Eleições 2018: Haddad é petista com menor apoio no Nordeste desde 2002, mostram pesquisas:afun casa de apostas

Fernando Haddad no canto interior direito, ao fundo um enorme cartaz com as fotosafun casa de apostasHaddad e Lula

Crédito, EPA

Legenda da foto, O candidato petista tem 43% no Nordeste,afun casa de apostasvotos válidos. É um apoio menor do que Dilma e Lula tiveram na região.

Em 2014, na reeleiçãoafun casa de apostasDilma Rousseff, a petista teve 60% dos votos válidos na região. Em 2010, 62%. Na reeleiçãoafun casa de apostasLula,afun casa de apostas2006, foram 67%.

A intençãoafun casa de apostasvotoafun casa de apostasHaddad no Nordeste é menor até que a registrada por Lula emafun casa de apostasprimeira eleição,afun casa de apostas2002: 46%. Naquele ano, o mapa eleitoral do Brasil ainda não estava tão dividido, com a votaçãoafun casa de apostasLula ficando na casa dos 40%afun casa de apostastodas as regiões do país.

Sóafun casa de apostas1998 o apoio a um presidenciável do PT no Nordesteafun casa de apostasprimeiro turno foi mais baixo. Na disputa contra Fernando Henrique Cardoso, Lula teve 32% dos votos válidos na região. O opositor se reelegeuafun casa de apostasprimeiro turno.

"O aumento das dificuldades do PT, inclusive no Nordeste, onde historicamente os candidatos lulistas têm maior apoio, tem a ver com rejeição elevada ao governo Dilma Rousseff e ao próprio PT. Seja na questão econômica, seja com relação à corrupção", afirma o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria.

Ainda assim, os 36%afun casa de apostasintençãoafun casa de apostasvoto no Nordeste fazem Haddad liderar com folga na região. Enquanto o petista oscilou dois pontos para baixo no Nordeste, seu adversário mais próximo, Jair Bolsonaro (PSL) subiu quatro pontos e chegou a 20%. Ciro Gomes (PDT),afun casa de apostasterceiro lugar na região, caiu três e tem 14%.

Dessa forma, mesmo com uma possível reduçãoafun casa de apostasvotos, o candidato do PT ainda deve ser o mais votado no primeiro turno na região.

A BBC News Brasil analisou os dados das pesquisas divulgadas esta semana e mostra abaixo esse e outros destaques.

Fernando Haddadafun casa de apostasevento políticoafun casa de apostasSalvador, no finalafun casa de apostasagosto, quando ainda era vice na chapaafun casa de apostasLula

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, Fernando Haddadafun casa de apostasevento políticoafun casa de apostasSalvador, no finalafun casa de apostasagosto, quando ainda era vice na chapaafun casa de apostasLula

1) Haddad tem baixo apoio no Nordeste se comparado com Lula e Dilma

Em agosto, antes da candidaturaafun casa de apostasLula ser barrada pela Lei da Ficha Limpa, o ex-presidente tinha 71% dos votos válidos no Nordeste, segundo pesquisa Ibope da época. Era um patamar mais alto do que qualquer candidato petista já registrou na região.

De olho nesse apoio, o PT investiu no discursoafun casa de apostasque "Lula é Haddad, Haddad é Lula", para transferir os votosafun casa de apostasum para outro. Mas essa campanha pode ter chegado a um limite.

Além da oscilação negativa na pesquisa estimulada, Haddad caiu ainda mais na pesquisa espontânea, aquelaafun casa de apostasque o entrevistador não mostra a listaafun casa de apostascandidatos e espera a resposta que o eleitor tem na ponta da língua: foiafun casa de apostas30% para 25%. Enquanto isso, Bolsonaro subiuafun casa de apostas14% para 17% na espontânea no Nordeste.

"O potencialafun casa de apostastransferênciaafun casa de apostasvotosafun casa de apostasLula no Nordeste é menor do que nas eleições anteriores. A mensagemafun casa de apostasque 'Haddad é Lula' tem limites evidentes. Do pontoafun casa de apostasvista da biografia, Haddad não poderia ser mais distintoafun casa de apostasLula - pelo localafun casa de apostasnascimento, trajetória educacional e política", afirma Cortez.

