Olavolampions bet cadastroCarvalho, o 'parteiro' da nova direita que diz ter dado à luz flores e lacraias:lampions bet cadastro
Nascidolampions bet cadastroCampinas (SP) há 69 anos, professorlampions bet cadastrofilosofia sem jamais ter concluído um curso universitário e adepto da teorialampions bet cadastroque a "a entidade chamada Inquisição é uma invenção ficcionallampions bet cadastroprotestantes", Carvalho acumula desafetos com a mesma intensidade com que é defendido por seus admiradores.
O filósofo recebeu a BBC Brasil na casa modestalampions bet cadastrodois andares onde está morando num bairro arborizadolampions bet cadastroPetersburg, cidade histórica com 30 mil habitantes. Crítico feroz do PT, ele reagiu à quedalampions bet cadastroDilma Rousseff com ceticismo. No Facebook, escreveu que o impeachment não passoulampions bet cadastrouma "manobra para a salvação da classe política".
Elogia Michel Temer ao mesmo tempolampions bet cadastroque diz considerar seu governo ilegítimo. "Sem dúvida, é melhor que a Dilma - pelo menos sabe falar português, é um homemlampions bet cadastrouma certa cultura - e não se pode negar que na área econômica está fazendo aguma coisa que temlampions bet cadastrofazer mesmo."
Mas diz que, vice na chapalampions bet cadastroDilma, o presidente "não tem rabo preso, ele é um rabo preso", e que a dupla se reelegeu num pleito com "transparência nenhuma". "O governo é 100% ilegítimo. Não estou dizendo que há ou houve fraude eleitoral, o sistema que montaram já era uma fraude."
Estruturalampions bet cadastropoder
Expulso o PT do governo, Carvalho diz que a direita brasileira começa a se organizar nas ruas. Perguntado a que se deve a transformação, respondelampions bet cadastrofrancês: "C'est moi" (Sou eu).
Segundo o escritor, foram seus livros que encorajaram outros conservadores a sair do armário. Mas ele diz que o país ainda não tem uma "representação institucional da direita", como jornais diários, universidades ou partidos que defendam o liberalismo econômico e valores tradicionais.
"Você temlampions bet cadastroum lado 20 partidoslampions bet cadastroesquerda e do outro um ou outro cara que se dizlampions bet cadastrodireita, mas nem sabe direito o que é isso", afirma, entre goleslampions bet cadastrocafé e cigarro entre os dedos.
Segundo Carvalho, a esquerda dominou a imprensa e as universidades brasileiras há várias décadaslampions bet cadastroestratégia que seguia o suposto ideário do marxista italiano Antonio Gramsci (1891-1937). O objetivo, diz ele, era criar uma "atmosfera mental"lampions bet cadastroque a população se tornasse socialista sem perceber.
"No fim, conquistaram tudo: os partidos políticos um por um, eliminaram todas as opções possíveis atravéslampions bet cadastrodenúnciaslampions bet cadastrocorrupção, queimaram milhareslampions bet cadastroreputações, ficaram sozinhos no meio do campo e conquistaram a cereja do bolo, a Presidência da República", diz.
O filósofo afirma que "atualmente é obrigatório estar na direita", mas que não mantém "compromisso com nenhuma políticalampions bet cadastroparticular".
Para ele, mais importante que tirar o PT do poder é "quebrar o sistema" e implantar no Brasil uma "democracia plebiscitária",lampions bet cadastroque o governo submeta suas propostas a referendos constantes. O filósofo diz que o modelo foi aplicado na França por Charleslampions bet cadastroGaulle, nos anos 1960.
Racha na direita
As opiniõeslampions bet cadastroCarvalho sobre o impeachment agravaram um racha entre o escritor e outras vozes influentes da direita com quem ele manteve boas relações no passado, como o colunista da revista Veja Reinaldo Azevedo e o economista Rodrigo Constantino.
