Eleições 2018: voto anti-PT; por segurança e pela família tradicional, o que pensam as mulheres que escolheram Bolsonaro:galera.bet cliente bloqueado

Essa diferença continua grande - metade das mulheres do país rejeita o militar da reserva -, mas as últimas pesquisas Ibope e Datafolha apontam que essa disparidade está diminuindo. O capitão subiu seis pontos percentuais entre elas, segundo o levantamento Datafolha divulgado na terça-feira,galera.bet cliente bloqueado21% para 27% - Fernando Haddad tem 20% das intenções quando se olha apenas o voto feminino.

Bolsonaro também viugalera.bet cliente bloqueadorejeição cair entre as mulheres,galera.bet cliente bloqueado52% para 49% das entrevistadas.

No total, o deputado federal é o líder das pesquisas, aparecendo com 32% das intençõesgalera.bet cliente bloqueadovoto. Fernando Haddad (PT) surgegalera.bet cliente bloqueado2º, com 21%.

Apesargalera.bet cliente bloqueadoboa parte do voto feminino rejeitar Bolsonaro e das acusaçõesgalera.bet cliente bloqueadoque o candidato é misógino e machista, o que explica seu crescimento também neste público?

Nos últimos dias, a BBC News Brasil ouviu mulheres que dizem preferir Bolsonaro. Também conversou com uma psicanalista e cientistas políticos para analisar o fenômeno.

Em entrevistas recentes, Mauro Paulino, diretor do Datafolha, e a diretora executiva do Ibope Inteligência, Marcia Cavallari, disseram que esse crescimentogalera.bet cliente bloqueadoBolsonaro no eleitorado feminino se deu principalmente entre mulheresgalera.bet cliente bloqueadorenda mais alta. Cavallari afirmou, ainda, que a mudança ocorreu principalmente na região Sudeste.

No último sábado, milharesgalera.bet cliente bloqueadomulheres lideraram protestos contra o candidato do PSL. O movimento #EleNão acusa Bolsonarogalera.bet cliente bloqueadomachismo, homofobia, misoginia egalera.bet cliente bloqueadotratamento desrespeitoso às mulheres depoisgalera.bet cliente bloqueadovárias declarações do candidato nesse sentido. Ele nega que seja machista ou homofóbico.

Voto útil e Bolsonaro como 'mal menor'

Quando a BBC perguntou à nutricionista Lisa Gomes,galera.bet cliente bloqueado38 anos,galera.bet cliente bloqueadoquem pretendia votar, ela torceu a boca e respondeu: "Ainda não estou com opinião formada. Está tão difícil, né?".

Aos poucos, durante uma conversagalera.bet cliente bloqueadouma esquina do Jardim Paulista (bairro nobre na zona oestegalera.bet cliente bloqueadoSão Paulo), contou que deve seguir o voto do marido, que trabalha no mercado financeiro. "Ele não gosta do Bolsonaro, mas acha que ele pode derrotar o PT, então pensagalera.bet cliente bloqueadovotar nele por isso. Eu não entendo muitogalera.bet cliente bloqueadopolítica. Acho importante, mas não entendo, então não sei dizer."

Ela reflete, e diz: "Acho que votar nele é tiro no pé, vai ser um caos". Mas, entre o "caos" que ela conhece, que seria repetir um governo do PT, e a possibilidadegalera.bet cliente bloqueadoalgo novo (Bolsonaro), fica com a segunda opção.

Outra moradora do bairro, Leci Junqueira, 52 anos, responde convicta: "Vou votar no Bolsonaro", confirmando a intenção com um movimentogalera.bet cliente bloqueado"sim" com a cabeça. "Eu era João Amoêdo (Novo), mas há uns 20 dias decidi votar no Bolsonaro. Votar no Amoêdo não adianta porque ele não tem chance, é desperdíciogalera.bet cliente bloqueadovoto. Só o Bolsonaro vai tirar o PT. Nas próximas eleições a gente trabalha pelo Amoêdo, mas agora, é ele (Bolsonaro)."

A BBC perguntou o que ela acha das declarações tidas como machistas e homofóbicas do candidato. Respondeu que não as leva a sério. "Isso é só marketing". Refletiu, e acrescentou: "Não acho que vai ser um bom governo, mas é o mal menor."

Leci foi eleitora do PSDB por anos, mas se desiludiu com o partido quando Aécio Neves, candidato à Presidênciagalera.bet cliente bloqueado2014, foi flagradogalera.bet cliente bloqueadoescândalosgalera.bet cliente bloqueadocorrupção. "Chegagalera.bet cliente bloqueadoPSDB", diz ela.

