Brasil elimina disparidades entre homens e mulheres na educação e na saúde, mas política e economia derrubam paísranking global:

Operária

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Legenda da foto, Segundo estudo, país precisa resolver disparidades relacionadas a salários e à presença femininacargosalto escalão na política

"A posição atual do Brasil no relatório se deve a duas disparidadesgêneroparticular - a política e a econômica", disse por email à BBC Brasil Vesselina Stefanova Ratcheva, economista e coautora do relatório.

Segundo ela, o país pouco progrediu ao longo dos últimos dez anos no sentidoresolver o problema no campo econômico. Nessa área, perdeu 20 posições2006 para cá, passando do 63º para o 83º lugar - os principais gargalos são as disparidadessaláriosfunções semelhantes erenda obtida por meio do trabalho.

Política

A desigualdade na política é outro gargalo, observa a economista.

"Nosso índice constata que 2017 tem a menor igualdadegênerocargos políticos no Brasil desde que começamos a calculá-lo,2006. Isso contrasta com uma região que, na média, se atua fortemente para a inclusão das mulheres no campo politico."

A participação feminina é medida pelo chamado "empoderamento político", e é considerada um dos principais problemas para o paísrelação à desigualdade. O Brasil foi da 86ª para a 110ª posição no período11 anos englobado no relatório - emboranota tenha subido0.061 para 0.101, o que indica um ambiente mais igualitário.

O estudo coloca o país entre os pioresdois aspectos: mulheres no parlamento eposições ministeriais, rankingsque ocupa, respectivamente, a 121ª e a 134ª posições.

Segundo o Fórum Econômico Mundial, a maior igualdade nesse âmbito foi registrada entre 2011 e 2015, período que engloba a governo Dilma Rousseff. Seu sucessor, Michel Temer, foi duramente criticado ao assumir o governo nomeando apenas ministros homens - após as críticas, ele nomeou mulheres para posiçõesdestaque.

Presidente Michel Temer e ministros

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Legenda da foto, Faltamulheresposições-chave no governo Temer já foi alvopolêmica

Avanços

Nos campos da educação e da saúde, o Brasil se mantémposição estável eliderança nos últimos anos, dividindo o topo do ranking com pouco mais30 países. Mesmo assim, ainda enfrenta desafios, diz a coautora do relatório.

"Hoje, o Brasil acabou com a desigualdadegêneronível educacional, mas, comomuitas outras economiastodo o mundo, desequilibra na contratação, retenção e remuneração, entre vários fatores analisados no relatório, que impedem uma maior integração das mulheres no mercadotrabalho - eforma igualitáriatodos os setores", observa Ratcheva.

Nesse campo, o relatório também levaconsideração o nível educacionalhomens e mulheres que chegam ao mercadotrabalho.

O Brasil foi o único país da América Latina e um dos seis,meio às 144 nações, a eliminar a desigualdade entre homens e mulheres na áreaeducação. Em saúde e sobrevivência, a diferença também está próxima do fim. Tais resultados são semelhantes aos registrados nos últimos anos.

Neste ano, somente outros cinco países conseguiram resolver as disparidades nas duas áreas: República Checa, Letônia, Lituânia, Eslováquia e Eslovênia.

No que diz respeito à educação, são consideradas a taxaalfabetização ematrículas nos ensinos primário e secundário. Na saúde, a análise se dá sobre a razão entre os sexos no nascimento e a expectativavida saudável entre eles.

Ganhos com a igualdade

Globalmente, o estudo observa que apenas 58% da desigualdadegênero foi resolvida pelos países, o pior índice desde 2008.

Segundo o estudo, a igualdade deve resultarganhos econômicos expressivos, que variamacordo com o contextocada país.

O texto não traz estimativas específicas para o Brasil, mas no caso do Reino Unido, por exemplo, mostra que avançar nessa área significaria um reforço adicionalUS$ 250 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB).

Nos Estados Unidos, o valor projetado éUS$ 1,7 trilhão.

Há um longo caminho, no entanto, até que as disparidades registradas no estudo sejam eliminadas. No atual estágio, estima-se que a Europa Ocidental será a região a resolver o problema mais rápido, mas ainda assim daqui a 61 anos. Na área que englobe a América Latina e o Caribe - e que inclui o Brasil - serão necessários 79 anos. Para a América do Norte, o tempo previsto chega a 168 anos.

Outro ponto destacado pelo estudo é a fraca presença femininaáreas como engenharia, indústria e construção, bem como nos segmentoscomunicação e tecnologia. Áreas que, afirma o relatório, estão abrindo mão dos os benefícios da diversidade.