'Ninguém liga para PMs mortos', diz americana que luta por justiça para noivo executado no Rio:instalar bet7k

Cassia Roth e Clayton Fagner Alves Dias
Legenda da foto, Cassia e Clayton,instalar bet7kfotoinstalar bet7k2014; a americana deixou o Brasil, mas luta para que o assassinato do PM seja elucidado | Foto: Arquivo pessoal

Cassia deixou o Brasil após a morteinstalar bet7kClayton, mas vem lutando como pode para que o assassinato seja elucidado. Quatro traficantes foram identificados e há suspeitainstalar bet7kque uma banda podre da polícia tenha tido envolvimento.

No processo, a americana diz que vem tendoinstalar bet7klidar com grandes diferenças estruturais e culturais entre os Estados Unidos e o Brasil - tanto no sistema criminal e nas taxasinstalar bet7kelucidaçãoinstalar bet7khomicídio quanto na formainstalar bet7ka sociedade brasileira ver a polícia.

"Já faz quase três anos e ninguém foi a julgamento ainda. Nesse meio tempo, muitos outros policiais foram assassinados, e o trabalho dos investigadores vai se acumulando. Faltam recursos para investigar, mas também falta ênfase por parte do governo", lamenta ela.

"Parece que ninguém liga", desabafa. "Acho que isso reflete a maneira como as pessoas veem a Polícia Militar. Elas já supõem que policiais sejam violentos e sejam corruptos. Não ligam (quando morrem)", diz Cassia, agora fazendo um pós-doutoradoinstalar bet7kEdimburgo, na Escócia.

Sem recursos, sem punição

Nos Brasil, a taxa geralinstalar bet7kelucidaçãoinstalar bet7khomicídios é estimadainstalar bet7kcercainstalar bet7k8%, com variaçõesinstalar bet7kum Estado para o outro. Mas não há números confiáveis para acompanhar a situação nacional.

Estudo recente do Instituto Sou da Paz, intitulado "Onde mora a Impunidade?" concluiu que apenas seis Estados brasileiros tinham estatísticas consistentes que permitissem estimar uma taxainstalar bet7kesclarecimento.

Um deles é o Rio, onde 11,8% dos homicídios cometidosinstalar bet7k2015 geraram denúncias criminais para que fossem levados a julgamento, segundo o levantamento.

Enterroinstalar bet7kpolicial militar no Rioinstalar bet7kJaneiro

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Estudo mostra que 11,8% dos homicídios cometidosinstalar bet7k2015 geraram denúncias criminais

A taxa está muito abaixo da média dos Estados Unidos, por exemplo, que esclareceinstalar bet7ktornoinstalar bet7k65% dos assassinatos.

Diante do aumento do númeroinstalar bet7kmortesinstalar bet7kpoliciais militares no Rio, a Secretariainstalar bet7kSegurança Pública criou,instalar bet7k2016, uma divisão especial dentro da Delegaciainstalar bet7kHomicídios para investigar as mortesinstalar bet7kagentesinstalar bet7ksegurançainstalar bet7kuma forma geral - como policiais militares, civis, federais, bombeiros e agentes penitenciários.

De acordo com o delegado responsável pelo núcleo, Brenno Carnevale, o núcleo conseguiu elucidar 47% dos casos ocorridos na capital entreinstalar bet7kcriação,instalar bet7kagostoinstalar bet7k2016, e o fim do ano passado.

O número é bem superior, praticamente o dobro, ao da taxainstalar bet7kelucidação que o Estado tem registrado nos últimos anos, que, segundo a Secretariainstalar bet7kSegurança Pública, chega "a até 27%".

O número não pode ser comparado à taxainstalar bet7k11,8% citada no estudo do Sou da Paz, pois não se refere aos casosinstalar bet7kque uma denúncia criminal foi oferecida, mas sim, segundo Carnevale, aos inquéritosinstalar bet7kque se concluiu o que aconteceu e quem foi o autor, o que nem sempre gera provas suficiente para produzir uma denúncia.

