'Nem sempre o que é popular é o melhor para o país', diz líder do Vem pra Rua sobre reformascbet dicasTemer:cbet dicas

Rogério Chequer

Crédito, BBC Brasil

Mas afirma que o cenário parece diferente do que ocorria no governo petista, no qual "foi levantado um esquema absolutamente sistêmicocbet dicascorrupção".

No campo econômico, Chequer defende a importância das reformas que estão sendo discutidas e implementadas no atual governo, como alterações na legislação trabalhista e na Previdência.

Questionado se não seria autoritário implementar essa agenda sem que ela tenha sido submetida ao crivo nas urnas,cbet dicasuma disputa eleitoral, disse que é "muito hipotético" discutir se tal proposta seria rechaçada pelos eleitores.

"Nós temos problemas inúmeros que exigem a atuaçãocbet dicasqualquer governo que seja minimamente responsável. Fechar os olhos para essa realidade para fins eleitoreiros não é o que nós esperamoscbet dicasqualquer candidato a governante. Nem sempre o que é popular é o que é melhor para o país", defendeu.

cbet dicas BBC Brasil - Qual é o alvo das manifestações desse domingo?

cbet dicas Rogerio Chequer - O grande alvo das manifestaçõescbet dicasdomingo é a renovação política. A gente está numa fase no Brasil onde a sociedade,cbet dicasforma muito mais organizada, está exigindo ser escutada, exigindo ser representada.

Do lado dos representantes, eles estão assustados, ameaçados pela Lava Jato e pelas exigências da sociedade. E eles estão tentando se defender, trazendo a preservaçãocbet dicaspoder e privilégios, o que eu tenho chamadocbet dicascombo.

É um combocbet dicasanistia (para crimes), (manutenção do) foro privilegiado, lista fechada (para eleiçãocbet dicasdeputados e vereadores) e aumentocbet dicasfinanciamento público (para campanha). São ações que vão todas na direçãocbet dicasse perpetuarem no poder e manter os privilégios, para não serem atacados nem pelas denúncias do que fizeram e nem pelas exigências da sociedade.

Rogério Chequer

Crédito, OSWALDO CORNETI FOTOS PUBLICAS

Legenda da foto, Chequer era um dos organizadores das manifestações pró-impeachment

cbet dicas BBC Brasil - Então, vocês acreditam que com essas mobilizações vão conseguir barrar o andamento dessas propostas no Congresso?

cbet dicas Chequer - Nosso objetivo é que fique claro para o Congresso e para o governo que o povo não está inerte e não vai aceitar calado as mudanças que eles estão prestes a fazer. Lista fechada, (mais) financiamento público e anistia são mudanças muito graves para a democracia.

cbet dicas BBC Brasil - O Brasil é um país grande, os estados também são grandes, campanha custa dinheiro e é importante na democracia que os candidatos consigam levarcbet dicasmensagem e dialogar com os eleitores. Qual a propostacbet dicasvocês para financiar as campanhas?

cbet dicas Chequer - Isso une o assunto financiamento e o sistema eleitoral. Em primeiro lugar, se o objetivo é baratear campanha, a melhor alternativa é implementar o voto distrital. Ao limitar o distrito e, no casocbet dicasSão Paulo, (reduzir em) até 70 vezes o númerocbet dicaseleitores para o qual você tem que fazer campanha, você barateiacbet dicasaté cinco vezes a campanha. Então o sistema é tão fundamental quanto o financiamento, na verdade é um conjunto.

E o tipocbet dicasfinanciamento que deve ser feito é um financiamento privado, vindocbet dicaspessoas que queiram ajudar. Ele até poderia sercbet dicasempresas, desde que haja transparência, agora ele pode vircbet dicaspessoas. Ao ter esse financiamento vindocbet dicaspessoas os partidos passam a ser obrigados a atender essas pessoas. Isso traria ideologia para os partidos que hoje, com uma abundânciacbet dicasfinanciamento público, não precisam se conectar com a sociedade, porque eles já recebem recursos suficientes para eleger os candidatos que eles querem e não a sociedade.

cbet dicas BBC Brasil - No caso da lista fechada, essa proposta veio a público com mais força depoiscbet dicasuma reunião no palácio do Planalto do presidente Temer com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), e do TSE, Gilmar Mendes. Como vocês veem a atuação do presidente Temer nessa negociação? A informação que veio à tona écbet dicasque ele se comprometeu a não vetar a lista fechada caso o Congresso aprove a proposta.

