Empresas são denunciadas por publicidade infantil no YouTube:roleta jogos

Menina com presentes

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Legenda da foto, Vídeos mostram crianças abrindo presentesroleta jogosseus canais no YouTube e agradecendo às empresas

A ONG Instituto Alana entrou com uma denúncia no Ministério Público Federal do Rioroleta jogosJaneiro contra 15 empresasroleta jogossetores como brinquedos, vestuário, material escolar e turismo. A organização cita exemplosroleta jogosvídeos emroleta jogosrepresentação.

Mas basta uma busca rápida pelos canais mais popularesroleta jogosyoutubers mirins para ver que a prática não é exceção. Em alguns canais há seções com nomes como "Recebidos", só para mostrar os presentes que eles ganharam naquele mês.

Em um deles, um menino mostra produtos e fala: "Da Foroni, eu recebi essa mochila linda e duas agendas. Eles mandaram essa cartinha." O garotoroleta jogosseguida lê a mensagem, agradece à empresa e, depois, mostraroleta jogosdetalhes a mochila e seus compartimentos.

A denúncia da ONG foi acatada, e a promotora Ana Padilha, responsável pelo caso, afirmou à BBC Brasil que notificará as empresas "nos próximos dias".

Cenas dos vídeosroleta jogosque alguns youtubers mirins abrem presentes enviados por empresas que figuram na denúncia

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Legenda da foto, Cenas dos vídeosroleta jogosque alguns 'youtubers' mirins abrem presentes enviados por empresas que constam na denúncia

Para Ekaterine Karageorgiadis, advogada do Alana, é muito lucrativo para as empresas terem suas marcas expostas nos canais do YouTube dessas crianças, por conta da enorme visibilidade que têm. "E eles marcam presença justamente enviando produtos para os youtubers mirins mostrarem para outras crianças", afirma.

"Isso é publicidade velada dirigida à criança - e qualquer propaganda direcionada ao público infantil é prática abusiva e ilegal."

Empresas negam

A BBC Brasil entrouroleta jogoscontato com as 15 empresas denunciadas ao Ministério Público: Biotropic (cosméticos), C&A (roupas), Cartoon Network (canal a cabo infantil), Foroni (material escolar), Kidzania, Long Jump e Mattel (brinquedos), McDonald's, Pampili (sapatos), Puket (meias e pijamas), Ri Happy (lojaroleta jogosbrinquedos), SBT (canalroleta jogosTV), Sestini (mochilas) e Tilibra (papelaria).

Questionadas se enviavam produtos para os youtuber mirins, algumas das empresas se esquivaram e não quiseram se pronunciar; outras negaram.

Ekaterine, do Alana, afirma porém que os vídeos selecionados pela ONG para compor a denúncia não deixam dúvidasroleta jogosque as empresas enviaram os produtos. "Eles mostram as crianças agradecendo às marcas pelos 'presentinhos' ou lendo informações enviadas pelos fabricantes."

Elas acrescenta ainda que alguns youtubers têm vídeos temáticos chamados "recebidos do mês"roleta jogosque abrem os produtos que ganharam das empresas nas últimas semanas. "Nosso objetivo com a ação é que esse tiporoleta jogospropaganda abusiva não seja mais veiculada."

Ilegal

Para Claudia Almeida, advogada do Instituto Brasileiroroleta jogosDefesa do Consumidor (Idec), não se deve fazer diferenciações entre os meiosroleta jogosque a propaganda é veiculada.

"Se publicidade para criança não pode na TV, porque poderia na internet?", diz. "Para o Idec, está claro que essa práticaroleta jogosenviar produtos para os youtubers mirins é totalmente abusiva, porque usa uma criança para vender algo para outra criança. Para nós, não existe legalidaderoleta jogospublicidade direcionada ao público infantil."

Segundo a advogada do Idec, a prática viola diversas instâncias da legislação brasileira. Ela cita o o artigo 37 (parágrafo 2º) do Códigoroleta jogosDefesa do Consumidor, que trata sobre "Vedação a publicidade abusiva" e diz: "É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatóriaroleta jogosqualquer natureza [...] que se aproveite da deficiênciaroleta jogosjulgamento e experiência da criança."