Para Azevedo, ao defender uma democracia plebiscitária, Carvalho propõe a mesma agenda que o PT gostarialampions bet cadastroimplantar no Brasil. Alguns analistas compararam o modelo ao que foi adotado por Hugo Chávez na Venezuela.
Em artigolampions bet cadastroque chama o filósofolampions bet cadastro"mascate da paranoia" elampions bet cadastro"Aiatolavo" (em referência ao aiatolá, líder religioso dos muçulmanos xiitas no Irã), Azevedo diz que Carvalho "se alimenta do insucesso dos que lutam contra a esquerda".
Para Carvalho, Azevedo e outros desafetos almejam ser representantes da direita e têm ciúmeslampions bet cadastroseu pioneirismo. "O pessoal comunista nunca mentiu a meu respeito tanto quanto essa turma da direita emergente", diz.
"Eu não quero ser representantelampions bet cadastrodireita nenhuma, só fiz meu serviço que era abrir o espaço para eles poderem falar. Naturalmente, quando você destampa, aparecem junto com as flores as cobras, aranhas, lagartos, lacraia, toda a porcaria vem junto."
Carvalho também critica o Movimento Brasil Livre (MBL), que após militar pela quedalampions bet cadastroDilma teve algunslampions bet cadastroseus membros se lançando na política institucional. De acordo com o site do MBL, novelampions bet cadastroseus integrantes se elegeram por cinco partidos diferentes (um deputado federal e oito vereadores).
Segundo o escritor, a direita deveria se concentrarlampions bet cadastroocupar espaços não no Estado, mas "na igreja, nas escolas, nas sociedadeslampions bet cadastroamigos do bairro, no clube: é ali que está o poder".
"Os comunistas sempre souberam disso. O pessoal da direita chegou agora, leu três artigos do Olavolampions bet cadastroCarvalho, já acha que sabe tudo e quer ser senador, presidente da República. Um bandolampions bet cadastropalhaços, evidentemente."
O MBL não respondeu ao pedido da BBC Brasil para comentar a fala do filósofo. O Instituto Liberal e o Vem pra Rua, outras organizações influentes entre conservadores, tampouco quiseram se pronunciar sobre Carvalho elampions bet cadastroobra.
'Pai espiritual'
Para o filósofo Pablo Ortellado, professorlampions bet cadastropolíticas públicas da USP, o escritor é uma espécielampions bet cadastro"pai espiritual da nova direita" brasileira. "Num momentolampions bet cadastroque ninguém se reivindicava como direita, ele foi um cavaleiro solitário, e essa pregação no deserto rendeu grandes frutos", afirma.
Mas ele diz que Carvalho perdeu influência por ter "brigado com todo mundo" e não ter participado da construção dos grupos que hoje ditam os rumos do movimento.
Para a cientista política Camila Rocha, que estuda a histórialampions bet cadastrothink tanks (centroslampions bet cadastropesquisa e debates) conservadores no Brasil, Carvalho "foi e ainda é a portalampions bet cadastroentrada para boa parte da militância da direita" brasileira e soube usar a internet para se projetar.
Alémlampions bet cadastroum sitelampions bet cadastroque divulga entrevistas e artigos, ele fundou o portal "Mídia Sem Máscara" e já teve um podcast. Hoje mantém contas no Facebook, no Twitter e no YouTube (a filha Leilah Carvalho o ajuda nos vídeos, e Roxane Andradelampions bet cadastroSouza,lampions bet cadastroterceira esposa, lhe dá o "apoio logístico"). Em várias transmissões, interage com o músico Lobão, a quem já elogiou não pelas canções, mas pelos atributos como escritor.
"De todos os autores que vêm aparecendo no mercado editorial, o Lobão élampions bet cadastrolonge o que escreve melhor", disse no Facebook.
