A polêmica decisãopixbet winTemerpixbet winabrir uma área gigante da Amazônia à mineração:pixbet win

Amazônia brasileira

Crédito, Mario Tama/Getty Images

Legenda da foto, Área na Amazônia do tamanho da Dinamarca perderá o statuspixbet winproteção ambiental

Assinado pelo presidente Michel Temer, o decreto nº 9.142 extingue a Renca e libera a região para a exploração privadapixbet winminérios como ouro, manganês, cobre, ferro e outros.

Em meio à crise econômica, o Ministériopixbet winMinas e Energia argumenta que a medida vai revitalizar a mineração brasileira, que representa 4% do PIB e produziu o equivalente a US$ 25 bilhões (R$ 78 bilhões)pixbet win2016, mas que vinha sofrendo com a redução das taxaspixbet wincrescimento global e com as mudanças na matrizpixbet winconsumo, voltadas hoje para a China.

Críticas

O ministério garante que o decreto cumprirá legislações específicas sobre a preservação da área. Ou seja, áreaspixbet winproteção integral (onde não é permitida a habitação humana) e terras indígenas serão mantidas.

No entanto, a iniciativa foi bombardeada por especialistas brasileiros e estrangeiros, que acreditam que os prejuízos da mineração serão sentidos amplamente.

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"Não poderia ter uma notícia pior", resumiu à BBC Mundo, o serviçopixbet winespanhol da BBC, Antonio Donato Nobre, pesquisador do Instituto Nacionalpixbet winPesquisas Espaciais (Inpe, que monitora o desmatamento da Amazônia) e do Instituto Nacionalpixbet winPesquisas da Amazônia (Inpa).

Segundo o pesquisador, haverá impacto nas correntes marítimas que transportam umidade à região amazônica e que uma seca pode ser sentida até nos vizinhos do continente.

"Isso vai afetar toda a bacia amazônica e o continente sul-americano. É o mesmo que pegar uma pessoa pelo pescoço", afirma Nobre.

A Amazônia brasileira chegou a ter recordepixbet win80% na queda do desmatamento entre 2004 e 2012, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. Mas voltou a crescer nos últimos cinco anos - embora uma tendência comece a indicar novamente uma redução. Além disso, 2015 e 2016 foram anos recordespixbet winqueimadas na região, segundo dados do Inpe.

Áreaspixbet winproteção são essenciais para conter o desmatamento, ressalta Erika Berenguer, pesquisadora-sênior do Institutopixbet winMudança Ambiental da Universidadepixbet winOxford.

"O maior impacto não será na áreapixbet winmineração, mas indireto. Haverá um influxopixbet winpessoas que levará a mais desmatamento, mais retiradapixbet winmadeira e mais incêndios", explica. "É uma visão muito simplista do governopixbet windizer que só uma área será afetada."

"Fora que a mineração é altamente poluidora e tem poucos benefícios para a população local, vide a situação socioeconômicapixbet winCarajás", acrescenta Berenguer.

Jazidaspixbet winCarajás

A Serra dos Carajás, no sudoeste do Pará, é vizinha da Renca e abriga parte das maiores jazidaspixbet winminériopixbet winferro, ouro e manganês do mundo. Com a corridapixbet winminérios a partir dos anos 1960, grandes centros urbanos se instalaram no entorno, pressionando o bioma dali.

O potencial geológico da Renca é semelhante aopixbet winCarajás, segundo a organização WWF e o geólogo Onildo Marini, diretor-executivo da Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira (Adimb). Por isso é tão interessante para investidores.

"Essa região é altamente promissora para a exploraçãopixbet windiversos minérios", afirma Marini.

O geólogo concorda que a abertura da área provocará "certo impacto" com a construçãopixbet winrodovias, chegadapixbet winenergia elétrica epixbet winmoradores. Mas defende que ele ficará restrito.

