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A esquina do desemprego: os pedreiros que esperam por trabalho todos os dias no centrocomo funciona o galera betSP:como funciona o galera bet
"Os empregos saíram daqui e fugiram para longe", diz o pintor Aristides dos Santos,como funciona o galera bet42 anos, parado desde 2016 e saudoso do tempocomo funciona o galera betque conseguia obra facilmente. "Eles não foram para longe, não, foram é para lugar nenhum", corrige.
Os peões da esquina, com maiscomo funciona o galera bet40 anos, têm pouca qualificação formal: a maioria que conversou com a BBC Brasil não terminou o ensino fundamental. Grande parte saiu há décadascomo funciona o galera betcidadescomo funciona o galera betMinas Gerais, do Norte e do Nordeste. Buscavam uma vida boacomo funciona o galera betSão Paulo, mas às vezes ela pode virar uma decepção.
O pedreiro fã dos Racionais até conseguiu se dar bem por anos, mas tem uma visão críticacomo funciona o galera betsua trajetória. Saiu do nortecomo funciona o galera betMinas, onde deixou dois filhos, viveucomo funciona o galera betbicos, por uns tempos caiu no excessocomo funciona o galera betbebida e, agora, despencou na crise econômica. Hoje, vai diariamente à esquina do centro, esperando que apareça alguma sorte.
Ele prefere não revelar seu nome nesta reportagem, por medocomo funciona o galera betser reconhecido pelos parentes. "Meu irmão, eu moro num albergue, almoço no Bom Prato (restaurante popular que cobra R$ 1 por refeição). O trem está ruim para qualquer lado que eu pego", diz, emocionado. "Você quer que minha filha me veja assim, fodido e mal pago?"
Ninguém sabe como esse pontocomo funciona o galera betencontro surgiu. Os mais velhos dizem que ele existe desde a décadacomo funciona o galera bet1970, mas que já foicomo funciona o galera betoutros locais do centrocomo funciona o galera betSão Paulo, como o Brás e a Luz. Um dia, ninguém lembra quando, ele se mudou para o cruzamento da Barão com a Dom Josécomo funciona o galera betBarros, um calçadão.
Essa região é cheiacomo funciona o galera betagênciascomo funciona o galera betempregos temporários, subempregos, pequenos bicos. Toda manhã, na frentecomo funciona o galera betalguns prédios, formam-se filas com pessoascomo funciona o galera betenvelope na mão.
Na área dos pedreiros, porém, pouca gente leva o currículo. A experiência está nas mãos calejadas, nas botinas sujascomo funciona o galera bettinta e nas conversas que revelam a construçãocomo funciona o galera betum grande prédio.
Esperando Toninho
O ajudante Evaldo Gonçales,como funciona o galera bet50 anos, conta que as últimas grandes construções das quais participou foram uma fábrica da Fiatcomo funciona o galera betBetim (Minas Gerais) e um edifício da Monsantocomo funciona o galera betCampo Verde (Mato Grosso),como funciona o galera bet2015. Nessa, ele era "fichado" - como os peões chamam as vagas com carteira assinada. Hoje, sobrevivecomo funciona o galera betbicos esporádicos.
Ainda há agênciascomo funciona o galera betemprego que contratam a mãocomo funciona o galera betobra na esquina - elas são chamadascomo funciona o galera bet"tempero", por oferecerem vagas temporárias. Uma delas écomo funciona o galera betum empresário conhecido como "Alemão", um homemcomo funciona o galera betcercacomo funciona o galera bet1,90como funciona o galera betaltura e com cabelos um pouco grisalhos.
O problema é que Alemão não aparece com frequência:como funciona o galera betquatro manhãs, ele passou duas vezes pelo cruzamento, gerando grande expectativa entre os peões, que se viravam para vê-lo. O "salvador" apenas acenava com a cabeça para conhecidos, trocava duas ou três palavras com alguém e ia embora.