"Temos tido um percentualinstalar bet7kdescoberta relevante", diz o secretárioinstalar bet7kSegurança Pública, Roberto Sá, enumerando outras medidas que foram tomadas, "apesarinstalar bet7ktoda a escassezinstalar bet7krecursos da Polícia Militar", para coibir a morteinstalar bet7kpoliciais, como o projeto Percurso Seguro - que aumentar a segurança para agentesinstalar bet7kseus deslocamentos - e a disponibilizaçãoinstalar bet7kcoletes a provainstalar bet7kbalas para todos eles trabalharem.

"É uma preocupação muito grande, o número (de mortes) é elevado. O número acabou não sendo maior que oinstalar bet7k2016, mas isso não nos tira a dor e a comoção", disse Sá,instalar bet7kum encontro com jornalistas no fim do ano passado,instalar bet7kque falou das dificuldades apresentadas pelos cortes no orçamento e dos esforços que vinham sendo feitos para contornar a faltainstalar bet7krecursos.

Cada pasta, um morto

Há cercainstalar bet7k100 pastas gordas empilhadas com inquéritos sobre as mesasinstalar bet7kCarnevale, situadasinstalar bet7kuma salainstalar bet7kluz branca, paredes nuas e mobiliário econômico na Delegaciainstalar bet7kHomicídios da Capital, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

Cada uma traz um inquérito. "Cada pasta dessas é pelo menos um morto. Alguns processos acumulam maisinstalar bet7kum", explica o delegado.

O inquérito sobre a morteinstalar bet7kClayton não está entre as pastas, porque foi anterior à criação do núcleo coordenado por Carnevale. Mas a escassezinstalar bet7krecursosinstalar bet7kinfraestrutura einstalar bet7kpessoal que atravanca o trabalho do delegado é o mesmo que contribui para que ninguém tenha sido acusado pela morte dele, quase três anos apósinstalar bet7kexecução.

Clayton Fagner e Cassia Roth durante uma viageminstalar bet7k2014
Legenda da foto, 'Parece que ninguém liga', desabafa Roth | Foto: Arquivo pessoal

O núcleoinstalar bet7kCarnevale tem dez policiais e acumula não só os assassinatosinstalar bet7kagentesinstalar bet7ksegurança, mas também os homicídios decorrentes da oposição a intervenção policial, antes conhecidos como autosinstalar bet7kresistência.

Desde agostoinstalar bet7k2016, o delegado recebeu cercainstalar bet7k500 desses casos, contra cercainstalar bet7kcem homicídiosinstalar bet7kpoliciais. Para os autosinstalar bet7kresistência, ele não arrisca estimar uma taxainstalar bet7kelucidação - a maioria dos casos está ainda aguardando laudos cadavéricos, depoimentosinstalar bet7kpoliciais e outras pendências.

"Aí a gente entra nessa discussãoinstalar bet7krecursos,instalar bet7kestrutura, essa coisa toda", resume.

A faltainstalar bet7krecursos significa faltainstalar bet7kpapel para impressoras, faltainstalar bet7kviaturas para a equipe (o que significa depender da boa vontadeinstalar bet7ktestemunhas quando convocadas a prestar depoimento), faltainstalar bet7kmotivação para policiais, que receberam apenasinstalar bet7kdezembro o décimo-terceiroinstalar bet7k2016, e quatro ou cinco computadores para serem usados pelos cercainstalar bet7k50 agentes que atuam na Delegaciainstalar bet7kHomicídios da Capital.

"Os delegados todos têm computador, mas os policiais não. Quando não preciso do meu, coloco um policial para trabalhar nele. Estou otimizando recursos", diz Carnevale.

O delegado não se prolongainstalar bet7kqueixas e ressalta o esforço queinstalar bet7kequipe tem feito para trabalhar. É só que trabalhar está mais difícil. "Não estou nem falandoinstalar bet7kconseguir a cereja do bolo, não. É para fazer o básico, o feijão com arroz."

Ele afirma que apurar as mortesinstalar bet7kpoliciais não pode ser mais importante que investigar homicídiosinstalar bet7kcidadãos comuns, mas ressalta a importânciainstalar bet7kse punir quem atenta contra agentesinstalar bet7ksegurança do Estado.

"A reposta a essas mortes é uma maneirainstalar bet7kimpor limites à atividadeinstalar bet7kcriminosos que acham que podem medir forças ou mesmo se sobrepor à forçainstalar bet7kum policial. Se ele faz isso, aí mesmo que não tem mais limites", considera.

