Zika e Olimpíada: Duas visões científicas sobre riscos a atletas e turistas:roleta virtual gratuita

Numa tentativaroleta virtual gratuitadissipar as preocupações, Barros argumenta que a incidênciaroleta virtual gratuitazika vem caindo. Na primeira semanaroleta virtual gratuitamaio, exemplificou, foram registrados 2.053 casosroleta virtual gratuitatodo o país, número bem inferior aos 16.059 notificados na terceira semanaroleta virtual gratuitafevereiro.

Na cidade do Rio, a queda no mesmo período foiroleta virtual gratuita2.116 para 208 casos.

Mesmo com esse indicativoroleta virtual gratuitaqueda no númeroroleta virtual gratuitatransmissões, essa polêmica atingiu níveis internacionais.

Especialistasroleta virtual gratuitainstituições como as universidadesroleta virtual gratuitaOxford, no Reino Unido, Harvard e Yale, ambas nos Estados Unidos, enviaram uma carta à OMS (Organização Mundialroleta virtual gratuitaSaúde) dizendo que os Jogos deveriam ser adiados ou transferidos, pois poderiam ajudar a espalhar ainda mais o vírus pelo mundo.

Cientistas brasileiros reagiram, tambémroleta virtual gratuitacarta, a essa hipótese - a OMS,roleta virtual gratuitaresposta aos pesquisadores internacionais, também afirmou não ver necessidaderoleta virtual gratuitaalterar os planos para a Olimpíada.

Para entender melhor os argumentosroleta virtual gratuitacada lado, a BBC Brasil conversou com dois cientistas que participaram da organização das duas cartas. Confira o que eles dizem:

'Pode haver disseminação rápida do vírus para países pobres, sem sistemaroleta virtual gratuitasaúde estruturado' - Arthur Caplan, professorroleta virtual gratuitaBioética e diretor do Departamentoroleta virtual gratuitaÉtica Médica da Universidaderoleta virtual gratuitaNova York

"A minha maior preocupação é que ainda não entendemos o vírus Zika. Não sabemos quanto tempo ele fica no corpo, ou se estamos lidando com uma cepa nova. Também não compreendemos todas as formasroleta virtual gratuitatransmissão ou se ele pode levar à síndromeroleta virtual gratuitaGuillain-Barré, que causa paralisia muscular, mas há indíciosroleta virtual gratuitaque o vírus presente no Brasil seja mais forte.

O vírus já está circulandoroleta virtual gratuita60 países, e tenho quase certezaroleta virtual gratuitaque vai se espalhar pela América do Norte e talvez pela Europa durante o verão que se aproxima (no Hemisfério Norte).

Mas há muitos países onde ele ainda não está presente, como Mauritânia, Nepal e Etiópia, que não mantêm um fluxo intensoroleta virtual gratuitaturistas para o Brasil, e para os quais a idaroleta virtual gratuitapessoas para a Olimpíada teria mais impacto.

Se você introduzir uma pessoa infectada nesses locais poderia haver a disseminação do vírusroleta virtual gratuitaforma muito rápida e intensa, e estamos falandoroleta virtual gratuitapaíses pobres da África e da Ásia, sem sistemaroleta virtual gratuitasaúde estruturado.

Como vão lidar com crianças nascendo com microcefalia? E, mesmo no Brasil, podemos dizer que as famíliasroleta virtual gratuitabebês com más-formações estão recebendo toda a assistênciaroleta virtual gratuitaque precisam?

É algo que me preocupa mesmoroleta virtual gratuitapaíses onde não há a presença do mosquito transmissor, já que pode haver a transmissão sexual.

Estou certoroleta virtual gratuitaque as autoridades brasileiras e os organizadores estão tentando contornar o problema, e que há o usoroleta virtual gratuitainseticidas e fiscalizações nos locaisroleta virtual gratuitacompetição. Mas eu acho muito otimismo contar tanto com as baixas temperaturas como um fator para a diminuição dos casos. E se fizer calor? O que vão fazer?

Quanto à prevenção, também acho otimista. Sabemos que, apesarroleta virtual gratuitaalertar as pessoas para que usem roupas compridas e repelentes, e que façam sexo com camisinha, elas não farão isso, muito menos num climaroleta virtual gratuitafesta como uma Olimpíada.

É necessário que haja mais transparência sobre os riscos, para que as pessoas façam decisões mais informadas. A OMS, por exemplo, deveria ser bem mais transparente. Por que não fazem uma reunião aberta, coletiva, convidando cientistasroleta virtual gratuitatodo o mundo e também a imprensa internacional?

