Sarampo, pólio, difteria e rubéola voltam a ameaçar após erradicação no Brasil:casino jogo de cartas
Os alertas acima colocamcasino jogo de cartasevidência doenças que estavam controladas graças à vacinaçãocasino jogo de cartasmassa, mas que ameaçam provocar estragos na saúde pública brasileira caso a imunização sofra baixas.
"A volta da poliomielite, doença que não tínhamos há maiscasino jogo de cartas20 anos, poderá significar uma situação grave para o Brasil", disse à BBC News Brasil a coordenadora do Programa Nacionalcasino jogo de cartasImunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues.
A preocupação com a polio se dá pelo fatocasino jogo de cartasque, embora não tenha havido casos recentes no Brasil, identificou-se um registro da doença na vizinha Venezuela e a circulação do víruscasino jogo de cartas23 países nos últimos três anos.
Em abril, a OMS também notificou surtos na Venezuela e no Haiticasino jogo de cartasdifteria, que causa dificuldadecasino jogo de cartasrespirar. Na Venezuela, 142 pessoas já morreram da doença desde 2016. No Brasil, seis casos suspeitos da doença relatados neste ano aguardam confirmação.
"Entre as doenças já controladas no país, destaco preocupação com a poliomielite, a rubéola congênita e, como estamos vendo, o sarampo, que poderá se espalhar para outras regiões do Brasil" afirma o diretor da Divisãocasino jogo de cartasEnsaios Clínicos e Farmacovigilância do Instituto Butantan, Alexander Roberto Precioso. "É preciso aumentar a cobertura vacinal da população contra essas doenças."
A seguir, traçamos um panorama dessas doenças, do que pode estar por tráscasino jogo de cartasseu retorno e quais precauções são necessárias para que elas sejam controladas:
O sarampo
Desde abrilcasino jogo de cartas2018, a OMS emite alerta sobre a volta do sarampocasino jogo de cartasdez países das Américas: Brasil, Argentina, Equador, Canadá, Estados Unidos, Guatemala, México, Peru, Antígua e Barbuda, Colômbia e Venezuela.
E não é só nas Américas -casino jogo de cartas2017, a Europa registrou maiscasino jogo de cartas21 mil casoscasino jogo de cartassarampo, com 35 mortes, um aumentocasino jogo de cartasquase 400% nos casoscasino jogo de cartasrelação ao ano anterior.
"Casoscasino jogo de cartassarampo têm sido relatados novamente nas Américas, principalmente na Venezuela, que deixoucasino jogo de cartasvacinar acasino jogo de cartaspopulação por questões políticas e econômicas", explica o pesquisador do Serviçocasino jogo de cartasBacteriologia do Instituto Butantan, Paulo Lee Ho.
Em 2017, com o surto da doença nos países vizinhos, o Ministério da Saúde alertou a população para a importânciacasino jogo de cartastomar a tríplice viral, vacina que protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola.
A tríplice viral é uma das 14 vacinas oferecidascasino jogo de cartasgraça pelo Programa Nacionalcasino jogo de cartasImunizações. Ela deve ser tomada na infância ecasino jogo de cartasduas doses, a primeira com 12 meses e a segunda com 15 meses. Na segunda dose, a vacina recebe um reforço contra uma quarta doença, a varicela, infecção viral altamente contagiosa que causa a catapora.
De acordo com os dados do Datasus analisados pela BBC News Brasil, coberturas vacinais com dosescasino jogo de cartasreforço estão muito abaixo da meta esperada para todas as vacinas do Calendário Nacionalcasino jogo de cartasImunização.
No caso da tríplice viral, a segunda dose da vacina não bate a metacasino jogo de cartasvacinação,casino jogo de cartas95%, desde 2012. Em 2016, apenas 76,74% das crianças com 15 mesescasino jogo de cartasvida foram imunizadas.
Dos três vírus combatidos nessa vacina, o sarampo é considerado o mais perigoso. "Por sercasino jogo de cartasalto contágio, é preciso que pelo menos 95% das pessoas tenham sido vacinadas no Brasil para que o sarampo não se espalhe. Caso contrário, basta ter uma única pessoa não vacinadacasino jogo de cartasuma cidade para que o vírus trazido por um infectado consiga (chegar a ela)", afirma Carla Domingues, do Ministério da Saúde.
