Brasil tem 6,9 milhõescodigo da betanofamílias sem casa e 6 milhõescodigo da betanoimóveis vazios, diz urbanista:codigo da betano

Famílias que ocupavam o prédio no Flamengo, zona sul do Rio, deixam a Cinelândia e ocupam agora a Praça da Cruz Vermelha, no centro da cidadecodigo da betanoabrilcodigo da betano2015

Crédito, Tomaz Silva/Agência Brasil

Legenda da foto, Edésio Fernandes: 'É importante que a lei determine onde o pobre vai viver'

O professor cita como exemplo dessa nova onda a ocupação batizadacodigo da betanoIzidora,codigo da betanoBelo Horizonte. Formada por três vilas interligadas (Esperança, Rosa Leão e Vitória), Izidora reúne 30 mil pessoas numa áreacodigo da betanocercacodigo da betano900 hectares ocupada a partircodigo da betano2013. Fernandes cita também a ocupação Povo Sem Medo,codigo da betanoSão Bernardo, quecodigo da betanouma semana já tinha reunido 6 mil pessoas no ano passado.

Edésio Fernandes, professorcodigo da betanodireito urbanístico e ambiental, membro da Development Planning Unit - University College London -

Crédito, Cynthia Vanzella/Divulgação Brazil Forum

Legenda da foto, O professor Edésio Fernandes afirma que famílias com rendacodigo da betano0 a 3 salários mínimos representam 93% do déficit habitacional do Brasil

Fernandes diz que o problema é a faltacodigo da betanoleis para definir onde os mais pobres vão morar. "Não há planejamento e pensamento sobre onde vão viver os pobres. (...) Os centroscodigo da betanocidades estão perdendo população, mas o lugar dos pobres é cada vez mais a periferia", afirma o professor, que é membro da Development Planning Unit da UCL.

Para resolver esse problema, diz Fernandes, a solução não passa apenas por facilitar a aquisiçãocodigo da betanopropriedades para quem tem baixa renda. Ele defende uma mesclacodigo da betanopolíticas públicas, que incluem também propriedades coletivas, moradias subsidiadas e auxílio-aluguel como medidas necessárias para acabar com o déficit habitacional, que é maior entre famílias que têm renda entre zero e três salários mínimos - cercacodigo da betano93% dos 6,9 milhõescodigo da betanofamílias sem teto têm rendacodigo da betanoaté R$ 2,8 mil.

Cotas sociais e raciais para moradia

Joice Berth, arquiteta e urbanista especializadacodigo da betanodireito à cidade com recortecodigo da betanogênero e raça, assessora parlamentarcodigo da betanoLondres - maiocodigo da betano2018

Crédito, Cynthia Vanzella/Divulgação Brazil Forum

Legenda da foto, 'Em nenhum momento estamos pensandocodigo da betanopolítica urbana a partir da questão racial', diz a arquiteta e urbanista Joice Berth

É por isso que a arquiteta e urbanista Joice Berth defende reservar cotas habitacionaiscodigo da betanoespaços com mais infraestrutura para negros.

"A gente precisa desfazer o modelocodigo da betanocasa grande e senzala", afirma Berth, dizendo que bairros como Pinheiros e Itaim Bibi,codigo da betanoSão Paulo, são bairros mais brancos e com maior renda "onde a negritude não pode estar".

A arquiteta pontua que "brancos e pretos pobres se parecem, mas não são iguais". Por isso, ela defende cotas não apenascodigo da betanoprogramascodigo da betanoaquisiçãocodigo da betanoimóveiscodigo da betanoconjuntos habitacionais, mas também uma política que garanta acesso direto à terra aos negros.

Edifício Wilton Paescodigo da betanoAlmeida, no Largo do Paissandu

Crédito, RicardoSAPO©/Creative Commons

Legenda da foto, Para o arquiteto francês Philippe Rizzotti, o edifício Wilton Paescodigo da betanoAlmeida, que pegou fogo na capital paulista, era um 'dos marcos da arquitetura'

Ela também acredita que está na horacodigo da betanoradicalizar as pautas. "Até porque com o advento das cotas (na educação) temos pessoas com novo olhar", observa.

Em relação às ocupações, Berth diz que a solução pode passar por reformar esses imóveis e manter os moradores que lá estão.

O professor Edésio Fernandes, no entanto, observa que o "Brasil não tem tradição nem know how" para transformar imóveis comerciaiscodigo da betanoresidenciais, e isso pode encarecer e dificultar essa conversão. "Faltam tradição e tecnologia", salienta.

Perversidade

Fernandes observa ainda que programas como o Minha Casa Minha Vida (MCMV) deixaram a desejar. Na avaliação dele, alémcodigo da betanonão atender com prioridade a população com renda mais baixa, o MCMV oferece imóveiscodigo da betanobaixa qualidade construtiva e ambiental.

O professor lembra, no entanto, que o Brasil não é o único país a enfrentar dificuldades para manter uma política habitacionalcodigo da betanoqualidade. Fernandes cita o incêndio consumiu Grenfell Tower, prédiocodigo da betano127 apartamentos para pessoascodigo da betanobaixa rendacodigo da betanoLondres, que usou materialcodigo da betanobaixa qualidade e inflamávelcodigo da betanouma reforma antes da tragédia que matou 71 pessoas.

Grenfell Tower parcialmente queimada, junhocodigo da betano2017

Crédito, EPA/FACUNDO ARRIZABALAGA

Legenda da foto, Em Londres, incêndio consumiu Grenfell Tower, prédiocodigo da betano127 apartamentos para pessoascodigo da betanobaixa renda, reformado com materialcodigo da betanobaixa qualidade e inflamável

Ele também compara o incêndio da torre britânica com o do prédio do centrocodigo da betanoSão Paulo. "Os dois incêndios revelam muito mais do que a falênciacodigo da betanoum modelo ecodigo da betanouma política, revelam a perversidade dessa formacodigo da betanose fazer cidade e moradia", afirma.

A falência, acredita Fernandes, também se estende ao sistemacodigo da betanorepresentação política e reflete a faltacodigo da betanomobilização da sociedade para demandar seus direitos.

"Sobretudo, é a falência da nossa históriacodigo da betanonão confrontar a estrutura fundiária, segregada e privatista", diz.

Fernandes e Berth conversaram com a BBC e defenderam mudanças na política habitacional brasileira no sábado, durante palestra no Brazil Forum UK, evento organizado por estudantes brasileiros no Reino Unido.