Em seu último livro, Em busca do rigor e da misericórdia, Lobão dedica um capítulo ao filósofo e comenta a "improbabilidade do encontro entre um roqueiro tido como doidão e Olavolampions bet cadastroCarvalho dar certo".
"Porém, para minha agradável surpresa, desde nossa primeira conversa percebi que falava com alguém doce, afetuoso, atencioso, engraçadíssimo e, como já sabia, absolutamente brilhante."
Quando um vídeo do filósofo saiu do arlampions bet cadastroabril, Lobão protestou no Twitter: "A AULA DO OLAVO DE CARVALHO SOFREU UM ATAQUE DEVASTADOR E SAI DO AR! ESPALHEM! CENSURA DO PT".
Revolução Comunista
Um dos pilares do discurso políticolampions bet cadastroCarvalho trata do papel do Forolampions bet cadastroSão Paulo, conferência criadalampions bet cadastro1990 pelo PT para debater os rumos da esquerda latino-americana após o fim da União Soviética.
Entre vários outros movimentoslampions bet cadastroesquerda, o foro abriga os partidos que hoje governam os membros da Aliança Bolivariana para os Povoslampions bet cadastroNossa América (Alba), entre os quais Cuba, Equador, Bolívia, Nicarágua e Venezuela. Segundo o filósofo, o foro deu ao PT o "comando estratégico da revolução comunista na América Latina".
Para Carlos Melo, professorlampions bet cadastrociência política do Insper,lampions bet cadastroSão Paulo, a ideialampions bet cadastroque o foro articula a esquerda latino-americana é um "mito criado para tentar aglutinar o lado oposto". Ele diz que derrotas recentes da esquerdalampions bet cadastrovários países da região mostram que o foro não é tão poderoso assim.
"Houve uma onda da esquerda na América Latina e agora, ao que tudo indica, haverá uma onda conservadora. São processos naturais, a história funciona dentrolampions bet cadastrociclos."
O discurso que identifica o PT com o comunismo, porém, se espalhou. Em abrillampions bet cadastro2015, num protesto contra Dilma na avenida Paulista, uma pesquisalampions bet cadastroPablo Ortellado e da socióloga Esther Solano revelou que 64,1% dos presentes concordavam com a afirmaçãolampions bet cadastroque o "PT quer implantar um regime comunista no Brasil", e 55,9% respaldaram a frase "O Forolampions bet cadastroSão Paulo quer criar uma ditadura bolivariana" no país.
Naquele dia elampions bet cadastrooutros protestos, manifestantes portavam cartazes com a expressão "Olavo tem razão", difundida por fãs do escritor nas redes sociais.
Esoterismo islâmico e astrologia
Nos anos 1980, anteslampions bet cadastrose projetar no debate político brasileiro, Carvalho flertou com a Escola Tradicionalista, correntelampions bet cadastropensadores e estudiosos da religião preocupados com o que consideravam um declínio das formas tradicionaislampions bet cadastroconhecimento do Ocidente.
"Ao longo da minha vida, fui me abrindo a tudo quanto é influência que pudesselampions bet cadastroalgum modo me ajudar a compreender as coisas", afirma.
Naquela época, ele aderiu à tariqa (ordem mística muçulmana) liderada pelo alemão Frithjof Schuon (1907-1998), um dos expoentes do movimento e que aceitavalampions bet cadastroseu grupo adeptoslampions bet cadastrodiferentes religiões.
Carvalho deixou a tariqa tempos depois, mas diz que a experiência foi "absolutamente indispensável" paralampions bet cadastroformação. Hoje, lamenta a expansão do islã na Europa e nos Estados Unidos.
Em outro desvio na carreira, no fim dos anos 1970, trabalhou como astrólogolampions bet cadastroSão Paulo. Do signolampions bet cadastroTouro, diz que a astrologia "é um tremendo problema científico que nunca foi tratado seriamente".
"Algo na astrologia tem algum fundamento - algo, não sei exatamente o quê", diz. No fim, chegou à conclusão "de que o problema era grande demais para mim".
