Acosta Ñu: a sangrenta batalhasobre a bet365que crianças lutaram contra o Exército do Brasil na Guerra do Paraguai:sobre a bet365
Entre 1865 e 1870, o Paraguai enfrentou os Exércitos do Brasil, da Argentina e do Uruguai.
Calcula-se que,sobre a bet3655 anos, tenham morrido entre 200 mil e 300 mil paraguaios, que correspondiam na época à metade da população do país. Do totalsobre a bet365mortos, 80% eram homens.
Mas o que aconteceu na Batalhasobre a bet365Acosta Ñu para que ela se tornasse, nas palavrassobre a bet365Chiavenato, o "símbolo mais terrível da crueldade dessa guerra"?
Travadasobre a bet36516sobre a bet365agostosobre a bet3651869, a batalha foi protagonizada, do lado paraguaio, crianças e adolescentes. Seu impacto foi tão forte que a data acabou virando o Dia da Criança no Paraguai.
Em memória aos combatentes e ao aniversáriosobre a bet365150 anos do episódio, o governo paraguaio inaugura nesta sexta-feira (16) um monumento na cidadesobre a bet365Eusebio Ayala.
A 'guerra total'
"O anosobre a bet3651869 marca definitivamente o conceitosobre a bet365guerra total", diz o historiador paraguaio Fabián Chamorro à BBC News Mundo, serviçosobre a bet365espanhol da BBC.
Com o Exército paraguaio praticamente exterminado, explica Chamorro, figuras importantes dentro das forças aliadas chegaram a sinalizar que a guerra teria terminado e que seria o momentosobre a bet365deixar o país.
Conforme Chiavenato, uma dessas figuras era o general Luís Alvessobre a bet365Lima e Silva, futuro duquesobre a bet365Caxias, que liderava as tropas brasileiras no Paraguai.
"Quanto tempo, quantos homens, quantas vidas esobre a bet365quantos recursos necessitaremos para terminar a guerra, quer dizer, para transformarsobre a bet365fumaça e pó toda a população paraguaia, para matar até os fetos no ventre das mulheres?", argumentou com o imperador Dom Pedro 2º.
A ordem, entretanto, erasobre a bet365que a guerra só chegaria ao fim com a morte do presidente do Paraguai, o marechal Francisco Solano López, o que só aconteceriasobre a bet3651ºsobre a bet365marçosobre a bet3651870.
"Não tinha necessidadesobre a bet365fazer toda essa caçada,sobre a bet365que a população civil foi a principal prejudicada", ressalta Chamorro.
Enquanto lutava pela própria sobrevivência, Solano López recrutava soldados cada vez mais jovens.
"Primeiro eles tinham 16 anos, depois 14, 13 anos", relata Barbara Potthast, professorasobre a bet365História Ibérica e Latinoamericana na Universidadesobre a bet365Colônia, na Alemanha.
A historiadora encontrou até registrossobre a bet365alistamentosobre a bet365meninossobre a bet36511 anos - que não chegavam a ir para a frentesobre a bet365batalha, mas se dedicavam a outras tarefas, como transportar materiais.
O mesmo acontecia com as mulheres, muitas vezes encarregadas da logística.
"Não era um exército profissional como conhecemos hoje", pontua Potthast. "Como muitos dizem, era o 'povo pegandosobre a bet365armas'."
Escudo humano?
Solano López conseguiu escapar algumas vezes dos aliados. Sua última "fuga milagrosa" aconteceu quatro dias antessobre a bet365batalhasobre a bet365Acosta Ñu, quando caiu Piribebuy.
"Em 12sobre a bet365agosto (de 1869), as forças paraguaias se dividiramsobre a bet365duas: o marechal iasobre a bet365uma coluna e,sobre a bet365outra, mulheres, crianças e idosos", conta Chamorro.
O último grupo levava toda a logística do Exércitosobre a bet365carrossobre a bet365boi: canhões, armas, vestuário, acessóriossobre a bet365cozinha.
Segundo o historiador, eles foram alcançados pelos aliados - emsobre a bet365maioria soldados brasileiros - e "não tiveram outra opção a não ser lutar".
Já Potthast cita outra teoria. "O que se diz, e não tenho motivos para duvidar, é que nessa batalha a função das crianças e jovens era servir como uma espéciesobre a bet365barreira para o avanço do Exército."
O fato é que Solano López conseguir mais uma vez fugir para o Norte com o restante das tropas, onde continuaram a resistência.
20 mil contra 3,5 mil
A batalhasobre a bet365Acosta Ñu aconteceu próximo ao que hoje é a cidadesobre a bet365Eusebio Ayala, no centro do Paraguai, e foi, nas palavrassobre a bet365Chamorro, "um verdadeiro massacre".
"De um lado estavam os brasileiros, com 20 mil homens", escreveu Chiavenato. "De outro, os paraguaios, com 3,5 mil soldados entre 9 e 15 anos, alémsobre a bet365criançassobre a bet3656, 7 e 8 anos que também acompanhavam o grupo."
