O Brasil pré-Cabral vira pó: pistas sobre nossos primeiros povos se perderamcódigo de bonus f12 betincêndio do Museu Nacional:código de bonus f12 bet

Os zoólitos indígenas, feitoscódigo de bonus f12 betpedras ou osso, reproduziam animais, como estecódigo de bonus f12 betformacódigo de bonus f12 betpeixe

Crédito, Divulgação/Museu Nacional

Legenda da foto, Os zoólitos indígenas, feitoscódigo de bonus f12 betpedras ou osso, reproduziam animais, como estecódigo de bonus f12 betformacódigo de bonus f12 betpeixe
Artefato sambaqui que estava no Museu Nacional

Crédito, Divulgação/Museu Nacional

Legenda da foto, A coleção do museu tinha itens extraídos dos sambaquis, estruturas produzidas até 6 mil anos atrás

Os sambaquis também revelam que esses grupos produziram objetos cerimoniaiscódigo de bonus f12 betpedra e osso muito elaborados, os chamados zoólitos. A semelhança entre estatuetas,código de bonus f12 betgeral reproduzindo animais, encontradascódigo de bonus f12 betsítios distantes sugerem ainda que estes grupos trocavam informações entre si.

"Foi uma população que ocupou um vasto território e tinha um modocódigo de bonus f12 betvida parecido, com uso intensocódigo de bonus f12 betrecursos marinhos. Nos anos 500 eles começam a ser substituídos por outra população porque os (índios) tupis estavam chegando à costa. Nós não sabemos o que aconteceu, se foram incorporados aos tupis, se foram mortos, e sem as evidências empíricas fica difícilcódigo de bonus f12 betresponder", nota Fausto.

Maior acervo do mundo

"Nosso acervocódigo de bonus f12 betsambaquis era o maior do mundo e mais antigo que outros que estão sendo formados, como o da USP (Universidadecódigo de bonus f12 betSão Paulo). Ainda há importantes concheiros a serem estudados, por exemplocódigo de bonus f12 betSanta Catarina, mas outros, como os do litoral do Riocódigo de bonus f12 betJaneiro, já foram destruídos pelo avanço do turismo a especulação imobiliária", acrescenta.

Outra coleção importante, destaca o antropólogo, era acódigo de bonus f12 betcerâmicas marajoaras, cultura que alcançou o maior nívelcódigo de bonus f12 betcomplexidade no período pré-colonial brasileiro e que esteve presente na calha do rio Amazonas, na região do Pará, entre os séculos 5 e 14. Esse povo acabou dizimado, provavelmente por epidemias, após o contato com os colonizadores e, devido ao clima tropical da região, as cerâmicas sãocódigo de bonus f12 betprincipal herança que resistiu ao tempo para ser estudada hoje.

"Como era a Amazôniacódigo de bonus f12 bet1500? Essas cerâmicas eram nossas pistas fundamentais, nosso microscópio para olhar o passado", afirma.

Peçacódigo de bonus f12 betcerâmica Kadiwéu, item do Museu Nacional

Crédito, Divulgação/Museu Nacional

Legenda da foto, Peçacódigo de bonus f12 betcerâmica Kadiwéu, do Mato Grosso do Sul, era uma das peças que estavam no Museu Nacional antes do incêndio

"Há também um acervo importante no Museu Emílio Goeldi,código de bonus f12 betBelém, mas cada coleção é singular, uma complementa a outra. São peçascódigo de bonus f12 betum quebra cabeça. Com apenas uma peça, descobrir como era a cabeça é impossível", reforça.

O professor ressalta que o desenvolvimentocódigo de bonus f12 betnovas técnicas científicas também permitiria aprofundar o estudo do acervo do museu que já era conhecido. A expectativa, por exemplo, é que métodos inovadorescódigo de bonus f12 betextraçãocódigo de bonus f12 betDNA criados na Europa nos últimos quatro anos poderiam viabilizar novas análisescódigo de bonus f12 betfósseis, como as ossadas dos sambaquis e esqueletos ainda mais antigos da regiãocódigo de bonus f12 betMinas Gerais, inclusive o crânio batizadocódigo de bonus f12 betLuzia,código de bonus f12 bet11.300 anos, o mais antigo localizado no Brasil.

