Quatro importantes museus brasileiros que fecharam as portas por problemas estruturais:zebet ghana
"A conservação e a segurança são questões sérias e nem sempre aparecemzebet ghanaprimeiro lugar nas prioridades das instituições responsáveis pela liberação das verbas públicas para os museus. As equipes técnicas,zebet ghanaespecial os museólogos, são incansáveiszebet ghanarelatar e denunciar essas questões. O que se tem hoje é resultadozebet ghanaanoszebet ghanadescaso com o patrimônio público", afirma a entidade, por meiozebet ghananota encaminhada à BBC News Brasil.
No país, há 3.879 museus catalogados no Instituto Brasileirozebet ghanaMuseus (Ibram). Destes, há diversos relatoszebet ghanaunidades que tiveram que encerrar suas atividades por faltazebet ghanarecursos para se manter ou dificuldades estruturais. Não existe um levantamento oficial sobre museus fechados no Brasil.
Além daqueles que encerraram as atividadeszebet ghanamodo permanente ou temporário -zebet ghanamuitos casos reabrindo maiszebet ghanacinco anos depois -, há aqueles que passam a limitar suas atividades à pesquisa e deixamzebet ghanaatender o grande público.
Para o diretor do Museu Nacional da República - localizadozebet ghanaBrasília -, Wagner Barja, a faltazebet ghanaincentivo por parte do poder público faz com os museus tenhamzebet ghanaoptar entre fechar as portas ou funcionarzebet ghanamodo precário.
"A situação é complicada, porque as instituições precisam manter o patrimônio, cuja manutenção não é barata, com verbas reduzidas. O poder público precisa entender que o acervo é uma fortuna, com um imenso valor histórico e valor pecuniário altíssimo. É preciso valorizar os museus", diz.
Outra dificuldade, segundo o Cofem, é a burocracia nos repasses feitos às unidades. "As instituições culturais públicas estão presas à estrutura administrativa governamental e, por isso, não são independentes. Quando a verba chega, já desgastada pela burocracia e pelo contingenciamento, nem sempre conseguem administrá-las adequadamente porque já chegam insuficientes", pontua.
Dificuldades financeiras
Grande parte dos museus brasileiros são públicos e relacionados a uma esfera - municipal, estadual ou federal. O órgão superior responsável por cada unidade é quem encaminha as verbas para a instituição. Museus particulares também costumam receber verba pública, por meiozebet ghanaleiszebet ghanaincentivo.
Cada museu público encaminha um planejamento anual à esfera responsável, no qual aponta a verba necessária para o seu funcionamento. Conforme o Cofem, normalmente os repasses feitos às unidades são abaixo dos valores solicitados.
No caso do Museu Nacional do Riozebet ghanaJaneiro, que possuía acervozebet ghana20 milhõeszebet ghanaitens, cabe à Universidade Federal do Riozebet ghanaJaneiro (UFRJ) fazer os repasses para a entidade, por meiozebet ghanaverba do Ministériozebet ghanaCultura. A instituiçãozebet ghanaensino superior, porém, vem sofrendo com cortezebet ghanaverba e o valor que repassa ao museu, segundo o Conselho Federalzebet ghanaMuseologia, não é suficiente. Em razão disso, atividades prioritárias, como a segurança e a conservação do espaço cultural, acabaram prejudicadas.
O Museu Nacional havia gastado neste ano, até a datazebet ghanaque sofreu o incêndio, R$ 268,4 mil. Um levantamento feito pela BBC News Brasil apontou que o montante equivale, por exemplo, a menoszebet ghana15 minutoszebet ghanagastos do Congresso Nacionalzebet ghana2017 - Câmara e Senado custaram R$ 1,16 milhão por hora no ano passado, segundo levantamento da Ong Contas Abertas, especializadazebet ghanaacompanhar os gastos do governo.
O Cofem ressalta que as verbas repassadas aos museus são destinadas somente às atividades básicas para funcionamento do local. "É necessário também haver recursos para o desenvolvimentozebet ghananovos projetos, visando à adequação das áreas, especialmente para a salvaguardazebet ghanaacervos que exigem condições especiaiszebet ghanaarmazenamento."
