Como deixei a cracolândia e entrei na faculdadecomprar site de apostasDireito:comprar site de apostas
"Entrei pela porta da Cristolândia (ONG que auxilia usuários do crack a deixarem a droga) no dia 8comprar site de apostasmaiocomprar site de apostas2012, às 15h30, após quatro anos vivendo no fluxo", diz Nogueira à BBC Brasil na praça Princesa Isabel, onde ele foi conversar com usuários da nova cracolândia que se formou no centro paulistano após a mais recente ação policial no local anterior, perto dali.
Agora, após dois anoscomprar site de apostastratamento nas fazendas da ONG e um ano como missionário - ouvindo, ajudando no banho, servindo comida e convencendo usuários a aceitarem o tratamento -, ele quer trabalhar no setor público, mas com foco justamentecomprar site de apostasviciados.
"Meu sonho é ser defensor público", afirma.
Bolsista na faculdade graças a um acordo com a ONG, Nogueira tem notas altascomprar site de apostasquase todas as disciplinas. "A matéria que mais gostocomprar site de apostasestudar é Direito Civil, e tirei nove notas 10. Estou no segundo ano e luto para manter esse ritmo."
A coordenadora do curso, Eliana Berta Fernandes Corral, afirma que Tiago é destaquecomprar site de apostasmeio aos 600 alunoscomprar site de apostasseu corpo discente.
"As notas dele são realmente acima da média, e ele sempre participa das aulas e das nossas atividades. Temos orgulho dele na faculdade."
Diálogo
Nascido na zona nortecomprar site de apostasSão Paulo, Nogueira perdeu a mãe aos 12 anos e o irmão mais velho aos 15 - ambos tinham HIV. Sua avó morreucomprar site de apostascâncer quando ele tinha 20 anos.
Ele vivia com o tio e diz que nunca lhe faltou nadacomprar site de apostastermos materiais. "Eu morava bem, trabalhava com meu tio e andava com carrão, bem vestido e perfumado", lembra.
Entretanto, o que mais faltava era diálogo, conta. "Não tive pai, nunca soube quem ele era, e sentia faltacomprar site de apostasuma orientação,comprar site de apostasalguém com quem conversar. Meu tio me dava tudo, menos isso."
Nogueira começou a usar drogas na adolescência, quando saía à noite. "Comecei a usar cocaína na balada, (junto com) bebida. Para um adolescente, estava tudo legal", conta. Até que provou o crack.
"Ele (o crack) seguia sempre comigo. Eu trabalhava e ia para as baladas com ele junto, até o momentocomprar site de apostasque ele pede exclusividade. E,comprar site de apostas2009, eu fui morar nas ruas por causa disso."
Nessa mesma época começou a se envolver com a pichação, o que envolvia escalar prédios altos - "subi e pichei diversos prédios famososcomprar site de apostasSão Paulo".
Em 2010, caiu e quebrou vários ossos quando grafitava um edifício da avenida Brigadeiro Luís Antonio, na região central da cidade. Quase morreu. Apesar disso, não abandonou o gosto pela atividade - mas hoje faz grafites pedindo autorização dos donos dos muros.
Sonho
Foi um sonho com a avó que mudoucomprar site de apostasvida.
"Um dia sonhei que tomava um refrigerante com a minha vó e conversei muito com ela. Acredito que ela me mandou uma mensagem. Na época, andavacomprar site de apostasmuleta. Acordei, me olhei no espelho e percebi que tinha me tornado um farrapo humano. Estava muito magro, 'noia' ecomprar site de apostasmuleta, tinha passado quatro dias fumando crack direto", lembra.
Foi nesse momento que decidiu buscar ajuda na Cristolândia.
Nogueira diz que o período mais difícil foram os primeiros seis meses.
"O corpo pede a droga e você tem que lutar para se manter na abstinência. Tinha muito desejocomprar site de apostasfumar, muita fome, e dormir era complicado."
Ainda assim, conta que não teve nenhuma recaída.
Ele se tornou evangélico dentro da Cristolândia. "No começo foi difícil. Eles falavam que Deus é bom, eu só pensava que havia perdido toda minha família - e isso era Deus sendo bom? Eu ficava revoltado", explica. Depoiscomprar site de apostas15 diascomprar site de apostastratamento, diz ter tido "um encontro com Deus". Hoje se considera um missionário.
Já o rap surgiu dentro das atividadescomprar site de apostasmúsica durante o tratamento, e hoje ele o utiliza para transmitir apoio aos usuárioscomprar site de apostascrack. Nogueira compõe e cantacomprar site de apostasigrejas e nos cultos da ONG e gravou um CD que se chama Divinamente Rap.
Também quer desenvolver, com ajudacomprar site de apostasum amigo, um aplicativo para agilizar a buscacomprar site de apostasvagas para tratamentocomprar site de apostasdependentes químicos, organização da internação e sistemascomprar site de apostaslogística da ONG que o resgatou.
Abordagens
Nogueira vê com ceticismo a operação policial realizada pelo governo na cracolândia.
"Sabemos que há interesse imobiliáriocomprar site de apostasrevitalizar a área, mas é preciso cuidar das pessoas. Só agir com autoritarismo não resolve. Assim, a cracolândia nunca vai deixarcomprar site de apostasexistir", opina.
Ele se queixacomprar site de apostaster sido abordado "a vida inteira" por policiais e ter sido tratado como "negão e bandido".
Em uma viagem recente à praia, foi parado por um policial e retrucou: "Olha o constrangimento que o senhor está me fazendo eu passar. Eu sou missionário, eu dou banhocomprar site de apostasnoia, eu faço aquilo que o senhor não faz".
Sobre a vida na cracolândia, recorda que cada dia era "uma guerra".
"Você levantacomprar site de apostasmanhã, começa a batalha. Onde você vai comer, e como vai conseguir dinheiro. É impossível não entrar no esquema, você é obrigado a aprender as táticas - sempre ter um cigarro ou uma cachaça na mão para vender."
Do pontocomprar site de apostasvista das estatísticas, Nogueira é um sobrevivente: segundo pesquisa da Unifesp, 30% dos usuárioscomprar site de apostascrack morrem antescomprar site de apostascinco anoscomprar site de apostasconsumo da droga.
Ele creditacomprar site de apostassobrevivência ao medo "de levar facada", que o fazia evitar dormir na rua - pagava por uma cama nos albergues baratos da região.
Hoje, diz quecomprar site de apostasmaior luta é contra si mesmo.
"Nunca posso achar que estou bem, sempre estoucomprar site de apostasprogresso. Ajudar as pessoas me faz bem, porque todos os dias me deparo com a realidade que vivi."