Por que a sensaçãodafabet palmeirascrise persiste mesmo com a recuperação da economia?:dafabet palmeiras
A primeira reação, tímida, apareceu nos números do terceiro trimestre. Depoisdafabet palmeiraschegarem a 15,3% do PIB, o menor resultado da série disponibilizada pelo IBGE, que começadafabet palmeiras1995, os investimentos subiram a 16,1% do produto.
O emprego também vem registrando números melhores. Mesmo assim, o país ainda contabiliza maisdafabet palmeiras12 milhõesdafabet palmeirasdesempregados - e é esse dado que explicadafabet palmeirasgrande parte porque, para muita gente, a crise continua.
"As pessoas tendem a ter uma percepção muito negativa do futuro ao finaldafabet palmeirasuma recessão, o que faz com que não percebam que a economia já estádafabet palmeirasrecuperação - e uma percepção muito otimista no finaldafabet palmeirasuma grande expansão, o que faz com que não prevejam a recessão iminente", pondera Marcelle Chauvet, professora da Universidade da California Riverside e especialistadafabet palmeirasciclos econômicos.
Recessãodafabet palmeirasbalanço
O Brasil experimentou um avanço do crédito sem precedentes entre 2003 e 2014, lembra a professora da Universidade Federal do Riodafabet palmeirasJaneiro (UFRJ) Margarida Gutierrez.
O aumento do endividamentodafabet palmeirasempresas e famílias nesse período - uma dinâmica que não havia sido observada antes das outras oito recessões que o Brasil teve desde 1981 - ao mesmo tempodafabet palmeirasque contribuiu para o crescimento no ciclodafabet palmeirasexpansão, comprometeu a capacidadedafabet palmeirasconsumo edafabet palmeirasinvestimento durante a crise e na saída dela.
"É o que a literatura chamadafabet palmeirasbalance sheet recession, recessãodafabet palmeirasbalanço", destaca.
O peso do consumo das famílias no PIB recuou por dois anos consecutivos. Cresceu 0,2% no primeiro trimestredafabet palmeiras2017, 1,2% entre abril e junho, com a ajuda da liberação dos saldos inativos do FGTS, e outros 1,2%dafabet palmeirasjulho e setembro.
Depoisdafabet palmeirasum longo inverno digerindo as dívidas, o orçamento das famílias começa a dar sinaisdafabet palmeirasque ganha espaço para o consumo. Acompanhados pelo Banco Central, os níveisdafabet palmeirasendividamento edafabet palmeirascomprometimento da renda têm melhorado nos últimos meses - o primeiro estima a dívidadafabet palmeirasproporção à renda anual e o último, a parcela do rendimento mensal destinada ao pagamento dos débitos.
A redução dos juros ao longo deste ano tem um efeito positivo duplo, ainda que defasado: ele barateia as novas concessõesdafabet palmeirascrédito e pode aliviar as parcelasdafabet palmeirasdívidas mais antigas.
"O consumo das famílias será o motor da retomada", diz o diretordafabet palmeirasEstudos e Políticas Macroeconômicas do Institutodafabet palmeirasPesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Ronaldodafabet palmeirasCastro Souza Júnior.
O caminho, contudo, é longo. Neste ano, a economia deve crescer 0,7%, estima o órgão. Com a altadafabet palmeiras2,6% projetada para 2018, diz o diretor, seria preciso que a economia avançasse expressivos 4,3%dafabet palmeiras2019 para voltar ao nível pré-crise.
Investimentos
Os efeitos da política monetária expansionista - a redução da taxa Selic pelo BC ao longodafabet palmeiras2017 - também devem se manifestar sobre os investimentos, o componente que mais recuou no PIB durante a crise.
Os primeiros sinais apareceram nos números que o IBGE divulgou nesta sexta-feira. A chamada Formação Brutadafabet palmeirasCapital Fixo (FBCF) cresceu 1,6% no terceiro trimestre quando comparada com os três meses anteriores, depoisdafabet palmeirasum mergulhodafabet palmeiras14 trimestres no vermelho edafabet palmeirasficar no zero a zero no segundo trimestre.
A avaliaçãodafabet palmeirasque o cenário à frente édafabet palmeirasmelhora é sustentada pela recuperação da produção industrial - que, apesardafabet palmeirascontabilizar alta modesta no acumuladodafabet palmeiras2017,dafabet palmeiras1,6%dafabet palmeirasrelação ao mesmo períododafabet palmeiras2016, aumentoudafabet palmeirassete dos nove primeiros meses do ano - e pela retomada das importaçõesdafabet palmeirasbensdafabet palmeirascapital, acrescenta Jankiel Santos, economista-chefe do banco Haitong.