cbet dicas Chequer - Nós estamos muito preocupados com o envolvimento que ele pode estar tendo com esse plano. Se for verdade essa informaçãocbet dicasque ele se comprometeu a não vetar, ele já está tomando um partido a favor dessa mudança antidemocrática e ele deveria ser criticado por isso. Eu não tinha essa informaçãocbet dicasque ele tinha se comprometido a isso. Eu vejo ele envolvido nessas negociações o que me leva a crer que ele pode sim estar apoiando essas medidas. Isso eleva nosso temorcbet dicasque ele pode estar envolvido com esse grande combocbet dicasanistia, foro privilegiado, lista fechada e aumentocbet dicasfinanciamento.

cbet dicas BBC Brasil - Voltando aos protestos, há uma discussão sobre se há ou não um racha na direita, devido a algumas diferenças entre Vem Pra Rua e MBL. Mas vocês convocaram protestos para o mesmo dia, então pergunto o contrário: vocês estão bem articulados?

cbet dicas Chequer - Há uma articulação e os movimentos saírem por pautas muito convergentes no mesmo dia não é uma coincidência. Agora, acho positivo o fatocbet dicashaver vários movimentos porque eles são complementares, Cada um está mais ligado a uma faixa etária e isso é extremamente saudável para a democracia brasileira.

Manifestaçãocbet dicas2016

Crédito, EPA

Legenda da foto, As novas manifestações seriam para pedir renovação política

cbet dicas BBC Brasil - Além da questãocbet dicaso MBL ter um público mais jovem que o Vem pra Rua, qual é outra diferença que seria central entre os movimento? Poderia dizer a ligação com partidos, já que MBL elegeu candidatoscbet dicas2016?

cbet dicas Chequer - Sim, eu acho que no caso do MBL existe uma diferençacbet dicasaudiência e existe uma diferençacbet dicasestilo. Quem acompanha os dois consegue perceber. Agora uma diferença estrutural é a opção que o MBL fez, a qual eu não condeno,cbet dicaslançar nomes,cbet dicasfazer alianças diretas com determinados partidos e passar a ter uma conotação mais partidária.

Eu acho que tudo isso ainda é um grande experimento, para o Brasil. A gente vai descobrircbet dicasalguns anos quais são as vantagens e os cuidados que a gente tem que ter com isso, mas eu acho que é muito positivo para o exercício democrático.

Eu não olho isso com maus olhos, principalmente porque a sociedade tem opção agoracbet dicasestar ligada a vários movimentos e escolher se quer movimentos mais partidários ou mais suprapartidários, como é o caso do Vem pra Rua.

cbet dicas BBC Brasil - No caso do MBL, ele lançou candidatos pelo DEM, e o DEM também é às vezes alvocbet dicasdenúnciascbet dicascorrupção. Essa mistura talvez acabe atrapalhandocbet dicasalguma forma o discurso, as estratégias dos movimentoscbet dicasdireita?

cbet dicas Chequer - Eu acho que desde que eles não se envolvam com corrupção, o assunto corrupção não é o mais grave. Eu acho mais delicado, por exemplo, você estar num partido que tem a presidência da Câmara e que defende a lista fechada. Então essa diferença ideológica acho que gera mais conflitos do que casoscbet dicascorrupção que, se eles não se envolverem com isso, não deveriam ser confundidos com quem se envolve.

cbet dicas BBC Brasil - Houve recentemente uma denúncia com relação ao vereador por São Paulo Fernando Holiday (DEM), liderança do MBL,cbet dicasque ele teria usado recursos não declarados para pagar cabos eleitorais. É uma denúncia que o BuzzFeed fez e veio com entrevistascbet dicastestemunhas, planilhas com os nomes. Isso não cria um constrangimento para os movimentos? Como você recebeu essa denúncia?

cbet dicas Chequer - Em primeiro lugar, cada movimento é um movimento, um não deveria responder pelas coisas do outro. Eu não tenho nada a dizer sobre esse caso. Eu não vi evidências suficientes que tornam esse caso algo inegável. Eu vejo o MBL se defendendo contra isso e pelo que eu escutei eles estão inclusive processando a jornalista, por faltacbet dicasevidências nas acusações que ela fez.

cbet dicas BBC Brasil - Você pessoalmente, embora o movimento tenha se mantido distante dos partidos, tem algum planocbet dicasse candidatar a algum cargo, por exemplocbet dicas2018?

cbet dicas Chequer - É algo que eu escuto diariamente, pessoas falando, sugerindo. Eu acho nobre alguém se candidatar para servir o país. Não é algo que faça parte do meu planejamento ainda.

cbet dicas BBC Brasil - Ainda, mas talvezcbet dicasalgum momento você possa cogitar?

cbet dicas Chequer - O futuro é longo demais,cbet dicasalgum momento isso pode ser cogitado.

Eu não comecei esse movimento e essas ações pensando absolutamente nesse assunto. 2018 está muito próximo, isso não está no meu radar para agora.

