‘A professora não gostavacasino online winnerpobre’: bolsistas criam página contra preconceitocasino online winneruniversidade carioca:casino online winner
Alusão ao termo "filhos da PUC", usado pelos alunos e professores da instituição, o nome da página foi escolhido pelo grupo justamente para deixar claro que eles não se sentem acolhidos nem tratados como iguais aos estudantes pagantes.
Todos os depoimentos são anônimos.
"Tudo começou num grupocasino online winnerWhatsApp que a gente criou justamente para falar sobre esse tipocasino online winnerhumilhação e discriminação por sermos pobres, pretos ecasino online winnerperiferia ou favela", conta Gabriel Gomes,casino online winner22 anos, aluno do 7º período do cursocasino online winnerPublicidade e bolsista do ProUni.
Com o acúmulocasino online winnerrelatos e desabafos, Gomes juntou-se a outros sete colegas para criar a página, que vem recebendo uma médiacasino online winnertrês relatos por dia. Desde a criação, no iníciocasino online winnersetembro, o grupo já recebeu 47 depoimentos, dos quais publicou 27.
Segundo um levantamento informal com 31 dos estudantes que enviaram suas experiências pessoais, a maioria tem entre 17 e 24 anos e leva entre duas e três horas para chegar ao campus, na Gávea, bairro nobre da Zona Sul do Rio.
Nenhum tem carro, e grande parte é moradorcasino online winnerfavela oucasino online winnerbairros da periferia da Zona Norte e da Baixada Fluminense - uma realidade que,casino online winneracordo com os alunos, incomoda professores e colegas.
'Mundos diferentes'
Segundo o grupo, há professores que logo no início do semestre fazem questãocasino online winneridentificá-los e destacá-los.
"Quando o professor pergunta diantecasino online winnertoda a turma onde você estudou no Ensino Médio,casino online winnerque bairro você mora, a profissão dos seus pais ou diretamente se você é bolsista, é óbvio que isso é uma formacasino online winnerdiscriminação. Na maioria das vezes eu sou o único que estudoucasino online winnerescola pública,casino online winneruma sala inteira", diz Gomes.
Um dos relatos com mais repercussão na página, com maiscasino online winner3 mil curtidas, é ocasino online winneruma aluna do cursocasino online winnerDesign, bolsista do ProUni.
"Tive a infelicidadecasino online winnerme matricularcasino online winneruma disciplina cuja professora não gostavacasino online winnerpobre. Isso ficava evidente nas muitas piadinhas que ela fazia sobre empregadas domésticas", conta.
"No primeiro diacasino online winneraula, informei a ela que eu sempre chegaria atrasada, porque eu saia do trabalho e não conseguia chegar no início da aula. A partircasino online winnerentão virei piada. As piadas me incomodavam e eu tentava fugir do campocasino online winnervisão dela durante as aulas, e quanto mais eu me escondia, mais ela me percebia e chamava a atenção pelo fatocasino online winnereu estar excluída da turma", completa.
Em outro relato que gerou muitos comentários, uma alunacasino online winnerJornalismo que estagiou na TV universitária afirma ter sido alvocasino online winnerracismo.
"Sou negra e na época meu cabelo era relaxado, o que significa que toda vez que ia gravar tinha que fazer chapinha. Morando longe e acordando cedo, nem sempre dava tempo ou tinha ânimo. Uma vez, quando não tinha que gravar nada, minha chefe me falou: Por que está com esse cabelo horrível? Se eu precisar te mandar entrevistar o reitor, não tem como desse jeito! Tem que fazer chapinha! Isso na frentecasino online winneroutras pessoas."
Para Lucas Clementino,casino online winner19 anos, estudante do 1º períodocasino online winnerArquitetura e bolsista do ProUni, há um "ciclo vicioso" na universidade.
"Aqui é muito comum que ex-alunos se tornem professores. É um ciclo. Eles acham que a PUC pertence 100% a eles, à classe social deles. Eles vêm a gente como a minoria, como os invasores, e quando se tornam professores estimulam isso nos alunos e legitimam o preconceito", afirma ele, integrante do grupo.