Ainda que não haja consenso sobre o número - e alguns relatos chegam à cifrasobre a bet365700 -, os diferentes historiadores e registros destacam a crueldade que marcou a batalha.
As crianças e jovens lutaram ao ladosobre a bet365alguns veteranossobre a bet365guerra, um contingente estimadosobre a bet365algo entre 500 e 3 mil, a depender da fonte.
De qualquer forma, existia uma assimetria grande entre os dois exércitos, que não só era númerica e etária, mas também tecnológica.
"As armas usadas pelos paraguaios tinham um alcance máximosobre a bet36550 metros", diz Chamorro, enquanto "os rifles Spencer, usados sobretudo pela cavalaria imperial do Brasil, tinha um alcancesobre a bet365maissobre a bet365500 metros."
"Ou seja, para que o paraguaio pudesse confrontar um brasileiro, tinha que encarar dez descargassobre a bet365bala. Era impossível", completa.
A isso se soma o fatosobre a bet365que os mais novos não tinham nem força física para empunhar as armas, muito menos nas condiçõessobre a bet365que estavam, com fome e muitas vezes doentes, acrescenta Potthast.
No camposobre a bet365batalha
A batalha começou pela manhã e terminou cercasobre a bet36510 horas depois, com poucas baixas do lado brasileiro e quase nenhum sobrevivente do lado paraguaio.
Os detalhes sobre o confronto, mais uma vez, divergem a depender da fonte.
Potthast afirma que, para que os soldados brasileiros não percebessem que lutavam contra crianças, foram colocadas barbas falsas nos meninos. Já Chamorro argumenta que não haveria tempo naquelas circunstâncias para que se preocupassem com esse tiposobre a bet365detalhe.
Diz-se ainda que os pequenos iam armados com varas que simulavam rifles.
"As criançassobre a bet3656 a 8 anos, no calor da batalha, aterrorizadas, se agarravam às pernas dos soldados brasileiros, chorando, pedindo que não os matassem. E eram degoladas no ato", escreveu Chiavenato emsobre a bet365obra, conforme a tradução do Portal Guaraní.
À tarde, ele acrescenta, quando as mães recolhiam os corpos dos filhos e ainda havia feridos, os brasileiros teriam queimado todo o lugar.
O general brasileiro Dionísio Cerqueira, entretanto, que participou da batalha, deu outra perspectiva. "Que luta terrível entre a piedade cristã e o dever militar! Nossos soldados diziam que não lhes dava gosto lutar contra tantas crianças."
"O campo ficou repletosobre a bet365mortos e feridos do lado inimigo, entre os quais nos causava muita pena, pelo número elevado, os soldadinhos, cobertossobre a bet365sangue, com as perninhas quebradas, alguns nem sequer haviam atingido a puberdade", completou.
Potthast, porsobre a bet365vez, encontrou relatos que afirmavam que, pelo contrário, os pequenos não choravam, mesmo quando eram feridos.
Nas palavras da historiadora alemã, o único pontosobre a bet365comum entre os observadores e historiadoressobre a bet365todos os lados era o "valor e a coragem da luta dos paraguaios, inclusive dos meninos soldados".
Identidade nacional
Tanto Chamorro quanto Potthast ressaltaram que o conceitosobre a bet365infância no século 19 não era o mesmo que hoje. Ainda assim, a ideia do "menino herói" que morreu defendendosobre a bet365nação é parte da identidade nacional paraguaia.
"Essa guerra é o acontecimento mais importante da história do Paraguai", disse a historiadora alemã à BBC News Mundo. "É pedra fundamental do nacionalismo que se desenvolveu no século 20."
A ideia difundida por uma parte dos acadêmicos e por vários governos, sobretudo militares, foi asobre a bet365que os paraguaios "perderam a guerra, mas lutaram com heroísmo, e é desse heroísmo que tiram força", destaca Potthast.
A batalhasobre a bet365Acosta Ñu foi usada como uma "excelente propaganda para transformar as criançassobre a bet365futuros soldados", acrescenta Chamorro, que lembra, porém, que o serviço militar no Paraguai é obrigatório.
O decreto quesobre a bet3651948 fixou o 16sobre a bet365agosto como Dia da Criança no Paraguai destacava a importânciasobre a bet365"fomentar por todos os meios a difusão e intensificação do sentimento nacionalista por meio das grandes memórias".
Sobre as crianças especificamente, destacava que elas deveriam ser educadas com base no patriotismo.
"Há trabalhos escolares escritos depoissobre a bet3651948, por exemplo,sobre a bet365que se vê um garoto assistindo a um desfile militar e falando para o pai: 'Papai, quero ser soldado'. Ao que ele responde: 'Você já é um soldado'."
Um século e meio depois, o monumento inaugurado neste 16sobre a bet365agosto pelo presidente Mario Abdo Benítez é, segundo a Secretaria Nacionalsobre a bet365Cultura, "em honra aos heróis da pátria, os meninos mártiressobre a bet365Acosta Ñu".
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