Diretor do Museuzebet ghanaZoologia da Universidadezebet ghanaSão Paulo (USP), Máriozebet ghanaPinna lamenta o modo como o poder público lida com o segmento no país. "Os Museus são tratados do mesmo modo como a educação e ciênciazebet ghanageral, ou seja, como algo sem importância. É um descaso."
Falhas estruturais
As dificuldades financeiras enfrentadas pelos museus acarretam falhas estruturais. Segundo o Cofem, a ausênciazebet ghanacondiçõeszebet ghanasegurança do prédio está entre os motivos que levam unidades a fecharem as portas ou suspenderem suas atividades.
Pinna afirma que grande parte dos museus não recebem a manutenção adequada,zebet ghanarazão da faltazebet ghanarecursos financeiros. "A condição dos museus varia. Entre os grandes, posso afirmar que nenhum deles estázebet ghanacondiçõeszebet ghanamanutençãozebet ghanaprimeiro mundozebet ghanainfraestrutura. Há diferentes graus, mas nenhum estázebet ghanaplenas condiçõeszebet ghanamanutenção. Isso não quer dizer que estejam abandonados ou esquecidos, porque as pessoas vão fazendo o que podem."
Especialistazebet ghanacombate a incêndios e tenente-coronel da reserva do Corpozebet ghanaBombeiroszebet ghanaSão Paulo, Cássio Armani acompanhou o controle do incêndio no Museu da Língua Portuguesa,zebet ghanaSão Paulo,zebet ghana2015. Ele relata que o principal motivo para que o fogo atinja estruturas como o Museu Nacional é a ausênciazebet ghanaprojetos ou instalaçõeszebet ghanasegurança contra incêndios.
"É preciso haver medidas que permitam a saída das pessoaszebet ghanacondições seguras, que possibilitem a preservação da construção e, sobretudo, dos materiais que nelas existem. Além da gestão adequada, no caso dos prédios públicos, é preciso haver vontade política para priorizar este tipozebet ghananecessidade e não apenas contar com a sorte", diz à BBC News Brasil.
Segundo ele,zebet ghanacasoszebet ghanaconstruções históricas que possuem acervoszebet ghanavalores incalculáveis, é importante haver, além do sistemazebet ghanaproteção contra incêndio, medidas preventivas. "É fundamental que esse local tenha sistemas automáticoszebet ghanadetecçãozebet ghanafumaça ezebet ghanasupressãozebet ghanaincêndio. Existem várias tecnologias disponíveis no Brasil", relata.
Ausênciazebet ghanaprofissionais
Outro ponto que figura entre os motivos para os fechamentoszebet ghanamuseus no país é a ausênciazebet ghanaprofissionais capacitados nos locais.
Para Pinna, a ausênciazebet ghanauma equipe maiorzebet ghanasegurança auxiliou a propagação do fogo no Museu Nacional do Riozebet ghanaJaneiro. "Não devemos nos preocupar apenas com recursos financeiros. Devemos nos importar com os humanos também. No Museu Nacional, havia quatro seguranças para todo aquele lugar. Era claramente insuficiente. Deveria haver, no mínimo, quatro vezes mais que isso", diz.
"Se houvesse mais pessoas trabalhando na hora do incêndio, com certeza não teria atingido aquela proporção, porque perceberiam o fogo logo no início e conseguiriam controlá-lo. É importante ter pessoal, equipamento e outros itens que o museu precisar para funcionar. É o mesmo problema que acomete ciência e ensino no Brasil. Não é uma prioridade", completa.
Além dos mais conhecidos, há centenaszebet ghanapequenos museus que também fecharam as portas ao redor do Brasil, por faltazebet ghanarecursos para se manter.
A BBC News Brasil conta, abaixo, as situaçõeszebet ghanaquatro importantes museus brasileiros que não estão abertos ao público atualmente:
Museu da Língua Portuguesa
Inauguradozebet ghanamarçozebet ghana2006, o Museu da Língua Portuguesa foi criado com o objetivozebet ghanavalorizar o idioma. Localizado na Estação da Luz, o espaço recebeu 3,9 milhõeszebet ghanavisitantes durante os anoszebet ghanaque estevezebet ghanafuncionamento. Era um dos museus mais visitados do Brasil.
