Biólogo brasileiro apostagalera.bet 10medicamento contra hepatite C para curar o Zika vírus:galera.bet 10

Dr. Alysson Muotri
Legenda da foto, De acordo com Muotri, pesquisa pode levar medicamento contra Zika mais rápido ao mercado, por usar substância já aprovada para hepatite C | Foto: David Paul Morris

Em ambos os laboratórios, os pesquisadores testaram o medicamento primeirogalera.bet 10minicérebros - estruturas obtidas a partirgalera.bet 10células-tronco que emulam o funcionamento do cérebro - e,galera.bet 10seguida,galera.bet 10camundongos. Em ambos os casos, a taxagalera.bet 10sucesso foigalera.bet 10100%, segundo o biólogo.

"Os minicérebros infectados com Zika responderam imediatamente ao Sofosbuvir. Nas primeiras 24 horas, as células pararamgalera.bet 10morrer e voltaram a crescer novamente", disse Muotri à BBC Brasil.

"Nos camundongos, a doença mata. Mas conseguimos que eles se recuperassem do estado terminal. E nas fêmeas, impedimos que o vírus chegasse até os fetos. Agora, estamos preparando os testesgalera.bet 10humanos."

Nos próximos três meses, a equipe deve testar o medicamentogalera.bet 10pacientesgalera.bet 10Zika no Equador, que enfrenta um surto da doença.

De acordo com o Ministério da Saúde brasileiro, desde outubrogalera.bet 102015 até dezembrogalera.bet 102017 foram confirmados 3.037 casos suspeitosgalera.bet 10bebês com alterações no crescimento e desenvolvimento possivelmente relacionadas à infecção pelo Zika. Outros 2.903 continuam sob investigação.

A pasta afirmou que foram registrados 17.452 casos prováveisgalera.bet 10zikagalera.bet 10todo paísgalera.bet 102017 - uma quedagalera.bet 1092%galera.bet 10relação a 2016.

Mas especialistas ainda temem que um novo surto do vírus possa ocorrer, após a descobertagalera.bet 10que o vírus ataca cercagalera.bet 1049%galera.bet 10uma população no primeiro contato - inicialmente se pensava que a taxa eragalera.bet 1080%.

Na prática, isso significa que ao menos metade da população brasileira ainda não foi exposta ao vírus e, portanto, não está imune.

O Levantamento Rápidogalera.bet 10Índicesgalera.bet 10Infestação pelo mosquito Aedes aegypti divulgado pelo Ministério da Saúdegalera.bet 10novembrogalera.bet 102017 indicou que 409 municípios brasileiros estãogalera.bet 10situaçãogalera.bet 10riscogalera.bet 10surtogalera.bet 10dengue, zika e chikungunya.

No mundo, maisgalera.bet 1070 países registraram a doença e pelo menos 26 apresentaram casosgalera.bet 10Síndrome congênita do Zikagalera.bet 10crianças.

Minicérebros
Legenda da foto, Em laboratório, cientistas usam células-tronco para observar evolução do cérebrogalera.bet 10feto humano | Foto: Alysson Muotri

Cérebrosgalera.bet 10laboratório

A tecnologia dos minicérebros foi desenvolvidagalera.bet 102013 por cientistas do Institutogalera.bet 10Biotecnologia Molecular da Academiagalera.bet 10Ciências Austríaca, e tem sido usada desde 2015 para estudar os efeitos do Zika no desenvolvimento do cérebro dos bebês afetados.

Os cientistas usaram células-tronco embrionárias para reproduzir,galera.bet 10laboratório, tecidos que se desenvolvem como o cérebro humanogalera.bet 10um embrião.

As estruturas criadas, que são do tamanhogalera.bet 10ervilhas, chegam a alcançar o mesmo nívelgalera.bet 10desenvolvimentogalera.bet 10um fetogalera.bet 10nove meses, mas são incapazesgalera.bet 10pensar e realizar outras funções do órgão.

"A tecnologia avançou bastante, mas ainda é um modelo simplificado, cultivado in vitro. Conseguimos ver como as células se desenvolvem e se organizam", explica Muotri.

Em 2016, pesquisadores do Instituto D'Or, no Riogalera.bet 10Janeiro, demonstraram que o Zika vírus devasta as células-tronco cerebrais e causa uma redução drástica no crescimento do córtex, a camada externa do cérebro.

Para conferir a possibilidadegalera.bet 10utilizar,galera.bet 10caráter urgente, drogas já existentes contra o Zika, a equipegalera.bet 10Muotri analisougalera.bet 10computador o genoma do Zika comparado aogalera.bet 10outros vírus mais conhecidos, para buscar semelhanças.

