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O que está por trás do surpreendente aumento no númeropoker valendo dinheiro é crimemulheres na cracolândia:poker valendo dinheiro é crime
O estudo mostrou que o tráfico está cada vez mais organizado na cracolândia e que traficantes têm privilegiado a cooptaçãopoker valendo dinheiro é crimemulheres para consumo da droga e exploração. Outro ponto identificado foi a associação do tráfico na região à prostituição e ao abuso sexualpoker valendo dinheiro é crimecrianças, adolescentes e mulheres.
"Mulheres que antes iam somente comprar droga acabaram sendo recrutadas pelo tráfico. Muitas delas passaram a ser exploradas, inclusive sexualmente. É impressionante como a cracolândia conseguiu manter as mulheres na região, tanto para consumo como trabalho", aponta o secretáriopoker valendo dinheiro é crimeDesenvolvimento Socialpoker valendo dinheiro é crimeSão Paulo, Floriano Pesaro (PSDB).
Especialistas envolvidos no estudo apontam que as mulheres são mais vulneráveis do que os homens na cracolândia: chegam com laços sociais e familiares rompidos e, por isso, têm mais dificuldadepoker valendo dinheiro é crimeprocurar e receber ajuda.
A pesquisa entrevistou 139 usuários nos períodos entre abril e maiopoker valendo dinheiro é crime2016 e abril e maiopoker valendo dinheiro é crime2017. Foi o primeiro estudo a traçar características sociodemográficas epoker valendo dinheiro é crimevulnerabilidade social da população dessa região.
"Foi uma surpresa identificar esse númeropoker valendo dinheiro é crimemulheres na região e mais surpresa ainda perceber que a violaçãopoker valendo dinheiro é crimedireitos humanospoker valendo dinheiro é crimedependentes químicas é maior do quepoker valendo dinheiro é crimehomens", afirmou Pesaro.
Mulheres estão mais expostas à violência - e ao domíniopoker valendo dinheiro é crimetraficantes - porque muitas vezes o corpo feminino é visto como moedapoker valendo dinheiro é crimetroca por drogas.
"Constatamos trabalho infantil e análogo à escravidão, com maior incidência sobre o sexo feminino. Há mulheres jovens, mas também muitas idosas são exploradas ali. Também encontramos mulherespoker valendo dinheiro é crimecárcere privado e até reféns", relata o secretário.
De acordo com a pesquisa do governo, a populaçãopoker valendo dinheiro é crimeusuários frequentes da cracolândia saltoupoker valendo dinheiro é crime709 pessoaspoker valendo dinheiro é crime2016 para 1.861poker valendo dinheiro é crime2017 - um aumentopoker valendo dinheiro é crime162%.
"Um dos motivos desse aumento foi a região ter ficado mais fértil para compra e vendapoker valendo dinheiro é crimedrogas", avalia Pesaro.
Preconceitos
Para o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do Recomeço, programa anticrack do governo estadual, o preconceito é mais intenso contra uma mulher viciadapoker valendo dinheiro é crimecrack do que contra um homem, o que dificulta uma eventual reabilitação.
"É muito mais difícil para a mulher aderir ao tratamento,poker valendo dinheiro é crimefunção dos estigmas e julgamentos morais, e mais provável que não se sintam confortáveis com o tratamento, por serem minoria", afirma.
"Os laços familiares se perdem, ela se dissocia mais rápido dos amigos por causa dos julgamentos, perde a guarda dos filhos. Para sobreviver, ela substitui laços domésticos pelo grupo que encontra na cracolândia", completa.
Há também agravantes fisiológicos. Do pontopoker valendo dinheiro é crimevista médico, a dependência química é mais severapoker valendo dinheiro é crimemulheres, por fatores hormonais.
"É muito mais difícil para uma mulher se manter abstinente do que para um homem. Também é mais fácil para elas desenvolverem a dependência química", afirma Laranjeira.
A origem dessas mulheres dificulta uma possível saída da vida na cracolândia: apenas 56% sãopoker valendo dinheiro é crimeSão Paulo e região metropolitana. Outras 19% declararam vir do interior paulista, 21%poker valendo dinheiro é crimeoutro Estado e 2%poker valendo dinheiro é crimeoutros países.
Para a fotógrafa Felden, que aceitou o convite da gestão municipal anterior e produziu um ensaio fotográfico com 21 dependentes químicas,poker valendo dinheiro é crime20 a 53 anos, ver a situação daquelas mulherespoker valendo dinheiro é crimeperto trouxe "uma desolação profunda".