2) Em todo o Brasil, Haddad fica estável

As pesquisas também indicam que a candidaturaafun casa de apostasHaddad pode ter entradoafun casa de apostasum novo momento no Brasil todo. No resultado nacional,afun casa de apostascercaafun casa de apostasum mês, o petista havia disparadoafun casa de apostas4% para 22%,afun casa de apostasacordo com o Ibope. Já nas três pesquisas seguintes, oscilou dentro da margemafun casa de apostaserro: 21%, 21%afun casa de apostasnovo e agora 23%.

O Ibope traz outro indicativoafun casa de apostasque a trajetóriaafun casa de apostasalto crescimentoafun casa de apostasHaddad pode estar perto do limite. Uma das perguntas feitas pelo instituto é: sendo Haddad o candidato apoiado por Lula, você votaria nele?

Em 25afun casa de apostassetembro, 26% diziam que votariam com certezaafun casa de apostasHaddad. Eram 4 pontos a mais do que a intençãoafun casa de apostasvoto no candidato, o que apontava que ele tinha mais alguns pontos para subir sem muita dificuldade. Mas na pesquisa Ibope divulgada na segunda-feira, esse percentual caiuafun casa de apostas26% para 22%. O novo número é praticamente equivalente à intençãoafun casa de apostasvoto atual do candidato.

"Esse quadroafun casa de apostasestagnação do Haddad mostra um possível teto tanto da transferênciaafun casa de apostasvotosafun casa de apostasLula, como da própria expressão políticaafun casa de apostasHaddad", avalia a cientista política Magna Inácio, professora da Universidade Federalafun casa de apostasMinas Gerais (UFMG).

A principal explicação, diz Magna, é que "Haddad herdou parte dos votos do Lula, mas herdou também a rejeição e o antipetismo".

"Certamente, Haddad não chegaria aos mesmos patamaresafun casa de apostasLula. Mas havia uma expectativaafun casa de apostasque pudesse aglutinar mais a esquerda e crescer. O próprio PT esperava que, nessa semana, Haddad viesse a crescer e superar Bolsonaro. A estagnaçãoafun casa de apostasHaddad mostra a dificuldade da campanha petistaafun casa de apostaslidar com a radicalização à direita, que aumenta o antipetismo", completa.

Bolsonaro no hospital

Crédito, Reprodução Twitter Flávio Bolsonaro

Legenda da foto, Bolsonaro continua se recuperando do atentado a faca que sofreuafun casa de apostas6afun casa de apostassetembro e não vai participar do último debate na TV no primeiro turno

2) Bolsonaro cresce no Nordeste e entre eleitoresafun casa de apostasbaixa renda

Até a semana passada, o perfilafun casa de apostaseleitoresafun casa de apostasBolsonaro e Haddad era oposto: enquanto Bolsonaro liderava com folga entre quem tinha maior renda, maior escolaridade e nas regiões Sudeste e Sul, Haddad subia cada vez mais entre os mais pobres,afun casa de apostasbaixa escolaridade e no Nordeste. Pesquisa após pesquisa, essa diferença aumentava.

Já essa semana, algo mudou nessa equação. Bolsonaro continuou crescendo no seu principal perfilafun casa de apostaseleitor, mas também avançou muito nos grupos onde Haddad se sai melhor.

No Datafolha divulgado na terça-feira, Bolsonaro cresceu 9 pontos no Sul, enquanto Haddad oscilou um ponto para baixo. Já no Nordeste, Bolsonaro cresceu 4 pontos e Haddad desceu 2.

Entre os mais ricos, Bolsonaro cresceu 7 pontos e Haddad perdeu 4. Entre os mais pobres, Bolsonaro subiu três e Haddad não saiu do lugar.

"O que vimos nas últimas pesquisas é que há um aumentoafun casa de apostasrejeição nesses segmentos ao Haddad. Isso pode significar um deslocamento desse eleitor, que passa a ficar mais disponível à campanhaafun casa de apostasBolsonaro", afirma Magna Inácio, da UFMG.

