Como os casosinstagram bet7kmicrocefalia levaram duas mães (e um pai) para a política:instagram bet7k
Os grupos, criados durante a explosão recente dos casosinstagram bet7kmicrocefalia no Brasil para a trocainstagram bet7kexperiências e conselhos entre familiares das crianças, motivaram duas mães e um pai a se candidatareminstagram bet7ksuas cidades -instagram bet7kSão Paulo, Amazonas e Bahia - pela primeira vez.
No casoinstagram bet7kGislaine, que tem um filhoinstagram bet7k12 anos com paralisia cerebral, o apoio das mães foi fundamental para que ela levasse seus projetos para a arena política.
"Eu nasci aqui, fui morarinstagram bet7kuma cidade um pouco maior e, quando voltei para cá, estranhei que qualquer pedido relacionado à saúde tivesse que ser feito diretamente ao prefeito. Isso não é certo", disse à BBC Brasil.
Em alguns minutosinstagram bet7kconversa, ela relata momentosinstagram bet7kque discutiu sobre o atendimento a seu filho no postoinstagram bet7ksaúde, a dificuldadeinstagram bet7kconseguir remédiosinstagram bet7kalto custo para ele todos os meses por intermédio da prefeitura, a necessidadeinstagram bet7kum profissional para acompanhá-lo na escola e o transporte da mãe - que é cadeirante - para tratamentos na capital.
Em muitos dos casos, o apelo à Justiça foiinstagram bet7ksolução.
"Aqui não tem projeto para nossos filhos que são especiais. Como são poucas crianças, elas ficam esquecidas", afirma.
Experiência
No grupoinstagram bet7kque Gislaine pediu opiniões sobreinstagram bet7kcandidatura, ela não era a única. Em Manaus, Viviane Lima,instagram bet7k36 anos, também decidiu entrar para a política.
"Por mim, vocês todas se candidatavaminstagram bet7kseus municípios", disse às mães, ao responder a perguntainstagram bet7kGislaine e anunciarinstagram bet7kintençãoinstagram bet7ktentar o cargoinstagram bet7kvereadora.
Mãeinstagram bet7kduas adolescentes com microcefalia -instagram bet7kcausa genética -, Viviane ficou conhecidainstagram bet7ktodo o país ao criar o grupo "Mãesinstagram bet7kAnjos Unidas" no WhatsApp, para dividir com as novas mãesinstagram bet7kbebês microcéfalos ainstagram bet7kexperiência.
O grupo se ramificou para quase todos os Estados brasileiros e estáinstagram bet7kprocessoinstagram bet7ktornar-se uma ONGinstagram bet7kManaus.
"Passei todo esse tempo vivendo só eu, na minha situação, com as minhas filhas, e, quando aconteceu esse boominstagram bet7kmicrocefalia e fiz o grupo, comecei a conviver com a dificuldade das outras pessoas", relembra.
"Precisamosinstagram bet7kmudanças agora. Sei que um vereador não consegue executar as coisas, mas tem poderinstagram bet7kelaborar projetos. Senão, essas decisões são tomadas e a gente não está lá para dizer o que a gente vive."
No aplicativoinstagram bet7kbate-papo, o "Mãesinstagram bet7kAnjos" inspirou gruposinstagram bet7kpais. Convidado a participar das discussões online, o consultorinstagram bet7kvendas baiano Adailton Gois,instagram bet7k33 anos, também ganhou um impulso para seguir adiante com a candidatura.
"Eu já pensavainstagram bet7kser candidato antes porque moro num dos bairros mais carentes da minha cidade (Euclides da Cunha, municípioinstagram bet7kmaisinstagram bet7k60 mil habitantes a 300 kminstagram bet7kSalvador). Eu já fazia um trabalho social e as pessoas me perguntavam por que eu não me candidatava", diz.
"Entrei no grupoinstagram bet7kWhatsApp porque senti na pele o que é precisarinstagram bet7kajuda para cuidar do seu filho e não ter esse tipoinstagram bet7kajuda."
O filhoinstagram bet7kAdailton,instagram bet7ksete anos, sofreinstagram bet7kdistonia, um distúrbio neurológico dos movimentos que demorou cercainstagram bet7ktrês anos para ser diagnosticado. Ele tem dificuldade para sustentar os braços, se alimentar, escrever e fazer outras atividades. Andar já foi mais difícil, mas o garoto vem evoluindo com as sessõesinstagram bet7kfisioterapia na capital baiana.
A experiência pessoal, diz ele, também pauta a maioria dos seus projetos. "Preciso conseguir transporte adequado para as crianças daqui irem fazer tratamentoinstagram bet7kSalvador. Nós mesmos já perdemos consulta por não ter transporte."
"Também não temos neurologista na cidade, e acho que é possível trazer. A demanda é muito grande aqui."
Problemas amplos
Para o economista e geógrafo François Bremaeker, criador do Observatórioinstagram bet7kInformações Municipais, o estímulo dos casosinstagram bet7kmicrocefalia para a entradainstagram bet7kmães e pais na política segue uma tendência da política local brasileira: candidatos que passaram por tragédias ou dificuldades pessoais que se tornaram discussões públicas.
"Celso Russomano, que é candidato a prefeitoinstagram bet7kSão Paulo, começou na política quando a esposa faleceu num hospital por faltainstagram bet7katendimento. Einstagram bet7kSão Paulo também há os pais do menino Ives Ota, que morreu assassinado", relembra.
"Em boa parte dos municípiosinstagram bet7kpequeno porte, a pessoa consegue se eleger com 100 ou 200 votos. É muito fácil,instagram bet7ktermos relativos, fazer uma articulaçãoinstagram bet7ktornoinstagram bet7kum tema específico e se eleger. Mas muitos prometem coisas que não conseguirão fazer."
O cientista político e especialistainstagram bet7kpolítica municipal Marco Antônio Teixeira, da FGV-SP, diz que vereadores que se elegem a partirinstagram bet7kcasosinstagram bet7kviolência costumam "pegar carona na comoção social do caso".
Por isso, eles nem sempre conseguem mandatos satisfatórios, já que o debate sobre segurança se dá nos âmbitos estadual e federal.
Os candidatos que focam na saúde e no atendimento a pessoas com necessidades especiais, no entanto, têm melhores chancesinstagram bet7kavançarinstagram bet7ksuas propostas, diz Teixeira.
"O momento é oportuno porque o problema (do vírus Zika e da microcefalia) está disseminado pela sociedade. O mau atendimento às pessoas com deficiência também é histórico. E essas são questões que qualquer prefeitura tem como implementar políticas públicas para dar resposta."
Para conseguir isso, segundo o cientista político, os candidatos não devem ser "vereadoresinstagram bet7kuma causa só", caso sejam eleitos.
"A causa que os levou foi a da deficiência, mas ela não está dissociadainstagram bet7koutras causas. Pessoas com necessidades especiais têm problemas como mobilidade nas cidades, dificuldade nas escolas municipais. Se tiverem esse olhar maior, eles transformam o debate sobre saúdeinstagram bet7kum debate mais amplo, que é como deve ser."
Teixeira diz, ainda, que a experiência dos candidatos com portadoresinstagram bet7knecessidades especiais na família é importante para a criaçãoinstagram bet7kpolíticas públicas, mas não deve serinstagram bet7kúnica contribuição.
"Há uma tendênciainstagram bet7kestes vereadores proporem só ações paliativas e pontuais. Mas é preciso juntar a experiência com o pensamento sobre as causas daquele problema."