Hostilizados nas cidades, venezuelanos buscam abrigoaposta resultado futebolaldeias indígenasaposta resultado futebolRoraima:aposta resultado futebol

Terra Indígena Raposa Serra do Sol,aposta resultado futebolRoraima

Crédito, Funai

Legenda da foto, Terra Indígena Raposa Serra do Sol é uma das que ficam na fronteira do Brasil com a Venezuela

Muitas vezes, diz ele, os estrangeiros se comprometem a ajudar com os trabalhos na roça ou outras atividades durante a permanência, que costuma durar alguns meses.

Mas ele afirma que muitos moradores estão descontentes com a movimentação dos estrangeiros e com seu impacto sobre os serviços públicos. Temem, ainda, que os venezuelanos jamais deixem o território.

"Quando você tem uma comunidadeaposta resultado futebol300 pessoas eaposta resultado futebolrepente temaposta resultado futebolatender 600, a situação que já não era boa fica ainda mais complicada", afirma.

Protestos contra migração

No último sábado, um pequeno grupoaposta resultado futebolindígenas protestou na BR-174aposta resultado futebolPacaraima, pedindo um controle mais rígido na fronteira. Em maio, três organizações indígenasaposta resultado futebolRoraima (Sociedadeaposta resultado futebolDefesa dos Índiosaposta resultado futebolRoraima, Aliançaaposta resultado futebolIntegração e Desenvolvimento das Comunidades Indígenasaposta resultado futebolRoraima e Associaçãoaposta resultado futebolDesenvolvimento dos Povos Indígenas Taurepangs do Estadoaposta resultado futebolRoraima) se declararam a favor da proposta da governadoraaposta resultado futebolRoraima, Suely Campos (PP),aposta resultado futebolfechar a fronteira temporariamente.

A posição, porém, não é unânime entre os índios do Estado - especialmente entre os que mantêm laços com indígenas venezuelanos.

Conferênciaaposta resultado futebolmulheres indígenasaposta resultado futebolRoraima

Crédito, Conselho Indígenaaposta resultado futebolRoraima

Legenda da foto, Terras indígenas se estendem por quase toda a extensão da fronteira do Brasil com a Venezuela

Há terras indígenasaposta resultado futebolquase todos os 2.200 km do lado brasileiro da fronteira com a Venezuela. A maior delas, do povo Yanomami, tem quase a mesma extensão que Portugal.

Indígenas dos dois lados da fronteira

Deslocamentosaposta resultado futebolindígenasaposta resultado futebolregiõesaposta resultado futebolfronteira são comuns desde que as linhas que dividem os países sul-americanos cruzaram os territórios desses povos. Em vários pontos do continente, fronteiras separaram etnias ou se interpuseram entre grupos que mantinham relaçõesaposta resultado futebolaliança.

Segundo as pessoas ouvidas pela BBC News Brasil, os venezuelanos têm se concentrado nas terras indígenas Araçá e São Marcos,aposta resultado futebolRoraima. Os territórios somam cercaaposta resultado futebol7 mil moradores das etnias macuxi, wapichana e taurepang.

Um dos pontosaposta resultado futebolconcentração é comunidadeaposta resultado futebolTrês Corações, no municípioaposta resultado futebolAmajari.

Em ao menos quatro povoados (Sorocaima, Bananal, Samã e Boca da Mata), a maioria dos viajantes são indígenas do povo temon, que habitam o lado venezuelano da fronteira e compartilham língua e costumes com os taurepang do lado brasileiro.

"Eles relatam que a situação do outro lado está muito difícil e não têm mais dinheiro para comprar comida", diz à BBC a ativista indígena Telma Taurepang, que estimaaposta resultado futebolcentenas o númeroaposta resultado futebolvenezuelanos nas aldeias.

Candidata ao Senadoaposta resultado futebolRoraima pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), Telma afirma que grande parte dos visitantes jamais esteve no Brasil. Ela diz que, apesar dos laços históricos com o grupo, as comunidades estão apreensivas.