Maisroleta virtual gratuita4 mil cientistasroleta virtual gratuitatodo o mundo nos escreveram, e a maioria é a favorroleta virtual gratuitaadiar os Jogos. Mas é claro que os cientistas brasileiros apoiariam a realização da Olimpíada. Há um grauroleta virtual gratuitanacionalismo,roleta virtual gratuitapatriotismo. São cientistas, mas também são brasileiros.

Eu também creio que os organizadores não estejam levandoroleta virtual gratuitacontaroleta virtual gratuitaresponsabilidade legal. Se o Comitê Rio 2016 diz que é seguro para os turistas irem para o Rio, eroleta virtual gratuitaalguma forma eles adoecem, ou temos o nascimentoroleta virtual gratuitacrianças com microcefalia, quem serão os responsáveis? Todos estão sendo otimistas demais, na minha opinião."

'É impossível achar que podemos controlar o espalhamento do vírus Zika no mundo cancelando um evento' - Cláudia Codeço, do Programaroleta virtual gratuitaComputação Científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

"Nossa justificativa para que os Jogos sejam mantidos na data planejada se baseiaroleta virtual gratuitadois fatos. O primeiro é que nos mesesroleta virtual gratuitaagosto e setembro as temperaturas no Rioroleta virtual gratuitaJaneiro são relativamente baixas, e normalmente a transmissãoroleta virtual gratuitadoenças pelo Aedes aegypti é muito menor.

Nos últimos cinco anos, encontramos entre 7 a 10 casosroleta virtual gratuitadengue para cada 100 mil habitantes no mêsroleta virtual gratuitaagosto. E nossas pesquisas na Fiocruz mostram que o mosquito tem capacidade mais baixaroleta virtual gratuitatransmissão do Zika, então esperaríamos números ainda menores.

Logo, adiar o evento faria com que os Jogos ocorressem mais próximos a mesesroleta virtual gratuitacalor, o que aumentaria os riscos.

O segundo ponto é a teseroleta virtual gratuitaque a vindaroleta virtual gratuitaturistas ao Brasil espalharia a doença por todo o mundo. Esse argumento se baseia na premissaroleta virtual gratuitaque a zika seja uma doença local, e isso não procede. Já temos evidênciaroleta virtual gratuitatransmissãoroleta virtual gratuitamaisroleta virtual gratuita60 países,roleta virtual gratuitaacordo com a OMS, e então interferir ou cancelar a Olimpíada não vai impedir que a doença siga se espalhando.

Tanta atenção ao Rio pode até distrair o foco com relação ao hemisfério Norte, que se prepara para o verão, onde podem haver mais casosroleta virtual gratuitazika nos próximos meses.

Quanto aos países mais pobres onde o vírus ainda não circula, pela lógica dos cientistas teríamos que interromper todo o fluxoroleta virtual gratuitapessoas do mundo, já queroleta virtual gratuitaacordo com uma pesquisa da revista britânica The Economist o númeroroleta virtual gratuitapessoas vindo ao Rioroleta virtual gratuitaagosto equivale a menosroleta virtual gratuita1% do totalroleta virtual gratuitapessoas que viajarão para outros países no mesmo período.

É impossível achar que podemos controlar o espalhamento do vírus Zika no mundo cancelando um evento, e a Olimpíada é como uma gota no oceano neste cenário.

Também acho interessante que aparentemente o Estado americano da Florida já tenha maisroleta virtual gratuita800 casos, mas ninguém esteja cogitando fechar os parques da Disney.

Quanto à transmissão sexual, nada indica até agora que o vírus seja altamente transmissível sexualmente, tanto que a doença continua restrita a países onde existe o mosquito como vetor da epidemia.

E sobre as recomendações preventivas, creio que caiba a cada um avaliar o seu próprio risco. Não tem como a gente impor às pessoas que elas se protejam. Temos que garantir que elas estejam bem informadas e tomem suas próprias decisões.

Eu diria que apoio a recomendação da OMS,roleta virtual gratuitaque mulheres grávidas deveriam evitar contato com esse vírus no Rio ouroleta virtual gratuitaqualquer outro lugar.

É extremamente ofensivo imaginar que nós cientistas faríamos qualquer julgamento científico motivado por fatores políticos. Nós não temos esse tiporoleta virtual gratuitainterferênciaroleta virtual gratuitanenhum momento."