Três crianças assistindo a um tablet

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Legenda da foto, Segundo advogadas, esse tiporoleta jogosvídeo viola leis brasileirasroleta jogosproteção à infância

Claudia também diz que empresas que enviam presentes a youtubers mirins violam o artigo 5º do Marco Civil da Primeira Infância, segundo o qual "Constituem áreas prioritárias para as políticas públicas para a primeira infância (...) a proteção contra toda formaroleta jogosviolência eroleta jogospressão consumista".

"Se esses vídeos não são uma formaroleta jogospressão consumista, eu não sei o que é", afirma.

"É preciso conscientizar pais e operadores do Direito que existe um perigo nisso, já queroleta jogosum primeiro momento os vídeos podem parecer inofensivos. Mas basta olhar que esses youtubers passam horas abrindo presentes que recebem todos os dias. Qual a mensagem disso? Estamos criando mais uma geraçãoroleta jogosfuturos super endividados."

'Unboxing'

Tanto Claudia como Ekaterine afirma que crianças abrindo brinquedos no ar - um fenômeno que ganha cada vez mais popularidade chamado unboxing - é algo ainda mais temeroso do que as propagandas tradicionais na TV.

Vídeosroleta jogosunboxing

Crédito, Reprodução Youtube

Legenda da foto, Abrir produtosroleta jogosvídeos online é um fenômeno que ganha cada vez mais popularidade chamado unboxing

Um dos agravantes é se tratarroleta jogosuma criança mostrando ou brincando com aquele produto - as crianças que assistem se identificam com a criança que apresenta, segundo elas, tornando o convencimento ainda mais fácil.

Elas também apontam como grave o fatoroleta jogosque, na TV, você assiste a um desenho e, no intervalo, você vê 30 segundosroleta jogospropaganda daquele personagem, enquanto no Youtube, são 10 minutos direto sobre o produto. A advogada do Alana também rebate quem defende que são os pais que têm dizer não aos pedidos dos filhos.

"Não concordo quando se diz que é responsabilidade só do pai ou da mãeroleta jogosdizer 'não' para os filhos que pedem os produtos que eles viram na TV ou na internet. Os pais são apenas um dos atores na criação das crianças. A sociedade como um todo precisa proteger a criança dos impactos desse consumismo desenfreado na infância."

Trabalho infantil?

Em entrevista à BBC Brasil, a promotora do MPF-RJ Ana Padilha disse que também analisará a questãoroleta jogosum possível casoroleta jogostrabalho infantil, já que o volumeroleta jogosvídeos (diários,roleta jogosmuitos dos canais) pode indicar que a criança passou muitas horas gravando.

"Estamos estudando o alcance e o impacto que esses vídeos podem ter na criança que está assistindo e também vamos analisar se há algum tiporoleta jogoscontratoroleta jogostrabalho com essas crianças. E ver a legalidade disso."

Grey line

Como as empresas responderam à questão da BBC Brasil sobre se enviam presentes para 'youtubers' mirins ou promovem outras ações com eles.

roleta jogos Bic (material escolar): ao menos três youtubers mirins aparecem abrindo caixas com produtos da empresa. A Bic respondeu: "Já enviamos kits e produtos para jornalistas, blogueiros, youtubers, e também para clientes ou qualquer outro público que tenha afinidade com a marca".

roleta jogos Biotropic (cosméticos): Há vídeosroleta jogosque meninas aparecem mostrando produtos da marca, como um xampu da Cinderela. A empresa confirmou que já enviou kits para youtubers mirins. "Porém, há 6 meses, não fazemos mais esse tiporoleta jogosaçãoroleta jogosmarketing devido às novas estratégias da marca." E disse não ver problema nessa prática pois "estes envios são estão relacionados com nenhum tiporoleta jogosacordo comercial ouroleta jogospublicidade. Tratam-se apenasroleta jogospresentes".

roleta jogos C&A (vestuário): Em diversos canais, youtubers aparecem abrindo uma caixa grande com o logo da loja, que informou que não comentaria o assunto por ainda não ter sido notificada.