Denúnciainstalar bet7kbanda podre

Quatro suspeitos foram identificados pela morteinstalar bet7kClayton. Um deles, Luan Lopes da Silva, o Luanzinho, foi encontrado mortoinstalar bet7kdezembroinstalar bet7k2015. Havia uma recompensainstalar bet7kR$ 20 mil estipulada parainstalar bet7kprisão.

Luanzinho se intitulava "matadorinstalar bet7kpoliciais", e logo antesinstalar bet7kmorrer liderou um ataque à UPP do Jacarezinho que matou outros dois agentes.

Além dos traficantes, o promotorinstalar bet7kJustiça Sauvei Lai diz que denúncias anônimas apontaram para o envolvimentoinstalar bet7kPMs no assassinatoinstalar bet7kClayton. A Corregedoria da Polícia Militar foi acionada, mas a denúncia não foi comprovada.

Pilhainstalar bet7kfolhas e documentos

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Inquéritos se acumulam,instalar bet7kmeio à faltainstalar bet7krecursos

O promotor diz que faltam provas contundentes para embasar uma denúncia contra os suspeitos da execução.

"Os traficantes foram identificados e conseguimos comprovar que haveria interesse na morte do Clayton", diz Lai, titular da 30ª Promotoriainstalar bet7kInvestigação Penal da 1ª Centralinstalar bet7kInquéritos e responsável pelo caso do PM. "Mas polícia não conseguiu produzir com êxito uma comprovação contundente da participação desses indiciados", acrescenta.

De acordo com o promotor,instalar bet7knada adianta o Ministério Público oferecer uma denúncia "de forma açodada" se as provas forem frágeis, já que os réus acabarão sendo inocentados por júri popular, que costuma ter uma alta taxainstalar bet7kabsolvição.

O promotor se reuniu com Cassia Roth einstalar bet7kadvogada para conversar sobre o processoinstalar bet7kClayton e formasinstalar bet7kbuscar provas mais robustas. Um dos caminhos foi solicitar uma períciainstalar bet7kimagens filmadasinstalar bet7kuma câmera que o PM levava durante as operações, para que pudessem ser usadas nas investigações.

As imagens não trouxeram revelações sobre o momento do crime - mas corroboraram a idoneidade do policial eminstalar bet7katuação na UPPinstalar bet7kManguinhos.

"Mostram que ele era um PM atuante. Que, quando prendia, havia propostainstalar bet7ksuborno, e ele recusava. Que estava realmente desagradando o tráfico local, que portanto teria interesseinstalar bet7kmatá-lo."

Ainda assim, diz o promotor, falta uma "balainstalar bet7kprata" para embasar a denúncia, e o caso voltou à Polícia Civil com pedidos para aprofundar as investigações.

Lai estima que, para cada dez assassinatos no Rio, apenas dois casos resulteminstalar bet7kdenúncias - e apenas um acabe produzindoinstalar bet7kfato uma condenação. Ele diz que faltam recursosinstalar bet7ktodos os lados.

"Nós temos uma precariedade física, pessoal e estrutural. É comoinstalar bet7khospital público. O médico no hospital público não faz uma escolha? Ele vai atender o paciente que tem mais chanceinstalar bet7ksobrevivência. Os policiais nas delegacias estão fazendo a mesma coisa. Cada policial recebe entre 700 e mil inquéritos para cuidar, ou até mais. É muito crime para pouco policial, temos um deficit enorme. Investigação no Brasil não é eficaz, e a razão é a deficiência pessoal e material."

Pressão familiar conta

Nesse universoinstalar bet7kservidores sobrecarregados, o promotor afirma que costuma haver um "esforço maior"instalar bet7kcasosinstalar bet7kpoliciais assassinados porque os familiares colaboram, cobram e marcam presença.

"A grande maioria dos inquéritos arquivados é por faltainstalar bet7kinteresse dos familiares da vítima. Se uma vítima assassinada é traficante, então a família nem se digna a ir para a delegacia para esclarecer. E o Estado não vai correr atrás quando nem a família está correndo atrás", diz Sauvei Lai.

