Muito além da princesa Isabel, 6 brasileiros que lutaram pelo fim da escravidão no Brasil:charles do bronx bet 365

A disputa continuou no pós-libertação, para que novas políticas fossem criadas destinando terras e indenizações aos ex-escravos - o que nunca ocorreu.

Conheça abaixo as históriascharles do bronx bet 365seis brasileiros protagonistas na luta pelo fim da escravidão:

Luís Gama, o ex-escravo que se tornou advogado

Luís Gonzaga Pinto da Gama nasceucharles do bronx bet 3651830,charles do bronx bet 365Salvador, filhocharles do bronx bet 365mãe africana livre e pai brancocharles do bronx bet 365origem portuguesa. Quando o menino tinha quatro anos,charles do bronx bet 365mãe, Luísa, teria participado revolta dos Malês, na Bahia, pelo fim da escravidão.

Uma reviravolta ocorreu quando Gama tinha dez anos: ficou sob cuidadoscharles do bronx bet 365um amigo do pai, que o vendeu como escravo. O menino "embarcou livrecharles do bronx bet 365Salvador e desembarcou escravo no Riocharles do bronx bet 365Janeiro", escreve a socióloga Angela Alonso no livro Flores, Votos e Balas, sobre o movimento abolicionista. Depois, foi levado para São Paulo, onde trabalhou como escravo doméstico. "Aprendi a copeiro, sapateiro, a lavar e a engomar roupa e a costurar", escreveu o baiano.

Aos 17 anos, Gama aprendeu a ler e escrever com um estudantecharles do bronx bet 365direito. E reivindicoucharles do bronx bet 365liberdade ao seu proprietário, afinal, nascera livre, livre era.

Em São Paulo, Gama se tornou rábula (advogado autodidata, sem diploma) e criou uma nova formacharles do bronx bet 365ativismo abolicionista: entrava com ações na Justiça para libertar escravos. Calcula-se que tenha ajudado a conseguir a liberdadecharles do bronx bet 365cercacharles do bronx bet 365500 pessoas.

Gama usava diversos argumentos para obter a alforria. O principal deles era que os africanos trazidos ao Brasil depoischarles do bronx bet 3651831 tinham sido escravizados ilegalmente. Isso porque naquele ano foi assinado um tratadocharles do bronx bet 365proibição do tráficocharles do bronx bet 365escravos. Maischarles do bronx bet 365700 mil pessoas tinham entrado no país nessas condições. Apenascharles do bronx bet 3651850 o tráficocharles do bronx bet 365escravos foi abolido definitivamente.

"As vozes dos abolicionistas têm postocharles do bronx bet 365relevo um fato altamente criminoso e assaz defendido pelas nossas indignas autoridades. A maior parte dos escravos africanos (...) foram importados depois da lei proibitiva do tráfico promulgadacharles do bronx bet 3651831", disse Gama na época.

O advogado ainda entrou com diversos pedidoscharles do bronx bet 365habeas corpus para soltar escravos que estavam presos, acusados, sobretudo,charles do bronx bet 365fuga. Ainda trabalhoucharles do bronx bet 365açõescharles do bronx bet 365liberdade, quando o escravo fazia um pedido judicial para comprarcharles do bronx bet 365própria alforria - o que passou a ser permitidocharles do bronx bet 3651871,charles do bronx bet 365um dos artigos da Lei do Ventre Livre.

Luís Gama morreucharles do bronx bet 3651882, sem ver a abolição. Seu funeral,charles do bronx bet 365São Paulo, foi seguido por uma multidão. "Quanto galgara Luís Gama,charles do bronx bet 365ex-escravo a morto ilustre,charles do bronx bet 365cujo funeral todas as classes representavam-se. Comérciocharles do bronx bet 365porta fechada, bandeira a meio mastro,charles do bronx bet 365temposcharles do bronx bet 365tempos, um discurso; nas sacadas, debruçavam-se tapeçarias, como nas procissões da Semana Santa", relata Alonso.

Na hora do enterro, alguém gritou pedindo que a multidão jurasse sobre o corpocharles do bronx bet 365Gama que não deixaria morrer a ideia pela qual ele combatera. E juraram todos.

