'Meu sonho é respirar sem aparelhos': o drama da filacassino caça níqueltransplantecassino caça níquelpulmão:cassino caça níquel

Maria Eduarda Zilio,cassino caça níquel14 anos

Crédito, Gabi Di Bella

Legenda da foto, Duda é uma das 42.306 pessoas na fila para um transplantecassino caça níquelórgão no Brasil

O diagnóstico da doença veio aos 3 anos - os problemas mais sérios começaramcassino caça níquel2014, aos 12. "Ela fazia esportes, educação física no colégio, sempre levou uma vida normal. Mascassino caça níqueljulho daquele ano ficou 21 dias internada", conta a mãe Margarete Zilio,cassino caça níquel52 anos.

Desde então, a doença evoluiu e levou a uma mudançacassino caça níquelvidacassino caça níqueltoda família. Na volta para casa, ela sofreu um pneumotórax (acúmulo anormalcassino caça níquelar entre o pulmão e a pleura, membrana que reveste internamente a parede do tórax) e ficou mais 39 dias internada.

"Foram quarenta. Cada dia a mais conta", corrige logo Duda.

A meninacassino caça níquel14 anoscassino caça níquelseu quarto

Crédito, Gabi Di Bella

Legenda da foto, Duda só pode receber pulmão se ele viercassino caça níquelalguém com até 1,40mcassino caça níquelaltura

Na busca por tratamento, os pais e a menina se mudaramcassino caça níquelJundiaí, no interiorcassino caça níquelSão Paulo, para Gravataí, na região metropolitanacassino caça níquelPorto Alegre, a capital gaúcha.

A família chegou a fazer campanha nas redes sociais pedindo ajuda. A página "Duda Zilio - Garotacassino caça níquelfibra" ainda está no ar.

Na Santa Casacassino caça níquelPorto Alegre, centrocassino caça níquelreferênciacassino caça níqueltransplantes no país, a menina faz reabilitação junto a outros 40 pacientes enquanto aguarda um órgão compatível. "Duda engordou dez quilos depois que começou a reabilitação, foi maravilhoso pra ela", conta a mãe.

Lá, todos vivem conectados ao cilindrocassino caça níqueloxigênio, o equipamento com o qual Duda convive 24 horas por dia. Uma fontecassino caça níquelvida, mas tambémcassino caça níquelproblemas.

"As pessoas tropeçam no fio. A minha mãe e a minha avó também. Quando eu grito 'Mãe!' já é tarde, acaba que até arranca do nariz", conta a menina, rindo.

Ela também passa por dificuldades na rua. As pessoas não enxergam a mangueira fina e passam no meio, entre a menina e a mãe - o paciente não deve levar o equipamento e, por isso, tampouco pode andar sozinho.

"O sonho dela é entrar na salacassino caça níquelcirurgia e saircassino caça níquellá sem ter que carregar mais esse tubo", diz a mãe.

Duda vai à escola normalmente, mas não pôde participar da viagemcassino caça níquelformatura. Como o órgão pode surgir a qualquer momento, a família não pode viajar.

"Gostaríamoscassino caça níquelir conhecer a serra e outros lugares, mas não podemos nos afastar e correr o riscocassino caça níquelnão conseguir chegar na Santa Casa a tempo", explica Margarete.

Enquanto isso, a adolescente curte as férias lendo e vendo filmes com os pais. "Outro dia, ficamos até às 3h da manhã assistindo a Harry Potter", conta.

Duda na janelacassino caça níquelseu quarto

Crédito, Gabi Di Bella

Legenda da foto, A mãecassino caça níquelDuda fez testescassino caça níquelcompatibilidade para um transplante intervivo

A mãe já fez exames para avaliar a compatibilidadecassino caça níquelfazer um transplante intervivos - aquelecassino caça níquelque o doador está vivo. Nesse caso, porém, é preciso maiscassino caça níquelum doador.

"Eu sou compatível, mas estamos vendo se alguém mais da família é. Isso é muito difícil porque as pessoas tem medo da cirurgia. Eu entendo", afirma.