Indígenas do Xingu

Crédito, Ezra Shaw/Getty Images

Legenda da foto, Terras indígenas estão entre as áreas preservadas da Renca

"As empresas exploradoras precisam manter um planopixbet winmanejo adequado, e as áreaspixbet winproteção integral não serão afetadas", garante.

A fiscalização do local não impede o garimpo ilegal. Jos Barlow, da Universidadepixbet winLancaster (Reino Unido), pesquisa a Amazônia há quase duas décadas e já esteve na estação ecológica do Jari, na borda sul da reserva.

"Eu conheço bem o Jari. Quando você está ali, escuta aviõespixbet wingarimpeiros a cada 30 minutos. Todos estão pousando na Renca", conta o professorpixbet winciência da conservação.

O governo federal e Marini argumentam que a atividade mais extensiva no local vai inibir os garimpeiros ilegais. Já Erika Berenguer diz o contrário: com o cortepixbet winverbaspixbet winórgãos ambientais, a abertura da região vai dificultar ainda mais a fiscalização.

O valorpixbet winR$ 3,9 bilhões, um dos menores da história, será dividido entre Ibama e outros dez órgãos ambientais neste ano, anunciou o Ministério do Meio Ambiente.

'Mudará para sempre'

Os pesquisadores também lembraram o eventopixbet winMariana, o pior acidente da mineração brasileira,pixbet win2015, quando uma barragem rompeu no municípiopixbet winMinas Gerais, destruindo vilarejos no entorno do Rio Doce.

"O desastre aconteceupixbet winplena Minas Gerais, totalmente urbanizada, imagine o controle que se tempixbet winlugares ermos como a Amazônia", afirma Bereguer.

Jos Barlow também critica a iniciativapixbet winTemer: "Isso mudará a área inteira para sempre".

Ele alertou para problemas sociais na região, semelhantes aos que ocorrerampixbet winBelo Monte e Altamira, e a previsãopixbet winmudanças climáticas.

"Qualquer perdapixbet winfloresta e entradapixbet winagricultura e estradas vai baixar a resiliência das florestas para secas severas, aumentando incêndios florestais", afirma.

Queimadas

Crédito, AFP

Legenda da foto, Númeropixbet winqueimadas foi recorda na Amazônia nos últimos dois anos

Em entrevista à BBC, Ghillean Prance, da organização Trustee Eden Project, da Inglaterra, considerou a quarta-feira do decreto "um dia triste para o meio ambiente da Amazônia".

Perguntado sobre o argumento do governopixbet winque as áreas ricas ambientalmente serão preservadas, ele afirmou: "Não acredito nisso. Há cada vez mais impacto ocorrendo nas reservas indígenas."

E lembrou que o mercúrio usado na extraçãopixbet winouro pode afetar populações locais. "Vilarejos já morrempixbet winenvenenamentopixbet winmercúrio na Amazônia", disse.

Bom Futuro

Crédito, Mario Tama/Getty Images

Legenda da foto, Mineraçãopixbet winBom Futuro,pixbet winRondônia, é uma das áreas já impactadas

Processopixbet windois anos

A extinção do Renca é aventada desde 2015, quando começava-se a debater o marco regulatório para a mineração. Em novembro passado, representantes do CPRM, o serviço geológico brasileiro, testaram a popularidade da área com investidores numa conferência do setorpixbet winLondres.

Epixbet winabril deste ano, o Ministériopixbet winMinistériopixbet winMinas e Energia publicou uma portaria balizando os trâmites para a extinção da reserva - o decreto confirmou a mudança.

Antes mesmo da criação da Renca, na décadapixbet win1980, houve 160 requerimentospixbet winmineração na área, segundo levantamento da WWF. A maior parte deles foi retirada, mas os que restaram,pixbet wintornopixbet windez, terão prioridade na análise do governopixbet winconcessões.

Esses pedidos que deverão prosseguir compreendem uma áreapixbet win15 mil quilômetros quadrados,pixbet wintornopixbet win30% do total da Renca. Para o restante da área, devem ser abertas licitações.