Maria Tomásia Figueira Lima, a aristocrata que lutou para adiantar a abolição no Ceará

Filhacharles do bronx bet 365uma família tradicionalcharles do bronx bet 365Sobral (CE), Maria Tomásia foi para Fortaleza depoischarles do bronx bet 365se casar com o abolicionista Franciscocharles do bronx bet 365Paulacharles do bronx bet 365Oliveira Lima. Na capital, tornou-se uma das principais articuladoras do movimento que levou o Estado a decretar a libertação dos escravos quatro anos antes da Lei Áurea.

Segundo o Dicionáriocharles do bronx bet 365Mulheres do Brasil, ela foi cofundadora e a primeira presidente da Sociedade das Cearenses Libertadoras que,charles do bronx bet 3651882, reunia 22 mulherescharles do bronx bet 365famílias influentes para argumentar a favor da abolição.

Ao fimcharles do bronx bet 365sua primeira reunião, elas mesmas assinaram 12 cartascharles do bronx bet 365alforria e,charles do bronx bet 365seguida, conseguiram que senhorescharles do bronx bet 365engenho assinassem mais 72.

As mulheres conseguiram, inclusive, o apoio financeiro do imperador Pedro 2º para a iniciativa. Juntamente com outras sociedades abolicionistas da época, elas organizaram reuniões abertas com a população, promoviam a libertaçãocharles do bronx bet 365escravoscharles do bronx bet 365municípios do interior do Ceará e publicavam textos nos jornais pedindo a aboliçãocharles do bronx bet 365toda a província.

Maria Tomásia estava presente na Assembleia Legislativa no dia 25charles do bronx bet 365marçocharles do bronx bet 3651884, quando foi realizado o ato oficialcharles do bronx bet 365libertação dos escravos do Ceará, que deu força à campanha abolicionista no país.

André Rebouças, o engenheiro que queria dar terras aos libertos

André Rebouças nasceu na Bahia,charles do bronx bet 3651838,charles do bronx bet 365uma família negra, livre, e incluída na sociedade imperial. Quando jovem, estudou engenharia e começou a trabalhar na área. Foi responsável por diversas obrascharles do bronx bet 365engenharia importantes no país, como a estradacharles do bronx bet 365ferro que liga Curitiba ao portocharles do bronx bet 365Paranaguá. Conquistou posição social e respeito na corte. A Avenida Rebouças, importante viacharles do bronx bet 365São Paulo, é uma homenagem a André e a seu irmão Antonio, também engenheiro.

Em uma das obrascharles do bronx bet 365que participou, outro engenheiro pediu que Rebouças libertasse o escravo Chico, que era operário e tinha sido responsável pelos trabalhos hidráulicos. "Foi quandocharles do bronx bet 365atenção recaiu sobre o assunto", escreve Angela Alonso, tambémcharles do bronx bet 365Flores, Votos e Balas. Chico foi, então, libertado.

"Sou abolicionistacharles do bronx bet 365coração. Não me acusa a consciência ter deixado uma só ocasiãocharles do bronx bet 365fazer propaganda para a abolição dos escravos, e esperocharles do bronx bet 365Deus não morrer sem ter dado ao meu país as mais exuberantes provas da minha dedicação à santa causa da emancipação", discursou certa vez Rebouças, na presença do imperador Pedro 2º.

Na décadacharles do bronx bet 3651870, Rebouças se engajou na campanha pelo fim da escravidão. Participoucharles do bronx bet 365diversas sociedades abolicionistas e acabou se tornando um dos principais articuladores do movimento. Umcharles do bronx bet 365seus papéis foi fazer lobby - uma ponte entre os abolicionistas da elite e as instituições políticas, para quem executava obrascharles do bronx bet 365engenharia.

As ideiascharles do bronx bet 365Rebouças incluíam não apenas o fim da escravidão. Ele propunha que os libertos tivessem acesso à terra e a direitos, para serem integrados, não marginalizados. "É preciso dar terra ao negro. A escravidão é um crime. O latifúndio é uma atrocidade. (...) Não há comunismo na minha nacionalização do solo. É pura e simplesmente democracia rural", proclamou Rebouças.

