Crise, falência estatal e desemprego levam a explosão no númeroaposta com bonus no cadastromoradoresaposta com bonus no cadastrorua no Rio:aposta com bonus no cadastro
O grupoaposta com bonus no cadastrovoluntários repete a ação três vezes por semana,aposta com bonus no cadastrotrês pontos diferentes no Rio. O númeroaposta com bonus no cadastromoradoresaposta com bonus no cadastrorua teve um aumento vertiginoso nos últimos anos, tendo praticamente triplicadoaposta com bonus no cadastro2013 para cá.
Em abril deste ano, o númeroaposta com bonus no cadastropessoas vivendo nas ruas da cidade chegou a 14.150,aposta com bonus no cadastroacordo com a Secretaria Municipalaposta com bonus no cadastroAssistência Social e Direitos Humanos - contra 5.580aposta com bonus no cadastro2013.
Para a secretária da pasta, Maria Teresa Bergher, a conjunçãoaposta com bonus no cadastrodificuldades do momento atual ajuda a explicar o aumento.
"Vivemos uma crise econômica muito séria no país e o Estado do Rio está falido. O desemprego agora apresentou quedaaposta com bonus no cadastrotodas as regiões do Brasil, menos no Estado do Rio", afirma Bergher. "Tudo isso faz com que tenhamos uma situação bastante séria."
É o avesso do otimismo despertado com o ciclo dos megaeventos dos últimos anos, diante da Copa do Mundo e dos Jogos Rio 2016.
"Muitas pessoas vieram para o Rio nos últimos anos porque a cidade foi vendida com uma imagemaposta com bonus no cadastrobeleza eaposta com bonus no cadastropromessa. Mas muitas pessoas que vieram com esperançaaposta com bonus no cadastroemprego eaposta com bonus no cadastrouma vida melhor acabaram ficando nas ruas", diz a secretária municipal.
Primeira vez na rua
Jorge já tinha ficado desempregado antes, mas a diferença é que sempre aparecia alguma coisaaposta com bonus no cadastropouco tempo. Agora não. Desde a demissão coletiva da empresa da área química onde teve carteira assinada por sete anos, não consegue nada.
Nunca tinha se imaginado dormindo na rua. Mas foi o que restou. Atualmente, quando não consegue vagaaposta com bonus no cadastroum abrigo da prefeitura, se encolhe para dormir nas calçadas do Centro ou da Glória, e rapidamente aprende para onde não deve voltar.
É o caso do Aterro do Flamengo, onde tentara passar a noite anterior ao café da manhã, ao ladoaposta com bonus no cadastrosua mulher. Até que presenciaram três assaltos violentosaposta com bonus no cadastrosequência. "A polícia fica no Aterro até as 22h e depois é um Deus nos acuda. Não dá para dormir lá", conclui Jorge.
O casal então buscou refúgio no monumento ao IV Centenário do Descobrimento do Brasil, na Glória. Inauguradaaposta com bonus no cadastro1900, a obra é pontuada por uma imponente estátuaaposta com bonus no cadastroPedro Álvares Cabral, erguendo uma bandeiraaposta com bonus no cadastroposturaaposta com bonus no cadastrovitória e com inscrições louvando a descoberta da "terra bendicta". À noite, o pedestalaposta com bonus no cadastrogranito fica cercadoaposta com bonus no cadastromoradoresaposta com bonus no cadastrorua.
Efeito dominó
Silvia Aparecidaaposta com bonus no cadastroSouza, parceiraaposta com bonus no cadastroJorge, está na mesma situação que ele. Perdeu o empregoaposta com bonus no cadastrobabá há um ano e meio. A patroa também foi mandada embora do trabalho e, ato contínuo, teve que demiti-la.
"Foi efeito dominó, caiu uma e depois a outra", resume Silvia, que tem 46 anos. "Foi muito difícil." De lá para cá, ela não conseguiu mais nada. "E não estou escolhendo não, faço faxina, o que pintar."
