Rebeliãosite bet nacionalManaus: a disputa internasite bet nacionalfacção criminosa que levou ao massacresite bet nacionalpresídios:site bet nacional
De acordo com o governo, presos ligados a João Pinto Carioca, o João Branco, teriam atacado detentos próximos a Zé Roberto da Compensa. Os dois eram considerados os principais comandantes da quadrilha.
A FDN é tida como a terceira maior facção criminosa do país, atrás do paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) e do carioca Comando Vermelho (CV).
Ela foi criadasite bet nacional2006 para conter a tentativa do PCCsite bet nacionalcontrolar o comérciosite bet nacionaldrogas na Região Norte.
Para o tráfico, a área é estratégica por dois motivos: serve como escoamentosite bet nacionaldrogas para a Europa e é uma rotasite bet nacionaltransportesite bet nacionaldrogas produzidassite bet nacionalpaíses vizinhos, como Colômbia e Peru.
O crescimento desse mercadosite bet nacionalManaus fortaleceu a FDN e a fez buscar novas formassite bet nacionalorganização e poder.
Raízes da disputa
Os integrantes perceberam issosite bet nacional2006, quando presos perigosos foram transferidossite bet nacionalManaus para presídios federais, onde conheceram as liderançassite bet nacionaloutras facções. Quando voltaram para a capital amazonense, criaram a FDN para se contrapor à presença do PCC na região.
Segundo Ítalo Lima, pesquisador do Laboratóriosite bet nacionalEstudos da Violência UFC e estudioso da história da FDN, a sigla inicialmente foi formada por grandes traficantes que já atuavam na região e outros criminosos tidos como perigosos.
Hoje, ela tem forte influência na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, onde agencia produtores e as chamadas "mulas" para transportar a droga para o Brasil.
Em novembrosite bet nacional2015, o grupo foi o alvo da Operação La Muralha, da Polícia Federal. Descobriu-se que a quadrilha movimentava milhõessite bet nacionalreais transportando drogas pelo rio Solimões e seus afluentes.
Parte desses carregamentos abastece outros Estados do Norte e do Nordeste - depois, a droga é vendida nas rua por outras quadrilhas.
"As mulas são o elo mais fraco dessa cadeia", diz Luiz Fábio Paiva, professorsite bet nacionalsociologia e pesquisador do Laboratóriosite bet nacionalEstudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC). "Normalmente são eles as pessoas presas, apresentadas como grandes traficantes, mas altamente descartáveis para a facção."
Por outro lado, depois da descoberta da rota pelo Solimões, a facção diversificou suas formassite bet nacionaltransportar a mercadoria, segundo Paiva. "A gente verifica que essas rotas são alteradas e adaptadas à medida que são descobertas pela polícia", diz.
Além do Amazonas e outros Estados do Norte, a FDN também atua no Ceará, emborasite bet nacionalinfluência tenha diminuído nos últimos meses, segundo especialistassite bet nacionalsegurança pública.
Consórcio do crime
Em janeirosite bet nacional2017, a Família do Norte protagonizou o primeirosite bet nacionaluma sériesite bet nacionalmassacressite bet nacionalpresídios da região. Ao menos 56 presos ligados ao PCC foram mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj),site bet nacionalManaus. Os mortos eram ligados ao PCC e foram assassinados por membros da FDN.
Dias depois,site bet nacionalNísia Floresta, região metropolitanasite bet nacionalNatal, veio a vingança: ao menos 26 detentos da facção potiguar Sindicato do Crime foram assassinados por integrantes do PCC.
O Sindicato do Crime era aliado da Família da Nortesite bet nacionaluma espéciesite bet nacionalconsórciosite bet nacionalfacções contrárias à atuação do PCC. No grupo, além da FDN e dos potiguares, estavam a paraibana Okaida e o Comando Vermelho, do Riosite bet nacionalJaneiro.
