Eleições 2018: Os desafios do próximo governo nas relações com a China:banca alta blaze
Para ele, as disputas políticas no Brasil fizeram ressurgir "narrativas ideológicas que dominaram o cenário político do século 20, quando acreditava-se que democracia e capitalismo eram duas faces da mesma moeda".
De um lado, "um viés ideológico anticomunista que permeia o pensamento da direita brasileira"; no outro, "há um desconforto gerado a partirbanca alta blazeum ativismobanca alta blazetorno das agendasbanca alta blazedefesa dos direitos humanos e da democracia".
Otavio Costa Miranda, pesquisador da Tsinghua School of Public Policy and Management,banca alta blazePequim, reforça que qualquer governante precisa terbanca alta blazemente os objetivos estratégicos brasileiros frente a interesses estratégicos não apenas da China, comobanca alta blazeoutros países do mundo. "Combater comunistas, certamente, não deveria ser um objetivo estratégico do governo brasileirobanca alta blazerelação a suas relações com o mundo. Garantir a não interferênciabanca alta blazeassuntos domésticos, o bem-estar da população, o sucesso econômico do empresariado, taxas mais favoráveis a produtos brasileiros exportados, sim".
"A retórica anti-China é um tiro no pé do Brasil, uma atitude contrária aos interesses brasileiros", opina Carvalho.
Contenção
O país é o mais importante mercado para produtos brasileiros e, por isso, tem papel determinante na balança comercial nacional. O investimento chinês no Brasilbanca alta blaze2017 atingiu o ponto mais alto dos últimos 7 anos. De janeiro a setembrobanca alta blaze2018, as exportações brasileiras para a China somaram cerca US$ 47 bilhões, mais do que o dobro das vendas para os EUA.
Manuel Netto, economista e consultorbanca alta blazeHong Kong, conta que tem recebido perguntasbanca alta blazeempresas chinesas sobre a corrida presidencial. "Brasil tem relação comercial superavitária com a China, é difícil criar desavença com um 'bom cliente'", afirma.
Para Costa Miranda, "a intensidade e a velocidade com que empresas estatais e privadasbanca alta blazesetores estratégicos brasileiros foram adquiridas por investidores chineses é a principal razão pela qual eclodiu um esperado susto e sentimentobanca alta blazetemor no debate atual".
Ele pondera que as compras se dão dentro das regras brasileiras, mas o Brasil "está mais exposto". A agenda comercial é pouco diversificada, se resume basicamente a produtosbanca alta blazebaixo valor agregado, como soja, carne e minérios.
Sem uma estratégia clarabanca alta blazecooperação, o Brasil perde oportunidades. "A China possui o maior e mais dinâmico mercado do mundo, onde nossas marcas, produtos e cultura beiram a nulidade", ressalta.
"Quanto mais a influência da China crescer globalmente, maiores serão as resistências", afirma José Medeiros, cientista político e professor da Universidadebanca alta blazeEstudos Internacionaisbanca alta blazeZhejiang,banca alta blazeHangzhou, China.
Disputa EUA x China
Críticas à China também marcaram a campanhabanca alta blazeDonald Trump à Presidência americana e hoje são panobanca alta blazefundo da disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Para Medeiros, Trump tem uma estratégia definidabanca alta blazeenfrentamento que tensiona o sistema internacional como um todo. Caso o americano seja reeleito, Medeiros acredita que o próximo presidente do Brasil terábanca alta blazelidar com "um cenário muito mais delicado que o atual, tanto no plano político, quanto econômico".
Costa Miranda argumenta que Trump pressiona o governo chinês com o objetobanca alta blazereequilibrar a balança comercial, reduzindo o déficit americano, mas "a retórica anticomunista ou questionando a legitimidade do governo chinês não fazem parte do repertório".
"Em nenhum momento se vê a China construindo parceria com o Brasilbanca alta blazetermos ideológicos. Aprofundar relações com os chineses não significa rejeitar relações com os americanos. O Brasil tem que manter boas relações com as duas maiores economias do mundo. Não podemos esquecer que os EUA e países europeus não abrem mãobanca alta blazeinvestir e aprofundar relações comerciais com a China", opina Carvalho.
Bolsonaro
A política externa aparece como o último item das 81 páginas do planobanca alta blazegoverno do candidato da direita. O foco é estimular o comércio exterior e reforçar acordos bilaterais.
Sem mencionar nenhum governo específico ou ameaça concreta, o texto falabanca alta blaze"deixarbanca alta blazelouvar ditaduras assassinas" e afirma que não irá entregar "o patrimônio do povo brasileiro para ditadores internacionais".
O candidato do PSL já declarou que a "China está comprando o Brasil" e prometeu "reorientar o eixobanca alta blazeparcerias" rumo a uma reaproximação dos americanos.