Hoje Carvalho se reaproximou da Igreja Católica, onde diz ter sido criado. Assiste à missa, reza o Pai Nosso antes das refeições e diz praticar a caridade. "Não me lembro ao longo da minha vidalampions bet cadastroalguém ter pedido minha ajuda e eu ter recusado."
As opiniões do filósofo sobre o papel da Igreja Católica na Inquisição lhe renderam críticas entre evangélicos. Carvalho escreveu no Twitterlampions bet cadastro2013 que "a entidade chamada Inquisição é uma invenção ficcionallampions bet cadastroprotestantes".
"Até mesmo na imagem popular das fogueiras da Inquisição a falsidade domina. Todo mundo acredita que os condenados 'morriam queimados', entre dores horríveis. As fogueiras eram altas, maislampions bet cadastrocinco metroslampions bet cadastroaltura, para que isso jamais acontecesse."
De acordo com ele, os hereges - "menoslampions bet cadastrodez por anolampions bet cadastroduas dúziaslampions bet cadastropaíses" - morriam sufocados antes que as chamas os atingissem. Criticado nas redes sociais pela afirmação, indicou uma "bibliografia mínima" sobre o assunto.
Dois anos depois, xingou Lutero e Calvino, principais líderes da Reforma Protestante. "A Igreja Católica superlotou-selampions bet cadastrofilhos da puta ao longo dos séculos, mas a protestante já nasceu fundada por dois."
Amizade com José Dirceu
Os mergulhos no esoterismo e na astrologia afastaram Carvalho do jornalismo, onde começou a carreira. Um ano após o golpe militarlampions bet cadastro1964, ele escreveu para o jornal do centro acadêmico da Faculdadelampions bet cadastroDireito da USP, que se opunha à ditadura.
Em retribuição pelo trabalho, diz que foi convidado a dividir um apartamento com Rui Falcão, então alunolampions bet cadastrodireito e hoje presidente nacional do PT. Ele conta que os dois sempre recebiam visitas do ex-ministro José Dirceu, que cursava direito na PUC-SP. "Éramos muito, muito amigos na época."
Entre 1966 e 1968, militou no Partido Comunista. "Durante todo o tempo da ditadura, estive contra ela - quando não estava militando, estava ajudando a esquerda, escondendo foragido do governo, escondendo arma. Fiz o diabo", recorda.
Com o tempo, afastou-se da esquerda e passou a achar que os militares que tomaram o poderlampions bet cadastro1964 fizeram um trabalho "genial" ao barrar o que, segundo ele, seria "a maior revolução comunista da história das Américas".
Quando Dirceu foi presolampions bet cadastro2013, Carvalho diz que já não mantinham laços. "Mas uma coisa eu sabia: ele não ia entregar ninguém, porque não é um homemlampions bet cadastrogeleia como esses aí, é um homemlampions bet cadastroferro", afirma.
Nos últimos anos,lampions bet cadastronova reviravolta, voltou a criticar as Forças Armadas, agora acusando-aslampions bet cadastroomissão por não intervir para impedir outra revolução comunista, tramada no Forolampions bet cadastroSão Paulo. Hoje diz à BBC Brasil que não é "nem a favor nem contra uma intervenção militar".
"Sem um longo 'trabalholampions bet cadastrobase'", afirmoulampions bet cadastronovembro no Facebook, "nem as Forças Armadaslampions bet cadastropeso podem levar este país a dias melhores sem o riscolampions bet cadastroum retorno cruel à desordem e à roubalheira".
Retorno ao jornalismo
Em 2005, dois meses após se mudar para os EUA e perder a coluna que tinha no jornal O Globo, o escritor passou a dar cursoslampions bet cadastrofilosofia pela internet. Desde então, diz que 12 mil pessoas passaram por suas aulas.