Indígenas do povo Yanomami, na fronteira do Brasil com a Venezuela
Legenda da foto, Comunidade ianomâmiaposta resultado futebolMaturacá, na fronteira com a Venezuela; Ministério da Saúde diz ter intensificado ação na região

"Nós, indígenas, não temos fronteiras. Não queremos expulsar os irmãos venezuelanos, muito menos os parentes, mas deslocamentos grandes e não planejados provocam problemas", diz Telma.

Ela diz que as comunidades estão incomodadas com a situação. Muitos temem que os venezuelanos tragam doenças para as aldeias. Maisaposta resultado futebol200 casosaposta resultado futebolsarampo foram registrados neste anoaposta resultado futebolRoraima - a maioria entre venezuelanos.

"O clima pode ficar pesado se migrarem mais, porque aí vai virar um caos na questão da saúde", diz a ativista.

Ela cobra o governo federal a repassar mais recursos para os serviços públicos e a recepção dos migrantesaposta resultado futebolRoraima, para desafogar as comunidades.

Fluxoaposta resultado futebolmigrantes venezuelanos

Há duas semanas, 25 indígenas venezuelanos da etnia warao se deslocaram até o Pará, onde foram acolhidos por uma comunidade do povo munduruku,aposta resultado futebolJacaraecanga. Nos últimos anos, conforme a crise na Venezuela se acirrou, centenasaposta resultado futebolindígenas desse grupo migraram para cidades no Norte do Brasil.

A Secretaria Especialaposta resultado futebolSaúde Indígena (Sesai), órgão ligado ao Ministério da Saúde, disseaposta resultado futebolnota à BBC News Brasil que os "serviços prestados à população indígena, que viveaposta resultado futebolterritórios indígenas, estão mantidosaposta resultado futebolforma rotineira".

Venezuelanos se preparam para deixar Boa Vista

Crédito, Antonio Cruz/Agência Brasil

Legenda da foto, Venezuelanosaposta resultado futebolBoa Vista, Roraima, onde onda migratória virou tema eleitoral

A secretaria diz que, desde o ano passado, tem notado um aumento do fluxo migratório nos distritos sanitários Yanomami e Alto Rio Negro, ambos vizinhos da Venezuela. "O impacto mais significativo para as equipes multidisciplinaresaposta resultado futebolsaúde indígena é na realização do bloqueio vacinal e na intensificação da vigilância epidemiológica nesses locais, principalmente nas áreas mais próximas da fronteira", afirma o órgão.

Crime organizado

Diretor da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Marivelton Baré diz à BBC News Brasil que as comunidades da região estão preocupadas com o trânsitoaposta resultado futebolpessoas ligadas ao crime organizado e o aumentoaposta resultado futebolroubos e furtos nas aldeias.

Segundo ele, a movimentaçãoaposta resultado futebolestrangeiros por terras indígenas do Rio Negro aumentou no último ano. Baré diz que muitos entram por Cucuí, distritoaposta resultado futebolSão Gabriel da Cachoeira (AM) na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Colômbia.

No fimaposta resultado futeboljulho, o Exército apreendeu meia toneladaaposta resultado futebolmaconha num barcoaposta resultado futebolSanta Isabel do Rio Negro, município vizinhoaposta resultado futebolSão Gabriel e também na fronteira com a Venezuela. Acredita-se que a carga estivesse a caminhoaposta resultado futebolManaus.

Baré diz que a Funai (Fundação Nacional do Índio), órgão federal responsável pela proteção das terras indígenas, não está conseguindo impedir o ingressoaposta resultado futebolforasteiros.

"A insegurança é geral", diz Baré. "Nossas comunidades e cidades estão muito vulneráveis."

Procurada pela BBC, a fundação não se posicionou sobre a entradaaposta resultado futebolestrangeirosaposta resultado futebolterras indígenas.

O órgão disseaposta resultado futebolnota à reportagem que tem prestado apoio técnico e acompanhado o atendimentoaposta resultado futebolindígenas venezuelanos no Estado do Pará, "buscando garantir direitos e o respeito às especificidades do povo Warao".

"Na regiãoaposta resultado futebolfronteira, a atuação da Funai também mantémaposta resultado futebolfuncionamento os fluxos necessários para que possa arcar com aaposta resultado futebolmissão legalaposta resultado futebolproteger e promover os direitos dos povos indígenas que encontram-seaposta resultado futebolterritório brasileiro", diz a fundação.