Isso explica por que a doença foi a única dos três vírus que voltou ao país até o momento. "Mas pode ocorrer que essas demais doenças prevenidas na tríplice viral voltem caso a população não esteja se imunizando", afirma Precioso.
Caso não tenha sido imunizada na idade correta, qualquer pessoa até os 49 anos poderá tomar a tríplice viralcasino jogo de cartasuma única dose. Porém, para Precioso, não tomar a tríplice viral na infância é prejudicial a toda a população brasileira, uma vez que irá expor essas crianças e futuros jovens a infecções que antes estavam controladas no país.
Segundo Domingues, não há explicação para a diminuição da cobertura vacinal da tríplice viral nos últimos anos no Brasil, uma vez que não houve redução da oferta ou desabastecimento da vacina no país.
Para a coordenadora, a explicação pode estarcasino jogo de cartasum possível esquecimento das pessoas sobre algumas doenças, antes frequentes no país, mas hoje controladas e menos visíveis.
"A populaçãocasino jogo de cartasadultoscasino jogo de cartashoje precisa lembrar que sarampo e poliomielite matam. E se não matarem, deixarão sequelas graves para o resto da vida, como a paralisia infantil, a surdez, a cegueira, problemas neurológicos, etc."
"É urgente a vacinação daqueles que não foram imunizados, porque é a imunização que interrompe um ciclocasino jogo de cartastransmissãocasino jogo de cartastodo um meio, alémcasino jogo de cartasproteger o indivíduo da infecção", explica Lee Ho.
A poliomielite
Além da volta do sarampo, Domingues conta que a preocupação do Ministério da Saúdecasino jogo de cartas2018 é com o retorno da poliomielite para o Brasil. Antes dos casos registrados neste ano, a doença não ocorria no país desde a décadacasino jogo de cartas1990.
Todos os municípios brasileiros são considerados lugarescasino jogo de cartasrisco, com exceção apenas dos localizadoscasino jogo de cartasRondônia, Espírito Santo e do Distrito Federal. Das maiscasino jogo de cartas300 cidadescasino jogo de cartasque se estuda a confirmação dos casos, 44 estão no Estadocasino jogo de cartasSão Paulo.
No alerta emitido no dia 28casino jogo de cartasjunho, o Ministério da Saúde explicou que municípios que não conseguiram atingir nem 50% da cobertura vacinal nos últimos anos estão na listacasino jogo de cartasmaior risco para a volta da pólio. Cidades da Bahia e do Maranhão são as que menos imunizaram seus moradores nos últimos anos, tendo vacinado apenas 15% da população.
Segundo o Datasus, as vacinas contra poliomielite não alcançam a metacasino jogo de cartasvacinação no Brasil desde 2011. Em 2016, os municípios tiveram menor taxacasino jogo de cartasvacinação: apenas 43,1% das cidades atingiram a meta.
Além disso, das vacinas que criançascasino jogo de cartasdois meses e quatro mesescasino jogo de cartasidade devem tomar, a poliomielite tem sido a única que não consegue ultrapassar 85%casino jogo de cartasvacinados, seja na primeira ou na segunda dose.
São duas as vacinas que previnem a poliomielite: a VOP, Vacina Oral Poliomelite, aplicada via oral aos 2, 4 e 6 mesescasino jogo de cartasvida, com reforços entre 15 e 18 meses e entre 4 e 5 anoscasino jogo de cartasidade; e a VIP, Vacina Inativada Poliomielite, que tem injetada uma dose aos 15 meses e outra aos 4 anoscasino jogo de cartasidade. Ambas as vacinas são oferecidas nas Unidades Básicascasino jogo de cartasSaúde.
Em agosto, o Ministério da Saúde realizará campanhacasino jogo de cartasvacinação nacional contra pólio.