O filósofo cita entre os alunos que têm se destacado o colunista da Veja Felipe Moura Brasil, que organizou do último livrolampions bet cadastroCarvalho, O mínimo que você precisa para não ser um idiota, coletânealampions bet cadastroartigos publicada pela Recordlampions bet cadastro2013.
Carlos Andreazza, editorlampions bet cadastronão-ficção da Record, diz que o livro se aproxima dos 320 mil exemplares. Segundo ele, Carvalho "está entre os pouquíssimos autores brasileiros que poderiam viverlampions bet cadastrodireitos autorias". Andreazza diz que o filósofo se revelou "um dos autores mais cavalheiros, cordiais, agradáveis e generosos da minha carreiralampions bet cadastroeditor".
Amigos do escritor dizem que Carvalho não deixa que os embates virtuais contaminemlampions bet cadastrovida pessoal. Segundo o cineasta Josias Teófilo, o filósofo está sempre bem humorado e leva um "estilolampions bet cadastrovida completamente original", sem ter hora para dormir ou acordar.
"Um dia a filha dele disse: 'Vamos ter que botar rotina nessa casa, quando der meia noite todo mundo vai para a cama'. Nesse mesmo dia ele ficou contando histórias até as quatro da manhã."
Teófilo, que se mudou para Petersburg e está morando a poucas quadraslampions bet cadastroCarvalho, diz ter arrecadado R$ 300 mil por meiolampions bet cadastrodoações para gravar o documentário Jardim das Aflições (mesmo títulolampions bet cadastroum livro do filósofo),lampions bet cadastroque entrevista o escritor e acompanhalampions bet cadastrorotina. Ele afirma que o documentário foi recusado pelos principais festivais brasileiros e que estuda meioslampions bet cadastrolançá-lolampions bet cadastro2017.
Desdém pela academia
Carvalho passou a ensinar filosofia sem jamais ter se formado academicamente nesse campo - nemlampions bet cadastroqualquer outro. Conta que aprendeu sobre o tema por conta própria ao longolampions bet cadastrovários anos, longe das "ideologias" que cerceiam o ensino universitário.
O desdémlampions bet cadastroCarvalho pela filosofia da academia é recíproco. Para o filósofo e professor da PUC-MG Danillo Bragança, ele "quer ocupar dois espaços carentes no Brasil: olampions bet cadastropensadorlampions bet cadastrodireita e olampions bet cadastrofilósofolampions bet cadastromultidão".
Coordenador do cursolampions bet cadastrofilosofia da PUC-PR, Geovani Moretto diz que conheceu Carvalho quando era estudante e se admirou comlampions bet cadastrocapacidadelampions bet cadastro"debater a filosofia a partirlampions bet cadastroquestões cotidianas, da política e da economia". Hoje Moretto diz que ele "virou aquilo que tanto criticava: um dogmático".
Um dos raros defensoreslampions bet cadastroCarvalho na academia é o jurista Ives Gandra Martins. Outros admiradores ilustres são o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), que já o citaramlampions bet cadastrodiscursos no Congresso.
No Facebook, ao menos dez grupos agregam "olavetes", termo com que o próprio Carvalho se refere aos seguidores. Há ainda páginas que satirizam o escritor e seus fãs. No site Desciclopédia, os "olavetes" são descritos como "zumbis do mestre Olavo" e comparados aos "bolsominions", como são apelidados provocativamente os admiradores do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
Muitas das críticas que Carvalho recebe nas redes sociais tratam da maneira com que ele se refere a movimentoslampions bet cadastronegros,lampions bet cadastromulheres elampions bet cadastrominorias sexuais. Em seu último livro, ele exalta artistas negros brasileiros que "entendiam que suas remotas origens africanas tinham sido neutralizadas pela absorção na cultura ocidental" e que não ficavam "choramingando coletivamente as saudadeslampions bet cadastroculturas tribais extintas".