roleta jogos Cartoon (canalroleta jogosTV infantil): Acusadaroleta jogospromover encontros com youtubers mirins, que depois foram divulgados nos canaisroleta jogosYoutube das crianças. A empresa não respondeu.

roleta jogos Foroni (material escolar): "Preferimos não nos posicionar a respeito", afirmou a empresa. Diversos youtubers mirins aparecem mostrando mochilas e cadernos da marca.

roleta jogos Kidzania (parque): Em vídeos, alguns youtubers mirins aparecem visitando o parque e divulgando a visitaroleta jogosseus canais. A empresa respondeu: "Não enviamos presentes ou qualquer produto para crianças. Atendemosroleta jogosmaneira reativa aos pedidos das crianças para virem à KidZania produzirem conteúdo para seus canais, sem nenhuma participação na produção, edição e pagamentoroleta jogoscachê".

Criança abrindo caixaroleta jogospresente

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Legenda da foto, Alguns youtubers mirins já têm vídeos temáticos só para abrir presentes

roleta jogos Long Jump (brinquedos): Realiza encontros entre os youtubers mirins, que os divulgamroleta jogosseus canais. Há vídeosroleta jogosque as crianças aparecem agradecendo à empresa pelo envioroleta jogosbrinquedos. A empresa não respondeu.

roleta jogos Mattel (brinquedos): Diversos youtubers mirins aparecemroleta jogosseus canais agradecendo os brinquedos enviados pela Mattel, especialmente bonecas Barbie e Monster High. A empresa não respondeu.

roleta jogos McDonald's (fast food): Crianças youtubers aparecem abrindo caixas com o logo da empresa, com itens como brindes, especialmente personagensroleta jogosfilmes. A empresa não quis comentar essa ação específica e disse apenas que tem "um códigoroleta jogosética próprioroleta jogoscomunicação publicitáriaroleta jogosalimentos [...] (que é) ainda mais severo que as normas que regem a publicidade brasileira." E esclareceu que, "no entanto, há diversas decisões, inclusive no Conar (Conselho Nacional Auto-Regulamentação Publicitária), favoráveis à legalidade desse tiporoleta jogospublicidade".

roleta jogos Pampili (sapatos): Meninas mostramroleta jogosseus vídeos itens da marca, como sapatos e um pingente. A empresa não respondeu.

roleta jogos RiHappy (lojaroleta jogosbrinquedos): Acusadaroleta jogosorganizar encontrosroleta jogosyoutubers mirins e fazer promoção com essas crianças. A empresa afirmou que deixouroleta jogosfazer os encontros e que "suspendeu o apoio a esse tiporoleta jogosação".

roleta jogos Puket (meias e pijamas): Há vídeos com youtubers mirins abrindo itens como pijamas da marca. A empresa afirmou que não faz esse tiporoleta jogosação.

roleta jogos SBT (canalroleta jogosTV): Acusadoroleta jogosfazer divulgaçãoroleta jogosprogramas do canal ao enviar material para crianças com canais no Youtube. A empresa não respondeu.

roleta jogos Sestini (material escolar): Em um canal, uma youtuber criança aparece mostrando bolsas e estojos da marca, que afirmou que não prestaria esclarecimentos antes da notificação do MP e apenas informou que "nossas mídias passam por rígidos controleroleta jogosqualidade, atendendo todos os padrões normativos nacionais e internacionais, e não contratamos anúnciosroleta jogoscanaisroleta jogosYouTube".

roleta jogos Tilibra (material escolar): Um vídeo mostra uma criança abrindo uma caixa com o logo da marca, que envia a seguinte resposta: "A empresa não contrata crianças com canais no Youtube para testar ou demonstrar produtos. Em nossa campanharoleta jogosVolta às Aulas 2016 fizemos a divulgaçãoroleta jogosum aplicativoroleta jogosfotos no Youtube, utilizando somente canais adolescentes, sem o envioroleta jogosprodutos e atravésroleta jogosagênciasroleta jogospublicidade".

Mãosroleta jogosuma menina abrindo uma caixa

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Legenda da foto, Empresas denunciadas no Ministério Público negam que enviem produtos às crianças