Jair Bolsonaro

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, Chequer diz que Vem Pra Rua tem divergências significativas com crençascbet dicasBolsonaro

cbet dicas BBC Brasil - Sobre a eleição presidencialcbet dicas2018, recentemente Ciro Gomes disse quecbet dicasum eventual segundo turno entre João Doria (prefeitocbet dicasSão Paulo) e Jair Bolsonaro (deputado federal), fica com o Bolsonaro. Gostariacbet dicasperguntar para você:cbet dicasum eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, quem o movimento apoiaria?

cbet dicas Chequer - O movimento toma muito cuidadocbet dicasapoiar não necessariamente pessoas, mas apoiar agendas. Nós pretendemos lançarcbet dicas2018 um agendacbet dicastorno da qual nós poderíamos apoiar candidatos que se comprometessem com ela. Pelo que a gente vê hojecbet dicasuma agendacbet dicasDoria e uma agenda (de Bolsonaro)... Assim, eles não apresentaram agendas formais ainda para uma campanha presidencial, mas diante das declarações e atitudes que os dois têm feito até agora, a agenda do Doria é muito mais alinhada com a ideologia do Vem pra Rua do que a do Bolsonaro, que traz divergências significativas com o que nós acreditamos ser bom para o Brasil.

cbet dicas BBC Brasil - Quais seriam essas divergências?

cbet dicas Chequer - É um estilocbet dicasnão igualdade,cbet dicastratamento diferenciadocbet dicaspessoas ecbet dicasextremismocbet dicasvários momentos que não condizem com o que o Brasil precisa como um bom político.

cbet dicas BBC Brasil - Mascbet dicasum segundo turno eventual entre Lula e Bolsonaro, se o Bolsonaro aderir mais às agendas que vocês estão propondo do que o Lula, vocês apoiariam o Bolsonaro?

cbet dicas Chequer - Nenhuma das anteriores. Eu não quero responder aqui a uma pesquisacbet dicasvotocbet dicassegundo turno. Está muito cedo para a gente se posicionar. Não é nem claro que num caso desse nós apoiaríamos alguém.

cbet dicas BBC Brasil - Sobre Bolsonaro, você acha quecbet dicasalguma forma a ascensão desse ator controverso acaba sendo um elemento negativo para a direita?

cbet dicas Chequer - Eu não gostocbet dicasfazer esses posicionamentos unificando uma direita. Eu acho que os conceitoscbet dicasdireita e esquerda no Brasil estão totalmente distorcidos. O que eu acredito é que qualquer extremismo hoje no Brasil é prejudicial para o desenvolvimentocbet dicasuma nova democracia que está nascendo.

cbet dicas BBC Brasil - Voltando novamente para os protestos, tem ocorrido uma diminuiçãocbet dicaspúblicocbet dicasrelação às grandes manifestações pró-impeachment. Qual a expectativa para esse domingo?

cbet dicas Chequer - Não é nosso objetivo númerocbet dicaspessoas e sim a pauta que a gente está levando. Nós sabemos que essa manifestação não é da magnitude que foram aquelas duas grandes manifestações com um milhãocbet dicaspessoas na Avenida Paulista (marçocbet dicas2015 e marçocbet dicas2016). Mas eu acho que ela vai estar enquadradacbet dicasalgumas das grandes manifestações que o Brasil já teve.

O que eu posso te dizer é o seguinte, nessa última semana, diante dos últimos acontecimentos políticos, o ritmocbet dicasengajamento da sociedade para domingo está aumentando.

cbet dicas BBC Brasil - Temos um governo impopular e há várias denúncias contra ministros, outros integrantes. Por que os protestos não têm a magnitude dos anteriores?

cbet dicas Chequer - Eu acho que o momento é completamente diferente. O povo antes estava indo às ruas para tentar se livrarcbet dicasum governo que estava levando o país à bancarrota. O caso agora é completamente diferente. Nós temos sinaiscbet dicasmelhoria econômica. Você tem um governo que se preocupa agora com inflação, um governo que está preocupado com resultadocbet dicascontas (gastos e despesas públicas). Nós estamos trabalhando muito maiscbet dicascimacbet dicasuma renovação dos políticos que não servem ao Brasil nesse momento, do que simplesmente a substituiçãocbet dicasuma pessoa, que acaba sendo uma causa mais simplista. E acho que essa simplicidade acaba às vezes reunindo mais gente.

cbet dicas BBC Brasil - Do pontocbet dicasvistacbet dicascorrupção, que era também uma bandeira importante dos protestos, você acha que há uma diferença entre esse governo e o anterior nesse quesito?