Desde o início da década passada, o PCC decidiu expandirsite bet nacionaláreasite bet nacionalatuação e passou a fornecer drogas no atacado para grupos menores venderem nas capitais. A sigla já foi aliada do Comando Vermelho, mas,site bet nacionalalgum momento entre 2015 e 2016, essa parceria se tornou rivalidade. Os massacres nos presídios ocorreram depois dessa cisão.
Posteriormente, o consórcio do Comando Vermelho com grupos do Norte e do Nordeste funcionou como alternativa à atuação dos paulistas no atacado da droga.
Além da disputa pelo controle do tráfico, as facções locais também cresceramsite bet nacionaloposição às regrassite bet nacionalcondutas ditadas pelo PCC para os próprios integrantes.
Na Paraíba, por exemplo, um dos motores do crescimento da Okaida foisite bet nacionalpolíticasite bet nacionalfiliar menoressite bet nacionalidade - o PCC evita "batizá-los", segundo agentessite bet nacionalsegurança. No Rio Grande do Norte, o Sindicato do Crime surgiu depois que criminosos questionaram a obrigação do PCC localsite bet nacionalsubmeter decisões a chefessite bet nacionalSão Paulo.
Alianças frágeis
Já no Amazonas, aparentemente, a aliança entre FDN e Comando Vermelho também se rompeu nos últimos meses, segundo declarações recentes do próprio governo.
"Hoje,site bet nacionalManaus, há uma disputa violenta entre Comando Vermelho e Família do Norte pelo controlesite bet nacionalalguns bairros", explica o sociólogo Ítalo Lima.
"Essas alianças são tramas que existem há décadas, mas são muito frágeis. Em questãosite bet nacionalmeses, há uma reviravolta e toda a configuração das facções se altera", diz Lima.
O massacre dessa semanasite bet nacionalunidades prisionais ocorre supostamente por uma nova ruptura, dessa vez dentro da própria FDN.
"Essa nova configuração da Família do Norte, que está sendo gestada nesse momento, pode ter repercussão nas ruassite bet nacionalManaus e provavelmentesite bet nacionaloutros Estados", diz Lima.
Presídios lotados
Além da violência nas ruas, os conflitos entre as facções ocorremsite bet nacionalpresídios superlotados, onde há denúnciassite bet nacionalinsalubridade e violaçõessite bet nacionaldireitos humanos.
Segundo o Levantamento Nacionalsite bet nacionalInformações Penitenciárias (Infopen), as prisões do Amazonas são as mais lotadas do país.
No levantamento mais recente divulgado, com dados relativos a 2016, o Estado tinha uma população carceráriasite bet nacional11.390 pessoas para apenas 2.554 vagas - uma taxasite bet nacionalocupaçãosite bet nacional484%.
Desse total, 64% eram presos provisórios - ou seja, eles sequer haviam sido julgados.
Para Bruno Paes Manso, pesquisador do Núcleosite bet nacionalEstudos da Violência da USP e um dos autores do livro A Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil (Ed. Todavia), a superlotação dos presídios ajudou as facções.
"Basta ver como o crime passou a ver os presídios como estratégicos", explica. "Quando o presídio é lotado, não tem funcionários suficientes, comida e condições mínimas para manter os presos, os próprios detentos passam a se autogerenciar e a criar lideranças. A superlotação foi fundamental para o crescimento das facções", diz.
Nesta terça, o Ministério Público do Amazonas fez 23 recomendações "urgentes" ao governo estadual para tratar a crise prisional, entre elas a transferênciasite bet nacionalpresos, melhorias estruturais das casassite bet nacionaldetenção, controle usando drones no entorno dos presídios e intensificaçãosite bet nacionalrevistas.
O que diz o governo
Segundo o governo do Amazonas, os mandantes do massacre já foram identificados e serão levados para presídios federais.
Como resposta às ocorrências, o governo afirmou que vai "adotar medidas disciplinares nos presídios".
O governosite bet nacionalWilson Lima destacou também o envio da Força-tarefasite bet nacionalIntervenção Penitenciária, resultadosite bet nacionaluma conversa com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e reflexosite bet nacional"um problema que é nacional: o dos presídios",site bet nacionalacordo com uma nota enviada à imprensa.
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