Ele também estima altadafabet palmeiras0,7% para o PIB neste ano e algo entre 1,5% e 2% para 2018.
Apesardafabet palmeirasas fábricas ainda terem muitas máquinas paradas e trabalhadores afastados, a indústria vem realizando investimentos para repor a depreciação que os quase três anosdafabet palmeirascrise impuseram a seus ativos físicos. "Não será nada incrível", ressalva Santos, mas o suficiente para mudar a trajetória do indicador, até então negativa.
Sensaçãodafabet palmeirascrise
Comemorados pelo governo, os números não chegam a animar a maioria.
"O brasileiro ainda não sente que houve retomada da economia", diz Danilo Cersosimo, diretor da Ipsos Public Affairs.
A consultoria é responsável pelo Índice Nacionaldafabet palmeirasConfiança do Consumidor, publicado mensalmente pela Associação Comercialdafabet palmeirasSão Paulo (ACSP), um termômetro da percepção das famílias sobre a atividade. Em novembro, o indicador caiudafabet palmeiras73 pontos para 72, ainda longe do níveldafabet palmeiras100 pontos, que indica otimismo.
Para o sociólogo, o mercadodafabet palmeirastrabalho explica parte do pessimismo. A taxadafabet palmeirasdesemprego vem cedendo nos últimos meses, mas ainda há 12,7 milhõesdafabet palmeirastrabalhadores tentando recolocação e quem está empregado ainda se sente inseguro.
Na pesquisa, os indicadores relacionados a segurança no emprego estão praticamente no mesmo patamar há dois anos.
"Nós publicamos a pesquisa desde 2005 e percebemos que o desempenho da inflação e desemprego são os que mais influenciam o otimismo dos consumidores", diz Marcel Solimeo, economista-chefe da ACSP.
Tradicionalmente, o emprego é uma das últimas variáveis a esboçar reação durante os ciclosdafabet palmeirasexpansão, porque reagedafabet palmeirasforma defasada, explica Chauvet. As firmas só começam a contratar funcionários para trabalhardafabet palmeirastempo integral, com carteira assinada, quando a recuperação se torna mais forte.
"O aumentodafabet palmeirashoras (extras) oudafabet palmeirasempregados por tempo parcial é uma estratégia mais segura para firmas quando ainda há incerteza sobre o rumo da economia no iníciodafabet palmeirasuma recuperação", pondera.
Pontodafabet palmeirasinflexão
A recessão acabou no fimdafabet palmeiras2016, diz o Comitêdafabet palmeirasDataçãodafabet palmeirasCiclos Econômicos (Codace). Ligado à Fundação Getulio Vargas (FGV), ele foi criadodafabet palmeiras2004 para determinar uma cronologia para os ciclos econômicos brasileiros, já que os órgãos oficiaisdafabet palmeirasestatística, como o IBGE, não fazem esse tipodafabet palmeirasanálise.
Emdafabet palmeirasúltima reunião, no fimdafabet palmeirasoutubro, o Codace concluiu que a recessão no Brasil durou 33 meses, do segundo trimestredafabet palmeiras2014 ao quarto trimestredafabet palmeiras2016. Desde 1980, só uma crise teve duração semelhante, do fimdafabet palmeiras1989 ao iníciodafabet palmeiras1992.
O tamanho do tombo, contudo, não tem precedente. Nos últimos anos, a economia acumulou 8,6%dafabet palmeirasqueda, contra 7,7% nos 11 trimestresdafabet palmeirasrecessão no início dos anos 90. Os cálculos foram feitos antes da revisão da série do PIB divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE.
Chauvet é um dos sete membros do Codace. Estudiosa do assunto, ela também contribui com o banco central americano, o Fed. Seu modelodafabet palmeirasprevisãodafabet palmeirasciclos econômicos para a economia americana atualizado está disponível no site do escritório regional do órgãodafabet palmeirasSt. Louis, no Missouri.
Para o Brasil,dafabet palmeirasprojeção para 2018 é mais otimista que o consenso - 3,5%dafabet palmeirascrescimento, um ponto percentual acima da médiadafabet palmeirasestimativas colhidas pelo Banco Central e publicadas no boletim Focus,dafabet palmeiras2,5%.
"Grande parte dos errosdafabet palmeirasprojeções se concentra nos pontosdafabet palmeirasinflexão dos ciclos, no fim das expansões e das recessões, como é o caso do Brasil agora", diz ela, ao defender seu modelo não lineardafabet palmeirasestimativas, que levadafabet palmeirasconsideração essas particularidades.