cbet dicas Chequer - É impossível saber. Eu não tenho os dados que a Polícia Federal tem, eu não estou envolvido nas investigações. Casoscbet dicascorrupção não são públicos enquanto eles ocorrem, eles são públicos depois que eles ocorrem. Eu faço parte do público que fica sabendo depois das coisas. Então é impossível para mim saber qual o nívelcbet dicascorrupção atual.

cbet dicas BBC Brasil - Há várias denúncias contra ministros, contra lideranças dos partidos da base, PMDB e o PSDB, assim como havia contra o PT, não?

cbet dicas Chequer - Não. O que foi levantado foi um esquema absolutamente sistêmicocbet dicascorrupção. Eu não sou ingênuo para achar que não existe mais corrupção no Brasil. Agora, o que nós precisamos saber, e a gente precisa escutar da Polícia Federal, do Ministério Público, dos julgamentos, quais são os esquemas atuais. Afirmar que o que está acontecendo hoje é exatamente o que acontecia antes, eu acho que é uma informação que ninguém, ninguém, ninguém, pode trazer por enquanto.

cbet dicas BBC Brasil - O PMDB, partido que era presidido por Temer, fazia parte do governo anterior. Você acha que o PMDB não participou do Petrolão?

cbet dicas Chequer - Tudo que já foi levantado até agora indica que o PMDB, junto com outros partidos, estavam totalmente envolvidos com Petrolão. Não estou entendendocbet dicaspergunta. Foi comprovado que o PMDB participou do Petrolão.

cbet dicas BBC Brasil - O PMDB está governando o país hoje. Por que vocês não protestam mais claramente contra o governo?

cbet dicas Chequer -Porque a gente não vai protestar contra o governo como um todo. A gente protesta contra vários casos. Nós somos totalmente a favor da eliminaçãocbet dicastodos os ministros que apareceram com envolvimento comprovado com corrupção. E seremos a favor da remoção imediatacbet dicasqualquer um que tenha comprovaçãocbet dicasenvolvimento com corrupção. Nós,cbet dicasforma alguma defendemos, seja o governo, sejam as nomeações que foram feitas. Eu acho que as nomeações do governo Temer, e espero que isso aqui não seja tirado foracbet dicascontexto, eu acho que as nomeações do governo Temer deixam muito a desejarcbet dicastermoscbet dicasescolher pessoas que estejam totalmente desvinculadas com os grandes esquemascbet dicascorrupção, que apareceram até hoje.

Michel Temer

Crédito, AFP

Legenda da foto, Chequer diz que movimento está satisfeito com a condução da economia no governo Temer

cbet dicas BBC Brasil - Qualcbet dicasexpectativacbet dicasrelação ao julgamento do TSE que pode vir a cassar o presidente Temer? Se houve ilegalidade na campanha, o presidente Temer deve ser cassado?

cbet dicas Chequer - Olha, eu não quero fazer projeções hipotéticascbet dicascimacbet dicasum caso que está ainda sendo investigado. Se aparecerem evidências suficientes, deve ser feito com Michel Temer o que deveria ser feito com qualquer outro presidente ou vice-presidente. Nós não temos qualquer motivo para tratar Michel Temer diferentecbet dicasqualquer outro presidente que nós tenhamos tratado no passado, inclusive Dilma Rousseff.

cbet dicas BBC Brasil - Dá para ver que o movimento está satisfeito com a condução da economia. Há muitas reformas impopulares sendo implementadas ou debatidas no Brasil, como a reforma da Previdência, a ampliação da terceirização. Você acredita que essas reformas passariam no crivo das urnas?

cbet dicas Chequer - O que que vc quer dizer com isso?

cbet dicas BBC Brasil - Um candidato a presidente que tivesse levado durante a campanha essa plataforma,cbet dicasterceirização,cbet dicasreforma radical da previdência, esse candidato teria sido eleito?

cbet dicas Chequer - Não sei, é altamente hipotética essa pergunta.

cbet dicas BBC Brasil - A pergunta seria no sentidocbet dicasdiscutir se não seria antidemocrático essas reformas serem implementadas sem o crivo das urnas.

cbet dicas Chequer - De novo, (é um debate) hipotético. O quanto que não seria faladocbet dicascampanha, mencionou-se, não mencionou-se (as reformas)…. Nós sabemos que temos alguns grandes problemas no Brasil. Temos um problema tributário, com uma cargacbet dicasimpostos das maiores do mundo sem retornocbet dicasserviços, nós temos uma legislação trabalhista que enterra a contrataçãocbet dicasnovos empregos, nós temos um sistema previdenciário que está prestes a ser quebrado. Nós temos problemas inúmeros que exigem a atuaçãocbet dicasqualquer governo que seja minimamente responsável.

Fechar os olhos para essa realidade para fins eleitoreiros, não é o que nós esperamoscbet dicasqualquer candidato a governante. Nem sempre o que é popular é o que é melhor para o país.