Homenagem a policiais mortos no Rioinstalar bet7kJaneiro

Crédito, EPA

Legenda da foto, Homenagem a policiais mortos no Rio; segundo promotor, costuma haver um 'esforço maior' na elucidação desses assassinatos por causa da pressão das famílias

A americana Cassia Roth conhece bem as dinâmicas brasileiras. É pesquisadorainstalar bet7khistória latino-americana e morou no Rio por maisinstalar bet7ktrês anos.

Cienteinstalar bet7kque monitorar o andamento das investigações seria importante para que elas fossem adiante, contratou uma advogada para acompanhar o processoinstalar bet7kClayton. Desde a morte do parceiro, vem se engajando como pode para que o caso avance.

"É muito triste saber que ter recursos e educação fazem diferença para que as coisas funcionem no Brasil. Eu era uma estudanteinstalar bet7kdoutorado e tive acesso a coisas que outros brasileiros mais pobres não têm, só porque tenho mais recursos. É desanimador ver que as pessoas precisam lutar tanto para conseguir seus direitos. É angustiante conviver com esse tipoinstalar bet7kburocracia todos os dias."

Cassia teve contato com investigadores e com o promotor responsável pelo processo, buscou integrantes da Comissãoinstalar bet7kDireitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rioinstalar bet7kJaneiro (Alerj), abriu uma páginainstalar bet7kum siteinstalar bet7kfinanciamento coletivo para reunir recursos para ajudar a famíliainstalar bet7kClayton e escreveu um artigo relacionando o caso à situaçãoinstalar bet7ksegurança pública do Rio para o blog acadêmico Nursing Clio, do qual é colaboradora.

No texto, contextualiza a morte dele com o históricoinstalar bet7kviolência nas favelas do Rio, a criação das Unidadesinstalar bet7kPolícia Pacificadora e a reputação da polícia fluminenseinstalar bet7kagirinstalar bet7kforma violenta e corrupta, e diz que Clayton foi alvejado e executado por ser reconhecido eminstalar bet7kunidade - e pelos traficantesinstalar bet7kManguinhos - como um policial honesto e trabalhador.

Também fala sobre como se sentiu quando uma operação policial para prender os suspeitos da morte do noivo resultouinstalar bet7kforma desastrosa, atingindo e matando com uma bala perdida o menino Cristian Soares Andrade,instalar bet7k13 anos, na favelainstalar bet7kManguinhos.

A morte gerou comoção na comunidade e foi condenada por organizações defensorasinstalar bet7kdireitos humanos, como a Anistia Internacional.

Em seu artigo, Cassia considerou que as mortesinstalar bet7kClayton einstalar bet7kCristian eram parte do mesmo espectro, e questionou por que as organizações que tinham saídoinstalar bet7kdefesa do rapaz não tinham se manifestado quando seu parceiro policial foi assassinado.

"Dói quando a Justiça que (os policiais) estavam tentando fazer é para o seu ente querido, e aqueles que parecem defender os direitos humanos apagam a possibilidadeinstalar bet7kque Clayton também tivesse esses direitos", comentou no artigo.

Desde a morte do parceiro, a historiadora vê se exacerbar a desconfiança com a atividade policial, o que já sentia durante o namoroinstalar bet7ktrês anos.

Armas sobre o asfalto

Crédito, AFP

Legenda da foto, Rio vive uma grave crise fiscal e vê a escalada da violência

Era comum ouvir manifestaçõesinstalar bet7ksurpresa por estar com um policial militar. "As pessoas me questionavam, como se não conseguissem imaginar que uma doutoranda pudesse se apaixonar por um PM", diz ela.

"Depois que ele morreu, uma acadêmica brasileira me falou: 'vamos te arranjar um outro brasileiro que não seja um policial militar'", lembra Cassia, que até hoje se enfurece ao lembrar do episódio.

Ela evita comparações com os Estados Unidos, e lembra que lá há muitas questões problemáticas na polícia, casos que explicitam um racismo estrutural. "Mas, generalizando muito, acho que há mais respeito por policiais."

Trajetória interrompida

Cassia chegou ao Brasilinstalar bet7k2011 para fazer a pesquisa para seu doutorado, sobre saúde reprodutiva e direitosinstalar bet7kmulheres brasileiras entre 1890 e 1940, após a abolição da escravatura.