Em suas exposições, utilizava tecnologia para apresentar o seu acervo. Para atrair a atenção do público, o local recorria a recursos como filmes, áudios e atividades interativas.
Em 21zebet ghanadezembrozebet ghana2015, três andares e a cobertura do museu foram atingidos por chamas. Era segunda-feira e o local estava fechado para o público. Um bombeiro civil, que atuava no museu, morreu no incêndio.
"A situação do Museu Nacional foi semelhante ao da Língua Portuguesa. Os dois casos poderiam ser evitados se houvesse uma prevenção melhor contra os incêndios", afirma o tenente-coronel da reserva do Corpozebet ghanaBombeiroszebet ghanaSão Paulo, Cássio Armani.
Desde 2016, o espaço passa por obraszebet ghanareconstrução. A previsão ézebet ghanaque volte a funcionar no próximo ano.
Museu do Ipiranga
O Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga, está fechado desde 2013, após um laudo apontar riscoszebet ghanadesabamento do forro. O lugar, cujo acervo histórico conta com maiszebet ghana450 mil obras, é mantido pela Universidadezebet ghanaSão Paulo.
Desde que suspendeu suas atividades, o museu encaminhou suas obras para imóveis alugados especialmente para conservar os itens. A previsão ézebet ghanaque o lugar volte a funcionar no bicentenário da independência do Brasil,zebet ghana2022.
Museuzebet ghanaArtezebet ghanaBrasília
Criadozebet ghana1985, o Museuzebet ghanaArtezebet ghanaBrasília (MAB) era considerado um dos mais relevantes museuszebet ghanaarte moderna e contemporânea do Brasil. As obras do local, produzidas a partir da décadazebet ghana50, eram caracterizadas pela diversidadezebet ghanatécnicas e materiais, com pinturas, gravuras, desenhos, fotografias, esculturas e objetos.
O espaço foi fechado por recomendação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios,zebet ghana2007. O órgão apontou que o local apresentava precariedade emzebet ghanaestrutura. Desde então, o acervo do lugar foi encaminhado ao Museu Nacional da República, tambémzebet ghanaBrasília.
Por quase uma década, o espaço foi um canteirozebet ghanaobras. Segundo a Secretariazebet ghanaCultura do Distrito Federal, a reconstrução do museu foi retomadazebet ghanaoutubrozebet ghana2017 e está orçadazebet ghanaR$ 7,6 milhões. Os recursos foram obtidos por meiozebet ghanafinanciamento do Banco do Brasil e da Agênciazebet ghanaDesenvolvimento do Distrito Federal (Terracap).
A previsão, segundo o Governo do Distrito Federal, é que o espaço seja reaberto no primeiro semestre do ano que vem.
Museu do Índio
Criado com o objetivozebet ghanacontribuir para a preservação do patrimônio cultural indígena, o Museu do Índio, no Riozebet ghanaJaneiro, está fechado ao público desde julhozebet ghana2016.
A instituição é responsável por administrar os acervos das maiores sociedades indígenas do país. O local possui 18 mil peças etnográficas e 15 mil publicações nacionais e internacionais relacionadas às questões indígenas. O museu é considerado referência para estudos sobre o tema.
O espaço está fechado para visitantes após iniciar obraszebet ghanaadequaçãozebet ghanasegurança do seu acervo e do patrimônio arquitetônico, incluindo projetozebet ghanaprevenção e combate ao incêndio.
Por meiozebet ghanacomunicado enviado à BBC News Brasil, a diretoria do museu informou que a reabertura do local foi atrasadazebet ghanarazão do "contingenciamento no orçamento do Governo Federal". A expectativa ézebet ghanaque o lugar reabra ainda neste ano.
Segundo a diretora substituta do Museu do Índio, Arilzazebet ghanaAlmeida, o local continua atendendo pesquisadores, incluindo indígenas. No entanto, visitantes e grupos escolares, que costumavam ir ao lugar para estudozebet ghanaquestões indígenas, estão suspensos há dois anos.
"O Museu do Índio está fechado à visitação pública a seus espaços expositivos, porém, permanece funcionandozebet ghanasuas tarefaszebet ghanapreservação, conservação, pesquisa e divulgação do acervo junto ao público atravészebet ghanamídias e exposições fora do Museu", informa a diretora do lugar.