Um ano após epidemia global, Nordeste 'pode ter outro surto grandejogo pixZika':jogo pix
Até agora, os pesquisadores consideravam que, ao entrarjogo pixcontato com uma população ainda não exposta a ele, o vírus Zika tinha a capacidadejogo pixatacar cercajogo pix80% das pessoas - o que significaria,jogo pixteoria, que a maior parte da população estaria imunizada contra um segundo ataque.
A estimativa, feita pela OMS e utilizada pelo Ministério da Saúde, se baseavajogo pixum estudo sobre o surtojogo pixzika nas ilhas Yap, na Micronésia que, segundo Brito, não parecia correto.
"Aquele estudo tinha muitas lacunasjogo pixmetodologia ejogo pixamostra. Com base na nossa observação cotidiana dos casos já percebíamos que aqueles dados não eram coerentes."
Uma revisão dos dados da epidemia na Polinésia Francesa feita por cientistas franceses e polinésios, mostra que, na verdade, o vírus ataca cercajogo pix49%jogo pixuma população no primeiro contato.
"Esse resultado significa que metade da população entroujogo pixcontato com o vírus e a outra metade ainda está exposta. O medo agora é quejogo pix2017 ou 2018 possamos ter um retorno da doença para esses 50% que ainda não foram atingidos", explica Brito.
"E ainda não temos evidências concretasjogo pixque as pessoas que já foram infectadas ficam realmente imunes. É o que geralmente acontece com as arboviroses (doenças transmitidas por mosquitos), mas ainda não há certeza no caso do Zika."
Sem sintomas?
Outra estimativa inicial da OMS, também baseada nas estatísticas da Micronésia e agora questionada pelos novos dados, é ajogo pixque 80% das pessoas que contraem a doença não apresentam sintomas.
"Neste novo estudo sobre a Polinésia, eles já dizem que só 56% das pessoas que tiveram a doença não apresentavam sintomas. Ainda não temos um novo percentual definitivo, eu vejo um percentual até menor na clínica, mas já sabemos que é bem menos que 80%", afirma Brito.
"Nós analisamos 87 gestantes que tiveram Zika e 70% delas tinham sintomas, especialmente o rash (vermelhidão e coceira no corpo). No surto aqui, as emergências ficavam lotadas com pacientes com o mesmo sintoma."
Se o Nordeste, que já foi atingido fortemente pelo vírus, não está imune, outros Estados brasileiros têm ainda mais razões para se preocupar, segundo o pesquisador.
"Nem sempre se tem um surto grandejogo pixtodo o país quando um vírus entra. Os surtos ocorrem com intensidades diferentesjogo pixlocais diferentes. A dengue está no Brasil há 30 anos e só agora consideramos que São Paulo teve um surto expressivo, por exemplo", diz.
O Brasil ainda não tem, segundo ele, estimativas da soroprevalência do vírusjogo pixcada Estado. Por isso, ainda não é possível saber quantas pessoas foram infectadas no primeiro surtojogo pixcada local.
"É um grande erro achar que o Zika e a microcefalia foram um problema sójogo pixPernambuco. Ou só do Nordeste."
'Para ficar'
No segundo semestrejogo pix2015, quando médicos registraram um aumento incomum no númerojogo pixbebês nascendo com microcefaliajogo pixPernambuco, Carlos Brito foi o primeiro especialista a levantar uma possível conexão entre as malformações e o vírus Zika.
Começavam a aparecer as consequências mais graves do surto da doença, que tinha atingido pela primeira vez o Estado, e que teve um pico entre março e abril daquele ano.
Com o aumentojogo pixcasosjogo pixmicrocefalia - uma malformação no cérebro - ejogo pixoutras complicações causadas pelo Zika, que também chegava a outros países das Américas, a OMS declarou,jogo pix1ºjogo pixfevereirojogo pix2016, que o vírus era uma "emergência global".
Nos meses seguintes, o vírus chegou a 75 países e passou a circularjogo pixtodos os Estados brasileiros.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil teve 214 mil casos prováveisjogo pixZika desde fevereirojogo pix2016, quando a notificação dos casos tornou-se obrigatória, até 17jogo pixdezembro. Cercajogo pix11 mil infecçõesjogo pixgestantes foram comprovadas.
Em novembro do ano passado, o status emergencial foi retirado pela OMS, masjogo pixentrevista coletiva, o diretor-executivo do Programajogo pixEmergênciasjogo pixSaúde do órgão, Pete Salama, disse que o vírus "veio para ficar".
No Nordeste, especialmentejogo pixPernambuco, o surtojogo pixZika foi seguido pelo forte ataque do vírus da febre chikungunya, também transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
Os vírus da dengue, da chikungunya e da zika competem entre si dentro do mosquito,jogo pixacordo com Carlos Brito. Isso explica por que os surtos não ocorrem ao mesmo tempo e também indica que um retorno do Zika pode estar próximo.
"Os Estados do Nordeste que tiveram agora surtosjogo pixchikungunya tendem a ser atacados por outro arbovírusjogo pixseguida. Geralmente é assim que ocorre. E o númerojogo pixcasosjogo pixdengue aqui tem sido baixo, porque o vírus já circula há 30 anos. Por isso, o Zika é novamente o principal candidato."
"Imaginamos que, com os três vírus circulando, uma nova epidemiajogo pixZika não seria tão grande quantojogo pix2015, mas ainda não podemos afastar essa possibilidade. A população não está protegida dos casosjogo pixmicrocefalia ejogo pixcomplicações neurológicas", afirma.
Sudeste
Pelo mesmo motivo, a região Sudeste, especialmente São Paulo, também pode estar mais vulnerável aos vírus da zika e da chikungunya, diz ele.
"Baixamos um pouco a guarda na vigilância e o mosquito está disseminado. Tanto é que batemos recordesjogo pixcasosjogo pixdenguejogo pix2015 ejogo pix2016. Em São Paulo tivemos o primeiro surto expressivojogo pixdenguejogo pix30 anos. Este ano, zika ou chikungunya são candidatos fortes."
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil teve quase 1,5 milhãojogo pixcasosjogo pixdenguejogo pixjaneiro a 24jogo pixdezembrojogo pix2016 - o surto foi maior na região Sudeste.
No iníciojogo pixjaneiro, o Ministério da Saúde afirmou ter repassado R$ 178 milhões a Estados e municípios para açõesjogo pixvigilância e combate ao Aedes aegypti.
A pasta também anunciou que será obrigatório para todos os municípiosjogo pixmaisjogo pix2 mil habitantes realizar o Levantamento Rápido do Índicejogo pixInfestação para Aedes aegypti (LIRAa), que identifica os locais onde há focos do mosquito. Até então, os municípios podiam escolher se aderiam ou não ao levantamento.