Abrir brinquedos no YouTube vira febre e inflama debate sobre consumismo infantil :roleta modo demo

Vídeos no Youtuberoleta modo demoque se abrem embalagensroleta modo demobrinquedos atraem audiência mirim, inflamando debate sobre consumismo infantil

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Legenda da foto, Vídeos no Youtuberoleta modo demoque se abrem embalagensroleta modo demobrinquedos atraem audiência mirim, inflamando debate sobre consumismo infantil

Quem assiste?

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Nos Estados Unidos, há canais com <italic>unboxing</italic> que já somam bilhõesroleta modo demoviews, como o <link type="page"><caption> FunToyzCollector</caption><url href="https://www.youtube.com/watch?v=aoc8d0gcf08" platform="highweb"/></link> (antes chamado DisneyCollectorBR), e que tem 10 bilhõesroleta modo demovizualizações e 6,8 milhõesroleta modo demoseguidores - e é o mais visto nos EUA.

Seu vídeo recorde, com 107 milhõesroleta modo demoviews, mostra ovosroleta modo demoplástico com brinquedosroleta modo demoAngry Birds, Bob Esponja e Cars. No vídeo, se vê apenas uma mão abrindo as embalagens - uma mão que seriaroleta modo demouma brasileira. No segundo canal mais visto, o Blu Toys Surprise Brinquedos & Juegos, com 5 milhõesroleta modo demovizualizações, há vídeos gravadosroleta modo demoportuguês.

Segundo a pesquisadora da faculdade ESPMroleta modo demoSão Paulo Luciana Corrêa, o fenômeno do unboxing (e das historinhas com personagens quase sempre atreladas a ele) vem crescendo entre as crianças brasileiras.

"Como temos o maior consumoroleta modo demorede socialroleta modo demoalgumas faixas etárias, como por exemplo entre 9 e 10 anos, é provável que os números desse tiporoleta modo demovídeo ultrapassem os números nos EUA logo", diz Luciana.

Em seu estudo, Geração Youtube: Um Mapeamento sobre o consumo e a produçãoroleta modo demovídeos por crianças, ela identificou que entre os 100 canaisroleta modo demomaior audiência no YouTube no Brasil, 36 são direcionados para crianças

Um levantamento feito online por Luciana com 776 pais e mães também detalhou ao que cada faixa etária está assistindo. "Me surpreendiroleta modo demover como os vídeosroleta modo demoabrir brinquedo começaram ganhar audiência entre criançasroleta modo demo0 a 2 anos, especialmenteroleta modo demodezembro do ano passado para cá." Entre os dez canais mais assistidos por esses bebês/crianças, quatro mostram unboxing.

Por que crianças ficam fascinadas com o unboxing?

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O professor Paulo compara o unboxingroleta modo demoprodutosroleta modo demotecnologia com o feito por e para crianças: "Qual a avaliação técnica a ser feita abrindo um ovinhoroleta modo demochocolate? O fascínio aqui é pelo que tem dentro. Esses brinquedos (Kinder Ovo e pacotes unitários, semelhantes aosroleta modo demofigurinha, com personagens como Polly e Pokémon) têm milharesroleta modo demomodelos e raramente uma criança tem todos. Então, elas querem ver os que elas não têm."

O professor afirma ainda que, enquanto youtubersroleta modo demotecnologia fazem pesquisas online para ver os termos mais buscados, as crianças fazem isso naturalmente, na escola, entre os amigos. Assim, acabam falandoroleta modo demobrinquedos que estão muito na modaroleta modo demosuas faixas etárias, gerando um grande interesse das crianças que assistem.

Para os mais velhos, que já passaram dos 30 faz tempo e não conseguem entender o fenômeno, ele dá um exemplo: "Imagine se no auge das canetasroleta modo demo10 cores ou dos estojos tipo robô Transformers, você não tivesse nenhum deles. Também gostariaroleta modo demover vídeos mostrando como eles funcionavam, não?"

Em seu livro A Lógica do Consumo, o pesquisador dinamarquês Martin Lindstrom também relaciona o unboxing aos chamados neurônios-espelhos, um neurônio que é ativado ao ver alguém fazendo algo da mesma forma que seria se a pessoa efetivamente estivesse fazendo essa tarefa. Ou seja, um fanático por tecnologia fica tão feliz ao ver um vídeo com alguém abrindo um iPhone recém-lançado como se ele mesmo estivesse com o produtoroleta modo demomãos.

Para Eduardo Brandini, Diretorroleta modo demoConteúdo do YouTube Brasil, "se os vídeosroleta modo demounboxing fazem sucesso, isso se deve ao interesseroleta modo demouma audiência nesse formato".

"Se uma pessoa busca por conteúdoroleta modo demounboxing, este conteúdo passará a ser relevante para ela", disse Eduardo à BBC Brasil.

Luciana, da ESPM, ressalta que muitas crianças veem no unboxing uma brincadeira entre pares e que esse é um aspecto positivo.