"Percebemos semelhanças com o vírus da Hepatite C e, por isso, começamos a olhar para esses medicamentos. Encontramos o Sufosbuvir, que atua na RNA polimerase - a enzima que o vírus usa para se replicar", diz.

"Então a droga impede que o vírus se espalhe no organismo. A partir daí, começamos os testes nos minicérebros."

Bebês camundongos a salvo

O passo seguinte foi testar o medicamentogalera.bet 10camundongos infectados pelo vírus - com especial atenção às fêmeas grávidas.

"Quando você testa a droga nos minicérebros, vê o efeito do vírus diretamente no tecido cerebralgalera.bet 10um feto. Mas quando ele está no ambiente intrauterino, quem toma o medicamento é a mãe. A substância tem que passar pelo metabolismo da mãe e ser processada para chegar até o feto. Por isso esses testes são cruciais", explica Muotri.

Os pequenos camundongos, segundo ele, foram monitorados do nascimento até a fase adulta - períodogalera.bet 10cercagalera.bet 10quatro semanas - com uma tecnologia sensível, "que detectaria até mesmo uma partícula do vírusgalera.bet 10suas células".

Mas nada foi encontrado.

Ratogalera.bet 10laboratório

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Testesgalera.bet 10fêmeasgalera.bet 10camundongo grávidas conseguiram eliminar Zika e impedir transmissão para fetos, segundo biólogo

Diferentementegalera.bet 10um medicamento completamente novo, que ainda precisaria passar por um modelogalera.bet 10testes com primatas antesgalera.bet 10chegar aos testes com humanos, o Sofosbuvir pode passar diretamente para a última fase - o que aceleraria a chegada dele aos pacientes com Zika vírus. Isso porque o medicamento já é aprovado para o uso contra a hepatite C.

Quebragalera.bet 10patente

No Brasil, o tratamento com Sofosbuvir é oferecido no SUS e custa, por paciente, cercagalera.bet 10R$ 13 mil ao Ministério da Saúde, segundo a empresa americana Gilead Sciences, a fabricante do medicamento.

Em marçogalera.bet 102017, no entanto, a Agência Nacionalgalera.bet 10Vigilância Sanitária (Anvisa) se posicionou contra o pedidogalera.bet 10patente do medicamento feito pela empresa.

A decisão final sobre a patente do medicamento ainda tem que ser tomada pelo Instituto Nacionalgalera.bet 10Propriedade Industrial (INPI). Mas caso a empresa não receba a propriedade intelectual da fórmula, a produçãogalera.bet 10genéricos estará liberada.

Nesse caso, o Institutogalera.bet 10Tecnologiagalera.bet 10Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) poderia produzir o medicamento nacionalmente.

"Acabamosgalera.bet 10concluir o estudogalera.bet 10bioequivalência, que é necessário para comprovar que um medicamento genérico tem o mesmo perfilgalera.bet 10ação e eficácia do que o medicamento da empresa. Fizemos esses estudosgalera.bet 10pacientes internados e tivemos resultados positivos", disse à BBC Brasil o presidente do Instituto, Jorge Mendonça.

"Agora, vamos esperar a decisão do INPI para entrar com o processogalera.bet 10registro do genérico junto à Anvisa."

A fabricação do Sofosbuvir no Brasil pode fazer com que o preço do tratamento para o Ministério da Saúde caia pelo menos 50%, segundo Mendonça. A expectativa é que no segundo semestre, o genérico possa ser distribuído pelo SUS.

Pesquisadores da Fiocruz, da UFRJ e do Instituto D'Or também investigavam o possível uso do medicamento contra o Zika vírus e,galera.bet 10agostogalera.bet 102017, publicaram na mesma Science Reports um estudo sobre o sucesso do Sofosbuvirgalera.bet 10tratar camundongos infectados.

O estudogalera.bet 10Alysson Muotri, no entanto, vai além e comprova,galera.bet 10acordo com ele, o bloqueio da transmissão da mãe para o feto.

Mas mesmo com a possível produçãogalera.bet 10um genérico brasileiro do Sofosbuvir, Jorge Mendonça esclarece que ainda é necessária a comprovaçãogalera.bet 10que a substância é eficiente contra o Zikagalera.bet 10humanos antesgalera.bet 10conseguir distribuir a droga para esse fim. Inicialmente, ela continuaria sendo fornecida apenas para tratar a Hepatite C.

Para ele, no entanto, a possibilidade é animadora. "Em termosgalera.bet 10saúde pública, seria uma revolução", afirma.