não tem o que fazer, como a senhora Michelle Bachelet, vai lá para a cadeirabwin sportsdireitos Humanos da ONU".
Em que pese a opiniãobwin sportsBolsonaro sobre a ONU e seu órgãobwin sportsdireitos humanos, uma das prioridadesbwin sportspolítica externa do governo atual é a reeleição para um assento no Conselhobwin sportsDireitos Humanos das Nações Unidas.
Criadobwin sports2006, o Conselho é formado por 47 países e tem como função monitorar violações dos direitos humanos ao redor do mundo e municiarbwin sportsinformações a Assembleia Geral da ONU, que pode deliberar por sanções aos países com governos violadores e autoritários. Cabe ao órgão, por exemplo, acompanhar a situação dos venezuelanos.
A eleição, que acontecebwin sportsmeadosbwin sportsoutubro, conta com duas vagas a serem ocupadas por países da América Latina e apenas dois candidatos a elas: Brasil e Venezuela. Na prática, portanto, a vaga estaria assegurada.
Embora possa parecer contraditória, a estratégia faz sentido, conforme explicam integrantes do governo, no esforçobwin sportsocupar espaços considerados da "esquerda" e levar para lá as convicções da gestão atual.
O Itamaraty pediu a seus diplomatas que combatam o uso do termo "gênero"bwin sportsacordos multilaterais, pleiteando a substituição por "sexo biológico". Diplomatas defenderam a mudança à BBC Brasil dizendo que a Constituição Brasileira não prevê a palavra gênero e que o termo família se refere a casais heterossexuais, já que não há possibilidade biológicabwin sportsgeraçãobwin sportsfilhosbwin sportscasais homossexuais.
"O Brasil tem demonstrado um posicionamento mais duro do que Paquistão e Egitobwin sportsrelação à gênero", afirma Camila Asano, especialistabwin sportspolítica externa da Conectas, entidade da sociedade civil que se posicionou institucionalmente contra a reeleição do Brasil ao Conselhobwin sportsDireitos Humanos à luz dos movimentos recentes do país na área.
Pesou na avaliação da Conectas, uma sériebwin sportsdeclaraçõesbwin sportsBolsonarobwin sportsdefesa aos regimes ditatoriais e militares que se espalharam pela América Latina entre as décadasbwin sports1960 e 1980.
A última delas foi justamente contra Bachelet. Ao reagir à crítica da alta comissária da ONUbwin sportsque há um "encolhimento do espaço democrático no Brasil", Bolsonaro afirmou que a ex-presidente "se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragembwin sportsdar um basta à esquerdabwin sports1973, entre esses comunistas o seu pai, brigadeiro à época".
Bolsonaro se referia ao regime ditatorialbwin sportsAugusto Pinochet, que derrubou o governo eleitobwin sportsSalvador Allende e é considerado responsável, entre outros crimes, pela morte do paibwin sportsBachelet, Alberto, submetido a torturas enquanto estava preso por ordens da ditadura. O elogio a Pinochet causou mal-estar até entre aliadosbwin sportsBolsonaro, como o atual presidente chileno Sebastian Piñera, que o desautorizou a falar sobre a história do Chile.
Antes disso, ao criticar o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, Bolsonaro afirmou que "um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade".
O Estado Brasileiro já reconheceu que o paibwin sportsFelipe, Fernando Santa Cruz, desapareceu enquanto estava sob custódia do Estado Brasileiro, durante a ditadura,bwin sports1974. As manifestações do presidentebwin sportsfavor do regime militar levaram a OAB a denunciar o governo brasileiro à ONU e pedir monitoramentobwin sportsrelação ao "frágil processobwin sportsredemocratização" do país.
Para o embaixador Rubens Barbosa, a intençãobwin sportsBolsonarobwin sportsrelação ao Conselhobwin sportsDireitos Humanos encontra paralelo no movimento feito pela ditadura militar brasileira, na décadabwin sports1970,bwin sportsocupar assento na então Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos, órgão antecessor ao Conselho atual.
"Naquele momento o Brasil também estava na defensiva, querendo assegurarbwin sportssoberania sobre a Amazônia, na lógica do integrar para não entregar, e se antecipar para saber o que diziam do paísbwin sportsrelação aos direitos humanos, temerosobwin sportsdenúncias", diz Barbosa.
Para representantes do Itamaraty, só a ida do presidente a Nova York já é um recadobwin sportsuma disposição para o diálogo. Mas o embaixador Rubens Barbosa afirma que a mera intenção não basta, os termos do discurso são cruciais para demonstrar à opinião internacional essa disposição:
"Vai ter que calibrar o discurso para poder mudar essa perspectiva negativa agora que o Brasil adotou posição na contra mão do mainstream".
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