Na época do ensaio, os dependentes químicos ocupavam uma esquina na região da Luz, centropoker valendo dinheiro é crimeSão Paulo. O fluxo, como era conhecida a concentraçãopoker valendo dinheiro é crimeusuários e traficantes, era tão intenso que impedia a passagempoker valendo dinheiro é crimeveículos.
Desde o último dia 21poker valendo dinheiro é crimemaio, duas ações policiaispoker valendo dinheiro é crimecombate ao tráfico na região dispersaram os usuários, que se espalharam por outros pontos da área central da cidade, mas tem se reaproximado da cracolândia original.
Violênciapoker valendo dinheiro é crimegênero
O levantamento indicou que 44% das mulheres da região tinham históricopoker valendo dinheiro é crimeabuso físico ou sexual na infância; 70% declararam já terem sido vítimaspoker valendo dinheiro é crimeviolência na cracolândia.
Felden, que conversou com dependentes químicas para produzir o ensaio fotográfico, diz que históriaspoker valendo dinheiro é crimeviolência contra as usuárias eram comuns.
"Uma das mulheres que fotografei tinha acabadopoker valendo dinheiro é crimesofrer um estupro. Ela tem 53 anos e já havia sofrido violência sexual na infância", relata a fotógrafa. "Outra,poker valendo dinheiro é crime20 anos, analfabeta e moradorapoker valendo dinheiro é crimerua, já tinha feito seis abortos e, na última vez que a vi, no Natal, havia levado uma facadapoker valendo dinheiro é crimeseu companheiro no joelho."
"Ali você tem,poker valendo dinheiro é crimeum único território, todas as violaçõespoker valendo dinheiro é crimedireitos humanos, sendo o grupo das mulheres e crianças o mais vitimado e mais esquecido pelas políticas públicas até agora", afirma Pesaro.
Gravidez e sífilis
A pesquisa mostrou também que mais da metade das mulheres que engravidaram na cracolândia nunca quiseram fazer exame pré-natal. Todos os filhos das dependentes químicas da região nasceram abaixo do peso, e 67% nasceram prematuros.
No momento da entrevista, 14,3% das mulheres estavam grávidas e 21% já declararam que já tinham praticado aborto.
"É fato que quando pensamospoker valendo dinheiro é crimedependentes químicos, sempre pensamospoker valendo dinheiro é crimehomens, nãopoker valendo dinheiro é crimemulheres. Mas elas estão ali e requerem diferentes cuidados e tratamentos que um homem", alerta Laranjeira, para quem o pré-natal deve ser um serviço essencial na cracolândia.
"Gravidez precoce e não planejada, aumentopoker valendo dinheiro é crimesífilis sem precedentes - talvez a maior epidemia dos últimos anos - HIV, hepatite e tuberculose são problemas atuais da cracolândia", acrescenta Pesaro.
O secretário diz que, diante dessas constatações, mulheres estão sendo priorizadas nas unidadespoker valendo dinheiro é crimeatendimento emergencial a dependentes, montadas pela prefeitura na região central.
"Há também um trabalhopoker valendo dinheiro é crimeconvencimento, porque muitas mulheres escondem que têm crianças ou que estão grávidas, com medopoker valendo dinheiro é crimeperder os filhos", conta o secretário.
Para Laranjeira, a maternidade pode ser uma oportunidade para a mulher deixar o vício. "A ajuda que devemos oferecer a uma grávida nessa situação não é tirar a criança dela. É preciso oferecer um tratamento da dependência química que permita a ela ficar com o filho e, depois, ajudá-la a refazer a vida."
Autoestima
Felden conta que produzir o ensaio com as dependentes não foi fácil. Era preciso conquistar confiança e retirá-las da concentraçãopoker valendo dinheiro é crimeusuários. Aos poucos e com conversa, conta, as mulheres começaram a vir, trazendo brincos e até maquiagem.
Ao ver o resultado do trabalho, Felden revelou as fotos e voltou à região para entregar as imagens às 21 mulheres que registrou.
"A ideia era apenas fazer um trabalho voluntário com mulheres da cracolândia, mas esse ensaio se tornou um estímulopoker valendo dinheiro é crimeautoestima para que se vissem como mulheres fortes. Uma das mulheres me contou depois que tem tentado reduzir os danos do vício depois que se viu bonita", relata a fotógrafa.
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