Como os casosroleta jogo gratismicrocefalia levaram duas mães (e um pai) para a política:roleta jogo gratis

Gislaine Barboza, Viviane Lima e Adailton Gois com suas famílias

Crédito, Arquivo pessoal/Bruno Kelly

Legenda da foto, Em São Paulo, Amazonas e Bahia, paisroleta jogo gratiscrianças com necessidades especiais decidiram se candidatar a vereadores

Os grupos, criados durante a explosão recente dos casosroleta jogo gratismicrocefalia no Brasil para a trocaroleta jogo gratisexperiências e conselhos entre familiares das crianças, motivaram duas mães e um pai a se candidataremroleta jogo gratissuas cidades -roleta jogo gratisSão Paulo, Amazonas e Bahia - pela primeira vez.

No casoroleta jogo gratisGislaine, que tem um filhoroleta jogo gratis12 anos com paralisia cerebral, o apoio das mães foi fundamental para que ela levasse seus projetos para a arena política.

"Eu nasci aqui, fui morarroleta jogo gratisuma cidade um pouco maior e, quando voltei para cá, estranhei que qualquer pedido relacionado à saúde tivesse que ser feito diretamente ao prefeito. Isso não é certo", disse à BBC Brasil.

Em alguns minutosroleta jogo gratisconversa, ela relata momentosroleta jogo gratisque discutiu sobre o atendimento a seu filho no postoroleta jogo gratissaúde, a dificuldaderoleta jogo gratisconseguir remédiosroleta jogo gratisalto custo para ele todos os meses por intermédio da prefeitura, a necessidaderoleta jogo gratisum profissional para acompanhá-lo na escola e o transporte da mãe - que é cadeirante - para tratamentos na capital.

Em muitos dos casos, o apelo à Justiça foiroleta jogo gratissolução.

"Aqui não tem projeto para nossos filhos que são especiais. Como são poucas crianças, elas ficam esquecidas", afirma.

Experiência

No gruporoleta jogo gratisque Gislaine pediu opiniões sobreroleta jogo gratiscandidatura, ela não era a única. Em Manaus, Viviane Lima,roleta jogo gratis36 anos, também decidiu entrar para a política.

"Por mim, vocês todas se candidatavamroleta jogo gratisseus municípios", disse às mães, ao responder a perguntaroleta jogo gratisGislaine e anunciarroleta jogo gratisintençãoroleta jogo gratistentar o cargoroleta jogo gratisvereadora.

Mãeroleta jogo gratisduas adolescentes com microcefalia -roleta jogo gratiscausa genética -, Viviane ficou conhecidaroleta jogo gratistodo o país ao criar o grupo "Mãesroleta jogo gratisAnjos Unidas" no WhatsApp, para dividir com as novas mãesroleta jogo gratisbebês microcéfalos aroleta jogo gratisexperiência.

Bebê com microcefalia faz fisioterapiaroleta jogo gratisCampina Grande (PB)

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Explosãoroleta jogo gratiscasosroleta jogo gratismicrocefalia ligados ao Zika impulsionou gruposroleta jogo gratisbate-paporoleta jogo gratisfamiliaresroleta jogo gratistodo o Brasil

O grupo se ramificou para quase todos os Estados brasileiros e estároleta jogo gratisprocessoroleta jogo gratistornar-se uma ONGroleta jogo gratisManaus.

"Passei todo esse tempo vivendo só eu, na minha situação, com as minhas filhas, e, quando aconteceu esse boomroleta jogo gratismicrocefalia e fiz o grupo, comecei a conviver com a dificuldade das outras pessoas", relembra.

"Precisamosroleta jogo gratismudanças agora. Sei que um vereador não consegue executar as coisas, mas tem poderroleta jogo gratiselaborar projetos. Senão, essas decisões são tomadas e a gente não está lá para dizer o que a gente vive."

No aplicativoroleta jogo gratisbate-papo, o "Mãesroleta jogo gratisAnjos" inspirou gruposroleta jogo gratispais. Convidado a participar das discussões online, o consultorroleta jogo gratisvendas baiano Adailton Gois,roleta jogo gratis33 anos, também ganhou um impulso para seguir adiante com a candidatura.