"Essa eleição é muito atípica e o eleitor vai se movimentar até o dia da eleição. Comoafun casa de apostas2014, quando maisafun casa de apostasum quinto dos eleitores definiram a escolha para presidente nos últimos dias antes da eleição", lembra Magna.

Camisetaafun casa de apostasBolsonaro penduradaafun casa de apostasvaral, ao ladoafun casa de apostasbandeiras do Brasil

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Aumentoafun casa de apostasrejeiçãoafun casa de apostasHaddad pode ter ajudado a levar mais eleitores para o polo oposto,afun casa de apostasJair Bolsonaro

3) Um terço dos eleitores não cita nenhum candidato na pesquisa espontânea

Em quem você pretende votar para presidente? Diante dessa pergunta, um terço dos brasileiros ainda não tem um nome para apontar, mesmo faltando menosafun casa de apostasuma semana para as eleições. Segundo a pesquisa Ibope divulgada na segunda-feira, 14% dizem que votam branco ou nulo e outros 19% não sabem, totalizando 33%.

Essa pergunta é a primeira a ser feita por Ibope e Datafolha. Jáafun casa de apostasseguida, os entrevistadores dos institutos repetem a questão, apresentando um cartão com o nome dos candidatos. Confrontados com o cardápio eleitoral, o númeroafun casa de apostaseleitores sem candidato cai para 17%.

A diferença entre as perguntas é que a primeira capta o desejo espontâneo do eleitor. Por isso, é um termômetroafun casa de apostasquão certo ele está do seu voto. O fatoafun casa de apostashaver um terçoafun casa de apostasentrevistados que não citam ninguém aponta que ainda há espaço para mudançasafun casa de apostasúltima hora.

O percentualafun casa de apostaspessoas que não cita ninguém é maior entre gruposafun casa de apostasque o PT tradicionalmente vai melhor: 41% entre mais pobres, 40% entre menos escolarizados, 38% na periferia. Também é maior entre as mulheres: 39%. Os últimos diasafun casa de apostascampanha serão cruciais para esses grupos definirem seus votos.

"O eleitor ainda está observando o cenário eleitoral. Essa semana, a gente começa a ter as últimas definiçõesafun casa de apostasvoto", afirma Magna Inácio. Segundo a cientista política, outro fator para somar a essa balança é o alto númeroafun casa de apostaseleitoresafun casa de apostascandidaturas menos competitivas, como Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), que dizem que podem mudarafun casa de apostasvoto.

"Em conjunto, esses dois fatores podem gerar uma volatilidade na reta final das eleições. Mas não é uma volatividade que tende a migrarafun casa de apostaspolos - ou seja, o eleitor não vai saltarafun casa de apostasBolsonaro para Haddad", completa.

Candidatos a presidenteafun casa de apostasdebate organizado pelo SBT.

Crédito, EPA

Legenda da foto, Treze candidatos disputam o primeiro turno das eleições presidenciaisafun casa de apostas2018.

4) Definição no primeiro turno dependeafun casa de apostasuma sérieafun casa de apostasfatores

Segundo a pesquisa Ibope divulgada ontem, Bolsonaro tem 38% das intençõesafun casa de apostasvoto. É um percentual ainda distante do necessário para uma vitória no primeiro turno - 50% mais um. Além disso, é um patamar inferior ao registrado pelos candidatos que ocupavam a primeira colocaçãoafun casa de apostaseleições anteriores.

Assim, uma vitóriaafun casa de apostasprimeiro turno é, nesse momento, improvável. Uma sérieafun casa de apostasfatores teriamafun casa de apostasmudar até domingo para haver essa definição.

Em primeiro lugar, Bolsonaro teriaafun casa de apostascrescer mais. Além disso, para que a votação do candidato seja mais representativa, a quantidadeafun casa de apostasvotos válidos teriaafun casa de apostasser menor -afun casa de apostasoutras palavras, a taxaafun casa de apostasbrancos e nulos, que são excluídos dos votos válidos, teriaafun casa de apostassubirafun casa de apostasrelação a eleições anteriores.

