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Quem é Sérgio Etchegoyen, o militar empurrado aos holofotes por crises do governo Temer:bet365 v
Francisco Carlos Teixeira Silva, professorbet365 vHistória Contemporânea da Universidade Federal do Riobet365 vJaneiro (UFRJ) e amigobet365 vEtchegoyen, diz que o ministro assumiu o posto "porque tem essa coisabet365 vmilitarbet365 vreceber uma missão e cumpri-la" e que o que o ministro mais quer é "brincar com os netos e pescar".
Um ex-ministro da Defesa ouvido pela reportagem também não enxerga ambição política no ministro, embora reconheça que as circunstâncias deram a ele o papelbet365 v"segurar o pau do barraco para ele não cair",bet365 vreferência ao presidente Michel Temer.
"Ele nem quer isso (virar o homem forte do governo). É um homembet365 vbastidor, fora dos holofotes, que vembet365 vuma família conservadora,bet365 vconspiradores. O avô era conspirador no Rio Grande do Sul, o pai também foi importante nesse negócio", observou.
Apesar do envolvimento dos Etchegoyenbet365 vgolpesbet365 vEstado, os tempos, claramente, são outros, e o ministro sabe disso. Ao ser questionado sobre os pedidosbet365 vintervenção militar que se espalharam pelo país durante a crisebet365 vabastecimento, respondeu que era "assunto do século passado".
"Vivo no século 21 e o século 21 está divertidíssimo. Meu farol é muito mais potente que o retrovisor. Não vejo nenhum militar, Forças Armadas pensando nisso (intervenção militar), não conheço, absolutamente", afirmou.
Do golpe frustado aos bem-sucedidos
O Centrobet365 vPesquisa e Documentaçãobet365 vHistória Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getulio Vargas, registra momentos importantes da família Etchegoyen. O avô do ministro, Alcides Gonçalves Etchegoyen, servia com o irmão Nélson no Regimentobet365 vArtilharia Montadabet365 vCruz Alta (RS) quando ambos,bet365 v1926, lideraram a chamada Coluna Relâmpago, uma tentativabet365 vimpedir a possebet365 vWashington Luís, eleito presidente da República. Sem apoiobet365 voutras unidades militares, acabaram derrotados pelas tropas legalistas.
Quatro anos depois, participaram do movimento mais amplo que conseguiu derrubar Washington Luís, impedir a posse do presidente eleito Júlio Prestes e levar Vargas ao comando do país. Após a tomadabet365 vPorto Alegre, Alcides assumiu o comando do primeiro destacamento gaúcho que partiu para o Riobet365 vJaneiro no dia 5bet365 voutubrobet365 v1930.
Durante o governo Vargas, o avô do ministro ocupou diversos cargos militares até ser escolhido para substituir o chefebet365 vpolícia do Distrito Federal, Filinto Müller,bet365 vjulhobet365 v1942. "Permanecendo no cargobet365 vchefebet365 vpolícia até agostobet365 v1943, (Alcides) Etchegoyen teve uma atuação moralista, combatendo o jogo do bicho e a prostituição, alémbet365 vperseguir as atividades políticasbet365 voposição ao governo", destaca a biografia do CPDOC.
Os registros da FGV indicam também que, mais pra frente,bet365 v1955, Alcides participou das conspirações para impedir a posse do presidente e do vice-presidente eleitos, Juscelino Kubitschek e João Goulart. O movimento foi frustrado pelo contragolpe do ministro da Guerra, marechal Henrique Teixeira Lott. Nesse processo, Alcides chegou a ficar brevemente detido.
Quase uma década depois, porém, os Etchegoyen mais uma vez entrariam no caminhobet365 vJoão Goulart, então presidente. Os filhosbet365 vAlcides, Leo e Cyro Guedes Etchegoyen, respectivamente pai e tio do ministrobet365 vTemer, participaram do golpebet365 v1964 e ocuparam cargos relevantes na ditadura, que se estendeu até 1985.
Na época da tomadabet365 vpoder, eram jovens e não tiveram papelbet365 vliderança, mas,bet365 ventrevista sobre o regime militar dada ao CPDOC,bet365 v1993, o tiobet365 vEtchegoyen contou que participou dos movimentosbet365 varticulação na base das Forças Armadas.
