De 'mercado eufórico' a 'democracia ameaçada', as visõesapp melbetanalistas estrangeiros sobre o caso Lula:app melbet
"É difícilapp melbetimaginar um cenário que termine bem para a democracia,app melbettermosapp melbetconsenso sobre as regras do jogo. É perigoso ter uma parte do eleitorado que sente que, se Lula não puder concorrer por conta do Judiciário, a democracia foi violada; e uma outra parte acreditando que o Estadoapp melbetDireito foi violado (caso se permita que um condenadoapp melbetsegunda instância dispute a eleição)", avalia Pereira.
"Você tem um impasse. É uma receita para uma eleição incerta e um resultado que talvez não seja aceito por todo eleitorado. Não há só faltaapp melbetconsenso sobre políticas públicas, mas também sobre as regras do jogo, e isso é sempre perigoso numa democracia", completa.
Já o professorapp melbetestudos brasileiros Edmund Amann, da Universidadeapp melbetLeiden, na Holanda, acredita que "ainda é cedo para falar que a democracia brasileira esteja ameaçada". "É um momentoapp melbetmuita incerteza e o veredito potencialmente pode tirar Lula da eleição. Mas não é o fim da linha para ele, que, mesmo fora das urnas, pode continuar participando da campanha e organizando eventos", avalia o professor, que diz ter se surpreendido com a decisão do TRF-4app melbetaumentar a penaapp melbetLula, mas não com a manutenção da condenação.
Amann não descarta o riscoapp melbetprotestos violentos e conflitos sociais a depender do que aconteça com Lula daqui para frente. "O perigo é se os eleitores desistirem da democracia. Mas não dá para saber se as pessoas vão para as ruas, se haverá protestos violentos", pondera o pesquisador.
Reação do mercado
Amann, que é economista, observa ainda que num curto prazo, a economia brasileira não deve ser impactadaapp melbetforma profunda.
"Menos por questões domésticas, como a turbulência política, mas mais porque a economia global vai bem no momento", diz, emendando que a reação imediata do mercadoapp melbetações depois do julgamento era algo previsível.
Os mercadosapp melbetações foram os primeiros a refletir, na prática, a manutenção da condenaçãoapp melbetsegunda instância do ex-presidente. O dia do grande revésapp melbetLula teve efeito opostoapp melbetWall Street, onde acionistas da Petrobras na bolsaapp melbetNova York viram seus papéis encerrarem o pregão com alta surpreendente (8,63%), atingindo o maior valor desde outubroapp melbet2014 - fim do primeiro governoapp melbetDilma Rousseff.
A euforia imediata do mercado está relacionada ao fatoapp melbetLula ser visto como um nome naturalmente contrário a certas reformas ou medidas que agradam investidores internacionais, na avaliação do professor. "Se ele não for candidato, investidores apostam na eleiçãoapp melbetalguém mais pró-mercado", diz Amann.
Para Kenneth Rapoza, especialistaapp melbetfinanças da revista Forbes, o mercado ainda se lembra "dos bons temposapp melbetLula no início dos anos 2000", mas o cenário mudou.
"É realmente péssimoapp melbetdizer que o mercado está comemorando uma sentençaapp melbetprisão contra Lula. Mas é assim que acontece às vezes. O mercado está torcendo pela probabilidadeapp melbetLula não correr", afirmou.
A agênciaapp melbetrisco Moody's, por exemplo, informou à BBC Brasil, por meioapp melbetnota, que o julgamento do ex-presidente Lula "não tem implicaçõesapp melbetcrédito imediato".
"Em nossa opinião, a corrida presidencial está apenas começando e é muito cedo para avaliar possíveis cenários para as eleições. O que é mais relevante para a classificaçãoapp melbetcrédito do Brasil é a questãoapp melbetsaber se o programaapp melbetreformas destinadas a aliviar as pressões fiscais e reverter a trajetória da dívida continuará. O foco nos desenvolvimentos políticos antes das eleições no final deste ano torna essas reformas altamente improváveis em 2018. "
Vencedores
Já o brasilianista Mark Langevin acredita que a decisão contra Lula não traz vencedores claros no curto prazo, mesmo sendo comemorada por antilulistas. Langevin é professor na Universidade George Washington, nos EUA, instituiçãoapp melbetque dirige um programa sobre o Brasil.
Para o professor, o caso coloca o Poder Judiciário sob escrutínio, ao mesmo tempoapp melbetque não deixa claro quem se beneficiará do espólioapp melbetLula caso ele fique,app melbetfato, inelegível para o pleito presidencialapp melbetoutubro.
"Foi um dia ruim para todo o mundo. Todos os lados (da disputa ideológica) devem encarar o resultadoapp melbethoje (quarta-feira) com sobriedade, porque não foi um grande caso (judicial)", opina Langevin.
O brasilianista avalia que o fatoapp melbetos três desembargadores do TRF-4 que julgaram o casoapp melbetsegunda instância terem votado unanimemente pela condenação e pelo aumentoapp melbetpenaapp melbetLula causa "estranheza" e "cria uma nuvem sobre o processo".
Impressões internacionais
Questionado sobre a imagem do Brasil se tornar melhor ou pior com a decisão do TRF-4, Langevin opina que o que se destaca na decisão,app melbetum pontoapp melbetvista estrangeiro, é a necessidadeapp melbetreformasapp melbettodos os Poderes no Brasil.
"Todos querem que o Brasil seja bem-sucedido, mas querem as reformas necessárias - e não só fiscal e previdenciária, mas política, que permita a eleiçãoapp melbetpolíticos responsáveis, e não apenas dos que têm acesso (a financiamento)", diz o brasilianista.
"O Brasil precisaapp melbetlegitimidadeapp melbettodos os Poderes e têm tido dificuldades com isso", agrega, citando a ampla quantidadeapp melbetparlamentares sob investigação no Legislativo e "problemas" no Judiciário: "Os juízes não têm sido cuidadososapp melbetmanter distância dos holofotes eapp melbetseguir o devido processo legal", acredita Langevin.
Já Edmund Amann salienta que o casoapp melbetLula, sozinho, dá, à primeira vista, a impressão ao exteriorapp melbetque as instituições brasileiras estão funcionando. Mas ele pondera que uma análise mais detalhada mostra que a velocidade das investigações e julgamentos varia a depender do alvo,app melbetespecial se forem políticos com foro privilegiado e que, por isso, são julgados pelo Supremo Tribunal Federal.
Para Amann, essa é uma das maiores crises políticas desde a redemocratização porque as acusações pesam sobre "peixes grandes" da políticaapp melbetdiferentes partidos. "Só o tempo dirá se é algo maior que a crise dos anos 1930, quando Getúlio Vargas assumiu o comando do Brasil, ou dos anos 1960 quando os militares tomaram o poder. Mas já é algo grande", completa o pesquisador.