"Bolsonaro ainda não expressou com clarezabanca alta blazeestratégiabanca alta blazerelação à China e aos fóruns multilaterais que ambos os países fazem parte. Caso busque replicar a estratégiabanca alta blazeTrump, corre o riscobanca alta blazeenfrentar retaliações internacionais e domésticas, alémbanca alta blazeseu alcance. Politicamente, parlamentares ruralistas são os maiores beneficiados pela galopante demanda chinesa por soja brasileira", sinaliza Costa Miranda.
"A retórica anti-China presente na campanhabanca alta blazeBolsonaro se baseiabanca alta blazepremissas ultrapassadas. A própria China, desde o final dos anos 70, abandonou uma política externa orientada pela ideologia e a substituiu por uma pragmática, voltada para resultados e, sobretudo, para o desenvolvimento econômico do país", opina Carvalho.
O históricobanca alta blazedeclarações contrárias ao grande comprador dos grãos brasileiros não afastou à adesão do agronegócio - o setor mais forte nas relações comerciais sino-brasileiras - abanca alta blazecandidatura, apoio que pode ter levado a uma mudançabanca alta blazetom: a preocupação com o interessebanca alta blazePequim por recursos naturais deu lugar ao elogiobanca alta blaze"parceiro excepcional".
Independentementebanca alta blazequem se torne o próximo presidente brasileiro, Medeiros, que é pesquisador na China há 11 anos, acredita que as relações bilaterais dificilmente vão sofrer um redirecionamento brusco. "Mais do que retórica, será a orientação prática que definirá o futuro. A China tem evitado sempre a confrontação e buscado pontosbanca alta blazeconvergências entre os mais diversos atores da política internacional".
Questãobanca alta blazeTaiwan
Em um tour pela Ásia no primeiro trimestre desse ano, o candidato do PSL disse que viagens por Israel, EUA, Japão, Coreia do Sul e Taiwan "demonstrambanca alta blazequem queremos nos aproximar".
Acompanhadobanca alta blazeseus três filhos e do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), ele viajou pelo continente asiático passando por Taiwan, mas deixando a China fora do roteiro.
O episódio teve consequências. A Embaixada da República Popular da China no Brasil enviou uma carta para a Executiva Nacional dos Democratas afirmando que a visita da comitiva parlamentar causou "profunda preocupação e indignação" e foi uma "afronta à soberania e integridade territorial da China".
O reconhecimento da políticabanca alta blaze"Uma só China", que entende que Taiwan é território chinês, é para Pequim uma condição para a manutenção das relações diplomáticas. O Brasil não reconhece Taiwan como governo soberano desde os anos 70.
Taiwan aparece quatro vezes no programabanca alta blazegovernobanca alta blazeBolsonaro e é citada como referênciabanca alta blazeáreas onde a China se destaca, como na criaçãobanca alta blazepolos tecnológicos e gestãobanca alta blazeportos.
Costa Miranda avalia que "ao propor esse tipobanca alta blazeengajamento com Taiwan, as consequências poderão ser múltiplas, na medidabanca alta blazeque para a China esse padrãobanca alta blazeinterferência é inadmissível".
Medeiros alerta que "caso algum presidente, do Brasil oubanca alta blazequalquer país, venha a flertar com Taiwan, reconhecendo-o como um país, as consequências tanto políticas como econômicas serão incomensuráveis".
Haddad
No planobanca alta blazegoverno do candidato petista, a política externa aparece no primeiro item. O documento fala da "retomadabanca alta blazeuma atitude proativa no plano internacional" e do resgate da diplomacia dos governos Lula, dando ênfase à integração regional e à cooperação Sul-Sul.
O programabanca alta blazeHaddad promete fortalecer o Itamaraty, resgatar a Politica Nacionalbanca alta blazeDefesa (PND) e expandir acordos para além da cooperação comercial, contemplando outros setores, como saúde, educação e segurança alimentar.
Nos anos Lula as relações sino-brasileiras ganharam fôlego, graças ao Brics. Neste mês, a agênciabanca alta blazenotícias chinesa Xinhua publicou uma matéria sobre a intençãobanca alta blazeHaddadbanca alta blazereforçar esse mecanismo multilateral e o Novo Bancobanca alta blazeDesenvolvimento (NBD).
"O Brics ajuda, cria um vínculo, mas o discurso da vez na China é o 'Um Cinto, Uma Estrada' (Belt and Road Initiative). É a marca da administração do presidente Xi Jinping e as empresas chinesas seguem essa orientação do partido", aponta Netto.
Para Carvalho, o Brics, que agora perde importância política, introduziram o Brasilbanca alta blazeforma assertiva no contexto asiático. "Paradoxalmente, o Brasil nunca desenvolveu uma relação bilateral com a Chinabanca alta blazemodo estruturado e com uma inteligência nacional mobilizada. Mesmo o PT não construiu nenhuma relaçãobanca alta blazeefetiva compreensão mútua da realidade chinesa", diz.
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