De 1970 a 1974, Cyro serviu no gabinete do então ministro do Exército, general Orlando Geisel, atuando na áreabet365 vinformações e contrainformações. Na época, período mais violento da repressão, o presidente era Emílio Garrastazu Médici,bet365 vquem Leo Etchegoyen chegou a ser assessor. Os registros no CPDOC porém são contraditórios sobre se isso ocorreu antesbet365 vMédici assumir a Presidência ou durante o tempo que comandou o país.
"Meu irmão (Leo) trabalhou com ele (Médici), como seu assistente-secretário (…). Ele falou-me sempre com muita admiração e respeito por seu caráter,bet365 vintegridade,bet365 vdignidade, pelo ser humano que ele era", disse Cyro na entrevista.
Como chefe da seçãobet365 vcontrainformações do Centrobet365 vInformações do Exército (CIE), Cyro foi apontado pelo coronel Paulo Malhãesbet365 vdepoimento à Comissão Nacional da Verdade como responsável pela Casa da Morte, centrobet365 vtorturabet365 vPetrópolis (RJ).
Na entrevista ao CPDOCbet365 v1993, Cyro sustentou que as açõesbet365 vtortura eram iniciativas isoladas do baixo comando, versão que contraria documentos históricos, como informes da CIA (agência americana) que dizem que os generais sabiam dos métodos utilizados. Segundo o tiobet365 vSérgio Etchegoyen, a principal arma usada pelos militares para desarticular a oposição foram as infiltrações nos "movimentos subversivos", a partirbet365 v1972.
'Graves violaçõesbet365 vdireitos humanos'
O relatório final da Comissão Nacional da Verdade,bet365 v2014, cita Cyro e Leo entre maisbet365 v300 militares acusadosbet365 vterem atuadobet365 valguma forma na práticabet365 v"graves violaçõesbet365 vdireitos humanos".
O nomebet365 vLeo é citado devido aos cargos que ele ocupou, como a chefia do Estado-Maior do II Exército e do III Exército, sem relacioná-lo a atos ou vítimas específicas, o que levou seu filho a divulgar uma nota com duras críticas à Comissão, que ele acusoubet365 vnão ter procurado a família durante seus trabalhosbet365 vinvestigação. Foi o único general da ativa a se manifestar publicamente contra o relatório.
"Ao investirem contra um cidadão já falecido, sem qualquer possibilidadebet365 vdefesa, instituíram a covardia como norma e a perversidade como técnica acusatória. No seu patético esforço para reescrever a história, a CNV apontou um culpado para um crime que não identifica, sem qualquer respeito aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa", dizia a nota.
Não foi a primeira vez que a honra do pai tirou Sérgio Etchegoyen do sério. Ainda na ditadura,bet365 v1983, ele chegou a ficar preso alguns dias, após responder críticas do então Comandante Militar do Planalto, Newton Cruz, contra militares que aceitavam deporbet365 vuma Comissão Parlamentarbet365 vInquérito, casobet365 vLéo. A assessoria do GSI confirmou à BBC News Brasil que houve a prisão, mas não respondeu sobre qual seria o teor do depoimento no Congresso.
Conservadores nos costumes, liberais na economia
Assim como o governobet365 vMichel Temer, os Etchegoyen costumam ser conservadores nos costumes e liberais na economia.
No início dos anos 50, quando o país viveu um forte debate sobre a exploração do petróleo, o avô Alcides se opôs à propostabet365 vmonopólio estatal que acabou prevalecendo com a criação da Petrobras,bet365 v1953.
O tio Cyro se dizia favorável à privatização da Petrobras, embora criticasse a forma como o debate era conduzido no início dos anos 90, no governo Fernando Collor. "Vamos entender bem isso, meu pai não acreditava nos 'nacionalistas'. Nem eu. (…) Sempre desconfiei. Mas eu também não sou um liberal entreguista, eu prezo o interesse do meu país", disse à FGV.
A Petrobras hoje está no centro da crisebet365 vabastecimento que o chefe do GSI tenta debelar, ebet365 vprivatização - oubet365 vparte dos seus ativos - volta a ser discutida. Sem citar empresas específicas, o ministro Etchegoyen defendeu,bet365 ventrevista ao portal Exame.com no ano passado, a importância do capital privado.
