Mais pobres eram quase metade dos visitantes do Museu Nacional:casa de apostas falcão
"O que ela mais amou foi a parte dos dinossauros. Não paravacasa de apostas falcãofazer perguntas sobre o que eles comiam, como viviam... E eu contei da pedra que caiu do céu, que era o meteorito exposto lá. Ela ficou entusiasmada com aquilo tudo."
Nos meses que se seguiram, Dhiovana falou tanto sobre a experiência a parentes e amigos que conhecer o Museu Nacional passou a ser, também, o sonhocasa de apostas falcãodois primos dela. Mas não deu tempocasa de apostas falcãoas crianças conhecerem as múmias e esqueletoscasa de apostas falcãodinossauros.
"Eles disseram que tinham dois desejoscasa de apostas falcãoaniversário: conhecer o Museu da Quinta e o Maracanã. O Maracanã eu disse que é muito caro, mas prometi levar ao museu. Iríamos nas próximas semanas", lamenta o pai da menina.
Museu era acessível aos mais pobres
Dhiovana e a família se enquadram no perfil majoritáriocasa de apostas falcãoquem visitava o Museu Nacional - pessoascasa de apostas falcãoclasse média e classe média baixa que,casa de apostas falcãomuitos casos, visitavam pela primeira ou segunda vez um museu.
Segundo uma pesquisa inédita da professora da Escolacasa de apostas falcãoMuseologia da Unirio Andrea Costa, pesquisadora do Observatóriocasa de apostas falcãoMuseus e Centroscasa de apostas falcãoCiência e Tecnologia, quase metade dos frequentadorescasa de apostas falcão2017 e 2018 - 46% - possuía renda baixa (1 a 3 salários mínimos). Para obter essa informação, foram distribuídos e respondidos 477 questionários ao longocasa de apostas falcãoum ano.
O resultado será incorporado a um levantamento mais amplo do Observatóriocasa de apostas falcãoMuseus e Centroscasa de apostas falcãoCiência e Tecnologia, ligado à Fundação Oswaldo Cruz, que periodicamente coleta dados dos principais museuscasa de apostas falcãociência do Riocasa de apostas falcãoJaneiro para traçar o perfil do público.
Em 2013, os mais pobres eram 33% dos visitantes do "Museu da Quinta", e mesmo assim ele ficava atrás apenas do Museu da Vida - localizadocasa de apostas falcãoManguinhos, zona norte do Rio -casa de apostas falcãopercentualcasa de apostas falcãovisitantescasa de apostas falcãobaixa renda, dentre os cinco museuscasa de apostas falcãohistória natural do Riocasa de apostas falcãoJaneiro analisados pelo Observatório.
A títulocasa de apostas falcãocomparação, dos visitantes do Planetário do Rio, só 10% têm renda baixa, segundo o levantamento.
Andrea Costa também analisou o perfil do público que frequentou o museu nos horárioscasa de apostas falcãoque havia entrada gratuita e percebeu que o percentualcasa de apostas falcãovisitantescasa de apostas falcãobaixa renda saltava para 56,6%. Entre abrilcasa de apostas falcão2017 e abrilcasa de apostas falcão2018, as pessoas poderiam entrarcasa de apostas falcãograça, todos os dias, uma hora antes do horáriocasa de apostas falcãofechamento, e fazer a visitacasa de apostas falcãoduas horas. Depoiscasa de apostas falcãoabril deste ano, a entrada passou a ser gratuita no segundo domingo do mês, durante todo o dia.
"O que a gente percebeu é que mudou o público do museu. Conseguimos levar para lá o público que frequentava o parque, mas não entrava no prédio. A maioria dos visitantes passou a sercasa de apostas falcãobaixa renda e se declarar preto e pardo (55%)", disse à BBC News Brasil.
Localização e diascasa de apostas falcãoentrada gratuita
Segundo Andrea Costa, pesquisas mostram que,casa de apostas falcãogeral, o público dos museus do Brasil é composto por pessoascasa de apostas falcãoclasse média e média alta. "A classe média tem mais chancecasa de apostas falcãoacessar os museus, porque costuma morar mais pertocasa de apostas falcãoonde a maioria deles está localizada ou consegue pagar passagem para chegar até eles. E o nívelcasa de apostas falcãoescolaridade das pessoas influencia", disse.
"A maior parte dos visitantes tem alto nívelcasa de apostas falcãoescolaridade, e crianças filhascasa de apostas falcãopais com alta escolaridade têm mais capacidade e incentivos para visitar museus."