Voto convictogalera.bet cliente bloqueadoBolsonaro

Já a marítima Renata Karla Andrade,galera.bet cliente bloqueado31 anos, vota no Bolsonaro por convicção. Moradoragalera.bet cliente bloqueadoBelém, conheceu o deputado federalgalera.bet cliente bloqueado2013, quando soube da propostagalera.bet cliente bloqueadocastração química para estupradores, um dos principais projetos do militar da reserva. "Achei o projeto brilhante. O feminismo nunca conseguiu aprovar nada que fosse tão bom para as mulheres", disse.

Segundo ela, não se pode apenas apontar a figura masculina como culpada pelos estupros ou por uma culturagalera.bet cliente bloqueadoabusos, mas sim a impunidade, que é bastante grande no Brasil, diz. Uma punição mais severa, afirma ela, poderia diminuir o númerogalera.bet cliente bloqueadocasos.

Para Renata, porém, Bolsonaro significa mais do que uma sériegalera.bet cliente bloqueadoprojetosgalera.bet cliente bloqueadolei.

"Acho que ele é o último suspirogalera.bet cliente bloqueadoesperançagalera.bet cliente bloqueadomanter a democraciagalera.bet cliente bloqueadopé", diz, por telefone. Falas do candidato a favor da ditadura militar egalera.bet cliente bloqueadotorturadores, afirma, não refletem o pensamento dele, pois são tiradasgalera.bet cliente bloqueadocontexto.

"Quando falam isso sobre ele é para causar pânico nas pessoas. Você não pode pegar uma frase errôneagalera.bet cliente bloqueadouma pessoa para classificá-la. Por que não pegamos frases erradas do Lula também egalera.bet cliente bloqueadooutros candidatos?", afirma.

Nascida na periferia do Recife, Karla estudou a vida todagalera.bet cliente bloqueadoescolas públicas. Passou dificuldades na infância, mas conseguiu fazer faculdade, passougalera.bet cliente bloqueadoconcurso e chegou a liderar a tripulaçãogalera.bet cliente bloqueadoum navio mercante. "Sempre trabalhei com homens e nunca vi essa diferença com a mulheres, mesmo quando eu era a única mulher no trabalho", diz.

Sobre o movimento #EleNão, Renata se mostra desconfiada. "As pessoas têm todo direitogalera.bet cliente bloqueadose manifestar contra um candidato, mas me pergunto quem elas apoiam. Para mim, os protestos foram manipulados por partidosgalera.bet cliente bloqueadoesquerda", diz.

"Não voto no Bolsonaro porque quero ele como meu pai ou meu irmão. Voto porque acho que ele é o único candidato diferente do que está aí. Acho que ele será um presidente competente."

Para a paulista Angélica Oliveira, 27, Bolsonaro significa a defesa da "família" e o combate à "ideologiagalera.bet cliente bloqueadogênero". Ela acha que o modelogalera.bet cliente bloqueadofamília nuclear (casal heterossexual com filhos) é o ideal para o Brasil. Acredita que Bolsonaro é o candidato que defende mais claramente esses valores.

Oliveira diz, ainda, que vemgalera.bet cliente bloqueadofamília petista e votougalera.bet cliente bloqueadoLula e Dilma Rousseff, mas se decepcionou. "O país não melhorou, melhorou?", pergunta.

A babá Sandra Rocha,galera.bet cliente bloqueado60 anos, também é uma ex-eleitora do PT decepcionada com o legado do partidogalera.bet cliente bloqueadoLula, tantogalera.bet cliente bloqueadorelação à corrupção quanto à crise econômica.

"Lula seria meu herói, mas ficou maluco, só pode ser. Virou uma vergonha para o país. Como pode um candidato na cadeia? Eu não tenho ensino, mas meus filhos têm e ganham R$ 1,2 mil."

Sandra tampouco votaria no PSDB, pois viu a cidade onde vive, Taubaté, mudar durante o governogalera.bet cliente bloqueadoGeraldo Alckmin. "Era uma cidadegalera.bet cliente bloqueadoestudantes e virou uma cidadegalera.bet cliente bloqueadopresidiários", diz,galera.bet cliente bloqueadoreferência à construçãogalera.bet cliente bloqueadopresídios no município.

Ela ainda mantém um voto petista: Eduardo Suplicy, candidato do PT ao Senado. "Ele pode ter fechado os olhos (para a corrupção), mas não se sujou. É um homem bom", diz ela, acrescentando que não vê contradição entre seus votos para o Legislativo e para o Executivo. "Voto na pessoa, e não no partido."

Antipetismo e conservadorismo

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil levantam hipóteses para explicar uma mudançagalera.bet cliente bloqueadocomportamentogalera.bet cliente bloqueadoparte das mulheres.

Professorgalera.bet cliente bloqueadoCiências Políticas da Unicamp, Oswaldo Martins Estanislau do Amaral acredita que a guinadagalera.bet cliente bloqueadoBolsonaro demonstra a consolidação do antipetismo, que, segundo ele, é "fortíssimo" tanto entre homens quanto entre mulheres. "Nesse contexto, Bolsonaro seria um mal menor para esses eleitores", diz ele.