Os dois sãoaposta com bonus no cadastroPetrópolis, na região serrana do Rio. Moravam juntos, mas tiveram que abandonar o endereço há dois meses, e agora passam a maior parte do tempo separados. Jorge dorme na rua ouaposta com bonus no cadastroabrigos da prefeitura; Silvia geralmente dorme na casa da avóaposta com bonus no cadastroDuque Caxias, na Baixada Fluminense.
"Ficar na rua é muito perigoso para mulher. Se durmo com ele na rua, ele não consegue dormir, preocupado comigo", diz Silvia. "Mas quando estou na casa da minha avó e ele na rua, eu também não consigo dormir, preocupada com ele."
No Dia dos Namorados, no começo da semana, eles passaram o dia juntos, mas tiveram que se separar novamente à noite. "A gente fica com muita saudade", lamenta Silvia.
100 mil na rua
A assistente social Vanda Amorim coordena os cafés da manhã na Glória há quase 11 anos. Ela diz que, do começo do ano passado para cá, o númeroaposta com bonus no cadastrofrequentadores dobrou. O projeto passou a receber uma médiaaposta com bonus no cadastro150 moradoresaposta com bonus no cadastroruaaposta com bonus no cadastroum dia para, atualmente, maisaposta com bonus no cadastro300 pessoas por edição.
"Temos visto pessoas que não fazem parte daquele contexto normalaposta com bonus no cadastromoradoresaposta com bonus no cadastrorua, que já vivem há muitos anosaposta com bonus no cadastrocatar material reciclado ou, por causaaposta com bonus no cadastrodrogas, já se acomodaram nessa vidaaposta com bonus no cadastrosobrevivência na rua", explica Vanda.
"Têm outro perfil, estão mais arrumadinhas, têm uma linguagem boa. Esses aí não querem perder tempo. Geralmente tomam café para suprir a fome e vão logo embora", descreve. "Estão correndo atrás."
De acordo com o Institutoaposta com bonus no cadastroPesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil tem pouco maisaposta com bonus no cadastro100 mil pessoas vivendo nas ruas. A estimativa se baseiaaposta com bonus no cadastrodados 2015, já que não há estatísticas nacionais para medir a populaçãoaposta com bonus no cadastrorua. Assim, é difícil acompanhar o avanço desses números e o impacto da recessão.
"O tamanho da populaçãoaposta com bonus no cadastrosituaçãoaposta com bonus no cadastrorua no Brasil sempre tem relação com pobreza, desigualdade social, infraestrutura urbana", afirma o pesquisador do Ipea Marco Antonio Carvalho Natalino, autor do estudo.
"A redução da atividade econômica e o desemprego não são os únicos fatores que levam as pessoas para as ruas. Mas com o aumento desses índices, estamos vendo isso com mais força agora. É visível. Há um aumento da populaçãoaposta com bonus no cadastrosituaçãoaposta com bonus no cadastroruaaposta com bonus no cadastrotodas as grandes metrópoles no Brasil", afirma Natalino, especialistaaposta com bonus no cadastropolítica pública e gestão governamental.
Natalino critica a faltaaposta com bonus no cadastrodados nacionais e atualizados para acompanhar a situação real no país, que seriam essenciais para formular políticas públicas adequadas para atender às demandasaposta com bonus no cadastromoradoresaposta com bonus no cadastrorua.
"Populaçõesaposta com bonus no cadastrorua já costumam ser invisibilizadas. O Estado as torna ainda mais invisíveis por não produzir informações. Ele paraaposta com bonus no cadastroolhar para esse público como alvoaposta com bonus no cadastropolíticas sociais eaposta com bonus no cadastroserviços públicos", considera.
Em São Paulo, cidade que concentra a maior população e o maior númeroaposta com bonus no cadastromoradoresaposta com bonus no cadastrorua no país, os números estão defasados.