O que diz uma Youtuber mirim (e o pai dela)

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roleta modo demo Julia Silva,roleta modo demo10 anos, dona do canal do Youtuberoleta modo demomesmo nome, no ar há 4 anos: "Comecei a ver esses vídeosroleta modo demounboxing (americanos) quando a gente estava na França e eu não entendia nada na TV. O mais legal é que eu podia ver os brinquedos que eram novidades. Também acho muito bom que as crianças podem soltar seus sentimentos nos vídeos. Eu mesmo que faço as historinhas dos meus vídeos, invento sozinha ou com as minhas amigas. Só faço vídeo com os brinquedos que eu gosto. Gravo por uma hora ou uma hora e pouca no fimroleta modo demosemana, porqueroleta modo demodiaroleta modo demosemana eu estudo. Às vezes, quando eu estou cansada ou quero fazer outra coisa, não gravo nada. Antes eu tinha vergonha e me espantava quando me reconheciam. Hoje, acho o máximo. Eu já encontrei alguns dos meus seguidores e foi bem legal."

roleta modo demo Dreyfus Silva, pairoleta modo demoJulia: "Minha filha só fala dos brinquedosroleta modo demoque gosta, e, se decide falarroleta modo demoalgo que ganhou, ela avisa que foi enviado pela empresa x, sempre bem transparente. Hoje, a Julia faz pouco unboxing, faz mais a historinha com bonecas, por exemplo. Mas a grande maioria do que ela mostra, cercaroleta modo demo80%, souroleta modo demoquem compra. Se isso incentiva o consumismo? Talvez. Mas o importante é que o consumo tem que ser regulado pelos pais. São eles quem têmroleta modo demoregular o que os filhos consomem, sejaroleta modo demotermosroleta modo demobrinquedo ouroleta modo demochocolate. Eles têm que explicar e dizer não."

Esses canais incentivam o consumismo?

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"Os vídeosroleta modo demounboxing são uma forma clararoleta modo demopublicidade dirigida a crianças e incentivam o consumismo infantil. É uma mensagem persuasiva que enaltece o consumo daqueles brinquedos como uma formaroleta modo demofelicidade. E fica ainda mais persuasiva quando é feita por outra criança", afirma Guilherme Perisse, advogado do Projeto Prioridade Absoluta, do Instituto Alana.

Segundo ele, é preciso terroleta modo demomente que muitos produtos são enviados pelas empresas fabricantes e que nesses casos os anunciantes estão fazendo uma publicidade disfarçada, fazendo com que fique a impressãoroleta modo demoque é apenas um conteúdo produzido para entreter.

"E é um agravante o fatoroleta modo demoser uma propaganda disfarçada, já que muitas vezes nem as crianças nem os pais percebem que se trataroleta modo demouma anúncio." Para Guilherme, esses vídeos ferem o artigo 37 do Código do Consumidor, que fala que a publicidade é abusiva quando se aproveita da deficiênciaroleta modo demojulgamento e experiência da criança, e o artigo 36, que diz que a publicidade deve ser veiculadaroleta modo demoforma a permitir a fácil e imediata identificação.

O professor da PUC, Paulo Silvestre, concorda: "Acaba sendo uma publicidade eficiente para o brinquedoroleta modo demoquestão, mesmo se esse não era o objetivoroleta modo demoquem está fazendo o vídeo - e normalmente não é mesmo." No entanto, segundo ele, se você tirar o fator YouTube, é só uma criança mostrando para os amigos seu brinquedo novo. "Mas com milharesroleta modo demovisualizações, esses vídeos podem ser encarados como publicitários, sim, e geram preocupações."

"Então, por um lado, temos os vídeos espontâneos, e seria inadequado filtrá-los. E aí é preciso tomar cuidado para não crucificar inocentes, ou seja, quem está gravando esses vídeos legítimos." O outro lado da moeda, segundo Paulo, são vídeos com brinquedos enviados por empresas. "Como separar um do outro? No momento, é complicado."

Para Luciana, da ESPM, a mensagem é sutil. "Não dá para identificar facilmente o que é propaganda e o que não é."

Dreyfus, pai da youtuber mirim Julia Silva é taxativo. "Talvez incentive o consumo, mas o importante é que o consumo tem que ser regulado pelos pais. São eles quem têmroleta modo demoregular o que os filhos consomem, sejaroleta modo demotermosroleta modo demobrinquedo ouroleta modo demochocolate. Eles têm que explicar e dizer não", explica. "Vídeosroleta modo demounboxing não são propagandas. O objetivo é ter audiência, não é fazer publicidade. No canal da Julia, souroleta modo demoquem compro 80% dos brinquedos, que servemroleta modo demomaterial para diversos vídeos. Os 20% são produtos que ela ganha e mostra se ela gostar - sempre dizendo,roleta modo demoforma transparente, que foi enviado pela empresa tal."

O que dizem as empresas

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A Mattel, fabricanteroleta modo demobrinquedos como Hot Wheels e Polly, não respondeu se envia brinquedos para crianças que têm canais no Youtube. Disse que "é natural que vídeos espontâneos feitos com brinquedos da Mattel estejam disponíveis no Youtube".

A Ferrero, que produz o Kinder Ovo, também não deixou claro se envia os produtos como brindes para youtubers mirins, afirmando apenas que "direciona suas comunicações aos pais e mãesroleta modo democrianças".

Já a Copag, responsável pelos colecionáveis cards Pokémon, disse que envia produtos quando os youtubers ou seus pais entramroleta modo democontato pedindo produtos para fazerem resenhas. Fabricante da massinha Play-doh, a Hasbro não respondeu.