Outro fator que poderia interferir seria uma alta abstenção entre eleitores que não votamafun casa de apostasBolsonaro. Isso também reduziria o totalafun casa de apostasvotos necessários para vencer a eleição.

5) Ciro e Alckmin mantêm patamar, dificultam voto útil e brigam pelo postoafun casa de apostas'terceira via'

Os candidatos do PDT e do PSDB ficaram ainda mais distantes dos dois primeiros colocados e têm hoje pouquíssima chanceafun casa de apostaschegar ao primeiro turno.

Por outro lado, ao contrárioafun casa de apostasMarina Silva (Rede), Ciro e Alckmin estão resistindo. Desde meadosafun casa de apostassetembro, eles não sobem, nem caem acima da margemafun casa de apostaserro. Juntos, eles têm entre 17% e 20% das intençõesafun casa de apostasvoto.

Com isso, os dois estão evitando uma subida maiorafun casa de apostasBolsonaro eafun casa de apostasHaddad. E, desta forma, contribuindo para levar a disputa para o segundo turno.

De olho nisso, a campanhaafun casa de apostasBolsonaro vem atacando Alckmin, pregando o voto útil no ex-capitão do Exército para derrotar o PT. Já Alckmin mantém uma acirrada campanha contra Bolsonaro (só interrompida temporariamente após o atentado sofrido pelo candidato do PSL), tentando evitar uma fuga ainda maiorafun casa de apostasvotos.

Símbolo do WhatsApp

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Os apoiadoresafun casa de apostasBolsonaro são os que mais usam WhatsApp, segundo Datafolha

6) Eleitorafun casa de apostasBolsonaro é o que mais usa WhatsApp para se informar sobre política

O Datafolha divulgado na terça-feira também perguntou se as pessoas usam redes sociais para ler sobre política e eleições. O resultado comprova que os apoiadoresafun casa de apostasBolsonaro são os que mais usam WhatsApp: 61%.

O ex-capitão do Exército conta com inúmeros gruposafun casa de apostasapoiadores no appafun casa de apostasconversas, muitas vezes sem nenhuma relação com a campanha oficial, dedicados a espalhar propaganda, coordenar ações, responder a críticas e atacar adversários. Desde julho, a BBC News Brasil está acompanhando alguns desses grupos.

Um dos maiores apoiadoresafun casa de apostasBolsonaro, Major Olímpio, candidato a senador por São Paulo, disse à Revista Piauí que estáafun casa de apostas897 gruposafun casa de apostasWhatsApp. Acrescentou que o mesmo ocorre com Bolsonaro e seus filhos. Segundo Olímpio,afun casa de apostaspoucos minutos, essa "rede Bolsonaro" consegue atingir 1 milhãoafun casa de apostaspessoas.

Já do lado rival, na campanha petista, os números são bem diferentes. Apenas 38% dos apoiadoresafun casa de apostasHaddad dizem usar o WhatsApp para se informar sobre política.

A greve dos caminhoneiros,afun casa de apostasjunho deste ano, já apontava que o WhatsApp seria extremamente importante nas eleiçõesafun casa de apostas2018. "A rede social das eleiçõesafun casa de apostas2018 vai ser o WhatsApp. Hoje, muito mais pessoas têm smartphones no Brasil do queafun casa de apostas2014", avaliou Maurício Moura, pesquisador da George Washington University, nos Estados Unidos,afun casa de apostasentrevista para a BBC News Brasilafun casa de apostasjunho.

7) Brasileiros se sentem inseguros e tristes

O Datafolha também perguntou qual é o sentimento dos eleitoresafun casa de apostasrelação ao Brasil. O resultado é uma nuvem pairando sobre o país: 88% estão inseguros, 79% estão tristes, 68% estão com raiva.

"Não me lembroafun casa de apostasoutro momento com tanto desencanto. Nem no auge da inflação, quando as pessoas também estavam temerosas com relação ao futuro. Mas seria surpreendente se fosse diferente. Com uma crise econômica desse tamanho, uma crise política que se arrasta desde 2014, problemasafun casa de apostassegurança agravados...", avalia Maria Herminia Tavares, professoraafun casa de apostasciência política da Universidadeafun casa de apostasSão Paulo (USP).

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