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'Tive filhoaa jogo online casinoum estupro e hoje coordeno serviçoaa jogo online casinoaborto por WhatsApp':aa jogo online casino
"Não vou dizer que não penseiaa jogo online casinopararaa jogo online casinofazer isso. Às vezes, ainda penso. Mas quando vejo que uma mulher tem as oportunidades que eu não tive eu me sinto melhor. Eu gostoaa jogo online casinover as mulheres seguiremaa jogo online casinofrente", disse ela,aa jogo online casinoentrevista à BBC Brasil.
A decisãoaa jogo online casinocriar a "clínicaaa jogo online casinoaborto" virtual veio após uma experiência pessoal traumática. Ela contou que engravidouaa jogo online casinodecorrênciaaa jogo online casinoum estupro, quando tinha 19 anos. Foi humilhada quando tentou registrar o Boletimaa jogo online casinoOcorrência, na Delegacia da Mulher, e diz que não conseguiu fazer um aborto legal, embora a interrupção da gravidez seja permitidaaa jogo online casinocasosaa jogo online casinoestupro.
Esta reportagem integra uma sérieaa jogo online casinosete matérias sobre a realidade do aborto clandestino no Brasil:
- Exclusivo: Por dentroaa jogo online casinouma 'clínica secreta'aa jogo online casinoaborto no WhatsApp
- 'Tive filhoaa jogo online casinoum estupro e hoje coordeno serviçoaa jogo online casinoaborto por WhatsApp'
- 'Abortar é matar', diz mãeaa jogo online casinográvida mortaaa jogo online casinoclínica clandestinaaa jogo online casinoaborto
- Busca por aborto caseiro na internet dobrou na última década
- A mulher denunciada por médicaaa jogo online casinoplantão e processada por aborto: 'Fui interrogada enquanto sangrava'
- Por que Congresso e STF caminham para lados opostos na discussão sobre aborto no Brasil
"Em outubroaa jogo online casino2013, eu fui sequestrada e estuprada", afirmou. Ela conhecia o agressor, uma pessoa influente emaa jogo online casinoregião. Após sofrer a violência, ela diz que procurou acolhimento na casaaa jogo online casinouma amiga. Ficou duas semanasaa jogo online casinocama, até que reuniu forças para ir à delegacia denunciar o abuso.
"Eu fui ignorada. Eu fui à Delegacia da Mulher, eu estava ferida, e passei por todo tipoaa jogo online casinohumilhação. E infelizmente o que a delegada me disse foi que ela não podia fazer nada por mim. Quando eu disse o nome da pessoa que fez isso comigo, ela disse que não podia fazer nada", relata.
Mas a pior notícia chegaria três meses depois. "Após eu ser estuprada, desenvolvi depressão. Eu tentei suicídio algumas vezes. Mas aí eu fiquei pensando. Pelo menos eu estou viva. Eu vou realizar meus sonhos. Eu vou ficar bem. E aí eu descobri que estava grávida e foi como se a vida tivesse acabado."
Ao procurar um hospital para interromper a gravidez, esbarrouaa jogo online casinonovas barreiras. "Eles duvidaramaa jogo online casinomim. Pediram Boletimaa jogo online casinoOcorrência (BO) e eu não tinha."
O aborto no Brasil só é permitidoaa jogo online casinocasoaa jogo online casinoestupro, riscoaa jogo online casinovida para a mãe e feto com anencefalia. A lei não exige que as mulheres denunciem a violência sexual na polícia para que possam abortar. Mas há diversos relatosaa jogo online casinohospitais que exigem o Boletimaa jogo online casinoOcorrência para realizar o procedimento.
Abigail afirma que, na épocaaa jogo online casinoque tentou interromper a gravidez, não tinha a mesma consciência que tem hoje sobre seus direitos.
"Eu estava vulnerável. Não tinha mais forças para lutar contra o que me diziam", conta ela, que deu à luz uma criança saudável.
"Eu amo meu filho. Mas a gravidez não é uma coisa que eu queria para mim. A maternidade não é uma coisa que eu queria para mim. Mudou minha vida completamente."
Ela conta que passou a ser discriminada por vizinhos e familiares por ser "mãe solteira".
"A maioria das pessoas não sabe, então elas acham que eu tenho um filho e eu não sei quem é o pai. Eu sentia que eu tinha uma vida inteira pela frente e parece que roubaram issoaa jogo online casinomim", relata.
O fatoaa jogo online casinoter sido obrigada a seguir adiante com uma gravidez indesejada impulsionou a decisãoaa jogo online casinocriar um serviçoaa jogo online casinoaborto clandestino. "Por causa disso que eu comecei. Não acho justo que a gente seja obrigada a isso, independente do motivoaa jogo online casinonão querer ter o filho."
Ele conheceu fornecedoresaa jogo online casinoum remédio capazaa jogo online casinoexpelir o feto, ao provocar contrações no útero. É o mesmo medicamento usado como um dos métodosaa jogo online casinoaborto legal nos hospitais.