O engenheiro também se opunha ao pagamentocharles do bronx bet 365indenização para os senhorescharles do bronx bet 365escravoscharles do bronx bet 365troca da liberdade - para Rebouças, isso seria uma formacharles do bronx bet 365validar que uma pessoa fosse propriedade da outra.

Apoiador da monarquia e da família real brasileira, Rebouças foi ainda um dos responsáveis pela exaltação da Princesa Isabel como patrona da abolição.

Adelina, a charuteira que atuava como 'espiã'

Filha bastarda e escrava do próprio pai, Adelina passou a vender charutos que ele produzia nas ruas e estabelecimentos comerciaischarles do bronx bet 365São Luís (MA). Suas datascharles do bronx bet 365nascimento e morte não são conhecidas. Seu sobrenome, também não.

Como escrava criada na casa grande, Adelina aprendeu a ler e escrever. Trabalhando nas ruas, assistia a discursoscharles do bronx bet 365abolicionistas e decidiu se envolver na causa.

De acordo com o Dicionário da Escravidão Negra no Brasil,charles do bronx bet 365Clóvis Moura (Edusp), Adelina enviava à associação Clube dos Mortos - que escondia escravos e promoviacharles do bronx bet 365fuga - informações que conseguia sobre ações policiais e estratégias dos escravistas.

Aos 17 anos, Adelina seria alforriada, segundo a promessa que seu senhor fez acharles do bronx bet 365mãe. Mas, segundo o Dicionário, isso não aconteceu.

Dragão do Mar, o jangadeiro que se recusou a transportar escravos para os navios

O jangadeiro e prático (condutorcharles do bronx bet 365embarcações) Francisco José do Nascimento (1839-1914), um homem pardo conhecido como Dragão do Mar, foi membro do Movimento Abolicionista Cearense, um dos principais da província, a primeira do Brasil a abolir a escravidão.

Em 1881, o Dragão do Mar comandou,charles do bronx bet 365Fortaleza, uma grevecharles do bronx bet 365jangadeiros que transportavam os negros e negras escravizados para navios que iriam para outros Estados do Nordeste e para o Sul do Brasil. O movimento conseguiu paralisar o tráfico negreiro por alguns dias.

Com o comérciocharles do bronx bet 365escravizados impedido nas praias do Ceará, Nascimento foi exonerado do cargo, segundo o registrocharles do bronx bet 365Clóvis Moura. E se tornou símbolo da batalha pela libertação dos escravos.

Depois da abolição, ele tornou-se Major Ajudantecharles do bronx bet 365Ordens do Secretário Geral do Comando Superior da Guarda Nacional do Estado do Ceará e morreu como primeiro-tenente honorário da Armada,charles do bronx bet 3651914.

Maria Firmina dos Reis, a primeira escritora abolicionista

A maranhense Maria Firmina (1825-1917) era negra e livre, "filha bastarda", mas formou-se professora primária e publicou,charles do bronx bet 3651859, o que é considerado por alguns historiadores o primeiro romance abolicionista do Brasil, Úrsula. O livro conta a históriacharles do bronx bet 365um triângulo amoroso, mas três dos principais personagens são negros que questionam o sistema escravocrata.

A escritora assinava o livro apenas como "Uma maranhense", um expediente comum entre mulheres da época que se aventuravam no mercado editorial, e só agora começa a ser descoberto pelas universidades, segundo a professoracharles do bronx bet 365literatura brasileira da Universidade Federalcharles do bronx bet 365Minas Gerais (UFMG) Constância Lima Duarte.

Maria Firmina também publicava contos, poemas e artigos sobre a escravidãocharles do bronx bet 365revistascharles do bronx bet 365denúncia no Maranhão.

De acordo com o Dicionáriocharles do bronx bet 365Mulheres do Brasil:charles do bronx bet 3651500 Até a Atualidade (Ed. Zahar), ela criou, aos 55 anoscharles do bronx bet 365idade, uma escola gratuita e mista para crianças pobres, na qual lecionava. Maria Firmina morreu aos 92 anos, na casacharles do bronx bet 365uma amiga que havia sido escrava.