Em outro depoimento enviado à página, uma aluna diz ter ouvidocasino online winneruma colega um comentário discriminatório porque não tinha um smartphone moderno.
"Tive um trabalhocasino online winnerconjunto e meus colegas montaram um grupo no WhatsApp. Pedi pra fazermos isso no Facebook, porque meu celular era bem antigo e não tinha esse recurso. Eu não tinha grana pra comprar outro melhor e isso nem me fazia falta na época. Uma menina olhou pra mim e disse "sai da caverna,casino online winnerlouca! Hojecasino online winnerdia qualquer um consegue comprar um iPhonezinho, vai!". Na época, senti certa penacasino online winnermim. Hoje, sinto muita pena dela."
'Eles' x 'Nós'
Para os criadores do grupo, comentários que expõem as diferençascasino online winnerclasses sociais e podercasino online winnerconsumo passam despercebido entre "eles", mas têm efeito muito negativo sobre os alunos bolsistas, que se sentem discriminados por causa da maneira como se vestem, pelo bairro onde moram, pelas origens ou pela cor da pele.
Questionados sobre quem seriam "eles", o grupo diz tratar-se dos estudantes que se sentem "100% pertencentes à universidade, geralmente brancos,casino online winnerclasse média alta, e moradorescasino online winnerbairros nobres do Rio".
Para Michel Silva, "eles" são os colegas que vivemcasino online winneroutra realidade social. "Para mim, 'eles' são as pessoas inseridas numa bolha social muito difícilcasino online winnerfurar. É como se a gente fosse uma agulha tentando furar. Eu sou essa agulha", diz.
Questionados sobre a perspectivacasino online winnerque entre os alunos pagantes há provavelmente pessoascasino online winnerdiversas origens, os integrantes do grupo argumentam que, apesar das diferenças, "eles" pertencem ao "mesmo mundo".
"Há os muito ricos, que moramcasino online winnermansões com elevador. Há a classe média, mas que pode pagar a mensalidade. Tem diferenças, claro, mas eles falam a mesma língua, têm as mesmas referências e pertencem ao mesmo mundo, que é muito diferente do nosso", diz Michelle Egito, aluna do 7º períodocasino online winnerCinema e bolsista do ProUni.
Reunião
Conforme a página no Facebook ganha repercussão, o grupo espera resultados práticos, como campanhascasino online winnerconscientização promovidas pela Reitoria e punições a professores denunciados. Mas também teme retaliações.
"Nos últimos dias, ouvicasino online winnerum professorcasino online winnersalacasino online winneraula que 'agora não se pode mais falar qualquer coisa, senão cai naquele site dos Bastardos'. Já é um começo. Queremos que os próximos bolsistas saibam que podem ser acolhidos e que também têm direitocasino online winnerestarem aqui", diz Gomes.
Na última terça-feira, o grupo foi convidado pela Vice-Reitoria para uma reunião.
"Apresentamos demandas, mas não houve tempo para tocar no tema específico das denúncias contra professores. É algo que ainda vamos levar adiante, porque precisa acabar essa cultura da impunidade, que legitima o preconceito", diz o estudante.
Procurada pela BBC Brasil, a PUC-Rio confirmou a reunião e disse que "as demandas serão analisadas" e que "até o momento não foram apresentadas denúncias formais contra professores".
"A PUC-Rio sempre apura qualquer denúncia que chega pelos meios que os alunos têm para fazer essas queixas, como a ouvidoria da universidade por email, pessoalmente, ou por telefone. A cada seis meses os alunos bolsistas têm contato com a coordenaçãocasino online winnerbolsas, quando ocorre a renovação, e há oportunidade para denúncias. Além disso a Reitoria está sempre aberta a recebê-los", diz a nota.
Sobre punições a professores, a universidade diz que os casos denunciados são investigados e que no passado já houve punição formal, mas não soube precisar se tratou-secasino online winneruma advertência oucasino online winnermedidas mais severas, como demissão.