Em outro episódio, foi criticado ao defender que o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) fizesse um exame "para verificar selampions bet cadastrosaliva não transmite o vírus da Aids", após o parlamentar tentar cuspirlampions bet cadastroBolsonaro na votação do impeachment.
Em resposta, a Associação Brasileira Interdisciplinarlampions bet cadastroAids sugeriu que o escritor fosse examinado "para verificar selampions bet cadastrosaliva não transmite o vírus da ignorância e do preconceito".
Amigos e família
Carvalho afirma que um dos motivos para se mudar para a Virgínia foi a hospitalidadelampions bet cadastroseus habitantes. "Os rednecks são o melhor povo do mundo", ele diz, referindo-se aos americanos brancoslampions bet cadastrozonas rurais, numerosos na vizinhançalampions bet cadastrosua casalampions bet cadastroRichmond. Em Petersburg, onde está temporariamente, negros são 80% da população.
Outro motivo para a mudança foi o cenário no Brasil após a chegada do PT à Presidência. "Pensei: 'Isto aqui está tão louco, tão louco, que se eu continuar aqui vou ficar louco também."
Carvalho recebe visitas frequentes dos filhos e dos netos - que calculalampions bet cadastro"uns 15 ou mais" - e vive rodeadolampions bet cadastroalunos e amigos brasileiros, entre as quais a escritora Stella Caymmi, o crítico literário Rodrigo Gurgel e o jornalista Edson Camargo.
Quando não está nas redes sociais, vê filmes, relê livros e ouve música. Entre seus artistas preferidos cita Heitor Villa-Lobos, Luiz Gonzaga e o americano Waylon Jennings, cantorlampions bet cadastromúsica country. Não gostalampions bet cadastrosamba ("uma criação do governo Getúlio Vargas, que decidiu fazer da cultura carioca um emblema da cultura brasileira") nemlampions bet cadastrojazz ("coisalampions bet cadastrointelectual").
No tempo livre, gosta aindalampions bet cadastrotestar as armas da coleção. Ele diz manter apenas uma arma para defesa pessoal (a espingarda que guarda sobre a cama) e se interessar principalmente por equipamentoslampions bet cadastrocaça.
Seu xodó é um rifle austríaco Steyr Mannlicher, ideal para abater ursos. Ele conta que, alguns anos atrás, viajou com o filho Pedro para o Estadolampions bet cadastroMaine, onde a caçalampions bet cadastroursos é autorizada para controlar a espécie. "Fiquei uma semana encarapitado na árvore debaixolampions bet cadastrochuva, no frio, e o filho da puta do urso não apareceu", lembra.
O filho teve mais sucesso: o urso abatido virou um tapete e hoje adorna a sala da casa. Quando uma fotolampions bet cadastroque Carvalho e o filho posam atrás do animal morto circulou pela internet, muitos protestaram. "Eles acham lindo você comer uma vaca morta com uma martelada na cabeça ou choque elétrico numa filalampions bet cadastroonde não pode escapar, mas você correr o riscolampions bet cadastroir lá e matar, isso não pode", rebate.
Ressuscitar a alta cultura
Ao decidir dar seus cursos virtuais, Carvalho diz que também buscava reagir à "morte da alta cultura brasileira" e formar uma nova elite intelectual no país.
"Acredito que sou o único sujeito que está fazendo a ponte entre a última grande geraçãolampions bet cadastroescritores brasileiros - que eram Herberto Sales, Josué Montello, Lêdo Ivo - e a geração seguinte", diz.
"Se dos meus 12 mil alunos aparecerem cem capacitados para produzir bons livros, bons espetáculoslampions bet cadastroteatro, renovamos a cultura brasileira, está feito o serviço."
Carvalho afirma quelampions bet cadastroavó foi profética ao batizá-lolampions bet cadastroOlavo, que, segundo ele, quer dizer "sobrevivente"lampions bet cadastronorueguês. "Morreu todo mundo e sobrou eu."