Não é assim com Antonio Rodriguez Gonzalez, o Toninho, um espanholcomo funciona o galera bet66 anos, donocomo funciona o galera betoutra agência. Ele passa parte da manhã entre os pedreiros, conversando, sondando-os.
Parece que todos esperam pela presença do homem baixinho,como funciona o galera betbigode, e que sempre usa uma boina preta. Toninho, que trabalha no ramo desde 1975, quando fundoucomo funciona o galera betempresa, também é saudoso dos bons temposcomo funciona o galera betque eram abundantes os empregos na construção civil. "Diminuiu bastante, com certeza. Antigamente o sujeito chegava aqui e não saía sem uma obra", conta.
Ele diz que chegou a ter 300 peões empregados pelo Brasil no começo da década. Hoje,como funciona o galera betmeses bons, consegue colocar 80.
Em 2016, o piso salarialcomo funciona o galera betum empregado da construção civil era R$ 1.362, segundo o sindicato da categoriacomo funciona o galera betSão Paulo.
Barrigudinha
Até hoje, funciona assim: a agência recebe um pedidocomo funciona o galera bet"X" funcionários. Toninho, por exemplo, vai até a esquina e escolhe alguns. Na semana passada, ele estava selecionando trabalhadores para a construçãocomo funciona o galera betum supermercadocomo funciona o galera betAracaju. Os escolhidos devem viajar na segunda-feira.
Enquanto a BBC Brasil entrevistava os homens, rodinhas se formavam no entorno do repórter. Alguém sempre perguntava: "É boca?", como os trabalhadores apelidaram as vagascomo funciona o galera betemprego.
Toninho explica como recruta: "Converso, vejo como o sujeito está. Se eu te disser que, aqui, só dá para chamar uns 30% desses homens você acredita?", questiona. "Sim, tem um problema sériocomo funciona o galera betalcoolismo: o homem até começa a trabalhar, mas no primeiro salário desaparece para beber", diz.
De fato, a bebida alcoólica é presença constante no pontocomo funciona o galera betencontro. Mas poucos são os que exageram - bebem pinga 51 ou uma cachaça mais barata, conhecida como "barrigudinha" por ter o frasco redondo e pequeno.
"O peão está desempregado, moracomo funciona o galera betalbergue, não tem família, não tem perspectiva. Dá para entender porque muitos bebem tanto. Aqui tem mestrecomo funciona o galera betobras que caiucomo funciona o galera betdesgraça na bebida", diz Toninho. O ajudante Evaldo concorda. "Quando a turma não consegue nada, divide uma garrafacomo funciona o galera bet51 para espairecer", diz.
'Pedreirão'
Apesarcomo funciona o galera bettudo, há entre os pedreiros um climacomo funciona o galera betagradável amizade. Eles não vão ali apenas pela possibilidadecomo funciona o galera betemprego, mas também porque existe um sentimentocomo funciona o galera betpertencimento a um grupo. E a nostalgia: passam a manhãcomo funciona o galera betrodinhas contando históriascomo funciona o galera betviagens pelo Brasil atrás das obras.
Um deles brincou com a operação que atingiu as maiores construtoras do país: "Essa Lava Lato acabou foi com tudo, não tem mais emprego nenhum. O único que tem dinheiro aqui é esse repórter aí".
Em outro grupo, Joselito Bispo dos Santos,como funciona o galera bet52 anos, é um dos poucos que não dependemcomo funciona o galera betum emprego para viver, pois recebe um benefício do governo. "Venho aqui mais é para passar o tempo com as amizades", diz.
Ele é orgulhoso da função que exerceu por décadas, desde que saiucomo funciona o galera betMadrecomo funciona o galera betDeus (BA), para buscar a sortecomo funciona o galera betSão Paulo. "Você sabe quantocomo funciona o galera betareia precisa para fazer um sacocomo funciona o galera betcimento?", questiona ao repórter. "Meu irmão, ergui foi casa, prédio, ponte. Sou um pedreirão. Sou igual ao joão-de-barro, carrego tijolo no bico."
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