'Nordexit?' - como o Brexit animou movimentos separatistas no Brasil:bwin quoten

Imagembwin quotendivulgação do plebiscito do SPL

Crédito, São Paulo Livre

Legenda da foto, Grupo São Paulo Livre quer realizar plebiscito "Sampadeus" outubro

Hoje, incorporaram como justificativas temas atuais, como a crise política e a fragilidade da economia brasileira.

Integrantes do movimento separatista do Sul

Crédito, O Sul é o meu País

Legenda da foto, O movimento "O Sul é o Meu País" foi criadobwin quoten1992

bwin quoten Influência do 'Brexit'

Além dos fatores internos, o contexto internacional também é usado pelos grupos, que falambwin quotenum "fracasso da globalização" ─ corroborado, na visãobwin quotenvários deles, pela decisão britânicabwin quotendeixar a União Europeia.

Para esses movimentos, há a imposiçãobwin quotenuma cultura ebwin quoteneconomia centralbwin quotendetrimento dos movimentos locais.

"Quando a Inglaterra saiu da União Europeia, começamos a ver que outras coisas impensáveis poderiam acontecer, como São Paulo sair do Brasil. Sei que temos diferença com a Inglaterra, que é um país independente que saibwin quotenuma estrutura multinacional, e que São Paulo ainda é um Estado preso dentrobwin quotenuma federação", diz Flavio Rebello, presidente do movimento que quer a separação paulista.

"Mas dá para fazer um paralelo interessante: o que aconteceu é a vitória do poder local sobre um poder maior tido como distante e burocrático. Nesse sentido, o paralelo com o SP Livre é total."

O grupo dele, ao ladobwin quotenoutros separatistas como "O Sul é o Meu País", está mobilizando esforços para a realizaçãobwin quotenum plebiscito no dia 2bwin quotenoutubro para avaliar o apoio popular para a separação.

Em São Paulo, a votação está sendo chamadabwin quoten"Sampadeus". A divulgação é feita através pela internet e com distribuiçãobwin quotenpanfletos.

São Paulo Livre

Crédito, São Paulo Livre

Legenda da foto, O Movimento São Paulo Livre já tem até as cédulas da moeda do novo país; o "Ouro" teria personalidades paulistanas, como Mariobwin quotenAndrade

"O Brexit não é um movimento separatista, mas mostra que não é possível matar a cultura local. O Brasil sempre buscou a união na marra. Se o Brasil calcassebwin quotenidentidade pela diversidade do povo, mas não: pegou todas as culturas e transformou todosbwin quotenbrasileiros", justifica Celso Deucher, diretorbwin quotenmobilização estratégica do "Sul é o Meu País", quer a emancipação dos três Estados do Sul.

"Somos diferentes, queremos fazer nossas próprias leis com nossos costumes, hábitos e tradições", acrescenta Deucher.

Apesarbwin quotenreforçar as diferenças culturais, ele afirma que o movimento respeita todas as culturas e minorias.

"A separação precisa ser democrática, as pessoas precisam ir lá votar no nosso plebiscito nem que seja para dizer que não querem. Nosso movimento é pacífico, e não há segregação. Temos negros, homossexuais, mulheres, estrangeiros, muita gente fazendo parte", diz.

Movimento Nordeste Independente

Crédito, Movimento Nordeste Independente

Legenda da foto, Nas redes sociais, movimento que quer a independência do Nordeste passou a ser chamadobwin quoten'Nordexit'

bwin quoten 'Nordexit'?

Autor do livro Nordeste Independente e representante do grupo que quer a separação da região do restante do país, Jaques Ribemboim vem discutindo o tema há maisbwin quoten20 anos e acredita que não houve momento melhor para propagar as ideias.

Professor universitário e com pós-doutoradobwin quotenSistemas Produtivos Locais na Universidade Pierre Mendes, na França, ele acredita que, além dos fatores externos e internos, a juventude atual está mais aberta a discutir mudanças, o que favoreceria os movimentos separatistas.

"É um momento oportuno para conquistar novos adeptos. Separatismo dentro do Brasil é um tabu, se tornou algo impensável. Eu lhe asseguro que hoje temos mais chancebwin quotensucesso do que no passado", aposta.

"O jovem aprendeu a rever conceitos, é mais liberal na recepçãobwin quotennovas ideias. É capazbwin quotendialogar sobre prós e contras sem aversão inicial à ideia. Ou seja: separatismo entre jovens não tem o mesmo estigmabwin quotentabu que tinha no passado, e nossas ideias terão uma ampla aceitação."

Ele também reforça o papel do Brexit para agregar mais simpatizantes à discussão.

"É claro que um movimento separatista tende a ter mais sucesso e maior adesãobwin quotenperíodosbwin quotencrise. De certo que a crise econômica e politica e a descrença nos nossos representantes no governobwin quotenforma geral e algumas movimentações aqui e ali no exterior estimulambwin quotenalguma forma o desejo separatista, e mostram que ele é algo possível", afirma.

Faltabwin quotenapoio

Ainda que os líderes desses grupos acreditem na possibilidadebwin quotenuma insurgência separatista, esses movimentos ainda são inconstitucionais no Brasil.

Logo no primeiro artigo da Constituição está definido que a República Federativa do Brasil é "formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal".

O professorbwin quotenantropologia social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ruben George Oliven, autor do livro A Parte e o Todo, sobre a diversidade cultural do Brasil, afirma que há muitos obstáculos para que os grupos separatistas tenham sucesso.

Para ele, embora esses movimentos estejam animados com o que está acontecendo na Europa, a ideia não é viável.

"Legalmente não se pode separar o Brasil, portanto do pontobwin quotenvista jurídico é crime. Na atual conjuntura jurídica não existe possibilidadebwin quotenum plebiscito sobre isso. Em segundo lugar, não há um partido político sequer que abrace essa causa,bwin quotenqualquer tendência ideológica, muito menos grupos econômicos interessados nisso, nem empresários nem sindicatos, porque todos teriam muito a perder", afirma.

Oliven cita plebiscitos que ocorrerambwin quotenoutras partes do mundo para justificar outro elemento que, segundo ele, pesa contrário ao separatismo no Brasil: o sentimentobwin quoten"pertencimento" que os brasileiros,bwin quotengeral, têm com o país.

"Mesmo que houvesse um plebiscito, duvido que alguma região majoritariamente faria a opção pela separação", opina.

O professor cita o caso da provínciabwin quotenQuébec, no Canadá, que embora tenha "um forte sentimentobwin quotencultura própria", decidiubwin quotenplebiscitos permanecer no país.

"As pessoas pesam coisas diferentes: como vai ficar minha aposentadoria, sistemabwin quotensaúde, enfim. Uma coisa é você se sentir muito diferente, outra é não querer mais ser brasileiro."