Bolsonaro tem condiçõessuper top 3 betadotar uma política externa agressiva à la Trump?:super top 3 bet

Trump e Bolsonaro

Crédito, AFP

Legenda da foto, O presidente eleito, Jair Bolsonaro, imita alguns passossuper top 3 betTrump na política externa, mas o Brasil tem esse espaçosuper top 3 betmanobra?

"O povo brasileiro parece ser autêntica e profundamente nacionalista e, desse modo, o Brasil não teria por que sentir-se desconfortável diantesuper top 3 betum projetosuper top 3 betrecuperação da alma do Ocidente a partir do sentimento nacional."

Mas será que o Brasil tem condições para bancar uma política externa ao estilo da adotada pelos Estados Unidos? Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil dizem acreditar que o Brasil teria mais a perder do que a ganhar, pois faltam ao país o peso diplomático e o podersuper top 3 betbarganha internacional dos EUA. "Nós não temos como bancar isso. Os Estados Unidos ainda são uma potência política, econômica e militar, ao contrário do Brasil", diz Elga Lessa, professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e do Programasuper top 3 betPós-graduaçãosuper top 3 betRelações Internacionais da Universidade Federal da Bahia.

O riscosuper top 3 betretaliações

O que,super top 3 betfato, difere na adoçãosuper top 3 betpolíticas consideradas mais agressivas pelos Estados Unidos e pelo Brasil?

A principal é que o Brasil pode sofrer retaliações - e perder com isso.

Segundo Elaini Cristina Gonzaga da Silva, professora do Departamentosuper top 3 betRelações Internacionais da PUC-SP, os países fazem uma espéciesuper top 3 betcálculo para verificar o quanto perdem se cortarem ou deteriorarem relações com outro.

O cálculo levasuper top 3 betconta, principalmente, o poder comercial, que é o quanto um país depende da exportação para outro e qual é o impacto que o país sentirá se pararsuper top 3 betimportar daquele país, o chamado podersuper top 3 betbarganha; e o poder financeiro, medido pela quantidadesuper top 3 betdívidas públicas e privadas com determinado país. É preciso considerar, por exemplo, o volumesuper top 3 betempréstimos concedidos por bancos locais para agentes no exterior e vice-versa.

Também considera o poderio militar - embora, como ela ressalta, não seja o principal elemento a ser levadosuper top 3 betconta, já que hojesuper top 3 betdia "o uso da força para negociar" não é tão valorizado na diplomacia.

Presidente eleito Jair Bolsonarosuper top 3 betuma sessão no Congressosuper top 3 betBrasília

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Depois que Bolsonaro anunciou a possibilidadesuper top 3 betmudar a embaixada, Egito cancelou uma visita do ministrosuper top 3 betRelações Exteriores brasileiro ao país

"O Brasil não tem o podersuper top 3 betse projetar militar e economicamente. Só tem vontade - e isso tem suas limitações", diz Peter Kingstone, professor do Departamentosuper top 3 betDesenvolvimento Internacional do King's Collegesuper top 3 betLondres.

Perde-se muito menos rompendo com o Brasil, porque o país não tem poder político, econômico e militar tão imprescindíveis, do que rompendo com os Estados Unidos.

"Todos os países dependemsuper top 3 betalguma maneira ou outra dos Estados Unidos", diz o cientista político Oliver Stuenkel, professorsuper top 3 betRelações Internacionais na Fundação Getúlio Vargas (FGV).

"O Brasil pagará um custo muito maior sesuper top 3 betfato implementar uma política externa parecida com a dos Estados Unidos. Se um país avaliar que a atuação brasileira tem impacto negativo para seus interesses, o custosuper top 3 betse afastar do Brasil é muito menor do que se afastar dos Estados Unidos."

Por isso, diz Silva, da PUC, "uma coisa é os Estados Unidos mudarem a embaixadasuper top 3 betlugar, outra coisa é o Brasil". "Os países que eventualmente vão reagir à mudançasuper top 3 betembaixada do Brasil vão ter muito menos impacto econômico, político e militar com uma disputa com o Brasil do que teriam com os Estados Unidos."

Moderação

Após críticas, Bolsonaro deu sinaissuper top 3 betque as propostas apresentadas durante a campanha não estão tão definidas assim, indicando que pode haver certa moderação quando as medidas forem postassuper top 3 betprática.

Sobre a mudançasuper top 3 betembaixada para Jerusalém, umasuper top 3 betsuas promessassuper top 3 betcampanha, disse na semana passada que "não está decidida ainda". Sua declaração foi feita após o Egito cancelar um compromisso diplomático com o Brasil.

Bolsonaro também havia criticado os investimentos chineses no Brasil. Ele chegou a dizer que a China não estaria comprando do Brasil e sim comprando o Brasil. Na semana retrasada, no entanto, disse: "pode ter certeza que o nosso comércio pode ser até ampliado". A China é o principal parceiro comercial do Brasil.

Segundo Kingstone, as medidas anunciadas por Bolsonaro "certamente indicam que ele quer promover grandes mudanças", mas seus recuos não deixam claro o que ele vai fazer exatamente. "Minha preocupação é a seguinte: quem é errático durante a campanha normalmente também é errático durante a gestão."

Para Elga Lessa, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, as medidas que o presidente eleito quer promover pode "encontrar resistência dentro do Itamaraty".

Bandeiras brasileira e israelense na Embaixada do Brasilsuper top 3 betTel Aviv

Crédito, AFP

Legenda da foto, Aproximação também é vista como aceno a eleitorado evangélico, que é pró-Israel

O exemplo do efeito do discurso sobre a carne halal

Se não houve retaliaçãosuper top 3 betrelação à mudança da embaixada conduzida pelos Estados Unidossuper top 3 betIsrael, o anúnciosuper top 3 betuma ação espelhada do Brasil já trouxe reação.