O último censo foi realizadoaposta com bonus no cadastro2015, não havendo ainda uma atualização na gestão do prefeito João Doria (PSDB). De acordo com os dados disponíveis, a populaçãoaposta com bonus no cadastrorua na cidade aumentouaposta com bonus no cadastro14.478aposta com bonus no cadastro2011 para 15.905,aposta com bonus no cadastro2015.
Peregrinação por empregoaposta com bonus no cadastrobarriga vazia
Entre os pertences acumulados na mochila pretaaposta com bonus no cadastroJorge está uma pasta com cópiasaposta com bonus no cadastroseu currículo, que já submeteu a empresas do Rio,aposta com bonus no cadastroPetrópolis eaposta com bonus no cadastroMinas Gerais.
O documento lista suas experiências profissionais, ensino médio incompleto e destaca, entre suas principais características, "excelente relacionamento interpessoal e capacidadeaposta com bonus no cadastroliderança".
Após o café da manhã, ele entrega uma cópia para voluntários do Projeto Voar, pedindo que lhe avisassem sobre oportunidades.
Sua rotina tem sido essa. "Amanheceu, saio à procuraaposta com bonus no cadastroemprego, vou batendoaposta com bonus no cadastroportas para ver o que consigo. Só não consigo ir muito longe porque não tenho dinheiro para a passagem (de ônibus)", diz. "Você vai gastar uma energia e não tem um alimento no estômago. É duro".
Mas ele enfatiza que só está na rua por causa do desemprego.
"Não sou dependente químico, não consumo bebida nenhuma, tenho exames toxicológicos. Estouaposta com bonus no cadastrobuscaaposta com bonus no cadastroemprego para poder trazer sustento para mim e para a minha família."
Berço partido
Jorge teria nascidoaposta com bonus no cadastrouma família com boas condições financeiras. Mas seu pai foi assassinado quando ele ainda estava na barriga da mãe. "Mataram meu pai para roubar os caminhões que ele tinha. A minha mãe me botou no mundo e me largou. Com 15 diasaposta com bonus no cadastrovida, meu padrinho me pegou para criar."
Ele viveu com o padrinho até os 7 anos, e depois ficouaposta com bonus no cadastrocasaaposta com bonus no cadastrocasa, "que nem cigano". Só conhece as históriasaposta com bonus no cadastrocomo as coisas eram antes. "Meu pai tinha uma vida boa, uma família boa, ele transportava boi para corte, cortava lenha e transportava toras."
Da infância quebrada vieram dois sonhos. O primeiro era constituir uma família, que fez com que se casasse já aos 16 anos. Virou pai aos 22 anos, e hoje tem três filhos do primeiro casamento.
Com idadesaposta com bonus no cadastro7, 12 e 14 anos, as crianças moramaposta com bonus no cadastroPetrópolis com a mãe. Jorge diz que, com o desemprego, não tem conseguido enviar ajuda financeira.
"A minha filha vai fazer 13 anos neste mês e pela primeira vez estou com receioaposta com bonus no cadastronão poder dar nada. Todo ano eu dou um bolinho, fazemos uma festinha, mas esse ano eu não tenho o que fazer", lamenta.
"Não sou nenhum político igual a esses aí... Vivo do trabalho mesmo", diz ele.
O segundo sonho era dirigir um caminhão e trilhar o caminho do pai que não conheceu. Recentemente, conseguiu trocaraposta com bonus no cadastrocarteiraaposta com bonus no cadastrohabilitação para dirigir carretas - "uma grande conquista". Mas os empregos na área minguaram.
"Deixei currículoaposta com bonus no cadastrovárias transportadoras, mas não está tendo vaga. Tem empresa com 30 carretas paradas. Imagina. Isso são 30 paisaposta com bonus no cadastrofamília! Está tudo parado, o país está parado, não tem o que transportar."
Jorge passou no teste para trabalhar como motoristaaposta com bonus no cadastroônibus no Rio - mas também não apareceram vagas por enquanto.
"Tenho que ficar no aguardo. O problema é que as contas, a barriga, a fome não esperam."