Luzia tinha traços semelhantes aos dos atuais negros africanos e aborígenes australianos. Uma análise do seu DNA permitiria testar a hipótese do pesquisador Walter Nevescódigo de bonus f12 betque houve uma migração para a América do Sul anterior a dos ascendentes dos índios brasileiros, que acredita-se terem vindo da Ásia há 12 mil anos. "Poderia mudar história do continente", resume Fausto.

História indígena

Esqueleto sambaqui

Crédito, Divulgação/Museu Nacional

Legenda da foto, Sambaqui é uma elevação construída a partircódigo de bonus f12 betrestoscódigo de bonus f12 betanimais dispostos junto com esqueletos humanos, restoscódigo de bonus f12 betfogueiras e, eventualmente, evidênciascódigo de bonus f12 bethabitação

Segundo o antropólogo, o Museu Nacional abrigava também um acervocódigo de bonus f12 bet22 mil artefatos indígenas - itens frágeis como adornoscódigo de bonus f12 betplumas, asascódigo de bonus f12 betbesouros, sementes, materiaiscódigo de bonus f12 betpalha que, na hipótesecódigo de bonus f12 betnão terem sido atingidos pelo fogo, dificilmente resistiram ao calor gerado pelo incêndio.

Essa coleção permitia a povos indígenas, que perderam parte das suas tradições culturais e hoje passam por um processocódigo de bonus f12 betfortalecimento, terem contato com técnicas usadas por seus antepassados. Fausto destaca,código de bonus f12 betespecial, duas grandes coleçõescódigo de bonus f12 betplumárias - uma dos índios Munduruku, que habitam as margens do Rio Tapajós, no norte do país, e outro dos Urubu-Ka'apor, que vivem no Maranhão. Ressalta também as cerâmicas do início do século passado dos Kadiwéu (grupo do Mato Grosso do Sul) e dos Shipibo-Conibo (povo da Amazônia peruana).

"As cerâmicas continuam sendo feitas pelos Kadiwéu, mas sem os mesmos padrões e sofisticação do passado. O acervo do museu era um referência importante para grupos que estão recuperando técnicas, recuperando memória", lamentou.

Ele explica que esse acervo começou a ser construído a partir do interesse do imperador Dom Pedro II e passou a ser alimentada também por pesquisadores internacionais, graças à lei da duplicata. Essa regra só permitia que estudiosos estrangeiros levassem itens brasileiros para o exterior se coletassem um item similar para ser deixado no Museu Nacional.

Cestocódigo de bonus f12 betresina sambaqui

Crédito, Divulgação/Museu Nacional

Legenda da foto, Este cesto sambaqui foi revestido internamente com resina; trata-secódigo de bonus f12 betuma peça rara,código de bonus f12 betvirtude da dificuldadecódigo de bonus f12 betpreservaçãocódigo de bonus f12 betmateriais orgânicoscódigo de bonus f12 betclimas tropicais

O renomado antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, por exemplo, foi acompanhado por Luizcódigo de bonus f12 betCastro Faria, então funcionário do museu, durante a expedição que realizou no fim dos anos 1930 à Serra do Norte (entre Mato Grosso e Rondônia). A missão do acompanhante, que depois se tornou professor da instituição, era justamente vigiar o que saía do país. Parte do material coletado estava no palácio que ardeucódigo de bonus f12 betchamas.

"Você pode encontrar nos museus europeus várias peçascódigo de bonus f12 betpovos indígenas brasileiros, mas o conjunto desse processocódigo de bonus f12 betcolecionismo (frutos das diferentes expedições) que estava no Museu Nacional era único. Era uma história super importante para as populações indígenas e que simplesmente virou pó", constatou.

Cabeças encolhidas

Por ser uma acervo antigo, construídocódigo de bonus f12 betdois séculos, ele também permitia estudar como eram as coleções museológicas do passado, revelando que interesse os europeus tinham sobre povos indígenas, muitas vezes calcadascódigo de bonus f12 betuma curiosidade pelo que consideram exótico.

Um item muito procurado na época, por exemplo, e que integrava o acervo do Museu Nacional, eram as cabeças encolhidas da tribo Jivaro (da Amazônia peruana e equatoriana) - crânios decapitadoscódigo de bonus f12 betinimigos que passavam por um processocódigo de bonus f12 betredução do seu tamanho.

"O acervo do museu contava a históriacódigo de bonus f12 betuma relação entre índios e brancos das quais nos envergonhamos. Para a gente poder contar a históriacódigo de bonus f12 betoutra perspectiva a gente tem que entender qual era a perspectiva dos não indígenas quando faziam essas coleções", acredita Fausto.