"A reação do Egito à decisãosuper top 3 betTrump foi muito diferente à reação ao anúncio brasileiro. Não há nenhum país do mundo que consiga articularsuper top 3 betpolítica externa independentemente dos Estados Unidos", afirma Stuenkel.

"Todos têm que falar com o Trump, mesmo se não quiserem", diz Kingstone. "O Brasil pode pagar um preço mais alto."

O que uma possível repreensão dos países árabes poderia causar? Pode gerar impacto, principalmente,super top 3 betuma questão comercial: a exportaçãosuper top 3 betcarne brasileira.

Isso porque o Brasil é líder na exportaçãosuper top 3 betcarne halal no mundo. Muçulmanos comem carne preparadas a partirsuper top 3 betuma técnica sagradasuper top 3 betabate, o "halal", descrito no Alcorão.

Dados da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadorassuper top 3 betCarnes) mostram que as exportaçõessuper top 3 betcarne halal corresponderam a 29% do total das exportações brasileirassuper top 3 betcarne bovinasuper top 3 betjaneiro a setembrosuper top 3 bet2018, por exemplo.

A exportação a países árabes nesse período correspondeu a US$ 769 milhões. Esuper top 3 betfrango halal, ainda mais: segundo a ABPA (Associação Brasileirasuper top 3 betProteína Animal), o valor com a exportação chegou a US$ 2 bilhões nesse período. Em 2017, um totalsuper top 3 betUS$ 3,2 bilhões.

Bandeirasuper top 3 betIsraelsuper top 3 betJerusalém

Crédito, AFP

Legenda da foto, Quase um terço das exportaçõessuper top 3 betcarne do Brasil é para países árabes, negócio que pode ser comprometido pelo alinhamento com Israel na questão sobre Jerusalém

Buscar parceriassuper top 3 betblocos, e menos bilateralismo

Não poder se portar como os Estados Unidos, no entanto, não significa que o Brasil não tenha como se projetar no cenário internacional.

O país tem uma tradiçãosuper top 3 bet"não focarsuper top 3 betrupturas", diz Elga Lessa, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, e "depende muito do sistema multilateral", segundo Stuenkel.

Significa que tem buscado, por meiosuper top 3 betsua política externa, atuarsuper top 3 betbloco com outros países, e não por meiosuper top 3 betnegociações bilaterais. "Individualmente, o Brasil tem menos força do quesuper top 3 betconjunto - foi isso que levou à criação do Mercosul. Não uma aproximação ideológica, mas por uma tentativasuper top 3 betotimizar os esforços e usar o bloco como uma plataformasuper top 3 betnegociação com outros atores", diz Silva, da PUC.

Para entender o podersuper top 3 betnegociaçãosuper top 3 betcada país, a professora também diz que é preciso pensar nas diferentes categoriassuper top 3 betpaíses: os desenvolvidos, "que são o motorsuper top 3 betdesenvolvimento do sistema internacional", e ossuper top 3 betdesenvolvimento, "que dependem e respondem às demandas dos desenvolvidos" ou potências e potências emergentes - nomenclaturas que surgiram nos anos 1990.

"Nem todos têm as mesmas possibilidadessuper top 3 betinfluenciar o sistema", afirma. O Brasil, "historicamente um paíssuper top 3 betdesenvolvimento", segundo ela, segue uma política externa condizente comsuper top 3 betposição nesse espectro. "O Brasil não é os Estados Unidos e o Brasil não é o Paraguai."

O principal poder brasileiro, na opinião da professora da PUC, é o "soft power" - habilidadesuper top 3 betum paíssuper top 3 betinfluenciar a política externa por meios culturais ou ideológicos.

Então, o que o Brasil pode fazer?

"A política externa do Brasilsuper top 3 betseu melhor momento é quando o país trabalhasuper top 3 betsilêncio com outros países. Seu 'espaçosuper top 3 betmanobra' é o fatosuper top 3 betque todo mundo gosta do Brasil", afirma Kingstone.

Para ele, o Brasil já mostrou diversas vezes, sob os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que exerce um certo poder regional, mas sem uma "mão pesada".

Agora, emsuper top 3 betvisão, o Brasil se sairia bem se liderasse um esforço regional - até, possivelmente, ao lado dos Estados Unidos - para ajudar a Venezuela emsuper top 3 betcrise humanitária, pressionando o governo para uma saída democratizante.

Kingstone dá razão a Bolsonaro nas críticas que o presidente eleito faz ao PT: "A política externa do Brasil, nessa frente, foi hipócrita. Não dá para dizer que quer abraçar os direitos humanos e a democracia e depois dizer que é amigo da Venezuela,super top 3 betCuba, do Irã".

E havia "conotação ideológica", como critica Bolsonaro, na política externa conduzida pelo PT? "Toda política externa é ideológica", responde Stuenkel. "A críticasuper top 3 betque política externa é ideológica existesuper top 3 bettodos os governos."

Kingstone lembra que a política externa é uma das áreas onde presidentes brasileiros têm maior podersuper top 3 betatuar sem se submeter a aprovação legislativa e, portanto, onde é possível fazer grandes mudanças.

A questão é entender para que lado o Brasil vai pender na política externa, já que Bolsonaro já recuousuper top 3 betdeclarações e também porque a política externa tende a refletir a política econômica - e Bolsonaro deu declarações tanto nacionalistas quanto no sentido contrário, falandosuper top 3 betabertura econômica.

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