Duda pensa no futuro com otimismo: "Quero ser médica, geriatra ou pediatra, adoro velhinhos e crianças", diz.

A escolhacassino caça níquelSofia

O médico Sadi Sochio, coordenador clínico da equipecassino caça níqueltransplantecassino caça níquelpulmão da Santa Casa, define a lutacassino caça níquelDuda e dos demais pacientes como o "jogo perversocassino caça níquelganhar a corrida da morte que está se avizinhando. É uma corrida imoral", define.

Todos os anos são realizadoscassino caça níquelmédia 30 transplantescassino caça níquelpulmãocassino caça níquelPorto Alegre, apesar da capacidade e da estrutura do hospital permitirem o dobro disso.

"Nós estamos aqui, prontos. Podemos realizarcassino caça níquel50 a 60 transplantes por ano, mas precisamoscassino caça níquelajuda da sociedade. Precisamos que as pessoas se declarem doadoras e que as famílias saibam disso", diz.

A listacassino caça níquelespera por transplantescassino caça níquelpulmão na Santa Casa tem 60 pacientes. O prognóstico écassino caça níquelque a chancecassino caça níquelesses pacientes morreremcassino caça níqueldois anos écassino caça níquel50%.

"As pessoas não são um litrocassino caça níquelleite que vem com datacassino caça níquelvalidade. Não temos como saber quando a pessoa vai morrer. Caso esses pacientes não recebam o enxerto (órgão novo), metade deles vai morrer. Isso é um dado bem real que acompanhamos há bastante tempo", explica o médico.

Dos pacientes que chegam a fazer o procedimento, 50% veem melhora emcassino caça níquelqualidadecassino caça níquelvida e tem uma expectativacassino caça níquelvida ampliadacassino caça níquelcinco anos. Para 99% deles, não existe a possibilidadecassino caça níqueltransplante intervivos, até porque, para isso, não existe cobertura pelo SUS.

Aparelhos usados por Duda para respirar

Crédito, Gabi Di Bella

Legenda da foto, Segundo dados do Ministério da Saúde, 182 pessoas esperam por um pulmão

Um transplantecassino caça níquelpulmão entre duas pessoas vivas custa cercacassino caça níquelUS$ 100 mil dólares.

"Se eu fizer isso, vou ter que fechar o programacassino caça níqueltransplantes, porque diminui o númerocassino caça níqueloperações que posso fazer por ano", afirma Sochio.

Segundo dados do Ministério da Saúde, 2,3 mil pessoas morreram à esperacassino caça níquelum órgão no Brasilcassino caça níquel2015.

Na Santa Casacassino caça níquelPorto Alegre, foram realizados 30 transplantescassino caça níquelpulmãocassino caça níquel2016, dois a mais do quecassino caça níquel2015 - anocassino caça níquelque foram realizados quatro transplantescassino caça níquelintervivos.

No país inteiro (o procedimento também é feitocassino caça níquelhospitaiscassino caça níquelFortaleza ecassino caça níquelSão Paulo) foram realizados 74 transplantescassino caça níquelpulmãocassino caça níquel2015 e 72 até agostocassino caça níquel2016,cassino caça níquelacordo com o Ministério da Saúde - 182 pessoas estão à espera do órgão.

Sochio afirma que a principal causa da necessidadecassino caça níqueltransplantes ainda é o tabagismo. Ele pede que as pessoas externem seu desejocassino caça níquelserem doadoras e, assim, ajudar essas pessoas.

"No jantarcassino caça níquelNatal, no almoçocassino caça níqueldomingo... as pessoas têm que informar a famíliacassino caça níquelque querem doar órgãos caso algo ocorra", diz.

O médico afirma o órgão recebido deve ser usado da forma mais cuidadosa possível e que a busca é por pacientes que tenham mais cuidado e disciplina, que vão cuidar bem deles.

"Vivemos uma escolhacassino caça níquelSofia diária", relata.