Foi apresentada a Clayton por um amigoinstalar bet7kcomum,instalar bet7k2012, fazendo a longa trilha que sobe do Parque Lage, no Jardim Botânico, até o Cristo Redentor. Lembra que estava com duas amigas brasileiras, e que ele levou suas mochilas para aliviá-las do peso. A oferta mexeu com seus brios feministas.

"Eu achei aquilo ridículo, mas ele perguntou se eu queria que carregasse a minha também. Falei que não precisavainstalar bet7kum homem, que podia carregar a minha própria mochila", ri. "Na semana seguinte, marcamosinstalar bet7ksair, e alguma coisa clicou", lembra.

"O Clayton era um ser humano extraordinário. Cresceuinstalar bet7kcondições muito adversas e sempre lutou para ser uma pessoa melhor. Fico muito triste que ele não pôde ter a vida que ele merecia", diz a historiadora, que levou para a Escócia o vira-lata Fox, que o noivo encontrouinstalar bet7kBonsucesso e o casal adotou. "Ele agora é o reiinstalar bet7kEdimburgo."

Camisa tingida artificialmenteinstalar bet7ksangue homenageia policiais mortos no Rio

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Desde a morte do parceiro, historiadora vê se exacerbar a desconfiança com a atividade policial, que já sentia durante o namoroinstalar bet7ktrês anos

Clayton tinha ensino médio completo e origens "muito humildes", filhoinstalar bet7kmãe nordestina que veio para o Rio atrásinstalar bet7kemprego. Ainda estava na Escola da Formaçãoinstalar bet7kPraças da PMERJ (Cefap) quando se conheceram.

"Ele era muito idealista. Acreditava no projeto das Unidadesinstalar bet7kPolícia Pacificadora (UPPs). Mas foi se desencorajando com o que viu. Ele não era corrupto, isso as investigações confirmam com muita clareza. Mas outros a seu redor eram", diz Cassia.

Notícia pelo Google

A americana estavainstalar bet7kLos Angeles e tinha acabadoinstalar bet7kembarcarinstalar bet7kum avião para ir ver os avós quando soube do assassinato. Estava inquieta com a faltainstalar bet7knotícias do parceiro, que não respondera suas últimas mensagensinstalar bet7ktexto.

Antes da decolagem, por um impulso jogou as palavras no Google: "Policial militar, UPP Manguinhos". E viu a notíciainstalar bet7kque um policial lotado naquela unidade havia sido baleado a caminhoinstalar bet7kcasa na Ilha do Governador, onde ela morava com o noivo.

"Liguei para seu irmão, e o Clayton tinha acabadoinstalar bet7kmorrer. Saí do avião e peguei o próximo vooinstalar bet7kvolta para o Rio."

Ao chegar, Cassia foi do aeroporto direto para o enterroinstalar bet7kClayton. No caminho, passou necessariamente pela Estrada do Galeão, onde ele fora baleado. Hoje, ela continua voltando ao Brasil periodicamente para cuidarinstalar bet7kburocracias relacionadas ao caso, que incluem um pedido póstumoinstalar bet7kreconhecimentoinstalar bet7kunião civil, no qual deu entrada para tentar ajudar a famíliainstalar bet7kClayton financeiramente.

Depois da grande históriainstalar bet7kamor que viveu, ela pena toda vez que tem que voltar ao Brasil. "Vamos dizer que já não tenho mais um bom relacionamento com o Rio. É muito difícil para mim estar na cidade."

Cassia não acredita que Justiça possa ser feita no casoinstalar bet7kClayton. "Justiça seria ele ter a vida que merecia, e isso nunca vai acontecer." Mas considera que prender e responsabilizar as pessoas que o mataram é o mínimo que o Estado deveria fazer.

"A frase 'fazer o quê?' jamais deveria ser usada para falar da morte do seu parceiro, e no entanto eu ouvi isso muitas vezesinstalar bet7kpessoas no Rio. Os assassinos do Clayton ainda estão foragidos. 'Fazer o quê, é o Brasil.' Ele foi preso por fazer seu trabalho. 'Fazer o quê, é a Polícia Militar'. O fatoinstalar bet7kbrasileiros estarem resignados a não haver uma responsabilização é trágico", lamenta.

Ela ressalta que não quer fazer qualquer julgamento sobre os brasileiros. "Minha crítica é a um governo e um sistema judicial que forçam as pessoas a não esperarem qualquer resolução", diz.