"A preocupação com a soberania nacional é o começo do discurso que levou ao nosso deficitbet365 vinfraestrutura. As privatizações não ameaçam a soberania nacional, e abordar a questão por esse ponto sempre acaba travando os projetos", argumentou o general.
Conselheirobet365 vTemer
Em meio ao intenso troca-troca ministerial do governo Temer, Etchegoyen é um dos poucos que está no planalto desde quando Temer ainda era interino, antes do final do processobet365 vimpeachmentbet365 vDilma Rousseff (PT),bet365 vmaiobet365 v2016. Por ser próximo do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, seu conterrâneobet365 vCruz Alta (RS), e do ex-ministro da Defesa, o também gaúcho Nelson Jobim, acabou aceito para a função embora não fosse próximobet365 vTemer antes.
Segundo o amigo Francisco Carlos Texeira, que também foi diretor do Instituto Pandiá Calógeras, do ministério da Defesa, os militares não tinham uma boa relação com o governo Dilma, principalmente, diz ele, por causa da Comissão da Verdade.
Numa gravação obtida por investigadores e divulgadabet365 vmaiobet365 v2016, o então senador licenciado Romero Jucá (MDB), atual líder do governo no Senado, defendia que a solução para "estancar a sangria" provocada pela operação Lava Jato seria "pôr o Michel (Temer)".
Mais adiante, Jucá,bet365 vconversa com Sérgio Machado, então diretor da Transpetro, afirmava que já estava "conversando com os generais, comandantes militares".
Segundo Jucá, estava "tudo tranquilo" e os militares iriam "garantir".
Nos últimos dois anos, Etchegoyen ganhou a confiançabet365 vTemer.
"Hoje é um dos conselheiros do presidente da República", diz o deputado Darcísio Perondi (MDB/RS), um dos parlamentares mais próximosbet365 vTemer.
"O Sérgio assume por demais tarefas políticas, fica indefeso", diz Francisco Carlos. Para o amigobet365 vEtchegoyen, é "muito conveniente" para os políticos "matreiros" se esconderem atrásbet365 vum militar, num governo extremamente impopular, durante um ano eleitoral.
A agendabet365 vEtchegoyen nos últimos três meses reflete a evolução do seu perfil público. Em março, fez várias reuniões internas e com o presidente Temer e viagens ao Rio por conta da intervenção federal. Depois, passou a se encontrar com estrangeiros, inclusive o presidente do Paraguai. Muitas dessas reuniões tiveram na pauta o tema da segurança na fronteira. Em maio, quando foi designado para coordenar a reação do governo à greve dos caminhoneiros,bet365 vagenda foi dominada pelo tema. Pouco antes disso, teve um encontro com Luiz Fux, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sobre "apoio às eleições ".
Seu desempenho à frente do GSI, porém, não é imune a críticas. O ministério não soube alertar o Planalto sobra a gravidade da crise dos caminhoneiros, que foi inicialmente subestimada pelo governo, por exemplo.
"Os militares estão convencidosbet365 vque esta é a pior crise por que o país passou na história recente, e se veem como um poder moderador", diz Teixeira. "Eles achavam que Temer seria uma ponte, mas acabou sendo um desastre", opina o professor.
"Sérgio agora aguarda o processo eleitoral."
Carreira
Embet365 vcarreira no Exército, onde ingressoubet365 v1971, aos 19 anos, Etchegoyen chegou a ocupar cargos no exterior, como obet365 voficial do Estado-Maior da Missãobet365 vVerificação das Nações Unidasbet365 vEl Salvador, entre 1991 e 1992, ebet365 vchefe da Comissão do Exército Brasileirobet365 vWashington (EUA),bet365 v2001 a 2003.
No Brasil, a posição mais alta que ocupou foi obet365 vChefe do Estado-Maior do Exército, um cargo importante, nomeado por Villas Bôas, ainda no governo Dilma. Por estar já na reserva, embora seja ministro, tem pouco influência sobre a tropa hoje.
Segundo o pesquisador João Roberto Martins Filho, professor da Universidade Federalbet365 vSão Carlos (UFSCar), que se dedica há décadas a estudar os militares, dentro das Forças Armadas, o general Etchegoyen é tido como uma figura importante, ainda que mais controverso do que figuras tidas como moderadas, como Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército.
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