O perigo do "vírus importado"
A volta do vírus do sarampo ao território brasileiro tem sido relacionada com a imigração venezuelana para a região Norte, iniciadacasino jogo de cartas2014, o que explica a incidência do vírus no Amazonas ecasino jogo de cartasRoraima, que fazem fronteira com o paíscasino jogo de cartasgrave crise sociopolítica.
Vírus trazidos por fluxos migratórioscasino jogo de cartasuma população que não o erradicou para um local que o havia erradicado são chamadoscasino jogo de cartas"vírus importados".
"Pessoas infectadascasino jogo de cartaspaíses vizinhos que vivem surtos infecciosos estão migrando para o Brasil", explica Domingues. "No caso do sarampo, o alertacasino jogo de cartassurto é mundial. Tem casoscasino jogo de cartassarampo tantocasino jogo de cartaspaíses subdesenvolvidos comocasino jogo de cartasdesenvolvidos, como na Europa e nos Estados Unidos. Com maior circulaçãocasino jogo de cartaspessoas viajando, seja pelo turismo ou pelo comércio, vivemos a possibilidadecasino jogo de cartasespalhar vírus antes controlados por todo o território brasileiro."
De acordo com especialistascasino jogo de cartasimunização, o "vírus importado" só tem efeito quando encontra um indivíduo não imunizado.
Assim, a volta do sarampo ao Brasil ocorreu também porque parte da própria população brasileira deixoucasino jogo de cartastomar as vacinas do Calendário Nacional nos últimos anos.
"Todas as doenças consideradas erradicadas no Brasil, mas que não estejam erradicadas no mundo podem voltar se a população não continuar vacinada", afirma Paulo Lee Ho.
Outro fator que ajuda explicar a voltacasino jogo de cartasdoenças que o Brasil já havia conseguido erradicar é o "efeito rebanho".
"A proteção oferecida pelas vacinas ocorrecasino jogo de cartasduas maneiras: ela pode ser direta, pela imunização do indivíduo, ou por efeito rebanho pelo ambiente vacinado, por meio da vacinaçãocasino jogo de cartasuma população", explica Lee Ho.
O "efeito rebanho" acontece quando a taxacasino jogo de cartasimunizaçãocasino jogo de cartasuma população é tão alta que, mesmo que um indivíduo não se vacine, ele estará protegido vivendo naquele meiocasino jogo de cartasque a maioria é vacinada. É o efeito rebanho que prevenirá a ocorrênciacasino jogo de cartassurtos, epidemias e pandemias, pois é a maioriacasino jogo de cartasuma população vacinada que impedirá a circulação dos agentes infecciosos naquele local, e não a vacina isoladacasino jogo de cartassi.
Do mesmo modo, quanto mais pessoas deixaremcasino jogo de cartasse imunizarcasino jogo de cartasuma mesma região, menos força terá o efeito rebanho - e doenças antes já controladas ali poderão voltar a ocorrer.
A varíola é a única doença considerada totalmente erradicada no mundo. Atualmente, o vírus que transmite a doença não circula mais entre as populações mundiais, e as únicas amostras que ainda existem estão armazenadascasino jogo de cartaspoucos laboratórios autorizados, para serem usadascasino jogo de cartasestudos e pesquisas.
Medo e esquecimento
"Por não termos mais contato com algumas doenças infecciosas, a percepção é que elas deixaramcasino jogo de cartasexistir e que a vacinação é inútil", avalia Lee Ho. "Mas poucas intervenções da medicina foram tão eficazes como as vacinas, capazescasino jogo de cartaserradicar doenças que antes matavam muitas pessoas."
Segundo o pesquisador, a proteção oferecida pela imunização é menos visível, fazendo com que as pessoas não confiem nas vacinas do mesmo modo que confiam nos remédios.
"É importante que os pais dessas gerações mais jovens, que foram beneficiados pela criação do Programa Nacionalcasino jogo de cartasImunizações na décadacasino jogo de cartas1970 - por meio do qual havíamos conseguido controlar diversas doenças gravíssimas na época - tenham a mesma responsabilidade que os pais deles tiveram e vacinem seus filhos."
"Mais que isso, que esses pais mantenham toda a cadernetacasino jogo de cartasvacinação dos filhos sempre atualizada", alerta Domingues.