"Eu já pensavaroleta jogo gratisser candidato antes porque moro num dos bairros mais carentes da minha cidade (Euclides da Cunha, municípioroleta jogo gratismaisroleta jogo gratis60 mil habitantes a 300 kmroleta jogo gratisSalvador). Eu já fazia um trabalho social e as pessoas me perguntavam por que eu não me candidatava", diz.

"Entrei no gruporoleta jogo gratisWhatsApp porque senti na pele o que é precisarroleta jogo gratisajuda para cuidar do seu filho e não ter esse tiporoleta jogo gratisajuda."

O filhoroleta jogo gratisAdailton,roleta jogo gratissete anos, sofreroleta jogo gratisdistonia, um distúrbio neurológico dos movimentos que demorou cercaroleta jogo gratistrês anos para ser diagnosticado. Ele tem dificuldade para sustentar os braços, se alimentar, escrever e fazer outras atividades. Andar já foi mais difícil, mas o garoto vem evoluindo com as sessõesroleta jogo gratisfisioterapia na capital baiana.

A experiência pessoal, diz ele, também pauta a maioria dos seus projetos. "Preciso conseguir transporte adequado para as crianças daqui irem fazer tratamentoroleta jogo gratisSalvador. Nós mesmos já perdemos consulta por não ter transporte."

"Também não temos neurologista na cidade, e acho que é possível trazer. A demanda é muito grande aqui."

Problemas amplos

Para o economista e geógrafo François Bremaeker, criador do Observatórioroleta jogo gratisInformações Municipais, o estímulo dos casosroleta jogo gratismicrocefalia para a entradaroleta jogo gratismães e pais na política segue uma tendência da política local brasileira: candidatos que passaram por tragédias ou dificuldades pessoais que se tornaram discussões públicas.

"Celso Russomano, que é candidato a prefeitoroleta jogo gratisSão Paulo, começou na política quando a esposa faleceu num hospital por faltaroleta jogo gratisatendimento. Eroleta jogo gratisSão Paulo também há os pais do menino Ives Ota, que morreu assassinado", relembra.

"Em boa parte dos municípiosroleta jogo gratispequeno porte, a pessoa consegue se eleger com 100 ou 200 votos. É muito fácil,roleta jogo gratistermos relativos, fazer uma articulaçãoroleta jogo gratistornoroleta jogo gratisum tema específico e se eleger. Mas muitos prometem coisas que não conseguirão fazer."

Cadeirante no Rioroleta jogo gratisJaneiro

Crédito, Tânia Rego/Agência Brasil

Legenda da foto, Se eleitos, candidatos devem debater problemas mais amplos envolvendo pessoas com necessidades especiais, diz especialista

O cientista político e especialistaroleta jogo gratispolítica municipal Marco Antônio Teixeira, da FGV-SP, diz que vereadores que se elegem a partirroleta jogo gratiscasosroleta jogo gratisviolência costumam "pegar carona na comoção social do caso".

Por isso, eles nem sempre conseguem mandatos satisfatórios, já que o debate sobre segurança se dá nos âmbitos estadual e federal.

Os candidatos que focam na saúde e no atendimento a pessoas com necessidades especiais, no entanto, têm melhores chancesroleta jogo gratisavançarroleta jogo gratissuas propostas, diz Teixeira.

"O momento é oportuno porque o problema (do vírus Zika e da microcefalia) está disseminado pela sociedade. O mau atendimento às pessoas com deficiência também é histórico. E essas são questões que qualquer prefeitura tem como implementar políticas públicas para dar resposta."

Para conseguir isso, segundo o cientista político, os candidatos não devem ser "vereadoresroleta jogo gratisuma causa só", caso sejam eleitos.

"A causa que os levou foi a da deficiência, mas ela não está dissociadaroleta jogo gratisoutras causas. Pessoas com necessidades especiais têm problemas como mobilidade nas cidades, dificuldade nas escolas municipais. Se tiverem esse olhar maior, eles transformam o debate sobre saúderoleta jogo gratisum debate mais amplo, que é como deve ser."

Teixeira diz, ainda, que a experiência dos candidatos com portadoresroleta jogo gratisnecessidades especiais na família é importante para a criaçãoroleta jogo gratispolíticas públicas, mas não deve serroleta jogo gratisúnica contribuição.

"Há uma tendênciaroleta jogo gratisestes vereadores proporem só ações paliativas e pontuais. Mas é preciso juntar a experiência com o pensamento sobre as causas daquele problema."