Emagrecedores vetados pela Anvisa e liberados pelo Congresso trazem riscos e dividem médicos:casa denise bet

Caixacasa denise betcomprimidos

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Legenda da foto, Liberaçãocasa denise betemagrecedores opõe Congresso Nacional e Anvisa

"O que encontramos foi que esses medicamentos trazem riscos graves e resultados inexpressivos", acrescenta.

Mas entidades como o Conselho Federalcasa denise betMedicina (CFM), a Sociedade Brasileiracasa denise betEndocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso) comemoram o retorno dos medicamentos ao país.

Feira

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Legenda da foto, Alimentação saudável e exercícios físicos devem ser a base dos programascasa denise betemagrecimento, afirmam médicos

"Se há grupocasa denise betmedicamentos com consenso entre sociedades médicas (sobre seu uso) e dispensado (liberado)casa denise betoutros países, acreditamos que é direito do médico brasileiro ter esses medicamentoscasa denise betseu arsenal contra a obesidade, mesmo com as limitações dessas substâncias", defende Fábio Trujilho, presidente da SBEM.

Apesarcasa denise betcelebrar a liberação, as entidades alertam quecasa denise betfato há riscos associados aos remédios e que, por isso, precisam ser usadoscasa denise betcasos específicos e por curtos períodoscasa denise bettempo, uma vez que podem causar dependência química.

"É um medicamento para usar no paciente obeso - não para quem quer perder dois ou três quilos", ressalta Trujilho. "Essas substâncias não podem ser receitadas para pacientes que consumam outros remédios, e o tratamento não pode ultrapassar três meses", explica.

Fabricar ou não fabricar

Em meio à polêmica, a indústria farmacêutica afirma ter recebido com preocupação a volta dos emagrecedores.

"É algo que enfraquece a posição da Anvisa, que deveria ser a única responsável pela liberaçãocasa denise betprodutos farmacêuticos", diz Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindicato da Indústriacasa denise betProdutos Farmacêuticos no Estadocasa denise betSão Paulo (Sindusfarma).

"Passaram as anfetaminas, e podem agora passar quaisquer produtos."

Mesmo com a nova lei, avalia Mussolini, a indústria farmacêutica não deve voltar a produzir os inibidores, já que não será possível registrá-los na Anvisa. Por isso, diz, esse mercado não irá mudar no curto-prazo. "Sabemos quecasa denise betvários países esses produtos foram contestados pelacasa denise betfaltacasa denise betsegurança ecasa denise beteficácia. Então não enxergamos que a indústria nacional vá fabricar esses medicamentos."

Para ele, as farmáciascasa denise betmanipulação devem absorver esse mercado, como já faziam no passado. Mas restam dúvidas sobre a origem da matéria-prima que devem utilizar, que precisará ser importada. Com as substâncias banidascasa denise betmercados desenvolvidos, os produtos podem vircasa denise betpaíses com pouca regulação sanitária.

Até 2011, os remédios consumidos no país que incluíam esses inibidorescasa denise betapetite eram produzidos principalmente por empresas brasileiras, como Aché Laboratórios (Dualid S e Desobesi-M), Medley (Inibex S e Absten S) e Libbs Farmacêutica (Fagolipo). Mas após o veto da Anvisa, as empresas abandonaram esse mercado e se voltaram para classescasa denise betremédios contra a obesidade aprovadas pela agência - porém mais caras.

Produtos como o Saxenda, da dinamarquesa Novo Nordisk S/A, são utilizados no tratamento da obesidade e liberados no Brasil. O medicamento dá sensaçãocasa denise betsaciedade maior, mas sem os efeitos colaterais das anfetaminas -casa denise betseu caso, eles podem ser outros, como desidratação e pancreatite aguda.

O problema, argumenta Trujilho, é seu custo mensal:casa denise bettornocasa denise betR$ 700, contra os até R$ 60 dos inibidorescasa denise betapetite à basecasa denise betanfetaminas. "Torna o acesso mais difícil", diz.

Consulta médica

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Legenda da foto, Inibidorescasa denise betapetite aumentam a pressão arterial

Efeitos colaterais

A anfepramona, o femproporex e o mazindol são drogas anfetamínicas, produtos sintéticos que estimulam a atividade do sistema nervoso central e, por isso, afetam o comportamento do pacientecasa denise betdiferentes maneiras.

Alémcasa denise betcausar perdacasa denise betapetite, elas causam insônia e dão maior sensaçãocasa denise betenergia. Ao liberar neurotransmissores que aceleram o metabolismo, as substâncias aumentam a pressão arterial e a frequência cardíaca. Nesse processo, a pessoa queima mais calorias e, dessa maneira, perde peso.

Porém, essas substâncias trazem efeitos colaterais graves, principalmentecasa denise betpessoas com predisposição a transtornos psiquiátricos.

"Essas drogas têm ação sobre neurotransmissores como a dopamina, a noradrenalina e a serotonina, alémcasa denise betoutros. Seus mecanismoscasa denise betação atuamcasa denise betmecanismos comuns aos que estão presentescasa denise betquadros como psicoses, esquizofrenia, depressão e pânico", afirma Táki Athanássios Cordás, psiquiatra e coordenador do programacasa denise bettranstornos alimentares do Institutocasa denise betPsiquiatria do Hospital das Clínicas,casa denise betSão Paulo.

Cordás, que foi um dos que colaboraram com o parecer da Anvisacasa denise bet2011, diz que é comum pacientes apresentarem quadros psicóticos desencadeados pelos inibidorescasa denise betapetite, que foram para o mercado negro após a proibição.

"Tenho vários casoscasa denise betpacientes que passaram a tomar essas drogas e apresentam quadros paranóides,casa denise betperseguição, quadros depressivos."