Mas então como é que o Museu Nacional conseguia atrair as camadas mais pobres, mesmo fora do horário gratuito?
A jornalista Fernanda Guedes procurou responder isso nacasa de apostas falcãotesecasa de apostas falcãomestrado na Universidade Federal Fluminense, para a qual observou visitantes do museu por um ano, entrevistando maiscasa de apostas falcão60 deles. Segundo ela, um dos fatores que contribuíam para o acesso das camadas mais pobres era a localização do edifício, na zona norte do Riocasa de apostas falcãoJaneiro.
"Lá atrás, o próprio imperador Pedro 2º autorizou a moradiacasa de apostas falcãopessoas mais pobres na Quinta da Boa Vista, como indivíduoscasa de apostas falcãoclasses operárias e viúvascasa de apostas falcãomilitares. Depois, na República, o local passou a ser referido como o playground da periferia, por causa dos lazeres públicos e do parque", detalha ela, que também é funcionária do setorcasa de apostas falcãocomunicação do museu.
"Temos comunidades nas proximidades, como acasa de apostas falcãoSão Cristóvão, a Mangueira, o morro do Tuiuti e a Barreira do Vasco. Além disso, o acesso é facilitado por estaçõescasa de apostas falcãoônibus e trem."
Busca por lazercasa de apostas falcãofamília
Fernanda Guedes e Andrea Costa afirmam que a grande maioria dos visitantes (71%) frequentava o museu acompanhada - muitos iam com filhos e netos. Era, portanto, um localcasa de apostas falcãopasseiocasa de apostas falcãofamília.
Cada ingresso custava R$ 8, o que para as camadas mais pobres pode ser muito, quando se considera a compra para vários integrantes da família, alémcasa de apostas falcãocustos com passagem e alimentação.
Por isso, as pesquisadoras acreditam que a ofertacasa de apostas falcãoingressos gratuitos também teve peso na diversificação do público a partircasa de apostas falcão2017.
"Para uma parte do público, fez diferença não ter que pagar para entrar. Para quem vinhacasa de apostas falcãolonge, era um custo a menos para somar à passagem. E para quem já morava no entorno da Boa Vista virou um incentivo a mais", diz Andrea Costa.
E o que as camadas mais pobres buscavam ao visitar o museu? Fernanda Guedes afirma que a motivação mais mencionada pelos visitantes que entrevistou era "lazer" e a possibilidadecasa de apostas falcãoconhecer "objetos que sempre fizeram parte do imaginário", como esqueletoscasa de apostas falcãodinossauros, múmias e a preguiça gigante - todos parte do acervo do museu.
Mas as visitas despretensiosas abriam as portas para um maior interessecasa de apostas falcãociência. No casocasa de apostas falcãoDhiovana, conhecer as peças arqueológicas, indígenas e egípciascasa de apostas falcãoperto fez com que a menina fosse atrás, depois,casa de apostas falcãomais informações. "Eu gostei muito dos dinossauros e das múmias", contou à BBC News Brasil.
"Como é uma História muito importante da humanidade, queria que ela visse aquilo pessoalmente, os animais extintos, os dinossauros, as múmias. Acho que, vendocasa de apostas falcãoperto, você aprende mais", avalia Genival, o pai da garota.
Segundo Fernanda Guedes, cercacasa de apostas falcão5 escolas visitavam o museu a cada dia. Os alunoscasa de apostas falcãoinstituições públicas entravam gratuitamente. No caso das escolas particulares, era cobrado ingressocasa de apostas falcãoR$ 2 por aluno. Em algumas crianças, a visita despontava o interessecasa de apostas falcãoseguir carreiras que elas não sabiam existir.
"Era, muitas vezes, o primeiro contato das crianças com o aspectocasa de apostas falcãoum aprendizado que poderia se tornar uma profissão. 'Eu posso ser um paleontólogo, um cientista, um astrônomo'. Gerava essa perspectivacasa de apostas falcãoperseguir profissões que elas, talvez, jamais soubessem que existiam ou, se soubessem, poderiam considerar uma perspectiva muito distante."
Sem a possibilidadecasa de apostas falcãovoltar ao museu para levar os sobrinhos, Genival se apega às memórias do que chamoucasa de apostas falcãoum dia "maravilhosocasa de apostas falcãofamília". E Dhiovana mantém o museu vivo do seu jeito, descrevendo aos primos o susto que levou ao ver os "homens dormindo" na ala egípcia e a alegria que sentiucasa de apostas falcãoconhecer um "dinossaurocasa de apostas falcãoverdade".