Passou a revender as pílulas a um preço que variaaa jogo online casinoR$ 900 a R$ 1.500, dependendo da fase da gravidez. Com dicas dadas por médicos que conhece, ela dá o passo a passo do procedimentoaa jogo online casinoaborto. Quer acompanhar as mulheres do começo ao fim, para se certificaraa jogo online casinoque estão bem.
O serviço cresceu, e ela contratou outras três mulheresaa jogo online casinodiferentes regiões do Brasil para atuarem como "auxiliares", orientando as gestantes durante o aborto. Nenhuma é médica. Todas as instruções se baseiamaa jogo online casinobuscas pela internet, experiência própria e conselhosaa jogo online casinoprofissionaisaa jogo online casinosaúde que conhecem.
Os riscos
A médica Alessandra Giovanini, coordenadora do núcleoaa jogo online casinoAborto Legal do Hospital Pérola Byington,aa jogo online casinoSão Paulo, alerta para os riscosaa jogo online casinotomar o remédio abortivo, sem orientação médica.
"Acredito que elas têm a intençãoaa jogo online casinoajudar. Mas essas mulheres correm o riscoaa jogo online casinoter uma hemorragia muito grande eaa jogo online casinoficarem com restos ovulares que podem levar a uma infecção e até à morte, se não procurarem um hospital."
A médica reconhece, porém, que as mulheres que procuram o grupoaa jogo online casinoWhatsApp não têm, por causa das restrições da lei brasileira, a opçãoaa jogo online casinointerromper a gestação nos hospitais.
Abigail também admite que há riscosaa jogo online casinotomar o remédio abortivo sem orientação médica, mas diz que oferece o serviçoaa jogo online casinoaborto para evitar que as mulheres procurem métodos ainda mais inseguros ou façam o procedimento completamente sozinhas.
"A gente orienta que todas procurem o hospital depois, para se certificaraa jogo online casinoque deu certo e fazer a curetagem", diz ela, destacando que, embora receba uma margemaa jogo online casinolucro com a venda dos remédios, queria que o aborto fosse legalizado.
Ela conta que fica com uma parte da receita da venda das pílulas, distribui uma parcela para as auxiliares contratadas e usa o restante para a doaçãoaa jogo online casinoabortivos a mulheres que não podem pagar.
Grupo
Maisaa jogo online casino80 mulheres integram o grupoaa jogo online casinoWhatsApp criado por Abigail atualmente. Mas o entra e sai é constante, já que muitas decidem deixar quando terminam o procedimento. Cercaaa jogo online casino20 novas grávidas entram a cada mês.
"Meninas, muito obrigada pelo apoio. Mas quero agora esquecer esse momento da minha vida e seguiraa jogo online casinofrente. Por isso, vou deixar o grupo", disse uma jovem que havia feito um aborto duas semanas antes.
"Eu vejo o grupo renovado a cada 45 dias. É o tempoaa jogo online casinoelas entrarem, demoram uma, duas semanas para comprar, realizam o procedimento, esperam um mês e saem. Saem pelos motivos delas, para não ficar lembrando ou se expondo."
A "clínica virtualaa jogo online casinoaborto" acabou se tornando mais que um espaçoaa jogo online casinovendaaa jogo online casinoabortivo - funciona uma espécieaa jogo online casinogrupoaa jogo online casinoapoio.
"O grupo éaa jogo online casinovendaaa jogo online casinomedicamento, mas o principal intuito dele é ser uma redeaa jogo online casinotroca. Às vezes, a pessoa está angustiada, que desabafar, e o grupo serve para isso. Tornou-se um espaçoaa jogo online casinoterapiaaa jogo online casinogrupo, um espaçoaa jogo online casinotroca. O lugar seguro delas", diz Abigail.
O medoaa jogo online casinoser presa
A legislação brasileira prevê penaaa jogo online casinoum a quatro anosaa jogo online casinoprisão para quem provoca aborto com o consentimento da gestante.
O advogado criminalista Conrado Almeida Gontijo disse à BBC Brasil que as jovens que administram o grupoaa jogo online casinoWhatsApp também correm o riscoaa jogo online casinoserem denunciadas por comercializarem um remédio que não tem autorização da Anvisa (de 10 a 15 anosaa jogo online casinoprisão) para ser vendido e por formaçãoaa jogo online casinoquadrilha.
"O fatoaa jogo online casinofazerem isso por uma questão ideológica não altera esse risco", afirmou.
Perguntada pela BBC Brasil se não tem medoaa jogo online casinoser presa, Abigail disse que sim. "Talvez algum dia cheguem até mim. Eu espero que demore. Eu espero que nunca aconteça. Infelizmente, se acontecer, eu não vou saber lidar com a prisão."
Mesmo assim, ela pretende continuar. "Eu gostoaa jogo online casinover mulheres seguiremaa jogo online casinofrente."
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