O principal risco, afirma, é que a maioria da população desconhececasa denise betpredisposição a ter enfermidades psiquiátricas - e o uso das substâncias para emagrecimento pode ter efeitos inesperados e "acordar" outras doenças. "O endocrinologista não será o profissional que irá ver as consequênciascasa denise betseu consultório. Os efeitos serão sentidos pelos psiquiatras e cardiologistas."

"É uma medicação que pode aumentar tendências suicidas", acrescenta a endocrinologista Renata Sacramento, do Hospital São Vicentecasa denise betPaulo, no Riocasa denise betJaneiro. "Alguns pacientes dizem que se sentem horríveis. Para alguns, funciona, mas é a minoria", afirma.

Homem comendo sanduíche

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Legenda da foto, Para sociedades médicas, medicamentos podem ajudar pessoas obesas que não tenham contraindicações

Indicações

Entidades médicas favoráveis ao uso dos anorexígenos ressaltam que eles só devem ser usadoscasa denise betcasos restritos -casa denise betgeral, pacientes obesos e que não tenham contraindicações, como predisposição a doenças cardíacas e psiquiátricas.

De acordo com o Ministério da Saúde, obesos são aqueles com índicecasa denise betmassa corpórea (IMC) acimacasa denise bet30 kg/m². Outro público-alvo seriam pessoas com sobrepeso e sob o riscocasa denise betdesenvolver doenças graves, como o diabetes.

Para esses especialistas, o uso dos remédios para emagrecer auxilia na redução dos efeitos nocivos da obesidade, que atinge uma porção cada vez maior da população. De acordo com dados do Ministério da Saúde divulgadoscasa denise bet2015, 57% dos brasileiros estão acima do peso -casa denise bet2003, eram 42%.

"A obesidade não pode ser vista como má vontade do paciente. Precisa ser vista como doença que precisacasa denise betremédioscasa denise betdeterminados momentos", diz Trujilho, da Sociedade Brasileiracasa denise betEndocrinologia.

"É importante que o paciente obeso volte a ter essas opçõescasa denise bettratamento", avalia Salomão Rodrigues Filho, psiquiatra e conselheiro do Conselho Federalcasa denise betMedicina, entidade que lamenta a proibição das substâncias pela Anvisa. Para a organização, cabe ao médico prescrever o medicamento com segurança, respeitando as restriçõescasa denise betindicação.

"Pacientes obesos têm possibilidade muito maiorcasa denise betdesenvolver doenças crônicas como a diabetes tipo 2, hipertensão arterial, o que vai facilitar possibilidadescasa denise betinfarto ecasa denise betacidentes vasculares cerebrais. Essas são substâncias para evitar esses problemas", diz.

Ambos os profissionais ressaltam que as substâncias precisam ter receita controlada e que médico e paciente devem assinar um termocasa denise betresponsabilidade, para que estejam cientes dos riscos associados aos medicamentos.

'Resistência' ao emagrecimento

Um dos argumentos utilizados pela Anvisa para proibir as anfetaminas emagrecedoras foi que os benefícios eram poucos se comparados aos riscos que esses medicamentos apresentavam. Estudo do órgão regulador na época apontou que as substâncias garantiam perdacasa denise betpeso apenas no curto prazo - ou seja, após o tratamento os pacientes voltavam a engordar.

De acordo com a endocrinologista Renata Sacramento, existecasa denise betfato um "efeito rebote" - ou seja, o paciente perde peso, mas depois passa a ter mais do que tinha antes. "Tenho pacientes que já tomaram e emagreceram, mas depois ganharam o triplo e não conseguiram perder mais."

A médica diz que a perdacasa denise betpeso fica ainda mais difícil após esse efeito. "O corpo cria uma espéciecasa denise bet'resistência' ao emagrecimento", explica.

Médicos relatam ainda casoscasa denise betque a suspensão do remédio leva a um comportamentocasa denise betcompulsão alimentar e a piora do quadrocasa denise betobesidade anterior.

"Você está levando gente doente a consumir uma droga que vai deixá-los ainda mais doentes", afirma Cordás. "Mesmo se houvesse benefício marginal, o risco sobrepuja muito o benefício possível."

Comprimidos

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Legenda da foto, Para representante da indústria, farmáciascasa denise betmanipulação devem assumir mercado dos inibidorescasa denise betapetite

Mudançacasa denise bethábito

Apesarcasa denise betdivergirem dos riscos e benefícios das substâncias, os especialistas concordam que aqueles que precisam emagrecer não poderão escapar da reeducação alimentar e da mudançacasa denise bethábitos, como a práticacasa denise betatividades físicas. Essas medidas levam mais tempo, mas garantem um quadrocasa denise betemagrecimento saudável e sustentável para o paciente.

"Como tudo na vida, perder peso é difícil. Precisa mudar a alimentação, não fumar, fazer atividade física. O problema é que quando chega um remédio, as pessoas pulam etapas e não querem fazer a parte mais importante", avalia Sacramento.

Trujilho, da SBEM, diz que as substâncias devem ser usadas apenas no início do tratamento para ajudar o paciente a incorporar uma dieta regrada, e que a reeducação alimentar é necessária.

"É preciso usar o medicamento por determinado período, para auxiliar o organismo a se adaptar a um novo comportamento."

A melhor maneiracasa denise betenxergar a medicação é como partecasa denise betum tripé que possui outros elementos também essenciais num programacasa denise betemagrecimento, avalia Sacramento. Às vezes, diz a médica, o paciente já chega ao consultório com a ideia fixacasa denise betque precisacasa denise betum medicamento - e cabe ao médico educá-lo e deixar claro que não há efeito imediato sem consequências graves.

"O remédio nunca será a base da pirâmide", explica. "A base é reeducação alimentar e exercício físico."