Flávia Biroli, professoragalera.bet cliente bloqueadoCiência Política da UnB, vai na mesma linha: Bolsonaro seria uma misturagalera.bet cliente bloqueadoantipetismo com conservadorismo dos costumes.

"É preciso compreender como atua essa sobreposição entre o antipetismo e a reação conservadora à agenda da igualdadegalera.bet cliente bloqueadogênero. É essa a chave, me parece, para se compreender a votaçãogalera.bet cliente bloqueadomulheres no candidato da extrema-direita, apesargalera.bet cliente bloqueadosua estridente misoginia."

Já Andrea Freitas, cientista política e professora da Unicamp, acredita que esta eleição será marcada pelo "voto do medo", ou seja, boa parte do eleitorado vai escolher seu candidato não por suas propostas, mas por receio do adversário vencer.

"A decisão do voto tem ocorrido mais pelo campo da psicologia do que o das ideias e propostas,galera.bet cliente bloqueadoambos os lados", diz. "É possível que muitas mulheres que iriam votargalera.bet cliente bloqueadooutros candidatos, como Amoêdo ou Alckmin, tenham migrado para o Bolsonaro porque enxergam nele a única força que pode vencer o PT."

O comportamento e o salvador da pátria

Segundo Vera Iaconelli, psicanalista e doutoragalera.bet cliente bloqueadopsicologia pela USP, um dos motivos que explicam o voto femininogalera.bet cliente bloqueadoBolsonaro é a ojerizagalera.bet cliente bloqueadoparte da população a mudançasgalera.bet cliente bloqueadocomportamento que ocorreram na sociedade brasileira nos últimos anos.

"Uma parte das pessoas tem dificuldadegalera.bet cliente bloqueadose adaptar e se assustaram com mudanças rápidas que aconteceram no Brasil, como o movimento LGBT, os casamentos homoafetivos, o feminismo, as discussões sobre gênero. A liberdade dá medogalera.bet cliente bloqueadomuita gente. Então, as pessoas passaram a associar esse comportamento mais liberal ao PT e à esquerda", diz.

"Freud já diziagalera.bet cliente bloqueado1920 que todos nós temos um traço autoritário e o desejogalera.bet cliente bloqueadoencontrar um 'salvador da pátria', uma pessoa que nos salvará das mudanças ruins. Às vezes, as pessoas encontram esse 'salvador' e se refletem nele. Quem vota no Bolsonaro acredita que ele defende a família tradicional, heterossexual, patriarcal e com filhos", diz a psicanalista.

"Sempre vai existir a mulher que apoia o machista, como vão existir o negro e o pobre que apoiam racistas. Até poucos tempo atrás, nós acreditávamos que o Brasil não era racista, simplesmente porque as pessoas não se davam conta do nosso racismo", afirma Iaconelli.

Para Biroli, um dos eixosgalera.bet cliente bloqueadoconstrução do antipetismo é a reação ao feminismo e à agenda da igualdadegalera.bet cliente bloqueadogênero. "O candidatogalera.bet cliente bloqueadoextrema-direita representa os temores e inseguranças diantegalera.bet cliente bloqueadomudanças nas relações sociaisgalera.bet cliente bloqueadogênero".

No entanto, cita outros fatores para o aumento da rejeição a Haddad entre as mulheres, que subiugalera.bet cliente bloqueado29% para 36% entre as mulheres.

"É preciso lembrar que, na última semana, as igrejas evangélicas entraram no jogo político contra a candidatura petista. Outro ponto é que a propaganda eleitoralgalera.bet cliente bloqueadooutros candidatos pode ter favorecido Bolsonaro ao mirar no PT emgalera.bet cliente bloqueadobuscagalera.bet cliente bloqueadoeleitores e pessoas indecisas", diz.

Uma indecisa é a assistentegalera.bet cliente bloqueadocozinha Marcia Conceição, mas ela tende a Bolsonaro por influência do marido evangélico.

Ele ouviu do pastor que Bolsonaro é contra o ensinogalera.bet cliente bloqueadoeducação sexual nas escolas. "Tem aquela coisa lá do kit gay (material elaboradogalera.bet cliente bloqueado2011 para promover a não-discriminação por orientação sexual nas escolas). Tenho cinco filhos e acho que não tem necessidadegalera.bet cliente bloqueadoos meus filhos aprenderem sobre sexualidade tão cedo", afirma.

Ela também se diz assustada com informações que recebe pelo Whatsapp sobre gênero e sexualidade.

No entanto, diz ser contra o "radicalismo" do candidatogalera.bet cliente bloqueadorelação a pessoas homossexuais. "Tenho vários amigos homo e não tenho nada contra, então não sei o que fazer."

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